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sexta-feira, maio 25, 2012

DESMASCARANDO A B.E.S.T.A *. - UM TEXTO ESTUPENDO DE DEMETRIO MAGNOLI

OS BONS COMPANHEIROS

O GLOBO, 22/05


por DEMÉTRIO MAGNOLI

De “caçador de marajás”, Fernando Collor transfigurou-se em caçador de jornalistas. Na CPI do Cachoeira, seu alvo é Policarpo Jr., da revista “Veja”, a quem acusa de associar-se ao contraventor “para obter informações e lhe prestar favores de toda ordem”. Collor calunia, covardemente protegido pela cápsula da imunidade parlamentar. Os áudios das investigações policiais circulam entre políticos e jornalistas ─ e quase tudo se encontra na internet. Eles atestam que o jornalista não intercambiou favores com Cachoeira. A relação entre os dois era, exclusivamente, de jornalista e fonte ─ algo, aliás, registrado pelo delegado que conduziu as investigações.

Jornalistas obtêm informações de inúmeras fontes, inclusive de criminosos. Seu dever é publicar as notícias verdadeiras de interesse público. Criminosos passam informações ─ verdadeiras ou falsas ─ com a finalidade de atingir inimigos, que muitas vezes também são bandidos. O jornalismo não tem o direito de oferecer nada às fontes, exceto o sigilo, assegurado pela lei. Mas não tem, também, o direito de sonegar ao público notícias relevantes, mesmo se sua divulgação é do interesse circunstancial de uma facção criminosa.

Os áudios em circulação comprovam que Policarpo Jr. seguiu rigorosamente os critérios da ética jornalística. Informações vazadas por fontes diversas, inclusive a quadrilha de Cachoeira, expuseram escândalos reais de corrupção na esfera federal. Dilma Rousseff demitiu ministros com base naquelas notícias, atendendo ao interesse público. A revista na qual trabalha o jornalista foi a primeira a publicar as notícias sobre a associação criminosa entre Demóstenes Torres e a quadrilha de Cachoeira ─ uma prova suplementar de que não havia conluio com a fonte. Quando Collor calunia Policarpo Jr., age sob o impulso da mola da vingança: duas décadas depois da renúncia desonrosa, pretende ferir a imprensa que revelou à sociedade a podridão de seu governo.

A vingança, porém, não é tudo. O senador almeja concluir sua reinvenção política inscrevendo-se no sistema de poder do lulopetismo. Na CPI, opera como porta-voz de José Dirceu, cujo blog difunde a calúnia contra o jornalista. Às vésperas do julgamento do caso do mensalão, o réu principal, definido pelo procurador-geral da República como “chefe da quadrilha”, engaja-se na tentativa de desqualificar a imprensa ─ e, com ela, as informações que o incriminam.

O mensalão, porém, não é tudo. A sujeição da imprensa ao poder político entrou no radar de Lula justamente após a crise que abalou seu primeiro mandato. Franklin Martins foi alçado à chefia do Ministério das Comunicações para articular a criação de uma imprensa chapa-branca e, paralelamente, erguer o edifício do “controle social da mídia”. Contudo, a sucessão representou uma descontinuidade parcial, que se traduziu pelo afastamento de Martins e pela renúncia ao ensaio de cerceamento da imprensa. Dirceu não admitiu a derrota, persistindo numa campanha que encontra eco em correntes do PT e mobiliza jornalistas financiados por empresas estatais. Policarpo Jr. ocupa, no momento, o lugar de alvo casual da artilharia dirigida contra a liberdade de informar.

No jogo da calúnia, um papel instrumental é desempenhado pela revista “Carta Capital”. A publicação noticiou falsamente que Policarpo Jr. teria feito “200 ligações” telefônicas para Cachoeira. Em princípio, nada haveria de errado nisso, pois a ética nas relações de jornalistas com fontes não pode ser medida pela quantidade de contatos. Entretanto, por si mesmo, o número cumpria a função de arar o terreno da suspeita, preparando a etapa do plantio da acusação, a ser realizado pela palavra sem freios de Collor. Os áudios, entretanto, evidenciaram a magnitude da mentira: o jornalista trocou duas, não duzentas, ligações com sua fonte.

A revista não se circunscreveu à mentira factual. Um editorial, assinado por Mino Carta, classificou a suposta “parceria Cachoeira-Policarpo Jr.” como “bandidagem em comum”. Editoriais de Mino Carta formam um capítulo sombrio do jornalismo brasileiro. Nos anos seguintes ao AI-5, o atual diretor de redação de Carta Capital ocupava o cargo de editor de “Veja”, a publicação na qual hoje trabalha o alvo de suas falsas denúncias. Os editoriais com a sua assinatura eram peças de louvação da ditadura militar e da guerra suja conduzida nos calabouços. Um deles, de 4 de fevereiro de 1970, consagrava-se ao elogio da “eficiência” da Operação Bandeirante (Oban), braço paramilitar do aparelho de inteligência e tortura do regime, cuja atuação “tranquilizava o povo”. O material documental está disponível no blog do jornalista Fábio Pannunzio, sob a rubrica “Quem foi quem na ditadura”.

Na “Veja” de então, sob a orientação de Carta, trabalhava o editor de Economia Paulo Henrique Amorim. A cooperação entre os cortesãos do regime militar renovou-se, décadas depois, pela adesão de ambos ao lulismo. Hoje, Amorim faz de seu blog uma caixa de ressonância da calúnia de Carta dirigida a Policarpo Jr. O fato teria apenas relevância jurídica se o blog não fosse financiado por empresas estatais: nos últimos três anos, tais fontes públicas transferiram bem mais de um milhão de reais para a página eletrônica, distribuídos entre a Caixa Econômica Federal (R$ 833 mil), o Banco do Brasil (R$ 147 mil), os Correios (R$ 120 mil) e a Petrobras (que, violando a Lei da Transparência, se recusa a prestar a informação).

Dilma não deu curso à estratégia de ataque à liberdade de imprensa organizada no segundo mandato de Lula. Mas, como se evidencia pelo patrocínio estatal da calúnia contra Policarpo Jr., a presidente não controla as rédeas de seu governo ─ ao menos no que concerne aos interesses vitais de Dirceu. A trama dos bons companheiros revela a existência de um governo paralelo, que ninguém elegeu.

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*NOTA DO BLOG: BESTA quer dizer Blogosfera Estatal. Também conhecida como JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista) ou imprensa chapa-branca. Muito lida e apreciada por quem acha que PHA e a Carta Capital são exemplos de jornalismo sério (ou seja: por quem tem capim no lugar do cérebro).

quarta-feira, maio 09, 2012

CUIDADO! A B.E.S.T.A. ESTÁ À SOLTA. E O INIMIGO DELA É A LIBERDADE DE IMPRENSA

Alguém importante com um dos chefes da BESTA: o inimigo é a imprensa não-estatal (ou seja: independente)

A Rede Record de Televisão (também conhecida como “Recópia” ou “a TV do Bispo”), braço midiático da seita conhecida como “igreja universal do reino de deus”, tem um jeito muito peculiar de fazer jornalismo. Ou algo que acredita ser jornalismo. No último domingo, isso ficou claro mais uma vez, quando o programa Domingo Espetacular, apresentado pelo ex-global, atual assalariado da IURD, blogueiro progressista e amigo de todos os governos desde o regime militar Paulo Henrique Amorim (“olá, tudo beeeeeeeeemmm?”), o homem do PIG (Partido da Imprensa Governista), apresentou, com a discrição sensacionalista de sempre, uma reportagem "exclusiva" e “estarrecedora”, que mostraria as "relações espúrias" de uma importante revista semanal com o esquema tentacular de corrupção capitaneado por Carlinhos Cachoeira.
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Preparado para ver chumbo grosso disparado na telinha e disposto a me deixar escandalizar com mais essa “reportagem-denúncia”, resolvi assistir ao troço. Por longos minutos, esperei a revelação bombástica, o tiro de canhão que iria destruir de vez um dos órgãos informativos mais conhecidos do Brasil, reduzindo a pó sua credibilidade.
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Pois é. Esperei, esperei… e continuo esperando.
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A “reportagem” (se é que se pode chamar assim uma peça de ficção feita sob encomenda) bateu e rebateu na tecla de que a revista VEJA estaria mancomunada com o esquema corrupto de Cachoeira. Qual a prova apresentada? Gravações de telefonemas entre o diretor da sucursal da revista em Brasília, Policarpo Jr., e Cachoeira, nas quais o bicheiro fornecia informações ao jornalista. Algumas dessas informações resultaram em reportagens que levaram à queda de seis ministros do governo Dilma Rousseff. Em outra gravação da PF, Cachoeira aparece comemorando com um cúmplice a queda da cúpula do DNIT, como resultado de uma matéria publicada na revista, baseada em informações por ele fornecidas.
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Fiquei pensando: isso deve ser o aquecimento, deve haver coisa mais pesada a seguir. Esperando ver algo mais substantivo, assisti à matéria até o final. Com voz grave e semblante soturno, o narrador insistia em dizer que as gravações “provavam” que o jornalista havia-se “unido” a Cachoeira, formando com este uma associação criminosa, igual à existente entre o bicheiro e o senador Demóstenes Torres.
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Puxa, uma gravação telefônica que mostra que o jornalista recebia informação de Cachoeira? E outra em que ele aparece comemorando o resultado da reportagem?
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A pergunta que fica é: e daí?
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Assisti ao vídeo da “reportagem” esperando o momento histórico em que veria um dos pilares do jornalismo brasileiro transformado em cinzas por uma montanha de evidências irrefutáveis. Em vez disso, depois de quase meia hora, duas perguntas ficaram martelando na minha cabeça:
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1) O jornalista que tem como fonte um corrupto, torna-se corrupto também?
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2) Se uma informação interessa, de alguma forma, à fonte, deixa de ser verdadeira? Deve, portanto, deixar de ser divulgada?
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Outras perguntas, decorrentes destas, são as seguintes:
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- Antes de obter uma informação, o jornalista deve exigir da fonte um atestado de bons antecedentes, ou então a informação não é válida?
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- Por que ninguém lembrou de exigir reputação ilibada de outros denunciantes quando as denúncias visavam a atingir adversários dos petistas, como os grampos do BNDES em 1998? (e que se revelaram falsas).  Por que, só quando as denúncias envolvem petistas e o veículo denunciador é a VEJA, exige-se que a fonte seja um cidadão respeitável, acima de qualquer suspeita, cumpridor de seus deveres e que vai à igreja todos os dias?
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- Dilma Rousseff demitiu seis ministros – e foi ela que demitiu, não a revista – apenas para agradar a VEJA?
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O que a patuscada da Record “provou”? Que Policarpo Jr. ofereceu ou recebeu dinheiro pelas informações de Cachoeira? Ele, o jornalista, deu ou obteve alguma vantagem financeira, ou outra qualquer, além da tarefa profissional de divulgar a notícia? Qual?
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Qualquer pessoa medianamente informada sabe perfeitamente que jornalistas não escolhem as fontes, e que estas raramente são desinteressadas. Isso não significa que o jornalista deve ignorar uma informação boa porque a fonte não é uma freirinha. Pelo contrário: quase sempre, é um integrante da quadrilha de bandidos que resolve denunciar o esquema. É assim que a coisa funciona. Ou vocês acham que Roberto Jefferson fez o que fez por amor à humanidade?
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A “reportagem” da Record não passa de um amontoado de ilações e insinuações, destinada a distorcer os fatos e inverter a realidade, demonizando o jornalismo investigativo e mostrando criminosos como vítimas. Lá pelas tantas, o telespectador é lembrado que um repórter da VEJA “invadiu” no ano passado o cafofo do Zé Dirceu, apresentando o ex-chefe da Casa Civil de Lula como vítima de uma tentativa de "invasão de privacidade". Só esqueceu de dizer que o chefe da quadrilha (é assim que ele é chamado pela Procuradoria Geral da República) comandava um governo paralelo em Brasília. Unindo o grotesco à chanchada, a Record ainda  tentou forçar uma comparação entre o dono da Editora Abril, que publica VEJA, Roberto Civita, e o multibilionário da mídia australiano Rupert Murdoch, condenado recentemente pela Justiça britânica por espionar personalidades da política. Ridículo. Patético.
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Teve mais: em dado momento da reportagem sobre o nada, o narrador tenta ser irônico, mostrando uma matéria da VEJA de algum tempo atrás em que o agora desacreditado Demóstenes Torres aparece como um "mosqueteiro da ética". O que se estaria tentando insinuar? Que VEJA estaria mancomunada com Demóstenes? Nesse caso, seria preciso incriminar toda a imprensa séria brasileira, que, assim como a VEJA, deixou-se cair no conto do político com princípios (como ocorreu, aliás, com seus eleitores). Ora, em 1993, a mesma VEJA se deixou enganar, enaltecendo o petista-cuecão José Genoíno como um dos paladinos da moral e da virtude cívica na CPI dos anões do orçamento (era assim que ele se apresentava na época, e muitos caíram na conversa). Por que não lembrar isso também?
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Não tenho procuração para falar em nome da VEJA, nem é preciso que eu o faça: a revista dispõe de uma equipe competente de colunistas, e longe de mim competir com eles. Tampouco é minha intenção obter algum retorno financeiro (seria mais fácil, aliás, se eu fosse petista). Mas não dá para ficar em silêncio diante de tamanha empulhação vomitada pela emissora de Edir Macedo. A VEJA, satanizada pelos petralhas como “direitista” (só mesmo no Brasil uma revista pró-aborto, pró-gay e pró-Obama é considerada de "direita"...) tem importantes serviços prestados à democracia. O impeachment de Collor em 1992 nasceu de uma entrevista de seu irmão, Pedro, à revista. Pedro não botou a boca no mundo porque era uma boa alma, mas porque se sentiu prejudicado em seus interesses particulares pelo tesoureito de campanha de Collor, PC Farias. Hoje, Fernando Collor é aliado de Dilma e, como membro da CPMI do Cachoeira, quer se vingar da VEJA. O que incomoda essa gente é a existência de uma imprensa realmente independente, que não se sujeita ao papel abjeto de agência chapa-branca.
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Assim como ocorre com as fontes, o ataque político à VEJA também não acontece de forma desinteressada. Às vésperas do julgamento do Mensalão, a banda do PT aliada ao jornalismo vigarista da Record quer desesperadamente criar uma cortina de fumaça e livrar a cara dos mensaleiros. Para isso, conta com a velha arma dos canalhas: a calúnia. Com uma oposição abúlica, ainda mais desmoralizada pelo caso Demóstenes, o alvo dos totalitários passou a ser a imprensa livre. Não se trata, assim, de uma briga Record X VEJA, mas, na realidade, de um ataque à liberdade de imprensa e ao próprio jornalismo. Um ataque, enfim, à democracia.
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O que Record, PHA, Carta Capital e outros veículos da imprensa chapa-branca - reunidos, na internet, na chamada BESTA (Blogosfera Estatal) - mais querem é calar as vozes dissonantes, impedindo "certas notícias" de virem à baila.  Aliados do que de pior existe na política brasileira, não podem suportar a existência de jornais e revistas que não dançam conforme a música e que, em vez de tecer loas ao governo dos companheiros, insistem em fazer jornalismo. Com isso, esses paladinos do jornalismo de aluguel agem de acordo com a estratégia dos atuais donos do poder: incapazes de comprar toda a imprensa com verbas públicas e contratos oficiais de publicidade, os petralhas e associados passaram a investir pesado na criação de uma imprensa domesticada, em troca de alguns favores muito lucrativos. Há vinte anos, quando Lula e o PT eram oposição, a "igreja" do "bispo" Macedo dizia a seus fiéis que os petistas eram o diabo; agora, com eles no governo, o diabo mudou de endereço. (A propósito, quem sabe o ataque da Record à VEJA tem algo a ver com isso aqui: http://veja.abril.com.br/blog/mainardi/na-revista/o-dizimo-do-trafico/) Quem diria: como disse o Reinaldo Azevedo, colunista da VEJA, o PT começou citando Karl Marx e terminou no colo de um exorcista amador - e outras coisas até piores. (Cá pra nós: passou de um farsante a outro, mas isso é outra história.)
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Muita gente se deixará enganar por mais essa impostura da Record, integrante da BESTA, do mesmo modo que tantos podres-diabos se deixam enganar pelas promessas de cura e pelos exorcismos dos telepastores da IURD. Não é para menos. Para quem falseia a Bíblia para lucrar explorando a credulidade alheia, mentir a favor do governo não chega a ser nenhum pecado. O jornalismo da Record tem tanta credibilidade quanto a teologia do “bispo” Macedo.

domingo, março 25, 2012

A BLOGOSFERA PROJETISTA


Do blog do Alex Medeiros, jornalista lá da minha terra (http://www.alexmedeiros.com.br/). A foto também foi tirada de lá.

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No andor em que vai parte da sociedade brasileira, encarando o cotidiano a partir de visões de ideologias beirando o fundamentalismo, estou vendo a hora a militância alternativa convencer a nação de que peido é de direita e flato é de esquerda.

Após uma década de administração petista, em conluio com os diversos gêneros da esquerdopatia tupiniquim, tudo no Brasil virou motivo de dicotomia política. E nada é mais imbecil do que alguém tocar a própria vida a partir de preceitos partidários.

O filósofo inglês Francis Bacon deu uma receita para se viver bem que consistia em termos sempre disponível “madeira velha para queimar, vinho velho para beber, velhos amigos em quem confiar e autores antigos para ler”. Mas não precisava exagerar, né?

Incrível como o conselho do velho Bacon foi levado ao exagero no Brasil do século XXI, transformado no talvez único grande país onde as velhas teorias comunistas ainda são lidas, digeridas e discutidas, como se fossem uma grande novidade filosófica.

Enquanto o mundo busca saídas no campo da gestão administrativa, aqui ainda se debate, com toda a velha pompa acadêmica, sobre a revolução operária e outras baboseiras similares saídas do mofo que escapa dos livros marxistas-leninistas.

Jovens teleguiados nos surrados conceitos ainda pregados por professores militantes, fantasiam o cotidiano com delírios de combatentes de pregressas décadas. Deslocados no tempo, cospem na era do Facebook idéias de equivocados e outroras guerrilheiros do Araguaia.

As cidades estão cheias deles, pobres arautos de causas perdidas, pretensos instrumentos de uma rebeldia tardia, dotados de revanchismo retroativo que interpretam como resgate histórico. Projetam em seus equívocos analíticos todas as conspirações imagináveis.

Alguns deles convivem diariamente numa espécie de comunidade de ciganice online, ponto de apoio para investidas teóricas em reuniões regulares sempre realizadas em bares, shoppings, cafés ou livrarias. Se auto-proclamam as vozes do progresso.

Nada escapa aos seus descontentamentos para-ideológicos, nutrem um dedicado ódio ao pessoal do PSDB, representado nas figuras de FHC e José Serra. Coitados, esquecem que tucanos e petistas são abortos políticos de uma mesma placenta partidária.

Não testemunharam – nem seus mestres informaram – na manjedoura do PT a presença de magos sociais democratas como Mário Covas, FHC, Franco Montoro, Ruth Cardoso, Afonso Arinos, entre tantos outros. Luiz Inácio e a choldra adoravam aplaudi-los.

O mais hilário hoje, quando vemos tanta pendenga politiqueira na blogosfera e nas redes sociais entre petralhas e tucanos, é vê-los silenciar e contemporizar com alguns aliados como José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor, Jáder Barbalho e outros.

Como é lindo chamar de progressista um cantorzinho de pagode cuja maior contribuição para o comunismo foi surrar uma namorada. O cara é candidato a prefeito da maior cidade do Brasil pela revolucionária legenda do PC do B. Meu deus, diria um ateu.

No devaneio de encarar tudo como uma batalha política, há blogueiros que projetam num simples acidente de trânsito um quadro exemplar para estabelecer a luta de classes. Com tanta paranóia e esquizofrenia, melhor seria batizá-los de blogueiros projetistas.

Um blogueiro projetista que se preza precisa estar atento 24 horas para as possibilidades de revolução popular e para as chances de destruir reputações dos inimigos burgueses, como ocorre agora ao jovem Thor Batista, filho do milionário Eike Batista.

Pelas redes sociais, os militantes do delírio se antecipam ao boletim policial, aos laudos técnicos, às investigações cíveis e partem para sentenciar o rico que matou o pobre, condenam primeiro sua condição social, como uma estratégia de milícia ideológica.

Noutro exemplo, queimam na fogueira do seu sectarismo sem fim o médico que reagiu a um assalto matando o bandido. O perfil pessoal e o status social da vítima logo se tornam provas da sua periculosidade, deixando ao marginal o papel de violentado.

Vomitam teses sociológicas, estampam palavras de ordem pacifistas, ditam regras jurídicas que no fundo valem como defesa da bandidagem. Essa gente não me engana; desde 1983 que eu adquiri imunidade opinativa à velha sociologia de passeata.