quinta-feira, junho 30, 2011

O balanço do semestre perdido comprova que o governo Dilma é o governo Lula sem serviço de som e sem efeitos especiais



por Augusto Nunes


Depois de resolver que a obra mais importante de um presidente da República é eleger o sucessor, Lula dispensou-se de questões administrativas, abandonou o local de trabalho e passou seis meses fazendo um comício por dia. Ou dois. De 1° de julho a 31 de dezembro de 2010, o palanqueiro ambulante acampou nas cercanias de quadras esportivas já em funcionamento, creches inacabadas e buracos de pedras fundamentais, para induzir a plateia a acreditar que contemplava mais uma etapa da construção do Brasil Maravilha. Muito barulho por nada, avisa o balanço dos últimos seis meses do governo Lula. Além da eleição de Dilma Rousseff, não foi concluída nenhuma obra efetivamente importante. Administrativamente, foi um semestre perdido.

Tão perdido quanto o primeiro semestre do governo Dilma. Mãe do PAC e Madrinha do Pré-Sal, a candidata apresentou-se durante a campanha eleitoral como parteira do país mais que perfeito que Lula concebeu. Tinha tanta intimidade com a máquina administrativa que os retoques finais no Brasil Maravilha começariam já no dia da posse. Pura tapeação. Passados seis meses, continuam nos palanques de 2010 as 500 Unidades de Pronto Atendimento, as 8 mil Unidades Básicas de Saúde, as 800 Praças do PAC, os 2.800 postos de polícia comunitária e as escolas de educação infantil, fora o resto.

A transposição das águas do São Francisco não tem prazo para ficar pronta. O leilão do trem-bala será adiado pela terceira vez. Os canteiros de obras da Copa e da Olimpíada estão despovoados. Há seis anos no Palácio do Planalto, a superexecutiva acaba de descobrir que só a privatização livrará os aeroportos do completo colapso. A compra dos caças reivindicados pela Aeronáutica ficará para quando Deus quiser. As fronteiras seguem desprotegidas. Das 6 mil creches prometidas na campanha, apenas 54 foram entregues. Menos de 500 casas populares ficaram prontas. E os flagelados da Região Serrana do Rio não deixarão tão cedo os abrigos onde sobrevivem desde as tempestades de janeiro.

A diferença entre o primeiro semestre da afilhada e o último do padrinho é que o ilusionista teve de deixar o palco em que esgotou o estoque inteiro de truques. Livres da discurseira atordoante, os brasileiros puderam contemplar a paisagem mais atentamente. O que estão vendo não rima com o que ouviram durante oito anos. Milhões já sabem que o paraíso só existe no cartório. Descobriram que o governo Dilma é a continuação do governo Lula, mas sem som e sem efeitos especiais. Disso resulta a sensação de que a coisa conseguiu ficar pior. Mesmo que sejam ambos bisonhos, a versão falada parecerá sempre melhor que o filme mudo.

quarta-feira, junho 29, 2011

RUMO À DITADURA



Li outro dia que um deputado federal propôs na Câmara um projeto de lei que institui o Dia do Orgulho Heterossexual.

Na hora, pensei que fosse piada. E realmente seria, se não fosse por um detalhe: existe um Dia do Orgulho Gay.

Ambas as idéias são totalmente ridículas e idiotas. Orgulhar-se da própria opção sexual é coisa de quem tem alfafa no lugar do cérebro. Presunção e arrogância, para ser mais delicado.

Por que alguém deveria sentir-se orgulhoso de ser gay, ou hétero, em primeiro lugar? Por que não instituir, também, o Dia do Orgulho Gordo? Ou do Orgulho Magro? E que tal o Dia do Orgulho Anão (ou Gigante)? Ou dos Comedores de Jiló? Ou dos Torcedores do Novorizontino? Faria tanto sentido quanto.

Haverá quem diga que se trata de um "avanço", pois é preciso "respeitar as diferenças" etc. Ora, respeito é uma coisa - e espero que os senhores e senhoras gayzistas respeitem minha opção de não ser um deles -; orgulho é outra, completamente diferente. O orgulho, como sabe qualquer pessoa com um mínimo de bom senso, é um sentimento altamente deletério. Está baseado numa idéia de exclusão, de superioridade sobre os demais. "Tenho orgulho de ser corintiano; chupa essa, palmeirenses!", ou vice-versa. Nada de bom pode surgir disso.

Pois bem. Eu falava da proposta do dia do orgulho heterossexual, e de como ela é idiota. Mesmo idéias estúpidas, porém, têm lá sua razão de ser. Nesse caso, trata-se de se contrapor à tal "parada do orgulho gay", que já virou atração turística em alguns lugares (tem gente pra tudo neste mundo). Mais que isso: é um alerta, uma reação de parte da sociedade - a maioria, que não é homossexual e que não aguenta mais ser bombardeada todos os dias pela impostura gayzista.

Graças a uma propaganda massacrante nos meios de comunicação - em especial nas novelas e programas da Rede Globo -, a ideologia gayzista (que está para os homossexuais como a CUT e o PT estão para os trabalhadores), está se impondo como um rolo compressor. Pior: ameaça cada vez mais transformar o Brasil numa espécie de ditadura rosa.

Acham que estou exagerando? Então vejam alguns exemplos recentes.

- O Supremo Tribunal Federal decidiu, em maio passado, pela legalidade do "casamento gay", chamado de “união homoafetiva” para não ferir os ouvidos mais sensíveis. A decisão fere diretamente o Artigo 226 da Constituição Federal, que deixa claro que, para fins de proteção do Estado, é reconhecida como casamento a união entre um homem e uma mulher, e que só pode ser modificado por Emenda Constitucional, a ser votada e aprovada no Congresso Nacional. Portanto, o STF usurpou a função do Legislativo e mandou às favas a separação de poderes, base da democracia. Cedendo ao lobby gayzista, trocou Montesquieu pelo ex-BBB Jean Wyllis. (Um dos ministros favoráveis à "união homoafetiva" justificou seu voto dizendo que o órgão sexual masculino é um "plus", um "regalo da natureza"... O fato de ser a união entre um homem e uma mulher o que garantiu a reprodução da espécie humana não passa de um detalhe.) Há alguns dias, um juiz de Góias declarou nulo um "casamento gay" celebrado pouco antes. Por ter invocado o Artigo da Constituição revogado cartorialmente pelo STF, está sendo linchado como "homofóbico".

- Durante a última "parada do orgulho gay" em São Paulo - a maior do mundo, com milhões de participantes e outros tantos de curiosos –, a organização do desfile exibiu imagens de santos católicos em poses homoeróticas. Trata-se de crime previsto no Artigo 208 do Codigo Penal, assim definido: "Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso". (Só a título de especulação: imaginem se, em vez de santos católicos, algum engraçadinho resolvesse mostrar uma imagem de Maomé com batom e salto alto... Melhor nem pensar.)

- Uma telenovela (da Globo, claro), Insensato Coração - essa fiquei sabendo por terceiros -, enveredou escancaradamente pelo caminho do proselitismo gayzista. Seu autor, Gilberto Braga (um militante assumido), decidiu inserir, em cada capítulo, personagens e um discurso a favor do gayzismo, com "estatísticas" e tudo. A idéia é mostrar os gays como vítimas de preconceito e perseguição, e todos aqueles que torcem o nariz para eles como terríveis (lá vem a palavra de novo) "homofóbicos".

São apenas alguns exemplos. A cada dia surgem outros. Os dois primeiros mostrados acima deixam claro que a Lei, no Brasil, deixou de existir. Melhor dizendo: ela existe apenas para ajustar-se ao lobby gayzista e politicamente correto.

Assim como ocorre com outros lobbies semelhantes, o gayzista não tem qualquer compromisso com a verdade. Uma das idéias-fetiche de gente como Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia, é que o Brasil seria um país "homofóbico". Trata-se de uma contradição em termos. Os gays representam uns 10% da humanidade, mas estão super-representados nos meios de comunicação. Cantores (e cantoras), atores, diretores, apresentadores não escondem sua homossexualidade. É difícil lembrar de um autor de telenovelas que não seja homossexual. O Brasil tem a maior parada gay do mundo. Não somos homofóbicos, assim como não somos racistas.

Da percepção claramente falsa de que o Brasil é uma espécie de Arábia Saudita decorre outra, mais fraudulenta ainda: a de que o Brasil seria uma espécie de matadouro de gays, lésbicas e travestis (ou aquela sopa de letrinhas que os militantes gostam de usar), em que homossexuais seriam vítimas de violência, tão perseguidos quanto eram os judeus na época da Alemanha nazista.

Aqui, claramente a mentira adquire ares de verdadeira psicose, de falsificação grosseira da realidade para se ajustar a um discurso ideológico vigarista. As ONGs gayzistas gostam de citar números para dizer que "no ano passado, foram mortos tantos homossexuais no Brasil" etc., querendo dizer com isso que os assassinos teriam sido todos - todos, notem bem - heterossexuais. Estaria comprovado, assim, o crime de intolerância sexual, do qual os gays seriam as vítimas.

Quem se der ao trabalho de pesquisar, porém, irá constatar uma realidade bem diferente. Não tenho os números, mas desconfio que boa parte dos casos de homicídios envolvendo homossexuais no Brasil é cometida também por homossexuais (em muitos casos, garotos de programa ou seus clientes, que os militantes gayzistas, por alguma razão, não gostam que sejam chamados de gays). Para quem gosta de História, os exemplos de homossexuais criminosos são abundantes: Calígula, Nero, Heliogábalo, Gilles de Rais, as SA nazistas de Ernst Rohm etc. Ou vejam, então, os casos de vários serial killers famosos nos EUA (John Wayne Gacy, Jeffrey Dahmer, Henry Lee Lucas etc.). Todos gays e assassinos, que matavam seus parceiros com requintes de crueldade. Se os crimes que cometeram tivessem ocorrido no Brasil, certamente seriam computados como "crimes de intolerância" ou "crimes de homofobia"...

O mesmo ocorre com outros crimes, como a pedofilia, geralmente - nem sempre, mas geralmente - praticada por adultos homossexuais. E isso inclui os padres católicos pedófilos, que também, por alguma razão misteriosa, não são chamados de gays pelos que adoram esculhambar a Igreja.

Por que os sindicalistas do gayzismo não citam esses fatos? Por dois motivos. Primeiro: não querem perder a pose de vítimas. Segundo: desejam aparecer como seres mais sensíveis e evoluídos. Superiores, enfim.

Estou dizendo que todos os gays são pedófilos e assassinos? Claro que não, e concluir assim só confirmaria minha suspeita de que certas causas políticas são mesmo incompatíveis com a inteligência. Cada um, sendo maior de idade, que faça com o próprio corpo o que quiser, desde que não coloque em risco a saúde fisica de outrem. Estou dizendo apenas o óbvio: que ser gay (ou hétero) não é um selo de qualidade que garanta que o indivíduo será um bom cidadão, bom filho ou pai, pagador de impostos e amante da paz e das flores. Dizer que alguém é um ser humano melhor porque gosta de meninos em vez de meninas é tão absurdo e tão estupidamente cretino quanto dizer que é pior pelo mesmo motivo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Menos, claro, se você for um militante, um veadinho nervosinho e afetado.

Toda militância é meio burra, e a militância gayzista não é exceção. Os ativistas do gayzismo não querem lutar por direitos, mas sim impor um estilo de vida e calar os que dele discordem. Ou que simplesmente tenham valores diferentes. Quem diz isso não sou eu, é o PLC 122 - a chamada Lei da Mordaça Gay - que ameaça botar em cana até quem contar piada de bichinha numa mesa de bar. Para não mencionar o óbvio atentado contra a liberdade religiosa, com padres e pastores proibidos de citar as partes da Bíblia que condenam o homossexualismo (o que vão fazer? censurar o Antigo Testamento? reescrever os trechos do Deuteronômio de que não gostaram?). Se aprovada no Congresso, como quer o deputado Jean Wyllis, tal lei imbecil irá substituir a liberdade de expressão pela censura gayzista. Aliás, com a ajuda da Rede Globo, isso já está acontecendo.

Estão apagando a fronteira entre a vida pública e a particular, o que é profundamente triste e lamentável. Eu, se fosse gay, não sairia saracoteando por aí com o narizinho empinado e expondo abertamente minha sexualidade, como um porta-bandeira da "causa". Acho isso tão boçal e estúpido quanto as bravatas dos don-juans de periferia que, entre um gole e outro de cerveja no boteco, gostam de se gabar de suas conquistas amorosas, reais ou não, arrotando que comeram tantas no fim-de-semana. Em vez de me pavonear ou de buscar o confronto, que só pode ter maus resultados (até porque há muita bicha enrustida por aí que, diante de um gay mais atrevido, não resiste em lhe dar uns tabefes), eu usaria a inteligência, e não iria querer que o Estado calasse ou intimidasse quem tivesse idéias diferentes, apenas que me deixasse em paz para levar a vida do jeito que eu escolhi. Acima de tudo, não daria a menor bola para o que pensassem e trataria de viver minha opção sexual onde e como ela deve ser vivida: na intimidade, longe dos olhos e da atenção do mundo. É assim que a maioria dos héteros faz. Ninguém vê um homem e uma mulher no maior amasso dentro de uma igreja ou numa festa infantil. Para isso existe motel. É melhor assim, e é mais gostoso.

Francamente, não me agrada nem um pouco a divisão que querem impor ao país, tipo gayzistas de um lado e Igreja católica ou evangélicos de outro. Acho isso uma tremenda empulhação, algo tão irracional e funesto quanto a divisão entre "esquerda progressista" e "direita reacionária", ou a divisão entre raças instituída pelo sistema de cotas nas universidades. Para mim, a questão não é religiosa, nem de costumes, mas diz respeito, isso sim, à própria democracia naquilo que ela tem talvez de mais sagrado: o direito a ter e expressar uma opinião, por mais preconceituosa que seja (desde que, claro, não seja um incitamento à violência). Por isso sou obrigado a reconhecer, dado o tamanho da impostura, que os católicos e evangélicos estão cobertos de razão. Entre o PLC 122 e a defesa da liberdade religiosa, fico com a segunda sem pestanejar.

Para finalizar, algumas perguntas:

- O padre católico (ou pastor protestante) não tem o direito de expulsar da igreja/templo o casal homossexual (ou heterossexual) que estiver trocando carícias na hora da missa/culto?
- Um dono de bar ou restaurante não tem o diteito de negar-se a atender um casal gay que queira fazer um jantar romântico no local?
- O pai ou mãe de família não tem o direito de escolher se a pessoa que vai cuidar de seu filho pequeno é homossexual ou não? (Uma ex-atriz da Globo, hoje deputada evangélica, está sendo crucificada porque afirmou que sim.)

Se você respondeu negativamente qualquer das perguntas acima, é porque sua noção de liberdade de expressão e de direitos individuais é a mesma dos que bolaram coisas como o PLC 122. Ou seja: você precisa reaprender o que significa viver numa democracia.

A História está repleta de exemplos de ditaduras que começaram alegando a defesa dos melhores motivos. Inclusive em nome da liberdade, cometeram-se crimes terriveis. Toda intolerância é odiosa. A intolerância dos tolerantes não foge à regra.

segunda-feira, junho 27, 2011

A MARCHA DA INSENSATEZ

Respondo a um valente anônimo, que escreveu o seguinte sobre meu último post:

Você Gustavo, como a maioria dos brasileiros é um HIPOCRITA, sabia? Se você quer fazer uma marcha a favor da inteligência, pq não faz? O que te impede? A marcha da maconha é realizada em mais de 40 paises a muitos anos, ou você não sabia disso? E ainda nos chama de ignorante...

Caro anônimo, você tem razão: sou um hipócrita (em minúsculas mesmo, e com acento agudo no “o”). Não saio às ruas em defesa da legalização do hábito de fumar maconha. Ainda por cima, defendo a Lei. Isso é mesmo uma grande hipocrisia.

Tentei, juro que tentei, encontrar uma meia dúzia de gatos pingados para fazer junto comigo uma marcha a favor da inteligência. Mas não consegui achar gente suficiente. Estavam todos na marcha da maconha.

Falando em marchas, eis aqui uma foto de uma que aconteceu há (e não “a”) mais de oitenta anos. (E que foi seguida de outras, em vários paises.)



É esse tipo de gente que gosta de marchar por aí. Eu, como sou um indivíduo, estou em outra.

quinta-feira, junho 16, 2011

ESSA VELHA JUVENTUDE (OU: OS APOLOGISTAS DA BURRICE)

Há duas semanas, um estudante universitário foi assassinado a tiros no campus da USP. Seus assassinos foram dois ladrões, que o mataram para roubar o dinheiro que ele acabara de sacar de um caixa eletrônico. Seu corpo foi encontrado, horas depois do latrocínio, ao lado do carro, no estacionamento da faculdade.

Na mesma semana, a milhares de quilômetros de distância, uma estudante, também universitária, foi estuprada dentro do campus da Universidade Federal do Acre (UFAC).

Diante de casos assim, seria de esperar que os estudantes universitários, tomados de horror e de indignação por causa desses atos bárbaros, organizassem um protesto contra a falta de segurança nos campi. O natural seria esperar que eles se mobilizassem e fizessem uma marcha, digamos, cobrando uma ação mais efetiva da polícia nas imediações da universidade, certo?

Errado. Poucos dias depois do assassinato, os estudantes da USP foram às ruas defender outra causa. Eles estavam ocupados demais preparando uma manifestação sobre um assunto muito mais urgente e infinitamente mais importante: a marcha da maconha...

Houve tempo em que a morte de um estudante era motivo para que ocorresse uma revolução por semana. Hoje, tal fato passa quase despercebido, ficando restrito aos programas policialescos da televisão. Mais importante é o direito dos descolados da USP de queimarem unzinho na sala de aula. Melhor: sem polícia por perto para atrapalhar (e prender bandidos que assaltam e estupram colegas estudantes). "Polícia má, que não me deixa fumar um baseado: má, reacionária, neoliberal, fascista e inimiga da educação..."

Seria injusto dizer que os maconhistas não estavam pensando no colega assassinado. De certa forma, eles estavam também pensando na polícia. Tanto que um dos slogans mais repetidos pelos maconheiros era "Polícia fora do campus!" - ou seja: maconha sim; polícia não. (Outros coros que fizeram sucesso com a galera foram "Ei, polícia, maconha é uma delícia!" e "Polícia sem-vergonha, seu filho também fuma maconha"...). Crêem estar prestando, assim, um grande e inestimável serviço à humanidade.

Se tem algo que a onda maconhista atual deixa claríssimo é que a idade mental de quem participa de "marchas da maconha" - agora disfarçadas, com as bênçãos paternais do STF, de "marchas da liberdade"... - é algo assim entre o jardim-de-infância e a pré-puberdade. Nessa faixa etária, as pessoas não têm ainda consciência do perigo, precisam estar sob os cuidados e a supervisão permanentes de um adulto até para ir à esquina. Nem consciência do perigo nem da liberdade, que rima sempre - sempre - com responsabilidade (outra coisa que desconhecem totalmente, e que acham que foi inventada por velhos caretas só para cortar-lhes o barato).

Acima de tudo, é a imaturidade, a arrogância hedonista própria da adolescência, o que explica que rapagões e moçoilas em geral bem-nascidos e bem-nutridos dediquem seu tempo a esse tipo de bobajada, vendo nos policiais - geralmente gente humilde, sem tempo nem grana para esse tipo de besteira - os substitutos do pai repressor e da mãe castradora - ou, o que é mais provável, o inverso, ou seja, pais relapsos e permissivos, que a essa hora devem estar se lamentando por não terem dado aquela palmada quando o Junior abriu o berreiro porque queria aquele carrinho de controle remoto que custava os olhos da cara... Crianças mimadas em geral viram adultos imaturos e narcisistas, que vivem apenas para satisfazer os instintos egóicos e contemplar o próprio umbigo.

Junte a isso o fato de que as universidades brasileiras há muito deixaram de ser lugares de ensino e de estudo, onde se faz qualquer outra coisa, menos estudar. Em vez disso, já viraram verdadeiras madraçais, onde militantes sindicais travestidos de professores encostados em departamentos infrutíferos doutrinam adolescentes com idéias imbecis contra o "sistema". E tome apologia das drogas disfarçada de "defesa da liberdade"...

O resultado disso tudo só poderia ser a proliferação da estupidez em níveis realmente assustadores. A ponto de a descriminalização da maconha ser considerada mais importante do que a vida de um estudante.

Pensando bem, faz mesmo todo sentido os revolucionários do toddyinho e dos sucrilhos sairem às ruas em defesa de seu direito de usar a mesada do papai para queimar neurônios tragando cannabis: afinal, eles estâo se lixando para a segurança, assim como estão se lixando para a Lei, essa imposição burguesa. Nada mais natural do que defenderem a "causa" de ajudar a enriquecer os narcotraficantes. Estes devem estar morrendo de rir da playbozada.

Que tal uma marcha em favor da volta da inteligência às universidades brasileiras? Eu topo.

O ERRO DE VARGAS LLOSA (OU: REFLEXÕES SOBRE UM TABU)



"Em politica, a escolha não é entre o Bem e o Mal; é entre o preferível e o detestável". (Raymond Aron)



Não acreditei quando me disseram. Creio mesmo que, se não tivesse ouvido a informação de uma fonte fidedigna, merecedora de toda confiança, eu teria duvidado da sanidade mental de quem me deu a notícia. Acharia mesmo que a coisa não passava de calúnia ou maledicência. Mas era verdade, por mais incrível que fosse.


O escritor Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura do ano passado (o Comitê do Nobel, depois de várias derrapadas nos últimos tempos, finalmente parece que resolveu se redimir), apoiou abertamente, nas eleições presidenciais peruanas, o candidato vencedor, Ollanta Humala.


Aí você me pergunta: quem é Ollanta Humala?


Pense num milico ultra-nacionalista, na pior tradição de caudilhismo destrambelhado da América Latina, com um discurso que beira o fascismo (ou quando não é o próprio, transplantado para os trópicos). Um Hugo Chávez dos Andes, com uma biografia bem parecida - foi tenente-coronel do Exército, e inclusive já tentou um golpe de Estado apoiado pelo coronel venezuelano. Assim como aquele, não conseguiu chegar ao poder na marra, então decidiu fazê-lo pelas urnas, dizendo-se um democrata. (O golpismo, aliás, está na família: seu irmão, Antauro, está preso por ter liderado a quartelada, na qual morreram quatro soldados em 2005.)


Agora imagine o sujeito acima, não tendo conseguido ser eleito na primeira vez, apresentando-se agora aos eleitores, graças aos feitiços de um bando de marqueteiros petistas contratados, numa embalagem "light", "soft", como um político "moderado", negando de pés juntos qualquer vinculação com o chavismo e se dizendo um ardoroso convertido à democracia, ao livre mercado e ao respeito à propriedade privada.


Parece familiar? Tem cheiro, sabor e forma de farsa? E é mesmo.


Você deve estar se perguntando: o que levou Mario Vargas Llosa, um intelectual respeitado, dono de impecáveis credenciais liberais - defendia o liberalismo quando isso ainda era um anátema na América Latina, e chegou a ser agredido pelos esbirros de Chávez na Venezuela algum tempo atrás -, a dar seu apoio a esse aleijão ideológico em roupagem "Humalinha paz e amor" (ou Hugo Chávez antes de cair a máscara)?


A resposta está na adversária de Humala - e na falta total de senso de proporções. Keiko Fujimori, a candidata derrotada, é filha de Alberto Fujimori, o ex-presidente peruano que, descobru-se depois, nem peruano era (nasceu no Japão).


Fujimori, o pai, foi, como todos sabem, um desastre. Seu governo, apesar de algumas conquistas importantes (a derrota do terrorismo comunista, principalmente), afundou em um festival de abritrariedades e de escândalos de corrupção (algo, aliás, que o aproxima de outros governos vizinhos). Com Keiko não será diferente, deve ter pensado o autor de Pantaleão e as Visitadoras. Ademais, Fujimori o derrotou nas eleições presidenciais de 1990 (pelo que os amantes da Literatura deveriam ser-lhe gratos, diga-se de passagem).


Pois bem. Mesmo com esses motivos pessoais para detestar Fujimori, a decisão de Vargas Llosa de apoiar Humala é incompreensível. Mais que isso: é de uma idiotice sem tamanho.


Fujimori é corrupto, ladrão e assassino, mas está preso, cumprindo pena. Além do mais, sua criminalidade jamais ultrapassou os limites do Peru: ele jamais esteve vinculado a um esquema criminoso continental como o Foro de São Paulo. Já Humala não só é um golpista, como é cria do Foro, assim como Evo Morales, Rafael Correa, Daniel Ortega e Manuel Zelaya. Tanto que Hugo Chávez só o chama de "bom soldado". E que membros dessa organização revolucionária estão atrás das grades? (Pelo contrário, com a vitória de Humala, mais um deles está no poder num país latino-americano.)


Recorrendo a uma metáfora zoológica, tomada emprestada do filósofo Olavo de Carvalho - talvez o único filósofo de verdade que sobrou no Brasil; por isso ele é tão odiado -: votar em Humala para não ter de votar na filha de Fujimori é como escolher ser feito em pedaços por um tigre para não ser mordido por uma raposa. Se eleita, Keiko Fujimori seria uma raposa tomando conta do galinheiro. Ollanta Humala é um tigre pastoreando um rebanho de ovelhas. Um tigre financiado e patrocinado por outros tigres, tão predadores quanto. E um tigre não deixa de ser tigre porque tem as unhas pintadas, como escreveu Olavo.


Alvaro, filho de Vargas Llosa, também escritor, cunhou a expressão "esquerda vegetariana" para se referir a esquerdistas "moderados", em contraposição aos esquerdistas "carnívoros" ou radicais como Hugo Chávez e Evo Morales. Trata-se de uma tremenda bobagem. Na categoria de "vegetarianos" estariam políticos como Humala e Lula, um sujeito que enganou a todos durante décadas, e que é amigo pessoal das FARC e de Fidel Castro, tendo sido co-fundador, com este último, do Foro de São Paulo. Como já escrevi várias vezes, essa estória de esquerda "vegetariana" não passa de conversa mole para boi dormir. Na verdade, não existe esquerda vegetariana. Existe esquerda herbívora (no sentido de ruminante).


Toda a idéia das "duas esquerdas", tão cara a tantos intelectuais esquerdistas latino-americanos, tem por único e exclusivo objetivo a salvação da esquerda, nada mais que isso. O que se quer é evitar, assim, o surgimento de uma direita séria e democrática. É isso, mais do que a ditadura cubana ou as fanfarronadas bolivarianas, o que mais escandaliza e o que mais causa horror a pessoas como Vargas Llosa, pai e filho.


Por que isso? Porque Vargas Llosa e seu filho, assim como muitos iguais a eles, são ex-comunistas (ou ex-esquerdistas), mas não são anticomunistas (nem anti-esquerdistas).


Sendo ex-comunistas, falta-lhes a coragem e a ousadia necessárias para dar o grande salto, declarando-se abertamente anticomunistas. E, como tal, sentem a necessidade, até mesmo psicológica, de se agarrarem ao cordão umbilical que os mantém presos ao útero esquerdista. Desse modo, podem criticar a esquerda (a "carnívora") sem parecerem "reacionários" ou "fascistas". Fazem, como Arnaldo Jabor em relação aos desmandos éticos do PT, uma crítica de esquerda ao bolivarianismo.


O exemplo de Mario Vargas Llosa ilustra à perfeição a persistência do talvez mais arraigado tabu de todos os tempos: o que os norte-americanos chamam de anti-anticomunismo. Consiste esse tabu na proibição de se declarar anticomunista, mediante a matização da esquerda, embora não se faça o mesmo com a direita, vista sempre como um bloco único, monolítico. Esse tabu é tão forte que se revela facilmente diante da escolha entre um esquerdista bolivariano travestido de democrata como Humala e uma picareta como Keiko Fujimori.


Basta um pequeno exercício para comprovar essa realidade. Existem milhares de ex-comunistas, que são vistos até com certa simpatia pelo mainstream. Todos conhecem pelo menos um. Mas quantas pessoas você conhece, prezado leitor, que, já tendo transitado um dia por algum partido ou organização comunista, declaram-se abertamente anticomunistas?


Fernando Gabeira, Dilma Rousseff, Antonio Palocci, José Dirceu - para citar os brasileiros - foram marxistas na juventude ou ligados, de uma forma ou de outra, à ideologia comunista. Quantos, porém, chegaram ao nível de um Arthur Koestler, um Vladimir Bukowski, um Raymond Aron, e se tornaram anticomunistas?


Ser ex-comunista (e nem precisa ser "ex"), no Brasil e na América Latina, continua a ter um certo charme, é algo considerado até mesmo sexy e aceitável. Mas, anticomunista? Ah, isso não... Dizer-se anticomunista (ou conservador) é declarar-se morto política e socialmente; é passar recibo de reacionário, de ultra-direitista, de intolerante, de anti-democrata e de anti-progressista. Curiosamente, não se diz o mesmo de quem se apresenta como antifascista. É permitido ser ex-comunista (ou mesmo comunista), mas não (nunca, jamais!) anticomunista. É a teoria do "totalitarismo favorito", tão brilhantemente analisada por Jean-François Revel.


Por não terem coragem de cruzar o Rubicão ideológico, muita gente contribui para manter acesa a ilusão comunistóide ou marxistóide, autoenganando-se com adjetivos eufemísticos como "moderado" ou "vegetariano". Em nome da conservação de uma antiga paixão ideológica de juventude, deixam-se cegar pela perda do senso de proporções. Nem um Prêmio Nobel como Vargas Llosa escapou dessa armadilha mental.

terça-feira, junho 14, 2011

VERGONHA

Se você, leitor, como qualquer pessoa que ainda mantém um mínimo de decência, também ficou horrorizado com a decisão do STF de conceder liberdade ao terrorista homicida Cesare Battisti, que escarneceu da Justiça de um país democrático e serviu para humilhar mais ainda o Brasil aos olhos do mundo, prepare-se.

Se você achava que a soltura de Battisti era o ponto mais baixo a que chegou o Brasil da era lulopetista, que já virou o cafofo de assassinos companheiros, apresento-o um caso igualmente escabroso.

Com vocês, Achille Lollo.

Noite de 16 de abril de 1973. Roma, Itália. O militante do grupo de extrema-esquerda Potere Operaio ("Poder Operário" ou POTOP), Achille Lollo, 23 anos, está prestes a cometer um ato de puro amor à humanidade. Em nome da "justiça proletária" (a mesma que deve ter movido a decisão do STF sobre Battisti), Lollo e mais alguns comparsas resolveram eliminar um perigoso inimigo do povo e da revolução, o varredor de ruas - isso mesmo - Mario Mattei, membro de uma organização política rival, o Movimento Social Italiano.

Mattei está em seu apartamento de 40 metros quadrados (um nababo, como se vê) no bairro romano de Primavalle, onde mora com seus filhos Virgilio, 22 anos, e Stefano, de 8. Lollo e mais alguns revolucionários do bem, do belo e do justo chegam ao local. Encharcam o apartamento de gasolina e ateiam fogo. O incêndio se espalha rapidamente. Num gesto de desespero, o gari Mattei, com o corpo inteiramente queimado, tenta escapar pela janela. Morre abraçado com seu filho de oito anos de idade.

Lollo e seus companheiros saem do local exultantes. Haviam acabado de fazer cumprir a "justica proletária". Três inimigos da classe operária – um deles, um perigosíssimo reacionário de oito anos de idade – estavam mortos, reduzidos a uma massa disforme de restos carbonizados. Lollo e seus amigos comemoram.

Eis uma imagem desse ato de puro amor à humanidade:

Achou revoltante? Então leia o que vem em seguida.


Após esse crime, Achille Lollo, condenado a 18 anos de cadeia por um tribunal italiano, seguiu o mesmo caminho de seu compatriota e colega de ideologia Cesare Battisti, e fugiu da Itália. Assim como aquele, passou por vários paises, vindo parar no Brasil. Aqui, encontrou amigos generosos, dispostos a dar-lhe refúgio. Durante alguns anos, filiou-se ao PT. Depois, consta que foi um dos fundadores do PSOL, aquele partido de gente maravilhosa e do bem, como o deputado Chico Alencar e o ex-BBB Jean Wyllis. Protegido por seus amigos brasileiros, ele viveu a dolce vita no Rio de Janeiro durante anos, impunemente.


Em 2005, a pena de Achille Lollo foi declarada prescrita pela Justiça da Itália. Sem o risco de parar atrás das grades, ele resolveu voltar finalmente para o país natal. Lá chegando, saiu-se com a seguinte pérola de defesa: sim, ele jogou gasolina no apartamento, mas não foi ele quem acendeu o fósforo. Ou seja, zombou da Justiça italiana até o fim.


A pena de Lollo pode estar prescrita, mas o crime que ele cometeu ficará para sempre na lembrança de todos. Provavelmente ele viverá muitos anos ainda, gozando das benesses do sistema que tentou destruir. Quanto a Mario, Virgilio e Stefano Mattei, a vida destes não poderá ser recuperada. Cometeram um erro: morreram do lado errado.


A vida no Brasil parece ter feito bem a Achille Lollo. Eis uma foto recente dele, o revolucionário humanista:


Gostaria de achar uma palavra para descrever o asco que sinto. Mas as fotos acima já dizem tudo.


Eles não têm vergonha? Eu tenho por eles.

sábado, junho 11, 2011

RETRÁTU DU INTELEQUITUAU BRAZILÊRU

Se tem uma coisa que realmente me tira do sério, quase tanto quanto xingar minha mãe, é quando alguém me chama de intelectual.

Nessas horas, fico indignado. Eu, intelectual? De jeito nenhum. Não no Brasil de hoje.

Para ser considerado intelectual no Brasil da era da mediocridade lulopetista, o sujeito precisa preencher alguns requisitos básicos. Não me enquadro em nenhum deles. Muito pelo contrário. Sou o exato oposto do que se convencionou chamar de intelectual na terra dos papagaios.

Alguns requisitos essenciais para fazer parte da nem-tão-seleta categoria dos "intelectuais brasileiros" já foram analisados por Olavo de Carvalho - certamente o exemplo perfeito de anti-intelectual tupiniquim - no artigo Ética do Intelectual Brasileiro. Ou: Como Tornar-se uma Pessoa Maravilhosa, publicado em seu livro de 1996, O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras. Vou apenas tentar atualizá-los aqui. São os seguintes:

- Não ter idéias próprias. O legítimo representante da intelligentsia brasileira está sempre acompanhando o rebanho; jamais se atreve a dele se desviar um milímetro sequer e a trilhar um caminho próprio. Seu principal compromisso, acima de tudo, é com a própria grei, o partido ou o sindicato, também agrupados sob a denominação comum de pessoas maravilhosas. Ele coloca as afinidades político-ideológicas e pessoais de amizade ou geração acima da verdade. Para tanto, converte-se em simples repetidor de slogans, incapaz de elaborar um pensamento original, por menor que seja, sobre qualquer assunto. Sua meta primordial, sua razão de viver, é jamais destoar do que pensa o "coletivo".

Geralmente aboletado em algum departamento de universidade pública brasileira (convertido, portanto, em intelectual estatal), onde sente-se à vontade em meio a seus semelhantes, e onde geralmente possui um séquito próprio (além de verbas oficiais), nosso herói está sempre disposto a puxar o saco de seus parceiros (o que inclui autoridades), comprazendo-se no beletrismo e no elogio complacente. Assim espera, claro, receber o mesmo tratamento de seus pares, numa masturbação coletiva sem fim. Escreve (quando escreve) artigos sempre elogiosos e que visam a não desagradar ninguém, ou textos de teor lírico e supostamente "profundos" sobre coisas do cotidiano, esforçando-se para mostrar que é um cara sensível e para ser tão incisivo quanto uma canção dos Teletubbies. Para demonstrar sua solidariedade de classe, sempre que um da turma estiver encrencado por causa de uma besteira que fez ou disse, ele está a postos para colocar sua assinatura em um "manifesto de intelectuais" a favor do encrencado - sendo esta, muitas vezes, sua única produção intelectual.

Mais do que tudo, o verdadeiro intelectual brasileiro busca a aprovação de seus cumpinchas, vendo nisso o critério superior e definitivo, o selo de qualidade a atestar sua ciência e sabedoria. Por esse motivo, e para não cometer o terrível pecado de destoar da manada, ele idolatra Chico Buarque, "um dos maiores intelectuais brasileiros".

- Ser contra o capitalismo e os EUA (não importa quem estiver no poder). O típico intelectual brasileiro é devoto da religião antiamericana, embora alguns não aceitem ser chamados de antiamericanos (são capazes até de ficar indignados se alguém os chamar assim). Deseja ardentemente ver os EUA na sarjeta, e adoraria ver o lugar da pátria de Thomas Jefferson como maior potência mundial tomado pela China, assim como até há pouco desejava que esse posto fosse ocupado pela finada União Soviética. No máximo, alegra-se pela eleição do Obama porque ele é negão e sua vitória foi uma "vitória contra o racismo" etc., tomando o cuidado de rotular de racista e nazista qualquer um que tiver a ousadia de fazer perguntas inconvenientes sobre o atual presidente norte-americano (ou "estadunidense", como prefere dizer). Se obrigado a falar sobre coisas como direitos humanos, enche-se de indignação contra as ações dos EUA na guerra contra os terroristas islamitas da Al-Qaeda, como o waterboarding de prisioneiros, ao mesmo tempo em que acha um exagero típico da Guerra Fria pedir democracia em Cuba e chamar Fidel Castro de ditador, por exemplo.

O intelectual brasileiro que se preza está sempre pronto a escrever (isso, claro, quando escreve) rios de tinta criticando "os males do capitalismo" e a "desumanização da sociedade de consumo" (da qual, aliás, se beneficia com prazer), mas não tem uma palavra a dizer sobre a falta de liberdade e as torturas de presos políticos nos regimes totalitários comunistas do passado e do presente, assim como em outras ditaduras apoiadas pelos companheiros no poder, como a do Irã. Vez ou outra, ele diz uma palavra a favor de Marx, repetindo o chavão, por exemplo, de que a última crise econômica global "comprovou a atualidade do pensamento marxista" - embora, na maioria dos casos, jamais tenha lido uma linha de O Capital em toda a vida. Mas ler, para ele, não é importante (como veremos adiante).

- Acima de tudo, o intelectual brasileiro por excelência é de esquerda. Sendo assim, ele acredita piamente que tudo que não for de esquerda só pode ser a encarnação do tinhoso. Mesmo sem ter a menor idéia de quem foram Edmund Burke, Friedrich Hayek, Ludwig Von Mises, Ortega y Gasset e Milton Friedman, ele está sempre disposto a satanizar autores liberais e de direita. Geralmente filiado ou simpatizante do PT ou do PSOL, ele gosta de se queixar da "mídia" (geralmente acrescida dos adjetivos "burguesa" ou "conservadora"), a ponto de acreditar que os tucanos e a VEJA são de direita... Se perguntado o que ele é, ele dirá socialista ou anarquista, ou então "pós-moderno" e até mesmo "niilista". Mas jamais (jamais mesmo!) liberal ou conservador, termos que, para ele, têm quase o mesmo significado de "fascista" - aliás, ele usa e abusa dessa expressão, "fascista", empregando-a sempre para desqualificar quem dele discorda.

Alguns membros dessa confraria de iluminados que são os intelectuais brasileiros tentam se diferenciar (mas só um pouquinho...) do restante da manada, posando de "neutros" ideologicamente, afetando superioridade moral e colocando-se acima ou além das ideologias. Em geral, gostam de repetir mantras como "esquerda e direita são conceitos ultrapassados", enfatizando, assim, seu caráter pós-ideológico. Mas não lhes peça para condenar a corrupção petista ou regimes políticos como o cubano. Nesse caso, é grande o risco de você ser tachado por ele de reacionário ou "proto-fascista"... Nesses momentos, a alegada neutralidade vai para o beleléu e aflora o militante.

- Sendo de esquerda, o autêntico exemplar da classe intelectual no Brasil é, claro, um "progressista". Ele é, portanto, a favor da legalização do aborto e do casamento gay, assim como da legalização das drogas - mas é visceralmente contra o cigarro e o álcool, porque afinal são "indústrias". Sempre em sintonia com a opinião da maioria de sua espécie, ele não vê problema algum em se dizer pró-democracia e defender, ao mesmo tempo, o fim da liberdade de expressão (sobretudo religiosa), mediante uma lei que, se aprovada, irá instituir o delito de opinião, encarando-a como um "avanço na luta pelos direitos civis" dos homossexuais, que serão colocados, assim, num pedestal acima dos demais cidadãos, sujeitos a irem parar na cadeia por citarem a Bíblia ou por uma piada de bar considerada "homofóbica". Além disso, é um inimigo ferrenho do racismo, tanto que defende a sua institucionalização mediante um sistema de cotas e um tribunal de pureza racial inspirado na África do Sul da época do apartheid (detalhe: em um país de mestiços). Também é um pacifista e um humanista, pois é um defensor ardoroso da idéia de desarmar a população mediante a proibição do acesso a armas de fogo adquiridas e registradas legalmente - embora não mostre o mesmo ardor em relação à idéia de reprimir o crime organizado e colocar os bandidos atrás das grades (afinal, a polícia é uma instituição reacionária e fascista...).

- Mente ilustrada, nosso intelectual não perde a chance de atacar violentamente a Igreja Católica, cobrindo-a com os piores epítetos (intolerante, homofóbica, antro de pedofilia etc.). Ao mesmo tempo, cala-se diante da perseguição a minorias nos países islâmicos, considerando isso preconceito contra o Islã. Quanto a religião, declara-se ateu, agnóstico ou adepto de algum culto da moda, de preferência oriental (budista, hare krishna, santo daime ou satanista light), mas nunca, NUNCA, católico (ou membro de alguma denominação tradicional protestante, como os luteranos ou metodistas). Enfim, vale qualquer coisa, menos a religião dos "brancos ocidentais imperialistas" etc.

- Finalmente, para ser intelectual no Brasil não é preciso sequer conhecer a língua portuguesa. Intelectual brasileiro que honra o nome manda às favas a última flor do Lácio. Para ele, o respeito às regras gramaticais é coisa da elite burguesa, e corrigir alguém por falar (ou escrever) "nóis pega os peixe" ou "os livro está emprestado" é "preconceito lingüìstico". Faz abertamente a apologia do erro e o culto da ignorância, enaltecendo a "língua de pobre" contra a norma culta, que seria um "instrumento de dominação da burguesia" (rotulando os pobres que estudam, portanto, de burgueses). Tendo como ideologias o vitimismo e o pobrismo, advoga a idéia imbecil de que ter nascido pobre é uma licença para todo tipo de desatino (corrupção inclusive), e apresenta-se como defensor da cultura "popular" ou "da periferia" contra a cultura "burguesa" ou "do centro", numa reprodução tosca e idiota da velha "teoria da dependência". Chega mesmo a aplaudir um ex-presidente semi-analfabeto que tortura o idioma, chamando de "preconceito elitista" lembrar que ele só não estudou porque não quis. Do mesmo modo, acha que criticar uma presidente por não dizer coisa com coisa (sem falar nas mentiras) é "machismo". É alguém que considera perfeitamente normal um ministro da educação ou um professor universitário falar (ou escrever) "cabeçário", "fusilar" (com S) e "Getulho" (com LH).

Resumindo: por favor, não me chamem de intelectual. Pelos seguintes motivos:

O típico intelectual brasileiro sofre de carência afetiva e de necessidade de aprovação. Eu não padeço desse mal, e não me importo de ser impopular. Acho, aliás, que a impopularidade é quase um dever de quem busca a verdade.

O típico intelectual brasileiro está comprometido, acima de tudo, com os de sua grei. Meu único compromisso é com minha consciência.

O típico intelectual brasileiro ama o povo. Eu não. E acho que o povo tem mais é que ser educado para sair do estado semi-bárbaro em que se encontra.

Não é só o povo que precisa de um banho de civilização. Os intelequituais também. De civilização e de vergonha na cara.

sexta-feira, junho 10, 2011

ELOGIO DA IGNORÂNCIA

Ainda sobre o livro do MEC que ensina que falar e escrever de acordo com a gramática é uma questão de escolha – dizer que dois mais dois são quatro ou não também seria –, deparei com o seguinte texto, que achei num site esquerdista. (O dono do site, para vocês verem, disse que resolveu espalhar o texto, recebido de um amigo, para “contextualizar” a questão... Sei.) A autora, uma tal Marlene Carvalho, apresenta-se como professora aposentada de várias universidades etc. e tal.

O texto, como se tornou praxe nesses casos, está sendo divulgado em uma “nota pública” por um conglomerado de sindicatos e de associações de professores, certamente receosos de perderem a boquinha que conseguiram no governo dos companheiros após a reação da parte da sociedade que pensa contra mais esse absurdo da era lulopetista (nessas horas, eles se apóiam, assinam manifestos, tudo em nome da "classe"). Tendo isso em mente, fica mais fácil explicar o que segue. Vai em vermelho. Comento em seguida.

A fala dos pobres: muito barulho por nada

Trabalho há mais de 20 anos com formação inicial e continuada de professores do ensino fundamental e tenho procurado discutir com eles sobre a legitimidade dos falares populares, a necessidade de reconhecer que a língua dos pobres tem regras próprias, expressividade e economia de recursos.

Notem que o texto começa com um argumento de autoridade (“Trabalho há mais de 20 anos na área” etc.). A idéia é dizer “eu sou especialista, você não; logo, eu sei mais do que você" - algo que poderia valer para alunos do jardim-de-infância, que desconhecem ainda a diferença entre um nome e um verbo. A questão não é sobre a legitimidade dos falares populares (seja lá o que isso significa), mas sobre gramática. Desconheço a existência de uma “língua dos pobres” - conheço apenas a língua portuguesa. Falar “nóis pega os peixe” não é “língua de pobre” - é língua de quem nunca ouviu falar em regras gramaticais. Pobre não é sinônimo de ignorante. Assim como rico não é o mesmo que intelectual. Preciso explicar por quê?


Repito: não existe língua de pobre. Existe pobreza de língua. E muita demagogia.

Não é prestigiada socialmente, não tem valor no mercado de empregos de colarinho branco, não é admitida na Academia, mas, do ponto de vista linguístico, é tão boa quanto o dialeto chamado padrão.

Essa é a base da teoria do “nóis pega os peixe”: a norma culta e a língua chamada popular estariam no mesmo nivel, têm o mesmo valor, e corrigir alguém por não concordar sujeito com verbo é “preconceito linguístico”. Só tem um problema: “tão boa” para quem? Só se for para professores de sociolinguística acometidos de delírio populista, que acham que Camões e Tiririca estão no mesmo patamar de igualdade.

A diferença maior é que os falantes do dialeto padrão têm o poder político, social e econômico que falta aos pobres.

Ah bom! Agora entendi tudo. A gramática é uma forma de dominação das elites... Só falta dizer que a Matemática e a Geometria são instrumentos da exploração da burguesia.

Só não entendi uma coisa: se a língua é um instrumento da dominação do homem pelo homem, como dizia Stálin, então qual o sentido de se ensinar Português nas escolas? Se falar errado é certo, para quê corrigir? Em vez de Machado de Assis, o modelo de bom uso do idioma deveria ser o Lula.

Não cabe à escola ignorar, ou censurar as variantes populares, mas sim respeitar a fala dos alunos e, ao mesmo tempo, ensinar a todos a empregar também a norma culta em ocasiões sociais que exigem um registro formal da língua e, principalmente, como usá-la na escrita.

Cabe às escolas ensinar, mostrar a diferença entre o certo e o errado, em primeiro lugar – coisa que as escolas brasileiras fazem mal e porcamente, diga-se –, e não deixar de fazê-lo sob o pretexto de que é “preconceito linguístico”. Respeitar a variedade linguistica é diferente de decretar a não-validade da gramática em certos casos. A variedade linguística não deve ser confundida com ausência de regras. Se não, teremos um preconceito... contra a gramática!

Sobre isso é que interessa discutir agora, e não dar continuidade a esta polêmica estéril sobre um livro destinado a jovens e adultos que reconhece a existência e a legitimidade de formas verbais típicas dos dialetos populares.

Repito: reconhecer a existência e a legitimidade de uma forma verbal “popular” não tem nada a ver com abolir a gramática. Dizer que existe uma língua de pobre (ou proletária) contra outra de rico (ou burguesa), então, não passa da mais pura demagogia. Isso não é Português: é propaganda ideológica. Ponto.

As pessoas que criticaram o livro em questão – que provavelmente não leram – devem ler o capítulo “Escrever é diferente de falar”, para constatar que a autora assume uma posição equilibrada e academicamente justificada em relação às variações dialetais. Além disso, o capítulo contém numerosos exercícios de concordância nominal e verbal e pontuação, rigorosamente de acordo com a gramática da norma culta. Uma ou duas frases, fora do contexto do capítulo, estão sendo utilizadas para condenar um livro e a posição da autora em favor da língua dos pobres.

Eu li a parte do livro que ensina que não há qualquer diferença entre dizer "nós pegamos" e "nós pega" (detalhe: não na fazenda ou na rua, mas na escola). Acredito também que muitos leram. Se ainda não o fizeram, vejam por si mesmos e tirem suas proprias conclusões (cliquem para ampliar):


Agora me digam, com toda franqueza: é ou não é apologia do erro?

Não se trata, como está claríssimo aí em cima, de uma ou duas frases, retiradas do contexto (argumento típico de quem não assina o que escreve). Isso aumenta ainda mais a estranheza: se o objetivo do livro é mostrar que as diferentes formas dialetais têm todas o mesmo valor, então por que fazer exercícios de concordância nominal e verbal e pontuação? Não faz o menor sentido.

Marlene Carvalho se diz professora. Professora de quê? Só se for de sociolinguística. Quanto à disciplina Língua Portuguesa, melhor não deixar que ela chegue perto de crianças.

POR QUE BIN LADEN NÃO SE ESCONDEU NO BRASIL?

Por 6 votos a 3, o STF decidiu que Cesare Battisti merece a liberdade. Os senhores ministros, depois de muito deliberarem sobre o assunto, concluíram que o terrorista homicida não é um terrorista homicida (parte da imprensa já havia decidido o mesmo antes, pois só o chama de “ativista”...). Decidiram também que a Itália, cuja Justiça condenou Battisti por quatro assassinatos nos anos 70, em um processo judicial limpo, não é um paîs democrático. Nisso estão de acordo com o Apedeuta, que rasgou no último dia do mandato um tratado de extradição entre os dois países.





Battisti na juventude: o idealismo estampado na cara


Segundo o STF, Battisti não é um terrorista, e o grupo a que ele pertenceu, que tinha o singelo nome de Proletários Armados para o Comunismo (PAC), era um clube de escoteiros. Também de acordo com os senhores ministros, a Itália não é uma democracia. Democracia é Cuba, cujos presos políticos Lula-Apedeuta já comparou a bandidos. O STF já decretou cartorialmente a nulidade de um Artigo da Constituição no caso do “casamento gay”. Agora decidiu que terrorismo não é crime.

Entre os argumentos utilizados pelos juízes da Suprema Corte para livrar a cara de Battisti, estava o de que a Justiça italiana, ao exigir a extradição do criminoso, estava cometendo uma “ingerência” em um “assunto interno” do Brasil. Ingerência? Assunto interno? Desde quando querer que um assassino condenado judicialmente seja extraditado para cumprir pena por seus crimes no país onde eles foram cometidos é ingerência (ainda mais em um “assunto interno”)? O governo Lula-Dilma, e agora o STF, é que cometeram uma gravíssima ingerência na política italiana, ao protegerem um facínora com argumentos de Policarpo Quaresma. O nacionalismo é mesmo o último refúgio do velhaco.

Quando uma tropa de elite dos EUA matou Osama Bin Laden, uma tropa parlamentar liderada pelo senador Eduardo Suplicy chorou a morte do megaterrorista, alegando profundas preocupações humanitárias. Agora esses mesmos humanistas do terror comemoram a soltura do terrorista homicida Battisti. Nenhum deles solta uma lágrima pelas vítimas. Direitos humanos é coisa preciosa demais para ser desperdiçada com as famílias dos mortos, pensaram. Vejam a foto a seguir (Suplicy está na foto):


Battisti e seus amigos: verdadeiros humanistas


O engraçado (para não dizer o trágico) dessa situação surreal é que hâ mesmo quem se encha de indignação contra o waterboarding em prisioneiros da Al Qaeda pelas forças de segurança dos EUA, mas não diga uma palavra em favor dos direitos dos mortos pelos terroristas de esquerda. Os petistas que defendem Battisti alegaram, entre outros motivos para não entregá-lo à Justiça italiana, que ele estava doente. Essa gente é mesmo movida por um forte sentido humanitário.


O Brasil virou o cafofo do Battisti. Osama Bin Laden cometeu um erro ao refugiar-se no Paquistão. Deveria ter vindo para o Brasil. Aqui, com o apoio de tantos amigos influentes como Tarso Genro e o senador Suplicy, ele certamente receberia o status de refugiado político. Poderia até iniciar uma parceria com Antonio Palocci, como consultor. De direitos humanos.


Mas também, que coisa essas vítimas de Battisti, heim? Quem mandou ser assassinado pelas balas da esquerda? Não sabiam que terrorismo é só o que a direita faz? Os cadáveres precisam aprender a morrer do lado certo.


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P.S.: Somente para lembrar, aí vai uma lista dos assassinatos atribuídos a Battisti:


6 de junho de 1978, Udine - Antonio Santoro, agente penitenciário, é assassinado por Battisti e outro cúmplice que declarou que ele - Battisti -disparou a arma.


16 de fevereiro de 1979, Santa Maria di Sala - Lino Sabbadin, açougueiro, depois de reagir ao roubo cometido por Battisti e seus comparsas, é brutalmente assassinado por Diego Giacomin. Battisti dava cobertura no momento do crime.


16 de fevereiro de 1979, Milano - Pierluigi Torregiani, também brutalmente assassinado por ter reagido anteriormente a um assalto numa pizzaria, cometido pelo grupo de Battisti. Esse crime foi ainda mais hediondo por dois motivos: o grupo retornou ao local para "acertar contas" com Pierluigi por ter atirado num dos comparsas na tentativa anterior, e também porque o grupo atinge o filho adolescente de Pierluigi - Alberto, que até hoje vive paralisado numa cadeira de rodas por conta dos disparos. Eis uma foto recente de Alberto Torregiani:

19 de abril de 1979, Milano - Segundo testemunhas, Battisti atira diversas vezes no agente da DIGOS (Divisão de Inteligência da Polícia), Andrea Campagna, que foi um dos responsàveis pela investigação do caso de Torregiani.

quinta-feira, junho 09, 2011

É CADA UMA...

Outro que resolveu acampar por aqui, sem dizer o nome, acha que o ofendi por chamá-lo de maconhista (e não de maconheiro - aliás: que nome se deve usar para quem puxa uma erva? deixa pra lá...) porque apontei seu déficit de atenção ao tratar da questão das drogas. Ele acha que faço isso porque sou um preconceituoso, é só porque ele quer achar uma solução dentro da lei para as drogas, ora que coisa! A "solução dentro da lei" que ele achou é sensacional: tornar legal o narcotráfico. Genial, não?

Ele faz uma pergunta que é, realmente, coisa de gênio. Vou reproduzir aqui, porque é mesmo uma pérola de lógica e bom senso:

Como as FARC sairiam lucrando se, pela minha premissa, não se poderia comprar de nenhuma rede ligada ao tráfico? Se a produção seria interna (interna significa dentro do Brasil, pois acho que isso não ficou claro para o senhor) como traficantes de fora do país continuariam a controlar a produção, refino, comercialização e distribuição de drogas como a cocaína?

Eu já disse, num outro post, quem controla a produção, refino, distribuição e comercialização de cocaína no mundo. Não adiantaria repetir que são as FARC, pois o leitor não sabe do que estou falando (ou já torrou todos os neurônios defendendo a idéia maconhista). Vou fazer apenas uma pergunta.

Diga-me como, caro leitor, a produção de maconha ou de cocaína "seria interna" (assim como todo o ciclo produtivo-distributivo)? Isso significa que toda a produção se destinaria somente ao mercado interno? A importação e exportação do produto seriam proibidas? Haveria barreiras comerciais e tarifas protecionistas? Por que não transformar a erva e a coca em commodities? E onde se conseguiriam as mudas e sementes? E o know-how necessário? Quem passaria a produzir em fazendas? Haveria um fundo especial do Banco do Brasil para estimular a produção? A EMBRAPA receberia verbas para pesquisas na área? E que rede de farmácias ou supermercados passaria a comercializar o produto? Pelo visto o leitor deve ter um plano detalhado de como isso se daria.

Tenho uma sugestão: já que se lançou a idéia de uma "indústria brasileira regulamentada pelo Estado" etc., proponho a criação de mais uma estatal: a MACONHABRÁS. Que tal? Vamos defender a soberania também nessa área. A cannabis é nossa! (E por que não a COCAINABRÁS, a HEROINABRÁS e a CRACKOBRÁS? Seriam ótimos cabides de emprego.)

Como se vê, falta lógica e coerência nas minhas respostas ao amigo maconhista. Quem sabe se eu ficar bem fumadão e cheiradão eu tenha uma idéia tão luminosa quanto a do caro leitor. Quem sabe eu até vire presidente de alguma dessas estatais.

É cada um que aparece, viu?

ATENTADO CONTRA A INTELIGÊNCIA

Um leitor insistente (quase que uso outro adjetivo), o Zé, me deu uma boa idéia. Como ele está indignadíssimo porque os EUA teriam usado o waterboarding para arrancar informações vitais de terroristas presos que levaram à localização do finado Osama Bin Laden, e portanto acha que não deveriam ter feito o que fizeram para passar o rodo no maior terrorista da História, resolvi fazer mais uma enquete.

Já que o Zé não quer dizer que outro método de interrogatório ele considera menos desumano e mais eficiente do que o waterboarding, nas condições da atual guerra ao terrorismo islamita, lanço a pergunta no blog:

Para você, leitor, que outro método, mais humanitário e que não fira os sentimentos do terrorista preso, os EUA deveriam ter usado para pegar o Osama?

a) hipnose;

b) telepatia;

c) conversar;

d) teatro infantil;

e) terapia de vidas passadas.

Eu, como sou um bandido, um facínora, um torturador cruel e desumano, tenho uma idéia melhor, mais pé-no-chão. Que tal submeter o prisioneiro aos seguintes tratamentos?

a) obrigá-lo a ouvir 24 horas de axé-music, sertanejo e pagode;

b) exigir que analise, frase por frase, os discursos de Dilma Rousseff (mas com moderação: a coisa é muito forte e pode causar danos cerebrais irreversíveis);

c) fazê-lo encontrar a parte da Declaração Universal dos Direitos do Homem que iguala waterboarding a choques elétricos no pau-de-arara;

d) matriculá-lo num curso de "como odiar os EUA fingindo defender a democracia e os direitos humanos", ministrado por Noam Chomsky e Hugo Chávez.

Não sei quanto a quem lê este post, mas, para mim, qualquer das opções acima me parece pior do que o waterboarding. Um verdadeiro crime e um atentado contra os direitos humanos, digno de levar o autor ao Tribunal de Haia.

Quanto a quem não tem coragem de criticar abertamente a ação norte-americana que livrou o mundo de monstros genocidas como Bin Laden, e que usa o waterboarding como desculpa para chorar a morte desse facínora e exercitar o esporte predileto dos idiotas (ou seja: atacar os EUA, não importa o que façam)... bem, só me resta repudiar mais esse atentado terrorista contra a inteligência e o bom senso.

MACONHA EMBURRECE



Ai, que tédio!...

Em um post anterior, escrevi que tenho mais o que fazer do que ensinar o bê-a-bá a maconhistas. Apesar disso, vou voltar ao assunto, mais uma vez (espero – mesmo - que seja a última).

Um anônimo candidato ao Nobel encasquetou que achou a solução ideal para o problema das drogas: basta liberar, e pronto. Respondi, com fatos e argumentos – citando inclusive o caso da Lei Seca nos EUA, oportunisticamente usado pelos pró-maconhistas -, que essa idéia, a descriminalização, é uma idiotice. O tal leitor (!) porém, não se convenceu, e, em vez disso, resolveu dar mais uma prova de que as drogas fazem mesmo mal ao cérebro.

Vejam o que ele (que ainda por cima me chama de “senhor”, ai jesus...) cometeu, digo escreveu:

O senhor pelo visto não presta a atenção no que eu escrevo. Nos dois comentários que escrevi fui bem claro quando disse:

QUE NÃO SERIA PERMITIDA A COMPRA DE DROGAS DO NARCOTRÁFICO, ISSO INCLUI AS FARC.

Portanto, a legalização exige produção e supervisão interna (dentro do país) dessa "nova indústria" pelo governo.

PS: Só para garantir, pois você pode não ter lido antes:

COM A LEGALIZAÇÃO E A REGULAMENTAÇÃO, NÃO SERÁ PERMITIDA A COMPRA DE DROGAS DO NARCOTRÁFICO, ISSO INCLUI AS FARC E QUALQUER REDE LIGADA AO TRÁFICO DE DROGAS.

Entendeu ou quer que eu desenhe?


Não, meu amigo maconhista, eu li sim o que você escreveu. Acho que você é que não estava no seu estágio mental normal e não prestou atenção ao que escreveu. Primeiro, porque a compra de drogas no narcotráfico já é proibida. Além do mais, você deixou claro que não leu – ou se leu, não entendeu, porque deveria estar meio enevoado para entender qualquer coisa – nadinha que eu escrevi. Por isso vou repetir, embora deteste fazê-lo, só para garantir. Vamos lá, preste atenção:

Meu amigo, sabe quem mais sairia lucrando com a “legalização regulamentada” das drogas? Já disse no outro post, mas parece que ele não entendeu: as FARC. Quer saber por quê? Porque a legalização significaria tão-somente dar mais poder a quem controla a produção, refino, comercialização e distribuição das drogas. E quem controla a produção, refino, comercialização e distribuição de drogas como a cocaína? Resposta: as FARC. Ficou entendido?

Vamos ver se dessa vez o cara entende. Posso até desenhar, mas, por favor, não me peça pra pegar na mão, OK?

Aí está mais um motivo para ser contra a legalização da maconha: fumar erva causa perda de neurônios e dislexia. Aí está o comentário acima para provar.

quarta-feira, junho 08, 2011

OS HUMANISTAS DO TERROR - II

Lá vou eu responder de novo ao Zé, o leitor para o qual eu sou um torturador cruel e malvado porque aplaudi a ação norte-americana que livrou o mundo do Bin Laden. Ele despeja aqui toda sua indignação humanista:

Ok, eu desisto. Você acaba por vencer a conversar não pelo argumento, mas sim pela tua burrice excessiva!

Cada dia eu aprendo algo novo. Agora descobri, graças ao Zé, que se pode vencer um debate por burrice (ainda por cima “excessiva”). Vivendo e aprendendo.

Não Zé, por favor não desista! Não prive os leitores da delícia de criticar minha burrice excessiva por pedir que você mostre um método de interrogatório menos brutal e mais eficaz do que o waterboarding. Voce já estava quase me convencendo de que o waterboarding é uma prática tão cruel e desumana quanto esmagar dedos e aplicar choques elétricos nos genitais. Não nos deixe sem sua sabedoria.

(Por falar em burrice, “você” e “tua” gramaticalmente não combinam na mesma frase. Acredito que o Zé quis dizer “sua burrice excessiva”.)

Se os tais cadetes de West Point aceitam tal ritual imbecil, problema deles, afinal foi o direito deles de escolher entrar para o lugar. Mas acho que um prisioneiro não escolhe ser torturado. Não misture coisas com sua ironia vulgar. Incluir época medieval e etc. não faz o menor sentido para a discussão.

O que é isso, Zé? Que conversa é essa de dizer “é problema deles” que os cadetes de West Point sofram waterboarding de seus colegas por diversão? De jeito nenhum! Afinal, eles também são seres humanos, merecem ter seus direitos respeitados, ou não? Ou será que isso vale apenas para os terroristas da Al Qaeda? Cadê os direitos dos cadetes? Que absurdo!

Pois é, né? E eles ainda escolhem entrar nesse lugar, mesmo sabendo que é assim que os veteranos se divertem com os calouros. Para você ver que coisa terrível é esse tal waterboarding.

Mas então, estou esperando você me dizer o nome de alguma vítima de waterboarding que morreu ou ficou incapacitada por causa dessa cruel tortura medieval. Diga-me o nome de um, somente um, membro do Talibã ou da Al Qaeda que foi pro saco ou está hoje numa cadeira de rodas após ter sido submetido a essa prática bárbara.

Se disse que waterboarding funciona, é porque foi através deste método que os EUA conseguiram informações de seus prisioneiros (apesar de não duvidar que outros métodos poucos amistosos não tenham sido usados, apenas não foram divulgados). Mas o método é errado porque é tortura! E convenhamos, qualquer tortura funciona, basta ter o tempo necessário para isto. Não inverta as coisas.Tortura é crime, seja ela qual for.

Ok, o método é errado porque é tortura e tortura é errado etc, etc. Nesse caso, fico cada vez mais convencido de que o Zé conhece outro método de interrogatório mais adequado e que não fira a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Vamos ver.

Além do mais, realmente o waterboarding é um método muito controverso, pois afinal – vejam que coisa! – ele funciona! Ou seja: corre-se o risco de que ele leve à captura ou morte de terroristas. Que horror!

Você disse: “Assino embaixo. Tortura é um erro. Mais que isso: é um crime, independentemente do agente (e do agido, faltou dizer). Por isso é preciso que alguém diga que método de interrogatório menos desumano que o waterboarding existe para arrancar informações vitais de fanáticos da Al-Qaeda. Talvez o Zé saiba.”

Você não me parece considerar a tortura um erro, pois se assim considerasse não defenderia o waterboarding (que também é tortura). Se você quer um método menos desumano, por que não começa a procurar fora da tortura?

Opa! Quem disse que eu “defendo o waterboarding”? Aponte onde exatamente eu afirmei isso. Disse, e repito, que, nas condições atuais da guerra ao terrorismo islamita, ninguém apresentou método menos desumano, e que apelar para os Direitos Humanos no caso de Bin Laden, como muitos fizeram, é uma obscenidade.

Não, Zé, não sou eu que tenho que procurar um método menos desumano: é você, que critica os EUA por causa do waterboarding, que tem o dever moral de sugerir um método melhor, que gere resultados sem mutilar ou incapacitar o prisioneiro. Já sugeri o hipnotismo. Que tal obrigar os terroristas a escutar axé-music e sertanejo? (Não sei quanto a vocês, mas eu confessaria o que quisessem para escapar desse tormento.)

Aí você diz a pérola do dia: “Até porque os inimigos dos EUA estão se lixando para Direitos Humanos. Aí estão Cuba e Coréia do Norte para provar”.
Belíssimo argumento! Quer dizer que porque nossos inimigos torturam, nós vamos torturar também. Muito bem! Terroristas explodem duas torres nos EUA, devem os EUA atirar dois aviões no Irã e matar 3000 inocentes também? Cuba é comunista. Devemos nos converter ao comunismo também? Por favor, se os EUA são defensores dos Direitos Humanos, é errado agir ao contrário disto, mesmo com os inimigos. Responder na mesma moeda é agir fora da lei e do correto!


Ai Jesus... Essa falta absoluta de senso de proporções dos antiamericanos patológicos travestidos de humanistas é algo que não deixa de me surpreender. Agora defendo que imitemos os inimigos da liberdade... Logo eu, que pratico tiro ao alvo na foto do Coma Andante Fidel Castro todos os dias. Vamos lá, preste atenção.

Muito bem, Zé, então vamos imitar os comunas. Eles acham mesmo esse papo de direitos humanos coisa de burgueses e de boiolas. A primeira coisa que teríamos que fazer seria substituir o waterboarding por um método, digamos, socialista, como o choque elétrico e o chicote. Vamos mais além, e acabemos de vez com a liberdade de imprensa e de organização partidária, instituindo a ditadura do partido único. Mais que isso: acabemos com qualquer resquício de democracia, mesmo quando é usada para atacar a própria democracia – usando o waterboarding, por exemplo, como pretexto para condenar a operação que matou o Bin Laden.

Não utilizo os Direitos Humanos para livrar Bin Laden de nada. Os Direitos Humanos devem ser respeitados em si mesmos e não apenas parcialmente. Se Cuba trucida seus inimigos, a Coréia invade o espaço aéreo do Japão, os EUA são os primeiros a se manifestarem contra. Mas se o seu exército tortura seus inimigos, então está tudo certo, pois estes inimigos são terrorista (e, pelo teu argumento, não humanos), e por isso devem ser torturados!

Se o Zé tivesse um mínimo de honestidade, para nao dizer senso de realidade, deixaria de lado essa conversa mole de "não utilizo os direitos humanos para livrar a cara do Bin Laden" e admitiria de vez que é exatamente isso que ele faz. Talvez ele não perceba, pois seu ódio disfarçado aos EUA é tão grande que já o deixou cego ao significado das próprias palavras, ou talvez seja só um grande cínico mesmo. O fato é que seria muito mais honesto de sua parte. Pelo menos ele não passaria pelo vexame de tentar igualar, no plano moral, os EUA e tiranias como a de Cuba e a da Coréia do Norte... O waterboarding para eliminar terroristas e a tortura contra dissidentes de um regime totalitário, tudo no mesmo saco! Tsc, tsc.

Você considera os Direitos Humanos com algumas exceções, ou seja, parcialmente. Os Direitos Humanos são universais, independente de quem seja.

Isso mesmo, os direitos humanos são universais. E são algo sagrado demais para ser usado como desculpa para atacar os EUA por ter eliminado um monstro terrorista. Ao ver alguem fazendo isso, dá vontade de vomitar.

Falando sério: nenhum país leva tão a sério o respeito aos direitos humanos de seus inimigos quanto os EUA. Em nenhum outro lugar do planeta há tantas garantias e restrições à ação governamental, mesmo em tempo de guerra. Nenhum outro lugar está sob tamanho escrutínio por causa do tratamento que dá a seus prisioneiros. E nenhum outro é tão atacado por causa disso. Fico imaginando que tipo de reação teria qualquer outro país se tivesse sofrido ataque semelhante ao de 11 de setembro de 2001, que tipo de tratamento daria a um inimigo capturado que pudesse levar ao autor do atentado. Certamente, seria algo muito diferente do waterboading... (E duvido que houvesse essa celeuma toda.)

Fiquemos assim: o Zé me apresenta um método de interrogatório mais humano e tão eficiente quanto o waterboading para combater terroristas islamitas e eu saio às ruas carregando um retrato de Bin Laden e queimo uma bandeira dos EUA. Se ele não fizer isso, que tenha a decência, pelo menos, de reconhecer seu antiamericanismo primário e juvenil.

segunda-feira, junho 06, 2011

"É PÓ DE DEZ! É ERVA DE CINCO! QUEM VAI QUERER?"



Pequenos comerciantes ansiosos para terem seu negócio legalizado e pagarem impostos: tem gente que gostaria que assim fosse



Na boa? Essa conversa de “descriminar” a maconha (e a cocaína, e a heroína, e o crack...) já encheu o saco faz tempo. Tenho pouca paciência para os maconhistas e suas idéias chapadas. Mesmo assim, vou me dar ao trabalho de responder – mais uma vez... espero que seja a última – a um leitor anônimo que está tentando me converter à religião maconhista com base num argumento, digamos, “pragmático”.

Diz o leitor que todo o problema das drogas (e não só da maconha, vejam bem) estaria resolvido caso os governos simplesmente resolvessem legalizar o narcotráfico. Bastaria decretar que é legal produzir, comercializar e consumir maconha (e cocaína, e heroína, e crack...) e pronto! Todos os males que envolvem a questão, a começar pela violência, desapareceriam como num passe de mágica. O problema seria a proibição. Acabe-se com ela, e acaba-se com o problema. Simples assim.

No mundo da imaginação, onde habitam gnomos e fadas, talvez essa tese poderia conter algum grão de verdade. No mundo real, que é o habitado por este escriba, porém, as coisas são um tanto quanto diferentes.

Vejamos o que escreveu o leitor. Respondo em seguida:

Caro, estou tentando discutir o assunto dentro da legalidade. Em momento algum defendo o uso de drogas fora da lei ou que o tráfico deve permanecer como está. Minha sugestão foi trazer para legalidade substâncias que são consideradas ilícitas, da mesma maneira que foi feito nos EUA com a bebida. Pergunto-te (pois desconheço essa parte) como foi feito nos EUA para legalizar a venda de bebidas sem que isso legalizasse a máfia e o tráfico de bebidas?

Se foi possível fazer com as bebidas sem permitir que bandidos se tornassem empresários, por que você não acha possível fazer o mesmo com as outras drogas?

Minha proposta foi uma legalização regulamentada das drogas. Fui bem claro no meu post passado ao dizer que não seria permitida a compra de drogas do narcotráfico, isso inclui as FARC. Portanto, a legalização exige produção e supervisão interna dessa "nova indústria" pelo governo.

Vamos lá, com paciência (e é preciso uma dose extra de paciência para debater com um pró-maconhista).

Em primeiro lugar, “discutir dentro da legalidade”, a meu ver, só tem um significado: defender a Lei contra os que estão se lixando para ela, achando que queimar um baseado é mais importante. E a Lei proíbe o comércio e o consumo de drogas. Fumar unzinho e cheirar uma carreira de pó é compactuar com o crime. Ponto.

O leitor faz uma distinção, saída de sua própria cabeça, entre narcotráfico e o comércio legal de drogas – como se não fossem uma só e única coisa. Talvez por isso seja tão difícil para ele entender as consequências funestas da legalização. Mas vou tentar iluminar essa câmara escura.

Meu amigo, sabe quem mais sairia lucrando com a “legalização regulamentada” das drogas? Já disse no outro post, mas parece que ele não entendeu: as FARC. Quer saber por quê? Porque a legalização significaria tão-somente dar mais poder a quem controla a produção, refino, comercialização e distribuição das drogas. E quem controla a produção, refino, comercialização e distribuição de drogas como a cocaína? Resposta: as FARC. Ficou entendido?

(Aliás, já perceberam que, por trás da idéia maconhista, estão sempre amigos dessa organização narcobandoleira? Já escrevi sobre isso, como quem quiser poderá constatar aqui: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2009/10/conexao-narcoesquerdista.html)

O leitor me pergunta, pois confessa desconhecer essa parte, como foi feito nos EUA para legalizar as bebidas alcoólicas depois da proibição. Fico impressionado como alguém se apresenta quase como especialista na matéria, a ponto de propor a legalização das drogas, até mesmo citando o exemplo da Lei Seca nos EUA, e admite ignorar a história da mesma. Mas tudo bem, aproveito para explicar.

Para começo de conversa, a proibição da produção e venda de bebidas alcoólicas – a chamada Lei Seca – foi um momento excepcional na história dos EUA, tendo vigorado por alguns anos (mais precisamente: de 1919 a 1933). Durante esse período, tal proibição caracterizou uma exceção, não a regra – a proibição valia para os EUA apenas (Al Capone e outros mafiosos que exploravam a bebida ilegal traziam seu produto do exterior, em especial do Canadá). Nada, portanto, que possa ser comparado à proibição das drogas, que existe na maioria dos países.

“Como foi possível acabar com a proibição sem permitir que os mafiosos se tornassem empresários?”, é a pergunta cândida do leitor. Isso foi possível por dois motivos.

Primeiro, os mafiosos, como Al Capone, já estavam atrás das grades (este por uma acusação lateral, de sonegação de impostos), e as redes criminosas que exploravam o ramo de bebidas estavam desmanteladas (alguns mafiosos, depois, passaram-se para outros ramos, como o de jogo e... drogas).

Segundo, e mais importante: os mafiosos estavam longe, muito longe, de dominarem todo o ciclo produtivo-distributivo do uisque e da cerveja - quando a proibição foi finalmente revogada, na década de 30, os grandes produtores-distribuidores do produto estavam fora dos EUA, principalmente na Europa, onde a proibição de vinho e conhaque jamais ocorreu. Eles, enfim, agiam legalmente, como faziam há séculos. Foi por esse motivo que os gângsteres de Chicago e Nova York não se tornaram grandes empresários do uísque ou da cerveja.

Entendeu? É por isso que o fim da proibição da bebida, nos EUA, foi uma boa idéia, enquanto que fazer o mesmo com as drogas, hoje, seria um gesto de suprema estupidez. Seria unicamente entronizar o crime organizado, dando-lhe ainda mais poder.

Não é preciso ser um gênio para perceber que não há absolutamente nada em comum entre o fim da Lei Seca nos EUA nos anos 30 e a legalização das drogas. Esse tipo de associação malandra só pode ser o resultado de ignorância ou de vigarice intelectual. Ignorância, aliás, que o leitor já confessou a respeito da questão.  

Além do mais, se o objetivo da legalização, como diz o leitor, é criar uma nova indústria, geradora de emprego, renda e impostos, então o que explica a animosidade dos maconhistas às indústrias do fumo e do álcool, a ponto de as leis coibindo o cigarro em lugares públicos avançarem de forma inversamente proporcional aos movimentos pela legalização do baseado? Não seria exatamente – é só uma suposição – porque o álcool e o tabaco, ao contrário da maconha (e da cocaína, da heroína, do crack...) são uma “indústria”?

Enfim, toda essa lenga-lenga pró-maconhista não passa de uma desculpa para favorecer quem já lucra milhões de dólares produzindo e vendendo essa porcaria. Os narcoterroristas das FARC e Fernandinho Beira-Mar devem estar adorando. Não vêem a hora de trocar o uniforme camuflado e a roupa de presidiário por um elegante terno Armani e se tornarem grandes empresários do novo negócio legal da maconha e da cocaína. Executivos respeitáveis, geradores de empregos e pagadores de impostos... Certamente, adorariam participar de uma “marcha da maconha”.

Já estou até vendo como seria. Passeando pela rua, deparo com uma loja em que um vendedor, em altos gritos, anuncia o produto:

- Vamos entrando, cliente, é só aqui: maconha da boa, direto do Paraguai: só cinco reais a trouxinha! Cocaína da pura, só dez reais o grama! Sensacional promoção: compre três e leve, inteiramente grátis, um lança-perfume!

Querem saber? Há coisas mais importantes que requerem minha atenção. Tenho mais o que fazer do que ficar explicando o bê-a-bá para maconhistas.