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terça-feira, outubro 29, 2013

OS ESTÚPIDOS

 
Quando começaram as primeiras "manifestações" em São Paulo, em junho, promovidas pelo "movimento passe livre" (MPL), grupelho de extrema-esquerda alinhado ao PT, tentei alertar que tudo não passava de uma grande provocação e teatro de rua com interesses eleitoreiros, usando o "passe livre" (uma ideia, aliás, inviável e demagógica) como pretexto. Afirmei - e os fatos me deram razão - que o MPL buscava tão-somente provocar a PM, descumprindo acordos, invadindo áreas restritas e promovendo abertamente o caos e a baderna, tentando criar, assim, um cadáver a ser explorado politicamente. (Felizmente, não tiveram êxito.)

Na ocasião, vocês devem lembrar, houve choques violentos, com excessos de ambos os lados. Quando uma jornalista foi ferida no olho por uma bala de borracha, chegou a haver um começo de movimento de repúdio à PM nas redes sociais; artistas e celebridades posaram com maquiagem imitando um olho roxo (foi a maneira escolhida por eles de demonstrar "solidariedade" à moça). Na mesma época, um soldado PM foi espancado e teve a cabeça arrebentada por um grupo de "manifestantes" (ainda era assim que a grande mídia os chamava). Chamei a atenção também para esse fato - a violência dos vândalos contra a PM - e afirmei que deveria ser usada a mesma régua moral para julgar os dois lados. Perguntei por que não se fazia também um movimento de solidariedade ao PM ferido. Por esse motivo, fui bastante criticado.

Logo em seguida, a população saiu às ruas, protestando "contra-tudo-isso-que-está aí". O MPL, vendo que perdera o controle da situação e desencadeara um movimento muito mais amplo e apartidário, rapidamente tirou o time de campo (o que prova que seu objetivo jamais foi o mesmo da população nas ruas). Mas o vandalismo prosseguiu, agora por obra dos black blocs, e com o mesmo objetivo de provocar a PM e instalar o caos. Até que as pessoas, confusas, cansadas e com medo da violência, voltaram para casa. Esvaziados os protestos de seu aspecto de massas, partidos de esquerda que haviam sido expulsos das manifestações e movimentos como o black bloc e o MPL voltaram à carga, metendo-se em greve de professores (instrumentalizada pelo PSOL no RJ) e até em depredação de laboratório para resgatar beagles (outra estupidez).

Pois bem. Durante todo esse tempo, enquanto eu e uma meia dúzia de blogueiros direitistas e reacionários dizíamos que o black bloc e o MPL eram tropas de choque do obscurantismo político, o que fazia muita gente descolada, artistas inclusive? Persistiam na ladainha de atacar a "repressão policial" contra os "manifestantes que só querem um mundo melhor" etc., mesmo quando estes depredavam e saqueavam lojas e bancos. Caetano Veloso chegou a posar fantasiado de black bloc, o que deve achar uma coisa, assim, muito fashion... Surgiu a tal "mídia ninja", financiada aliás com dinheiro público, unicamente para "denunciar" a ação da polícia nos protestos etc. Novamente, muitos caíram na esparrela, inclusive parte da imprensa, como a Rede Globo, que, mesmo tendo seus jornalistas agredidos e veículos destruídos pelos black blocs, ainda insiste em tratá-los não como os fascistas que são, mas como idealistas românticos, os arautos de um novo mundo etc. etc.

Em todos esses momentos, uma constante: a violência seria uma "exceção" à regra, os vândalos seriam "infiltrados" nas manifestações "pacíficas" e - o mais importante - a culpa da violência seria da polícia, não dos black blocs (que estariam apenas "reagindo" à violência policial etc.).

Por incrível que pareça, ainda há quem pense assim. Mesmo depois das cenas do dia 25 em São Paulo, quando um coronel da PM foi salvo por seus colegas de uma tentativa de linchamento nas mãos de um grupo de arruaceiros black blocs, sem que tivesse havido, pelo que mostra o vídeo, nenhuma ação violenta policial (e mesmo que tivesse havido, nada justifica a bestialidade da agressão). Mesmo seriamente ferido na cabeça e na clavícula e tendo a arma roubada, o coronel ainda tentou controlar a tropa, ordenando a seus subordinados que não perdessem a cabeça (duvido que algum black bloc tivesse a mesma preocupação). Mesmo assim, ainda há quem diga que a violência dos black bloc é uma reação à violência da PM etc. Apesar dos fatos, persiste uma animosidade psicológica, instintiva, pela polícia e um sentimento a favor dos que usam de todos os meios - inclusive o terrorismo - contra ela.

Por que isso acontece? Por vários motivos, mas eu destacaria um deles: prevalece, entre nós, um certo ranço anti-polícia, anti-PM, que na verdade é um ranço anti-ordem e anti-autoridade, vista sempre como sinônimo de autoritarismo (o fato de os black blocs se apresentarem como "libertários" também contribui para esse mito).

Esse ranço, essa mentalidade distorcida, que costuma desaparecer quando somos assaltados, tem suas raízes certamente na lembrança do regime militar, mas não somente isso: trata-se de um sentimento de ódio, uma revolta difusa contra a própria Democracia, da qual os militares e a policia são guardiães. Há uma dificuldade tremenda em aceitar o fato de que, num Estado Democrático de Direito, a polícia não é o DOPS, não é o DOI-CODI: é, quer queiram quer não, a DEMOCRACIA FARDADA. Atacar a PM é, portanto, atacar a própria Democracia. Ponto.

É difícil para muita gente entender isso, pois é difícil para a maioria das pessoas entender a Democracia, um regime que, é bom lembrar, é o Império da Lei. Mais difícil ainda, para muitos, é aceitá-la. Defendê-la, então, é para poucos, pouquíssimos. Todos querem se aproveitar e se beneficiar das liberdades, mas quase ninguém arrisca a própria segurança e, muitas vezes, a própria vida para salvaguardar os direitos de todos. Inclusive o direito de protestar. E recebendo em troca não a gratidão ou o simples reconhecimento, mas pau, pedra e coquetel molotov. É isso que faz a polícia.

O ataque brutal e covarde contra o coronel Reynaldo Simões Rossi foi, portanto, mais do que uma agressão de um bando facinoroso de delinquentes contra um representante da Lei e da Ordem (o que já seria grave o suficiente): foi um ATENTADO CONTRA A DEMOCRACIA. Um atentado do tipo fascista e terrorista - as duas palavras mais adequadas para descrever o "movimento" black bloc. Este não passa de uma reunião de bandidos, criminosos estúpidos que usam um discurso ideológico pseudo-anarquista como desculpa para espalhar o caos e preparar o caminho, assim, para o TOTALITARISMO, com a anuência tácita de quem está no poder, hoje, no Brasil.

Aqueles que aplaudiram ou ignoraram a violência contra a PM desde junho têm a obrigação moral de pedir desculpas ao coronel Rossi e a todos os policiais que zelam não somente pela segurança pública, mas pelo direito de todos se manifestarem democraticamente, de maneira ordeira e pacífica. Não é o caso do black bloc, um bando fascista, inimigo da Liberdade, e que tem na violência não uma simples tática de guerrilha urbana, mas a base mesma de sua ideologia antidemocrática e totalitária. Depredar, queimar, destruir, saquear, é a sua razão mesma de existir. Gente assim não merece contemplação. Quem compactua com a violência deles também não. Para eles, Polícia e Democracia.

quinta-feira, setembro 26, 2013

OS PIORES LIVROS QUE FIZERAM A CABEÇA DE MUITA GENTE (VERSÃO BRASILEIRA)

Estava devendo o post a seguir há bastante tempo, como complemento ao texto OS PIORES LIVROS QUE FIZERAM A CABEÇA DE MUITA GENTE (http://gustavo-livrexpressao.blogspot.gr/2010/03/os-piores-livros-que-fizeram-cabeca-de.html). Demorei porque a lista é longa, e, diante de tantas gemas, a maior dificuldade está em selecionar as mais representativas. Nos quesitos ruindade acadêmica, parcialidade ideológica e indigência mental, o Brasil está bem suprido: nesse particular, o país ocupa certamente os primeiros lugares em qualquer ranking mundial, ao contrário dos resultados dos exames de desempenho escolar da ONU. Eis os piores livros de autores nacionais que mais influência exerceram no Brasil nos últimos cento e tantos anos:


- A Ilusão Americana, Eduardo Prado (1890) - Certidão de nascimento do antiamericanismo tupiniquim, ganhou status de obra "cult" entre os acadêmicos em parte porque foi o primeiro livro censurado pela República (em 1893, pela ditadura de Floriano Peixoto). Espécie de bíblia dos inimigos do "império estadunidense", quase sempre gente ressentida e movida pela inveja do "gigante do Norte", serve tanto à direita (o autor era monarquista) quanto à esquerda. Sobretudo a esta, que transformou o ódio aos EUA numa espécie de religião e num álibi para o atraso do Brasil em diversas áreas ("a culpa é dos outros" etc.). É, assim, uma espécie de precursor de As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, a bíblia dos idiotas latino-americanos (hoje rebatizados de "bolivarianos").  
- Por Que Me Ufano do Meu País, Conde Afonso Celso (1900) - Pequeno livro fundador do ufanismo nacional (também conhecido como "chupa, mundo!" ou "síndrome-do-comigo-ninguém-pode"), ou seja, a mania megalômana do brasileiro de achar que o Brasil é o melhor país do mundo, com o melhor povo, o melhor clima, os melhores rios, o melhor hino, a bandeira mais bonita etc. etc. É a base para todo tipo de patriotada a que os brasileiros se entregam alegremente de vez em quando, embalados por uma Copa do Mundo ou pelo marketing do governo megalomaníaco de plantão, tanto de direita (o regime militar) quanto de esquerda (os governos petistas de Lula-Dilma). Ironicamente, tem epígrafe em inglês (My country, right or wrong - ou seja: "Meu país, certo ou errado", o que, como lembrou Millôr Fernandes, é o mesmo que dizer "minha mãe, sóbria ou bêbada"). O post-scriptum poderia ser a frase de Samuel Johnson: "O nacionalismo é o último refúgio do canalha".
 

- Brasil, Colônia de Banqueiros, Gustavo Barroso (1934) - Leitura obrigatória nas escolas militares durante muitos anos, é uma verdadeira síntese do pensamento reacionário nacionalista muito em voga no Brasil nos anos 30, culpando uma "conspiração dos banqueiros internacionais" pelos problemas do país (seu subtítulo é "História dos empréstimos brasileiros de 1824 a 1934"). O autor, historiador renomado, era, além de dirigente e ideólogo da Ação Integralista Brasileira (a versão cabocla do fascismo), conhecido antissemita, chegando a traduzir do francês Os Protocolos dos Sábios de Sião, livro que não fica muito longe, em matéria de propaganda antijudaica e conspiracionista. Mais uma prova de que o nacionalismo rombudo e irracional é comum aos dois extremos ideológicos.
 
 
- O Cavaleiro da Esperança, Jorge Amado (1942) - Hagiografia do caudilho comunista Luiz Carlos Prestes escrita pelo autor de Tieta e de Gabriela na época em que militava no Partido Comunista (o velho PCB). Jorge Amado chegou a ser eleito deputado federal pelo "Partidão" em 1945. Nessa época, escrevia coisas sob encomenda, como tarefa ditada pela direção do partido, que o via como um bom relações-públicas. Somente despertaria do delírio totalitário e largaria a canoa furada do comunismo depois de 1956, com a revelação dos crimes de Stálin por Krushev. Antes, escreveu essa sua contribuição à criação do culto da personalidade de Prestes, o frustrado (e extremamente incompetente) Stálin tupiniquim.
 
 
- Geografia da Fome, Josué de Castro  (1946) - Não é exatamente um livro ruim (traz algumas informações importantes sobre um tema que era até então pouco estudado), mas merece estar na lista pelo uso que dele fizeram os esquerdistas, sobretudo o PT, que o transformou numa espécie de justificativa intelectual para programas inócuos e demagógicos como o finado "Fome Zero" (alguém lembra?) e o "Bolsa-Família", o maior programa de compra de votos do mundo. O autor, funcionário da ONU, entrou para o panteão de heróis da esquerda não tanto pelo que escreveu (poucos leram seus livros, como o clássico Geopolítica da Fome), mas por ter proporcionado um tema a ser explorado por demagogos e populistas de plantão. De qualquer modo, o assunto está um tanto quanto desatualizado: no Brasil de hoje, o maior problema dos pobres não é a fome, mas a obesidade - culpa, em parte, do agronegócio, tão demonizado pela esquerda. 
 

- O Mundo da Paz, Jorge Amado (1951) - Livro tão ruim que o próprio autor mandou retirar de sua lista de obras completas, por pura vergonha de tê-lo escrito. Seguindo a trilha do "realismo socialista", presente em sua biografia de Prestes e em sua trilogia stalinista Os Subterrâneos da Liberdade (1954), o baiano comete aqui um dos elogios mais grotescos e acríticos das ditaduras comunistas do Leste Europeu, a começar pela ex-URSS e por seu então líder, o ditador Josef Stálin, que o autor enaltece como o "guia, mestre e pai", o "maior gênio da humanidade" etc. Por coisas como essa, Jorge Amado, que se desfiliaria poucos anos depois do PCB, foi galardoado com o prestigiadíssimo (para os comunistas) "Prêmio Stálin"... Sem comentários.


- O Mundo do Socialismo, Caio Prado Junior (1962) - Assim como O Mundo da Paz, trata-se de um elogio desbragado e idiota das ditaduras comunistas (sobretudo URSS e China), que o autor, um dos principais ideólogos comunistas brasileiros, via como exemplos não somente de eficiência técnica e justiça social, mas também de democracia (!!!). Explicitamente panfletário, assim como seu URSS: Um Novo Mundo (1934), chega ao ponto de transcrever trechos de resoluções de congressos do Partido Comunista da União Soviética, a fim de provar que a terra do Gulag e do KGB era o paraíso na Terra...  Um modelo de propaganda ideológica e de desonestidade intelectual que seria seguido por bajuladores de ditaduras comunistas como a de Cuba.


- A Revolução Brasileira, Caio Prado Junior (1966) - Considerada uma das obras mais importantes do autor, comunista oriundo de tradicionalíssima família da elite paulista, até hoje é debatida nos círculos de esquerda. Causou furor em seu tempo, pois contrariava a tese então dominante no PCB, da existência de "restos feudais" no Brasil que deveriam ser varridos por uma revolução em duas etapas, "democrático-burguesa" etc., defendendo, em vez disso, que o Brasil já era capitalista. Por incrível que pareça, foi preciso um comunista escrever um livro para que a esquerda brasileira descobrisse esse fato óbvio.


- Minimanual do Guerrilheiro Urbano, Carlos Mariguella (1969) - Como o nome indica, trata-se de um "minimanual", escrito de forma pedagógica e de afogadilho pelo ex-deputado comunista e líder terrorista sobre as melhores técnicas para matar, emboscar, sequestrar, assaltar bancos etc. Adotado por grupos terroristas internacionais como as Brigadas Vermelhas italianas e o Baader-Meinhof alemão-ocidental (e também por bandidos comuns), virou uma espécie de obra "cult" entre os círculos radicaloides de extrema esquerda nos anos 70, mais como um símbolo do que pelos ensinamentos nele contidos, totalmente irreais (Mariguella acreditava que o guerrilheiro deveria ser um super-homem, por exemplo: deveria saber pilotar aviões, conhecer criptografia etc.). O próprio autor provou a inocuidade de suas ideias, ao ser morto numa emboscada policial em São Paulo - uma morte previsível para quem defendia a emboscada como método de luta política. 

  
- Dependência e Desenvolvimento na América Latina, Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto (1969) - Seus detratores petistas não gostam de lembrar, mas o "neoliberal" FHC sempre foi um intelectual de esquerda. Nesse livro, considerado sua magnus opus, o sociólogo defende aquela que seria uma das principais taras ideológicas da esquerda latino-americana na segunda metade do século XX: a chamada "teoria da dependência", de matriz leninista, segundo a qual a pobreza de um país é determinada pela "exploração imperialista" e pelas "perdas internacionais", como se o comércio entre países fosse um jogo de soma zero. Justifica em cada linha o conselho atribuído a FHC quando na Presidência da República: "esqueçam o que escrevi". É o único livro escrito por autor brasileiro (em co-autoria com o sociólogo chileno Enzo Faletto) que consta da lista de "Os Dez Livros que mais Comoveram o Perfeito Idiota Latino-Americano".


- Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire (1974) - Obra que marcou gerações de professores e estudantes no Brasil, é a Bíblia dos pedagogos brasileiros. Basicamente, é um panfleto de auto-ajuda marxista embalado numa linguagem de sistema pedagógico, introduzindo conceitos como "luta de classes", "revolução" e "classe operária" na sala de aula. Seu "método" de alfabetização de adultos baseado em Marx foi adotado pelo sistema de educação brasileiro nas últimas cinco décadas. Não surpreende, portanto, que não se conheça, até hoje, o nome de nenhuma pessoa que foi alfabetizada por seu "método" revolucionário. Tampouco surpreende que o Brasil esteja em penúltimo lugar no ranking mundial de educação.  Mesmo assim, o autor foi endeusado até o limite do possível, tendo sido escolhido postumamente, em 2012, o "patrono da pedagogia nacional" pelo governo petista de Dilma Rousseff. Faz sentido. 
 

- A Ilha, Fernando Morais (1976) - Reportagem que, se teve o mérito de romper o isolamento informativo sobre Cuba, vigente no Brasil desde 1964, serviu para divulgar a lenda da ilha comunista como um paraíso dos trabalhadores. O autor ficou rico escrevendo (favoralmente) sobre o comunismo, como em Olga (1985), o que lhe rendeu, além de uma gorda conta bancária, um mandato de deputado pelo PMDB de Orestes Quércia, um dos políticos mais corruptos do Brasil em todos os tempos. Atualmente, é lulista e amigo do peito de José Dirceu e companhia. 

 
- Da Guerrilha ao Socialismo: a Revolução Cubana, Florestan Fernandes (1979) - Série de apostilas transformadas em livro por um dos maiores ideólogos esquerdistas do Brasil, considerado "o pai da sociologia brasileira". Ajudou a consolidar o mito do regime castrista humanista e democrático, que prende, tortura e mata, mas o faz em nome da humanidade.

 
- Genocídio Americano: a Guerra do Paraguai, Julio José Chiavenato (1979) - Obra que pretendeu ser uma "denúncia" da Guerra do Paraguai (1864-1870), a qual mostra como um massacre ("genocídio") em que Brasil, Argentina e Uruguai, seguindo ordens do imperialismo da Inglaterra, destruíram o Paraguai, que teria pago em sangue por ser um país supostamente próspero e independente. Tal mito, divulgado pela esquerda durante décadas, foi totalmente desmentido por pesquisas posteriores. Desde então, está desmoralizado como obra histórica séria. 
 
 
Igreja: Carisma e Poder, Leonardo Boff (1984) - Livro que, inspirado na radicalização à esquerda de parte do clero na América Latina depois do Concílio Vaticano II (1962-65), é uma das referências da autoproclamada "teologia da libertação", tentativa herética oportunista de infiltrar o marxismo na Igreja Católica que teve bastante influência nos anos 70 e 80, principalmente no campo. Leonardo Boff, um de seus principais ideólogos, foi condenado em boa hora ao silêncio obsequioso pelo Papa João Paulo II em 1985 e, vendo que não poderia transformar o Vaticano numa Comunidade Eclesial de Base (CEB), num sindicato ou numa filial do PT, desligou-se da Igreja, trocando-a por Fidel Castro. Continua assessorando os dirigentes petistas, tendo-se reinventado, desde então, como autor de livros de auto-ajuda e guru ecológico. 

 
- Brasil: Nunca Mais, Arquidiocese de São Paulo (1985) - Embora importante como registro histórico e denúncia das violações dos direitos humanos pela ditadura militar, peca por não se referir, em nenhum momento, aos crimes da esquerda armada. Serviu, assim, como uma luva para os propósitos revanchistas dos que querem reescrever a História às custas dos cofres públicos.
 

- Fidel e a Religião, Frei Betto (1985) - Monólogo em forma de entrevista do ditador mais amado da esquerda brasileira, por um dos expoentes da "teologia da libertação", um frei dominicano que se autointitula "irmão em Cristo e em Castro" (sic). Um monumento à sabujice e à devoção sem limites a tiranos assassinos.


- Convite à Filosofia, de Marilena Chauí (1994) - Livro didático que, assim como O Que é ideologia?, da mesma autora, deseducou uma geração inteira de estudantes brasileiros do ensino médio. É uma espécie de bê-á-bá do pensamento marxista disfarçado de manual filosófico. A autora, verdadeira musa intelectual do PT, já chegou a dizer que, quando Lula fala, o mundo se ilumina. Em compensação, odeia a classe média.
 

- O Povo Brasileiro, Darcy Ribeiro (1995) - Último livro de Darcy Ribeiro, antropólogo que começou no PCB, foi ministro da Casa Civil de João Goulart e ficou famoso pela criação da UnB e por sua associação com o caudilho Leonel Brizola nos anos 80, quando defendia a beleza e funcionalidade das favelas, "a verdadeira habitação brasileira". Síntese das teorias populistas do "socialismo moreno" brizolista, parte da ideia de que o Brasil, devido a características raciais únicas, seria uma "nova civilização", superior a todas as outras (sobretudo aos EUA, dos quais o autor negava qualquer contribuição cultural significativa). Uma das fontes da "cultura da periferia" que hoje infesta as rádios e tevês do país. 
 
 
- Formação do Império Americano, Moniz Bandeira (2005) - Versão antiamericana da formação dos EUA, por um expoente do antiamericanismo verde-amarelo. Descreve a ascensão do Gigante do Norte como uma marcha ininterrupta de saque e guerras por um vilão da política internacional, e os demais países, como vítimas passivas do "imperialismo ianque". Basta citar que coloca no mesmo patamar o presidente Franklin Roosevelt e o ditador Adolf Hitler. Precisa dizer mais? (P.S.: Virou leitura obrigatória no Itamaraty.)
 
Menções honrosas:


- Lula, o Filho do Brasil, Denise Paraná (2003) - Hagiografia do ex-sindicalista e principal beneficiário do Mensalão. Uma ode ao operário filho de uma mulher que nasceu analfabeta. Virou filme, o fracasso mais caro já feito no Brasil. Assim como o governo do personagem em questão, o mais corrupto da História do Brasil.
 

- A Vida quer é Coragem, de Ricardo Batista Amaral (2011) - Na trilha do Chefe, o Poste também ganhou uma biografia elogiosa. Metade relato dos anos de "formação política" como militante de organizações terroristas nos "anos de chumbo" da ditadura militar, metade narrativa da campanha presidencial de 2010, tenta vender a ideia da "presidenta" ultra-preparada e competente, que doou generosamente a juventude pela luta "por um Brasil melhor" etc. O título é uma pérola de ironia involuntária.
 

- Os Últimos Soldados da Guerra Fria, Fernando Morais (2011) - Elogio da deduragem em forma de thriller político. Veja aqui: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.gr/search?q=elogio+da+deduragem
 

- Todos os de Emir Sader: Infelizmente não foi possível selecionar nenhuma obra desse autor. Qualquer livro dele merece constar de qualquer lista de piores, no Brasil ou alhures.

terça-feira, julho 30, 2013

PROTESTOS, ONTEM E HOJE - EM IMAGENS

A evolução da consciência política do brasileiro no decorrer dos anos...
 
 
Brasil, 1968
 
 
 
Brasil, 1984
 
 
Brasil, 1992
 
 
 
Brasil, 2013



Pois é. O "gigante acordou".
 

quarta-feira, julho 24, 2013

UMA MODESTA PROPOSTA PARA MUDAR O BRASIL



 
A onda de protestos que varreu o Brasil em junho foi vista com perplexidade pelo governo lulodilmista e saudada otimisticamente como o despertar de um "novo Brasil" por muitos analistas. Como já escrevi aqui, tenho motivos para ser cético em relação a esse "novo Brasil" que se está alardeando por aí. Isso porque, entre outras coisas, não vi um foco nos protestos, uma liderança capaz de dar um rumo claro e direcionar a indignação represada durante 11 anos de mandarinato petista para além do oba-oba e do eventual vandalismo.  As manifestações, sem comando e sem objetivos claros, perderam-se numa barafunda de reivindicações as mais difusas e até mesmo estapafúrdias (a começar pelo tal “passe livre”, na verdade uma desculpa de grupelhos de extrema-esquerda e de mentes pré-púberes para brincar de “revolução”), sem Norte e sem conteúdo. Como numa tragédia de Shakespeare, tudo pareceu resumir-se a um espetáculo de som e fúria, significando nada.
 
Apesar de todo o barulho, não se tocou, até agora, no essencial, limitando-se os protestos a palavras de ordem vagas e abstratas, que convidam ao sequestro das manifestações pelo próprio governo e pelos partidos esquerdistas. 
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Um exemplo: quase ninguém se deu conta de que o slogan mais repetido nas manifestações – "mais saúde, mais educação" –, pode significar mais gastança, mais desperdício do dinheiro público, assim como nas obras da Copa. Não por acaso, a maior manifestação popular da História dos EUA ocorreu em 2011 CONTRA a proposta do governo Obama de universalizar o sistema de saúde pública. Mais escolas e mais hospitais (e mais médicos, como quer o governo) significa mais gastos, o que quase sempre quer dizer mais impostos – e mais corrupção. Mas ninguém parece ter percebido isso.
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Outro exemplo: o desencanto com os "partidos" e os "políticos" em geral, sem dar nomes aos bois (quase não se viram cartazes de "Fora Dilma" ou "Lula na cadeia") e "contra tudo isso que está aí". Os brasileiros que foram às ruas manifestaram-se contra todos os partidos, deixando claro que nenhum deles lhes representa. Mas do quê – ou melhor: de quais partidos e políticos – estavam falando exatamente? O que os representa?
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Para tentar colocar alguma ordem nesse caos e nessa confusão mental – que parece ser mesmo a característica principal do País de Macunaíma –, apresento a seguir uma agenda política que, asseguro, se for aplicada vai transformar radicalmente o cenário nacional. Eis minha modesta proposta para mudar o Brasil.
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Trata-se do seguinte. Um partido, ou movimento - o nome pouco importa -, que defenda os seguintes pontos:
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- Livre Mercado – Ou seja: livre iniciativa e meritocracia, e não o "capitalismo de Estado" dos companheiros no poder, o capitalismo estatal ou semi-estatal dos Eikes Batistas financiado pelo BNDES e pela Petrobrás.  Isso que dizer lutar pelo fim dos monopólios, estatais ou de empresas queridinhas do governo, e pela livre concorrência. Em outras palavras: trata-se de implantar, no Brasil, aquilo que se implantou nos EUA e na Inglaterra há uns duzentos anos, e que ainda não deu as caras na terra do patrimonialismo e dos bolsas-famílias: o capitalismo.
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- Redução do Estado – Condição essencial para que exista capitalismo é limitar o papel do Estado ao mínimo indispensável, a fim de não prejudicar a atividade econômica e proporcionar serviços públicos de qualidade onde a ação governamental é imprescindível (segurança, justiça e defesa, por exemplo). Isso passa, necessariamente, pela redução dos impostos e pela utilização mais racional do dinheiro público. Máquina inchada, apadrinhamento, ineficiência e corrupção caminham juntos, como qualquer brasileiro sabe muito bem. (Aí estão 39 ministérios para ilustrar esse fato.)
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- Defesa do Estado de Direito Democrático – Parece óbvio (e é!), mas qualquer partido ou movimento que se preze deve ter na defesa das liberdades democráticas  - de expressão, de crença, de reunião, de imprensa – parte inseparável de seu programa. Isso significa defender o mais possível a não-intervenção do Estado na vida privada do cidadão, a defesa das liberdades individuais contra o Leviatã estatal.
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- Política externa não-ideológica – Embora não seja um assunto popular no Brasil, a diplomacia deve coadunar-se com os princípios acima, distanciando-se da agenda bolivariana e antiamericana que hoje domina o Itamaraty, ditada pelo Foro de São Paulo (o maior tabu político da América Latina nos últimos 23 anos).   
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Aí está. Acredito que ninguém poderá chamar os pontos acima de radicais, ou dizer que eles pecam pela ambição desmedida. Pelo contrário: trata-se  de um programa básico, o mínimo necessário para se construir uma alternativa democrática e liberal aos partidos existentes no País. E, mesmo assim, trata-se de algo absolutamente inédito no Brasil.
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É incrível, mas nenhum – nenhum! – partido político atualmente existente no Brasil pauta sua agenda pelos princípios acima. Há partidos de todos os tipos e para todos os gostos – de esquerda, de ultra-esquerda, fisiológicos, dinheiristas etc. –, mas nenhum, pelo que sei, define-se abertamente como conservador ou liberal, portanto de direita. Esta continua a ser um anátema, enquanto ser de esquerda (ou seja: a favor de ditaduras como a de Cuba, por exemplo) é visto geralmente como algo bom e positivo. Não por acaso, as eleições no Brasil já viraram um samba de uma nota só, com todos falando a mesma linguagem esquerdista ou de Miss, defendendo "mais saúde", "mais educação", "pela vida" (alguém é contra?) etc.
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(A propósito, caro leitor: que país civilizado e democrático não possui pelo menos um partido de direita solidamente estruturado? Que nação democrática possui apenas partidos pertencentes a um lado do espectro ideológico? Poderia responder?)  
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Não me surpreende que a maioria da população brasileira, que é honesta, paga impostos e não quer viver mamando nas tetas do Estado-babá, não se reconheça em nenhum partido existente. É que nenhum deles realmente a representa. E não há nada no horizonte para preencher esse vazio. Daí o povo não saber ao certo contra o quê ou quem protesta.
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Quer mudar o Brasil? Que tal pensar no que está aí em cima, para começar?

sábado, julho 06, 2013

NOTAS SOBRE UMA "REVOLUÇÃO" IMAGINÁRIA (6)

 
Não acharam ainda o caminho. Mas valeu pela imagem.
 
 
Eu não sei o que admirar mais no governo (rá!) de Dilma Duchefe: o impressionante crescimento do PIB, a independência que demonstra em relação a seu criador, seus discursos sempre tão coerentes e feitos em um Português impecável ou a eficientíssima coordenação entre ela e os demais membros do governo (rará!). A ideia do plebiscito-que-foi-não-foi-mas-acabou-sendo é uma prova insofismável de que o atual governo (??!!) é mesmo a cara dela. Pena que incompetência não se resolve com penteado e botox...
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Conforme esperado, o tal plebiscito proposto por Dilma, Mercadante “et caterva” foi pro saco. E agora, o que o governo do Poste Sem Luz vai propor para tentar desviar a atenção dos brasileiros? Eis algumas sugestões:
 
- Convocar um plebiscito sobre a mudança do nome do País para "Bananalândia" ou "República Cumpanhêra (sic) do Brasil".
 
- Outro plebiscito para decidir o que fazer com os estádios/elefantes brancos superfaturados depois da Copa.
 
- Promover uma campanha para que Lula seja eleito para a Academia Brasileira de Letras.
 
- Convidar 6 mil especialistas em direitos humanos de Cuba e da Coréia do Norte.
 
- Realizar um referendo sobre o “controle social da mídia”.
 
- Criar uma Comissão da Verdade para investigar por que quem se gaba de ter resistido à tortura fugiu de uma vaia no Maracanã.
 
- Colocar a PF para tentar descobrir o paradeiro de Lula da Silva.
 
- Encomendar um estudo acadêmico, encabeçado por Emir Sader e Marilena Chauí, sobre o por quê do silêncio ensurdecedor do Apedeuta.
 
- Solicitar a Paulo Henrique Amorim, à TV do “Bispo” e ao pessoal da Carta Capital uma série de artigos e reportagens enaltecendo as conquistas do governo, como a ressurreição política de Collor e Maluf e a classe média de 500 reais, e “denunciando” os protestos como uma conspiração das elites e da mídia.
 
- Pedir ao povo para fazer uma vaquinha para ajudar o Eike Batista, com assessoria do vidente Guido Mantega e do BNDES.
 
- Um referendo para decidir sobre o "passe livre" nos aviões da FAB para parlamentares e seus parentes assistirem aos jogos da seleção.
 
- Conclamar os blogueiros progressistas pagos com dinheiro estatal para inundar as redes sociais com mensagens de louvor ao PT e ao Bolsa-Família e falando mal do FHC.
 
- Chamar o pessoal do MPL, da UNE, da CUT e do movimento LGBT para gritar "abaixo a cura gay" e "Fora Feliciano".
 
- Mudar o corte de cabelo.
*
Do blog de Reinaldo Azevedo, que os esquerdinhas adoram odiar: "O governo está mais perdido do que cachorro caído de mudança no meio de um protesto contra… tudo isso que está aí!" Disse tudo!
*
E o "passe livre" chegou aos avioes da FAB. Que o digam Henrique Alves e Renan Calheiros...
*
Bastaram alguns dias de protesto para que o presidente do Egito, Mohammed Mursi, virasse suco. Já no Brasil, há mais de três semanas o povo sai às ruas e… nada. Por que a diferença? Tenho um palpite: é que, no Egito, a palavra de ordem era "Fora Mursi"; já em Banânia é "Por um Brasil melhor"... Fui muito sutil?
*
Deixa eu ver se entendi...
 
- Em um movimento sem precedentes na História, milhões saem às ruas e páram o Brasil, protestando contra a corrupcão, os gastos na Copa, por melhores transportes públicos, mais saúde, mais educação, mais segurança etc.;
 
- Em vez de ouvir esses anseios, o governo de Dilma Duchefe propõe um plebiscito sobre "reforma política" que não estava na pauta de reivindicações, que ninguém entende e que, além de inviável, é claramente INCONSTITUCIONAL (ou seja: tem cara, jeito e cheiro de GOLPE);
 
- O que estão esperando para pedir o IMPEACHMENT? ...
*
“Art. 3o Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do § 3o do art. 18 da Constituição Federal, o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional, de conformidade com esta Lei.” - Lei 9.709/98.
 
Alguma dúvida de que a proposta de dona Dilma de convocar um plebiscito é GOLPE?
*
As últimas três semanas me deram mais motivos para assinar embaixo da frase:
 
- O único "movimento de massas" que me interessa é o de uma panela de macarrão. (Gustavo Bezerra)

terça-feira, julho 02, 2013

O MELHOR MOMENTO DA COPA DAS CONFEDERAÇÕES

Os gols de Fred? Os dribles de Neymar? O tetra do Brasil? O hino cantado pela galera? Nada disso. O momento da recém-finda Copa das Confederações que entrará para a História foi o que segue:

 

E Dilma não foi à decisão entre Brasil e Espanha. Fica a pergunta: quem disse ter resistido a 22 dias de tortura durante a ditadura militar não tem coragem de encarar 2 minutos de vaia no Maracanã? Vaia é pior do que tortura?
 
Perguntar não ofende...

domingo, junho 30, 2013

O FIM DE DILMA ROUSSEFF? (E ISSO NÃO É NECESSARIAMENTE UMA BOA NOTÍCIA...) OU: REFLEXÕES SOBRE UMA REVOLTA EM BUSCA DE UM OBJETIVO


Acredito que já é possível tirar algumas conclusões sobre o que está acontecendo. Aí vai minha análise. Vamos tentar botar alguma ordem nesse galinheiro.

Primeiro o lado bom:

- Os protestos que há três semanas sacodem o Brasil não têm nada a ver com outros movimentos no mundo atual ou no passado, tais como os que recentemente sacudiram Espanha, Portugal, Grécia, Turquia, Egito, “Occupy”, 1968 e
tc. Isso é bom, porque 1) todos esses movimentos tiveram como tônica o anticapitalismo ou o antiocidentalismo, enquanto as reivindicações no Brasil são muito mais difusas; 2) alguns desses movimentos, como no Egito e os de 68 no Brasil, se dirigiam contra regimes autoritários (não é o caso – ainda – do Brasil, embora muita gente no partido do governo trabalhe nesse sentido); e 3) sobretudo na Europa, tais movimentos se deram num contexto de crise econômica, o que também não é (ainda) o caso do Brasil (apesar do “pibinho” e da volta da inflação);

- O discurso governamental triunfalista, do tipo “Brasil Maravilha”, foi totalmente desmoralizado. As ruas mostraram que a propaganda lulo-petista, exaustivamente repetida nos últimos dez anos, é uma farsa. “Mais saúde e educação”, “mais hospitais e menos estádios”, “mais segurança”, “menos impostos” “chega de corrupção” etc. mostraram que os problemas cruciais do País continuam sem solução, e escancararam o abismo entre o discurso oficial e a realidade. Enfim, acabou o oba-oba. De agora em diante, será muito mais difícil para os marqueteiros do Planalto venderem a ideia ufanista de que vivemos no melhor dos mundos;

- Caiu a máscara de Dilma Rousseff. A “gerentona” supostamente ultra-competente revelou-se como aquilo que realmente é: inábil e despreparada, incapaz de gerir os destinos do País. Demorou para dar uma resposta às manifestações e, quando o fez, depois de se aconselhar com seu padrinho político (o que mostrou, mais uma vez, despreparo e falta de independência), agiu de forma desastrosa e destrambelhada, primeiro fingindo que os protestos não tinham qualquer relação com seu governo e, depois, com propostas inócuas e/ou alopradas como a importação de médicos cubanos e o plebiscito para convocar uma Constituinte exclusiva – medida que, além de cheirar a golpismo, revelou falta de coordenação dentro do próprio governo. Incompetente, à frente de um ministério de áulicos, Dilma demonstrou também falta de coragem ao desistir, por medo de vaias, de comparecer à decisão da Copa das Confederações no Maracanã – o que deveria ser a apoteose do “Brasil Maravilha” virou motivo de constrangimento;

- Acabou o monopólio esquerdista das ruas. Os protestos, até por não terem liderança e serem (aparentemente) espontâneos, tiveram como uma das marcas principais o caráter apartidário, dirigindo-se contra todos os partidos – inclusive os de esquerda. Sob as palavras de ordem “sem partidos” e “fora oportunistas”, bandeiras do PT e de outras legendas de esquerda foram rasgadas e militantes desses partidos que tentaram se infiltrar nas manifestações foram hostilizados e expulsos. Pela primeira vez em décadas não se viram bandeiras vermelhas dominando um movimento de massas no Brasil.

Esse foi o lado bom dos acontecimentos. Agora as más notícias:

- Os protestos, que começaram em SP como uma manobra eleitoreira do PT contra o governo estadual, a pretexto do aumento da tarifa de ônibus (manobra que deu errado e fugiu ao controle), não têm rumo, nem liderança. Nessas condições, acabaram se perdendo em slogans vazios e muitas vezes contraditórios, que expressam apenas um vago sentimento de insatisfação “por um Brasil melhor” ou “contra tudo isso que está aí”, sem clareza e sem dar nome aos bois. Resultado: grupos esquerdistas e o próprio governo vêm tentando se rearticular para sequestrar as manifestações, com as causas mais disparatadas (“Fora Feliciano”, “contra a ‘bolsa-estupro’” etc.). Assim, os protestos, sem objetivos claros, perdem-se no vazio ou degeneram em baderna e vandalismo – vândalos de lojas e de instituições;

- Mais uma vez, ficou claro que não há oposição no Brasil. Tão perplexos e desorientados pela marcha dos acontecimentos quanto o governo, os partidos soi-disant
 oposicionistas se limitaram a assistir ao povo na rua, perdendo mais uma chance de se colocarem à frente das reivindicações e dos protestos, preferindo continuar no rame-rame de declarações anódinas e/ou eleitoreiras (não se viu até agora, por exemplo, nenhum movimento parlamentar a favor de uma CPI da Copa). Tímida e vacilante, a “oposição” recusou-se a denunciar o governo, chegando mesmo a considerar válida a proposta bolivariana do plebiscito para a reforma política. Um vexame, talvez pior do que o de 2005, quando DEM e PSDB perderam a oportunidade de pedir o impeachment de Lula da Silva, envolvido até o pescoço no escândalo do Mensalão;

- A grande incógnita: Lula. Em silêncio há mais de 200 dias por causa do escândalo Rosemary Noronha (mais um!), o auto-proclamado maior líder mundial da História sumiu de circulação com o início dos protestos. A má notícia é que, com o esfarelamento de Dilma Rousseff e sua queda vertiginosa nas pesquisas, "ele" poderá retornar em 2014 (muita gente no PT torce para que isso ocorra, e quer ver Dilma longe da Presidência). Pode mesmo acontecer uma inflexão mais à esquerda do governo, como a ideia do plebiscito parece antever. Enfim, não há nada certo, e as coisas podem ficar ainda piores do que já estão. A ver.

NOTAS SOBRE UMA "REVOLUÇÃO" IMAGINÁRIA (5)

 
Pode ser que todo esse fuzuê no Brasil não dê em nada, como acho que vai ser o caso, e que no final leve mesmo a uma inflexão mais à esquerda e bolivariana do governo da Dilma Duchefe (por meio de “plebiscitos” etc.), mas somente pelo fato de ter sido um movimento sem bandeiras partidárias valeu a pena. Ver os petistas e esquerdinhas em geral atordoados por terem perdido o controle das ruas é algo que simplesmente não tem preço! Agora só falta a oposição tomar vergonha na cara e cumprir seu papel.
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PERGUNTAR NÃO OFENDE: Curioso como, ao mesmo tempo em que milhares saem às ruas no Brasil, muita gente resolveu tomar chá de sumiço e/ou fazer voto de silêncio nessas últimas três semanas. Em geral, gente que costuma ser bem eloquente e barulhenta. Por que será?
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"Contra a estatuto do nascituro", "contra a 'cura gay'" (sic), "fora Feliciano" etc... Conforme previsto, os protestos, sem rumo e sem clareza, viraram uma Terra do Nunca em que cabe de tudo, menos o essencial, e inclusive slogans contra inimigos imaginarios. Pena.
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ALIÁS, PERGUNTAR NÃO OFENDE... Se os protestos são realmente apartidários (como devem ser), o que fazem neles bandeiras do "movimento LGBT" (um dos braços do lulo-petismo) e o tal "Juntos" (ou seja: o PSOL)? Alguém poderia explicar?
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PROMETO solenemente que, até essa onda de protestos acabar, e também depois dela, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para infernizar a vida de você, que deu pulinhos de alegria quando foi anunciado que o Brasil iria sediar a Copa do Mundo e outros eventos megalomaníacos inúteis e sorvedores de dinheiro publico para os cofres da companheirada e da FIFA. Juro, com todas as minhas forças, que tudo farei para aporrinhar você, que durante dez anos achou que o Brasil tinha virado, por obra e graça do primeiro presidente operário (que não trabalha desde 1975) e maior líder mundial desde Moisés, uma terra maravilhosa, com serviços públicos de Primeiro Mundo e onde os pobres, em cada vez menor número (?), estariam todos felizes após ingressar, com 500 reais, na classe média (a mesma que Marxilena Chauí odeia e chama de “fascista” e “terrorista”). Não pouparei esforços para espezinhar você, que acreditou – e continua a acreditar! – que o Mensalão não existiu, que a corrupção é “de direita” e que Lula, Dilma e o PT são o supra-sumo da ética e da honestidade. Tudo farei para fazê-lo(a) corar de vergonha por ter acreditado nessa propaganda calhorda, a ponto de achar que o problema não são eles, os lulo-petistas, mas a “mídia conservadora”, o "sistema", o Marco Feliciano ou a polícia que não deixa os "manifestantes" saquearem à vontade, vejam que coisa! Darei o máximo de mim para constranger você, alma ingênua ou militonto, que caiu no conto do vigário do Brasil-Maravilha e bateu palmas para uma política externa ideológica alinhada ao Foro de São Paulo e ao que de pior existe na humanidade. Para você, lulopetista, simpatizante ou idiota útil, dedico este pequeno texto. Prometo que vou encher seu saco até você dizer chega. Ou então, tomar vergonha na cara e começar a pensar antes de embarcar de novo em mais uma roubada.
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Sabem o que apareceu ontem no meio de uma turba de vândalos que atirava pedras na PM em Fortaleza? Uma camiseta com a bandeira das FARC, os narcoterroristas colombianos (e amiguinhos do PT). Será que agora o Rui Falcão vai dizer que vandalismo é coisa da "direita"?
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Gilberto Carvalho disse no ano passado que em 2013 "o bicho vai pegar" (em antecipaçao às eleições no próximo ano). Pelo visto ele tentou fazer isso em SP com os companheiros do MPL, mas o tiro saiu pela culatra. O bicho está pegando, sim, mas é pro lado de Dilma Duchefe. "Nunca na história deste país" se viu um governo tão despreparado, tão incompetente, tão desorientado e desligado da realidade. Sorte dos "companheiros" que o Brasil só tem governo e aliados, e que a "oposição" (rarará) é uma papinha de alface sem sal, que há dez anos não assume seu papel.
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Que lindo os deputados terem aprovado o fim dos 14o e 15o salários para parlamentares. Quase fui às lágrimas de emoção com esse gesto tão magnânimo dos senhores congressistas. Parece que enfim ouviram o "clamor do povo" (nada a ver com as eleições no ano que vem, claro...). Mas uma pergunta não quer calar: a CPI DA COPA, sai ou não sai? E só pra aproveitar o gancho: o VERDADEIRO chefe do Mensalão, o líder mais importante da História da humanidade desde os faraós, o Grande Mudo desses dias, quando vai ver o sol nascer quadrado? Perguntar não ofende...
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Não dá pra resistir à piada... Dilma se antecipou ao juiz do jogo no Maracanã: para não ouvir mais uma vaia, resolveu dar a si mesma um cartão AMARELO...
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27 pontos de queda nas pesquisas... Parece que finalmente os brasileiros começaram a perceber que quem não conseguiu administrar uma loja de 1,99 em Porto Alegre não tem condições de administrar o Brasil... Antes tarde do que nunca.
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Título da biografia de Dilma Rousseff publicado em 2012: "A Vida Quer É Coragem". Não poderia ser mais irônico.
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Vejam o naipe da turma que se reuniu ontem com Dilma Duchefe em Brasília (muitos são sustentados pelo governo):
 
"Conselho Nacional de Juventude (Conjure), UBES, Movimento Sem-Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Marcha Mundial das Mulheres, Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Levante Popular da Juventude, Rede Fale, Hip Hop, Forum de Juventude de BH, União da Juventude Socialista (UJS), Juventude do PT (JPT), UPL, JSB, JSPDT, JPMDB, UNE, PJ, CTB, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Marcha das Vadias, Fora do Eixo e Agência Solano Trindade." (!!!???)
 
Só uma coisa a dizer, diante do que está aí em cima:
 
ELES NÃO ME REPRESENTAM!
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E a oposicinha, mais uma vez, está mostrando que está tão perdida quanto o governo. PLEBISCITO É GOLPE! CPI DA COPA JÁ! Cadê???...
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Caiu mais uma máscara de Dilma Duchefe: a valente ex-guerrilheira que diz orgulhar-se de ter enfrentado a ditadura não teve coragem de encarar o Maracanã. Suportou a tortura, mas fugiu de uma vaia...

quinta-feira, junho 27, 2013

NOTAS SOBRE UMA "REVOLUÇÃO" IMAGINÁRIA (4)



PERGUNTAR NÃO OFENDE
Pasmem, mas ainda tem gente que acredita que a gastança na Copa vai dar algum resultado positivo para o Brasil (!). Dizem que os 30 bilhões de dinheiro público desperdiçados, digo gastos na brincadeira vão se reverter em investimentos futuros etc. Então, tá.

Nesse caso, gostaria que me respondessem duas perguntas:

- O que vão fazer depois da Copa com os estádios hipermodernos-padrão-FIFA (TODOS superfaturados) construídos em cidades com times de primeira qualidade e fama futebolística internacional como Fortaleza, Natal, Brasília, Manaus e Cuiabá? Show de forró? Uma pelada entre a FIFA e os médicos cubanos?

- E o meu, o seu, o nosso suado dinheirinho gasto com a tão alardeada modernização da infraestrutura (aeroportos etc.)? alguém viu onde foi parar?

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Bad news for Dilma: ela agora vai ter que enfrentar o Maracanã...
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Que bonitinho os senadores aprovando ontem a lei que torna corrupção crime hediondo. Quase fiquei emocionado. Agora só falta tornarem a coisa efetiva, botando na cadeia os prevaricadores do dinheiro público. Poder-se-ia começar com um certo ex-presidente da República, o autoproclamado maior líder da História mundial desde o Gênese, que não tem um dedo e que estranhamente anda calado faz tempo...
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E a a "transparência" e o "não compactuaremos com os malfeitos" continua... http://www.implicante.org/noticias/governo-eleva-gasto-com-maquiagem-e-penteado-para-falas-de-dilma-na-tv/
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Não existe "democracia plebiscitaria", "democracia participativa" etc. Existe democracia e ponto. E aqueles que querem acabar com ela. Na porrada ou por plebiscito.

Sempre que se tenta adjetivar a democracia, o resultado é democracia nenhuma. Aí estão as "democracias populares" (ditaduras totalitárias comunistas) do Leste Europeu até 1989 para mostrar.

É tão óbvio que me dá até certa vergonha (alheia) lembrar...

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Médicos cubanos, plebiscito, Constituinte exclusiva... Só tem uma coisa mais confusa e desorientada do que os slogans das manifestações: o governo de Dilma Duchefe.
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“É inaceitável a instalação de uma constituinte exclusiva para propor a reforma política. Não vivemos um clima de exceção e não podemos banalizar a ideia da constituinte, seja exclusiva ou não. Seu pressuposto ancora-se em certo elitismo, porquanto somente pessoas supostamente mais preparadas e com maior vocação pública poderiam dela participar. O que, na verdade, constitui a negação do sistema representativo.”
Sabem quem escreveu o que vai acima? Michel Temer, atual vice-presidente da República (artigo de 2007)...

Precisa de mais alguma prova de que o governo do Poste sem Luz está completamente perdido?

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A última dos lulo-petistas: a violência nos protestos seria obra da "direita" infitrada nas manifestações... Que "direita", cara-pálida? Se houvesse mesmo direita no Brasil, vocês não acham que o governo dos "cumpanhêru" já teria virado farofa faz tempo? Esse Rui Falcão é mesmo um mestre do humor...
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Vamos pensar um pouquinho...

Lula e Dilma tiveram DEZ ANOS para fazerem a reforma política que quisessem, com maioria folgada no Congresso etc. Se não fizeram, foi porque não quiseram. Agora, o Poste apareceu com essa estória aloprada de "plebiscito" e "Constituinte exclusiva"... Como dizia o velho Sobral Pinto: tem catinga de golpe.

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Acho que alguém falou um dia desses em "transparência", não? Quem foi mesmo?... http://www.implicante.org/noticias/gastos-de-rose-sao-classificados-como-reservados/
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Sem querer, Dilma Duchefe deu ontem uma palavra de ordem excelente para dar rumo e unificar as manifestações de protesto: CONSTITUINTE EXCLUSIVA É INCONSTITUCIONAL! ABAIXO O GOLPISMO BOLIVARIANO! ABAIXO O FORO DE SÃO PAULO!

Agora é com os manifestantes.

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PERGUNTAR NÃO OFENDE:
Se, como disse Dilma Duchefe na reunião de ontem, corrupção deve ser crime hediondo, então por que nenhum dos 7 (sete!) ministros demitidos por roubalheira foi processado? E o partido dela, o PT, não continua defendendo os mensaleiros (já condenados pelo STF)?

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Ver uma presidenta (sic) que proibiu a divulgação de gastos com viagens falar em "transparência" só pode ser piada...
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Do jeito que a coisa começou em SP, com o vandalismo promovido pelo tal do "Movimento Passe Livre" - um braço do petismo radical, recebido ontem em Palácio pela Soberana em pessoa –, eu não me surpreenderia se o governo estivesse infiltrando baderneiros nos protestos para melar as manifestações e provocar um retrocesso. Descobriram até um fuzileiro naval participando da depredação no Itamaraty. Vista nessa perspectiva, a proposta aloprada de dona Dilma de convocar um plebiscito sobre uma Constituinte exclusiva parece ainda mais golpista. A coisa toda cheira a bolivarianismo. Acho que começou a pintar desespero na turma do João Santana.
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Muita gente está se perguntando "por quê"? Eu respondo: "mas o que vocês queriam? botaram um poste sem luz na Presidência"...
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Eu pensava que já tinha visto de tudo em matéria de cara-de-pau. Mas o discurso de Dilma Duchefe na reunião com os prefeitos e governadores superou todas as expectativas. Simplesmente ela disse – sim, ela disse! – que as manifestações são a favor (!!!) do que ela está fazendo com o País! É o “protesto a favor”!!!

Sem falar na proposta esdrúxula (e que cheira a golpe) de plebiscito sobre “Constituinte Exclusiva” (!)

Ah, e adivinhem com quem o Poste se reuniu antes? Com o tal “Movimento Passe Livre”. Isso mesmo: com os mesmos delinquentes de extrema-esquerda que vandalizaram SP há duas semanas (e que depois tiraram o corpo fora, quando os protestos tomaram um rumo diferente…).

É nessas horas que a falta de uma oposição de verdade faz toda a diferença…

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Vejam como os brasileiros estão (são) distraídos. No pronunciamento de sexta-feira – o primeiro depois de 15 dias (!!!) do início dos protestos –, Dilma Duchefe prometeu trazer milhares de médicos do exterior, de qualificação duvidosa e com o País já tendo médicos suficientes. Vai ser mais um desperdício de dinheiro público, como os gastos com a Copa etc. Se os manifestantes estivessem ligando os pontos, seria mais um motivo para pedir o fim do governo petralha.
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Não sou do tipo que se entusiasma com multidões, nem me impressiono com "a voz das ruas". Pelo contrário, sou daqueles que pensam, assim como Nelson Rodrigues e Ortega y Gasset, que não existe multidão inteligente e que o "homem-massa" é uma das invenções mais perniciosas da era do totalitarismo. Vendo os protestos que sacodem o País há duas semanas - sem rumo, sem palavras de ordem claras e precisas, perdidos em slogans vazios e abstratos "contra a corrupção" (de quem? falta dizer), "contra os políticos" (quais?), "por um Brasil melhor" (parece discurso de Miss) etc. -, tenho ainda mais motivos para pensar assim, e acreditar que - infelizmente - as manifestações não vão dar em nada, caindo no vazio e terminando numa grande pizza sabor jabuticaba.

Mesmo assim, mesmo sabendo que não basta ser "contra tudo isso que está aí" nem estar de "saco cheio" para que as coisas mudem, mesmo com a falta de oposição e de liderança organizada e mesmo com todo o vandalismo (que só existe, aliás, porque não há liderança) e com o risco de manipulação por parte do próprio governo (idem), mesmo assim acho que as manifestações são bem-vindas e vieram no momento certo. Era preciso ter ocorrido essa sacudida, essa catarse, a população precisava acordar da hipnose coletiva que dez anos de propaganda lulo-petista impuseram ao País, deixando-a narcotizada e anestesiada.

De agora em diante, vai ser muito mais difícil para os marqueteiros do Planalto venderem a idéia ufanista do "Brasil Maravilha", de gente bronzeada e feliz, com a economia em ordem, empregos para todos, bolsas-famílias, classe média de 500 reais e Copa do Mundo (o pão e o circo andam sempre juntos). Os protestos mostraram que o Brasil real é bem diferente desse oba-oba oficial com tintas partidárias. Isso, por si só, já justificou o movimento.

Embora eu não compartilhe da visão otimista de que "o povo acordou" (o povo ainda não acordou, e se acordou, ainda está naquela fase em que se acaba de despertar de um sono profundo, quando ainda estamos meio grogues, num estado de semi-consciência), acho isso uma boa notícia. Como é uma boa notícia a rejeição dos partidos, o que tem impedido que os protestos sejam por eles instrumentalizados, como sempre foram pela esquerda no Brasil (embora também contribua para despolitizar os protestos, desviando-os de uma meta clara e objetiva). Pela primeira vez no Brasil um movimento popular ocorreu sem que se vissem bandeiras vermelhas dominando a paisagem. Certamente, nao é uma revolução, mas já é alguma coisa.