segunda-feira, outubro 19, 2009

E O "PÂNICO" ARREGOU...


Que decepção!
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Ontem fiquei até tarde assistindo ao Pânico na TV. Fiquei esperando o quadro "Sabrina no Congresso", em que a desmiolada ex-BBB Sabrina Sato aparece fazendo gracinhas com deputados e senadores em Brasília. Queria ver, e rir com, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) desfilando pelo Congresso com uma sunga vermelha por sobre a calça, imitando o Super-Homem. A foto já estava, inclusive, circulando na internet desde a quinta-feira passada.
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Pois é. Esperei o programa inteiro para ver o senador beringela. Mas, quando chegou a hora do quadro, o que vi? Em vez de Suplicy e sua sunguinha, o apresentador Emílio Surita, meio encabulado, informou que, "para não prejudicar ninguém", não iria mostrar a entrevista com o senador petista e a tanguinha... Nem mesmo se falou no nome de Suplicy. Repórter Vesgo, Sílvio Santos e Freddy Mercury Prateado estavam até usando uma sunga vermelha. Mas não deu pra disfarçar. O constrangimento era geral. O Pânico, quem diria, arregou.

Suplicy pediu à produção do programa para não levar a cena ao ar. O motivo? A possibilidade de um processo por quebra de decoro parlamentar. Não custa lembrar: o primeiro caso de perda de mandato por quebra de decoro foi o do deputado Barreto Pinto, nos anos 40, por causa de uma foto em que aparecia de fraque e cueca samba-canção. Suplicy ficou com medo que a história se repetisse. Como é querido pela turma do Pânico, eles tiraram a cena do ar.

Suplicy é mesmo uma piada. Por isso acho tão lamentável que um programa humorístico como o Pânico na TV, que supostamente não poupa ninguém, tenha resolvido livrar sua cara. Toda a carreira de Suplicy se fez apostando na bizarrice de sua figura, no seu jeitão apalermado - Paulo Francis o chamava de "senador Mogadon", em referência ao tranquilizante que deixa o paciente em estado de letargia -, bem como em suas performances musicais soporíferas cantando rap ou Blowin' in the Wind, de Bob Dylan. Em agosto último, ele protagonizou uma das cenas mais esdrúxulas dos últimos tempos, ao mostrar um cartão vermelho para José Sarney da tribuna do Senado (detalhe: o cartão lhe fora entregue pouco antes por um dos personagens do Pânico, apropriadamente chamado O Impostor). A pantomima foi ainda maior porque Suplicy, interpelado por um senador da oposição, que lhe perguntou por que ele não dava o cartão vermelho a Lula, fingiu estar indignado, parecendo mais um fugitivo do hospício. E por que tamanha farsa? Porque ele quis enganar a todos, disfarçando sua omissão covarde em todo o episódio de Sarney (no dia anterior, Sarney fora absolvido no Conselho de Ética do Senado, com o apoio do governo e do PT). Como se vê, um gozador, esse Suplicy.

Gosto do Pânico na TV. Eles são engraçados. Costumo rir até de suas piadas mais infames ou idiotas. Mas agora tenho um motivo para gostar menos: eles levam Suplicy a sério. Ficou mais difícil levar a sério também o humor do Pânico na TV.

Um comentário:

Zek disse...

Gosto dos teus textos, confesso não ter lido todos e também que concordo com pouco do que li, mas ainda assim me arrisco a uma pergunta que você tem todo o direito de não responder, por que toda essa militancia pela direita?

Abraços