Mostrando postagens com marcador gayzismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador gayzismo. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, julho 30, 2014

JEAN WYLLYS ACUSA BOLSONARO E FELICIANO PELA QUEDA DO AVIÃO NA UCRÂNIA


Depois de sugerir, em sua página do Facebook, que a queda do voo MH-17 da Malaysian Airlines na Ucrânia na semana passada, matando 298 pessoas, foi motivada por homofobia, o deputado Jean Wyllis (PSOL-RJ) voltou a surpreender ao responsabilizar pela derrubada do avião os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP).
 
Segundo Wyllys, Bolsonaro e Feliciano são parte de um complô internacional que derrubou com um míssil o avião quando este sobrevoava o Leste da Ucrânia. “O avião levava mais de cem holandeses que iriam participar de um congresso sobre tratamento da AIDS”, escreveu Wyllys no Facebook.
 
“Todo mundo sabe que os homofóbicos dos países conservadores não querem a cura da AIDS. Então, só pode ter sido o Bolsonaro e o Feliciano”.
 
O deputado psolista aproveitou para acusar também a Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgou recentemente pesquisa científica segundo a qual os casos de AIDS entre gays têm aumentado no mundo, ao contrário do que ocorre entre os heterossexuais, e que os gays são, sim, um grupo de risco.
 
“Está claro que a ciência é homofóbica”, bradou Wyllys em sua página pessoal. “Não descarto a possibilidade de que a ONU também esteja envolvida nesse plano macabro. Ou os cientistas dizem o que nós do movimento LGBT queremos que digam ou são uns preconceituosos. Humpf!”.
 
Jean Wyllys negou que suas afirmações sejam uma forma de teoria da conspiração. “Teorias da conspiração são coisa da direita reacionária homofóbica”, esclareceu o ex-BBB. “Tudo o que eu digo é baseado em fontes altamente confiáveis, como o programa do Pedro Bial e o Grupo Gay da Bahia”.
 
Procurados pela reportagem, os deputados Marco Feliciano e Jair Bolsonaro não foram encontrados. Segundo informou sua assessoria, eles estão caçando na Ucrânia.
---

domingo, abril 21, 2013

FALA QUE EU RESPONDO


Estava com saudade de interagir com os leitores. Alguém que assina como "MimideLuvas" (?) me deu essa oportunidade. A respeito de meu texto COMO CRIAR UM "MOVIMENTO". OU: PEQUENO MANUAL DO LIBERTICIDA MODERNO, que escrevi inspirado no carnaval de intolerância demagógica protagonizado pelas patrulhas gayzistas contra o tal pastor "racista" e "homofóbico" na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, ela escreveu o seguinte: 

Faça a falácia da generalização para justificar o porque vc é implicante. Pq na verdade isso é tudo implicancia. Eu leio o seu blog ha muito tempo e ja vi que burro vc não é, muito pelo contrário. Como q casamento é vida privada gente? Herança, bens, tudo o que vem com ele não tem nada a ver com a vida privada da pessoa. Ter relações com pessoas do mesmo sexo não está em pauta em nenhuma reivindicação.E sobre o Feliciano, não é pq ele é racista e homofóbico, isso é problema dele e a sociedade não tem nada com isso. Mas a ULTIMA coisa q esse país precisa é de uma teocracia. E é assim q começa, aos poucos...Da mesma forma como vc disse q vida privada não pode ser fontes de direitos, a biblia não pode ser fonte de leis.Então esse artigo q vc fez foi unica e exclusivamente pra ser do contra, mas sem pensar efetivamente no problema...
 
Confesso que fiquei intrigado com a frase "Faça a falácia da generalização para justificar o porque você é implicante" (sic). O que quer dizer exatamente? E de quais "falácia" e "generalização" a autora da frase está falando? Mas deixa pra lá, não tenho culpa se alguém faltou às aulas de redação na escola. Ainda bem que a leitora não me acha burro. A se julgar, porém, por seu comentário, e levando-se em conta que ela diz que lê meu blog há muito tempo, tenho dúvidas se a recíproca é verdadeira.
 
Puxa, o casamento não é mais um assunto da vida privada, particular, pessoal? Não é mais um assunto de família, ou melhor, entre duas pessoas? Sério? Bom, nesse caso devo concluir que se tornou um assunto da vida pública. Um assunto de Estado, portanto. Deve ser divulgado no Diário Oficial da União?
 
Ah, mas e as heranças, bens etc.? Pois é. A legislação existente já permite que se deixe como herança o quê e quanto se quiser não importa a quem. Eu, se quiser, posso doar em testamento metade ou mesmo todos os meus bens para meu cachorro (se eu tivesse cachorro). E ninguém vai perguntar a opção sexual do beneficiado. Então?
 
É verdade, ter relações com pessoas do mesmo sexo não está na pauta do "movimento LGBT" etc. Até porque isso seria impossível (como defender, como bandeira política, o que se faz entre quatro paredes?...). A pauta, na verdade, é um pouco diferente: impor a censura e criminalizar o pensamento discordante. E isso pode ser alcançado ditando a padres ou pastores (ou a qualquer pessoa) o que eles devem dizer sobre a homossexualidade, sob pena de parar na cadeia por "homofobia".  A última coisa de que o Brasil precisa é de uma ditadura, seja teocrática ou gay. É assim que começa...
 
Quanto a Feliciano, creio que já disse o bastante. Não o defendo, e se dependesse de mim ele nem seria eleito deputado, para começo de conversa. Mas nem por isso vou sair por aí defendendo que se instaure o delito de opinião, algo que só existe em ditaduras. Além disso, ainda que Feliciano fosse "racista" e "homofóbico", seria preciso explicar o que fazem na mesma comissão deputados de partidos que apóiam ditaduras e dão abrigo a terroristas, como o PSOL de Jean Wyllys. E a sociedade tem a ver, sim, com isso!
 
Concordo que a Bíblia (ou o Corão, ou o Talmude, ou o Livro dos Espíritos) não deve ser fonte de direitos etc. e tal. Do mesmo modo, não posso aceitar que a agenda política de um "movimento", seja qual for, seja fonte de legislação. Assim como Estado e religião devem ser coisas separadas e distintas (como são), o Estado não deve também se confundir com partidos ou "movimentos". Quando isso ocorre, a democracia vai pras cucuias.
 
É isso. Mais sorte da próxima vez. Recomendo dar uma lida na Constituição antes, principalmente no Artigo referente à liberdade de expressão e de opinião. Lá não está escrito que as únicas opiniões permitidas são as "politicamente corretas", ou aquelas com as quais concordamos. Tampouco está escrito em algum lugar que é crime ser idiota. Se depender do implicante que escreve estas linhas, é assim que deve ser.

Viu como meu artigo "foi única e exclusivamente pra ser do contra", "sem pensar efetivamente no problema" etc.? Eu sou mesmo mau como um pica-pau... 

terça-feira, abril 02, 2013

COMO CRIAR UM "MOVIMENTO". OU: PEQUENO MANUAL DO LIBERTICIDA MODERNO

- Politize a vida privada - Esqueça o discurso manjado de "revolução socialista", pelo menos em público. Isso está totalmente out. O verdadeiro militante do século XXI está antenado com as novas causas da moda. Nada de "proletariado", "burguesia", "comunismo" etc, essas palavras abstratas e cafonas, que não convencem mais ninguém e que somente afastam as pessoas. Em vez disso, use e abuse de conceitos como "raça", "gênero" e "opção sexual", dividindo a sociedade não mais em classes sociais, mas em tribos. Troque “revolução” por cotas para "afro-descendentes" nas universidades e "socialismo" por “casamento gay“ (ou "união homoafetiva", para não assustar). Se alguém lhe lembrar que cotas por raça são uma forma de racismo, algo estranhíssimo num país de mestiços, e que preferências privadas não podem ser fontes de direitos, finja que não ouviu.
 
- Apresente-se como uma "minoria perseguida" - Espalhe aos quatro ventos que você faz parte de um grupo historicamente marginalizado e oprimido, cujos direitos são sistematicamente negados por uma sociedade má e injusta. Vá mais além, e, com base na teoria da suposta superioridade moral do oprimido, apresente sua grei como formada por pessoas maravilhosas, supermodernas (ou edenicamente pré-industriais, como os índios), mais evoluídas, mais sensíveis e até mais inteligentes do que os demais seres humanos. Para reforçar essa impressão, se você for um militante gayzista, associe a defesa do casamento gay à luta contra o racismo ou pelos direitos das mulheres. Não dê bola se alguém lembrar que alguns dos personagens mais pervertidos e sinistros da História, como vários imperadores romanos e os membros das SA nazistas, eram homossexuais. Tampouco se importe com o fato de que mulheres eram impedidas de votar e trabalhar, e que a luta dos negros nos EUA e na África do Sul era motivada por leis de segregação racial, algo que jamais existiu no Brasil, onde gays gozam dos mesmos direitos dos héteros. Mantenha a pose e mude de assunto.
 
- Falsifique estatísticas – Para dar um ar "científico" à sua causa, é imprescindível amparar-se em dados e estatísticas, ainda que estas digam exatamente o contrário do que você está afirmando. Por exemplo, para justificar as cotas raciais nas universidades, cite aquela pesquisa que ninguém leu segundo a qual 52% da população brasileira é "negra". Aprenda com os desarmamentistas do Viva Rio, fazendo o mesmo com os números da violência, que apontaram o assassinato de um número X de homossexuais no Brasil no ano passado (não esqueça de usar palavras como "genocídio" e "holocausto" para se referir a essas mortes). Ninguém vai se dar ao trabalho de investigar os critérios adotados, segundo os quais todos os que não se declararam "brancos" (pardos, índios, mulatos, cafuzos, japoneses etc.) foram considerados automaticamente "negros". Tampouco vai procurar saber que uns 70% dos 200 ou 250 "mortos por homofobia" (num país com 50 mil assassinatos todos os anos…) foram assassinados por motivos passionais (brigas de casais, o programa que não deu certo etc.), ou seja, homossexuais matando homossexuais. Lembre-se: você é sempre vítima e o Brasil é um país extremamente racista e homofóbico, ainda que os fatos não o demonstrem.
 
- Distorça o sentido da palavra "igualdade" – Santificado com a auréola de eterna vítima oprimida, mostre-se como um paladino da luta por "direitos iguais", ainda que os direitos fundamentais (o direito à vida, à propriedade, à liberdade de expressão, de reunião, de voto etc.) já lhe sejam plenamente assegurados pela Lei, que é cega para diferenças individuais (como "raça" e "opção sexual"). Afirme que as leis existentes não bastam para inibir os crimes contra homossexuais (não esqueça de brandir as estatísticas acima) e que é preciso instituir uma lei especial criminalizando a "homofobia". Ignore que "homofobia" é um conceito extremamente vago, assim como o fato de que tal lei seria uma forma de criar direitos especiais, sacralizando a divisão da sociedade em categorias de cidadãos com mais e menos direitos (ou seja: o inverso da igualdade). Vá adiante e diga que um direito básico seu, por exemplo o de casar com uma pessoa do mesmo sexo, está sendo violado. Se alguém lembrar o óbvio e disser que o casamento está longe de ser um direito ilimitado (algo que, aliás, não existe); que um direito não pode se fundar em preferências sexuais, que podem mudar (ao contrário do sexo, que ninguém escolhe ao nascer); e que até o momento a natureza não descobriu nenhuma maneira de garantir a reprodução da espécie humana que não seja a partir da união sexual entre um homem e uma mulher, tache quem diz isso de "homofóbico" e outros adjetivos. Passe ao próximo estágio.


- Estigmatize quem pensa diferente – Quando deparar com alguém com idéias minimamente discordantes das suas, não perca tempo debatendo: chame-o logo de "racista", "homofóbico", "reacionário", "hater" e outros adjetivos ultrajantes. No limite, apele para a Lei de Godwin e tasque-lhe um "fascista" ou mesmo "nazista". Use e abuse desse recurso retórico, sem dar importância a se tais adjetivos correspondem ou não à verdade. O importante é criar um clima de paranóia, no qual todos ficarão inibidos em falar o que pensam e passarão cada vez mais a se autocensurarem para não serem malhados pelas patrulhas do "politicamente correto". Imponha um novo vocabulário, com o apoio de grande parte da imprensa e dos artistas da Televisão. Faça de conta que não sabe que, se a atração pelo mesmo sexo é um direito, também o é a repulsa por essa opção, e que portanto ninguém deve ser obrigado a ter as mesmas opiniões sobre este ou qualquer outro assunto. Não hesite em mirar abaixo da linha da cintura quando necessário, por exemplo chamando de "negro traidor" um juiz do STF que se negou a repetir os slogans do "movimento" e lançando dúvidas sobre a sexualidade daquele pastor acusado de "homofobia" (somente os militantes negros e gays podem ser racistas e homofóbicos). Diante das objeções de cunho religioso ao casamento gay ou ao aborto, por exemplo, arvore-se em teólogo, impondo uma reinterpretação dos textos sagrados, ditando o que padres e pastores devem dizer a respeito. Não dê a mínima se lhe lembrarem que a liberdade religiosa é um direito sagrado (sem trocadilho) do cidadão, sem a qual não há democracia. Tampouco se importe com o fato de que impedir alguém de expressar sua fé é instituir o delito de opinião, e que isso só existe em ditaduras. Aliás, é justamente por isso que você está lutando.
 
Pronto. Agora você só precisa encontrar gente desonesta ou tola o suficiente para montar um "movimento" a fim de impor sua agenda política. Pode começar tentando expulsar da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados um parlamentar que não é da turma, baseado em alguma besteira que ele disse no Twitter alguns anos atrás. Se preciso na marra. Acima de tudo, jamais se esqueça que você pertence a um grupo ou raça superior, que os fins justificam os meios e que todos os que discordam de você são vermes que merecem ser esmagados. Se alguém disser que isso lembra certo regime politico do passado, não perca a pose de libertário, seguindo à risca o conselho do principal propagandista desse regime: “uma mentira dita cem vezes torna-se verdade”. A tática funciona.

domingo, março 24, 2013

LIBERTÁRIOS OU LIBERTICIDAS? OU: A INTOLERÃNCIA DOS TOLERANTES


Lá vou eu, pedir para ser crucificado de novo. Já estou de dedo fino de tanto escrever e de tanto ser ser mal-interpretado nesta questão. Mas é o preço a pagar por não seguir a manada e pensar com a própria cabeça. Além do mais, alguém tem que ser o advogado do diabo. Vamos lá.
 
Antes, porém, faço questão de repetir o que já afirmei aqui: é triste constatar que, hoje em dia, questões como "raça", "gênero" e "opção sexual" sejam as únicas causas mobilizadoras capazes de provocar ondas de revolta e retirar as pessoas de seu habitual torpor. Quem tem raça é cachorro, já disse João Ubaldo Ribeiro. Gênero, por sua vez, é uma palavra inventada por feministas para substituir, metafórica e literalmente, o sexo. Quanto a opção sexual, o nome já diz tudo: trata-se de uma opção, uma questão privada, pertencente unicamente à esfera particular. Como tal, deveria fazer tanta diferença quanto gostar de manteiga ou de geléia no café da manhã. Pelo menos é assim que deveria ser.
 
Deveria, mas, infelizmente, cada vez mais se politiza essas questões. Aí está todo o escarcéu dos "militantes" gayzistas por causa de alguns comentários de um pastor evangélico, feitos no Twitter dois anos atrás, e interpretados - erradamente, diga-se - como "racistas" e "homofóbicos" para demonstrar que, no Brasil de hoje, a estupidez virou regra. No país da indignação seletiva, uma alusão bíblica (ainda por cima, equivocada) em uma rede social é motivo para uma insurreição para expulsar o autor das frases da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Em seu lugar, deveria entrar um parlamentar realmente comprometido com a causa dos direitos humanos e das minorias, como o deputado-BBB Jean Wyllys, cujo partido, o PSOL, defende uma ditadura, a dos Castro em Cuba, e tem um terrorista, o italiano Achille Lollo, como um de seus fundadores... Mas isso não causa escândalo, nem gera atos de repúdio, assim como não causa nem um muxoxo a gastança de Dilma e da companheirada no Vaticano, ou o fato de outras comissões do Congresso, como a de Constituição e Justiça (de Justiça!) e a de Ética (de Ética!), serem integradas, respectivamente, por mensaleiros condenados como José Genoíno e João Paulo Cunha e por aliados de Renan Calheiros.  Tampouco leva às ruas o silêncio indecoroso de Lula da Silva, que já dura mais de 120 dias, sobre as relações nada decorosas de sua "amiga íntima" com o poder. Indignar-se com isso é coisa de moralistas de classe média, decretaram os monopolistas do bom, do belo e do justo...  
 
Se tem uma coisa que a fúria dos gayzistas e simpatizantes contra o pastor Marco Feliciano deixou clara como água benta é que a intolerância mudou de lado e que, definitivamente, "militantes" não sabem o que é democracia. Sim, o deputado Marco Feliciano não é a pessoa mais apropriada para presidir a CDH. Sim, as idéias dele são boçais. Sim, ele explora os fiéis de sua igreja. Tenho, aliás, um motivo a mais para querer vê-lo longe da comissão, pois ele foi para lá conduzido por um conchavo do PT com o PSC (o que mostra, pela enésima vez, que os petistas apenas usam as minorias para alcançar seus objetivos políticos, descartando-as quando deixam de ser politicamente convenientes). Tudo isso é certo. Mas não, senhores. Marco Feliciano não é "racista", muito menos "homofóbico" - é idiota, apenas. Quem tiver curiosidade que dê uma olhada no que ele escreveu no Twitter e veja por si mesmo. Dizer "africanos (e não "negros" ou "afrodescendentes") descendem de um ancestral amaldiçoado de Noé" não é racismo: é ignorância, inclusive religiosa. É algo lamentável, ainda mais se tratando de um deputado federal, e se dependesse de meu voto ele não estaria no Congresso, em primeiro lugar. Mas onde está escrito, em que Lei, em que artigo da Constituição, que é crime ser tolo e escrever bobagens no Twitter? (E o vídeo em que ele pede dinheiro dos fiéis?, perguntaria alguém. Respondo lembrando que tal prática não difere no essencial de outros dízimos que existem por aí - o PT que o diga.) 
 
É essa a questão, e que passou despercebida entre tantos abaixo-assinados e atos de repúdio organizados pelo Facebook. Estão linchando um deputado por declarações obscuras no Twitter. E estão usando táticas de quem não dá a mínima para coisas como democracia e direitos humanos. Há alguns dias, um grupo de "militantes" tumultou a sessão da CDH presidida pelo deputado na base do berro e da violência. Criaram, assim, um precedente perigoso, com o apoio e a cumplicidade da maior parte da grande mídia: de agora em diante, qualquer baderneiro poderá interromper a seu bel-prazer uma sessão da Câmara, se não concordar com o que lá se diz. Agiram, assim, como os trogloditas que tentaram calar, também na base do berro e da agressão física, a blogueira dissidente cubana Yoani Sánchez quando da visita desta ao Brasil, no mês passado. "Ah mas foi em nome do bem"... Os gorilas fascistóides que vaiaram e ameaçaram Yoani pensam da mesma maneira.
 
Ainda que Marco Feliciano fosse racista e, vá lá, "homofóbico", a indignação contra ele teria um indisfarçável odor de hipocrisia e de duplo padrão ideológico e moral. Francamente, não vejo diferença nenhuma entre um religioso que faz declarações racistas ou machistas contra negros, mulheres e homossexuais e um militante gay ou feminista que, em nome da tolerância, quer impor sua agenda política à sociedade, às custas da pluralidade. Não vejo diferença entre quem ofende minorias e quem invade igrejas pelado tentando perturbar a missa. Ambos são, para mim, fundamentalmente intolerantes. Os últimos são até mais, pois contam com o apoio da maior parte da imprensa e com um discurso hegemônico desonesto construído durante décadas. Este discurso se baseia na auto-vitimização e na demonização de quem pensa diferente, a ponto de tolher qualquer debate.

Uma coisa é alguém incitar a violência física contra negros, mulheres, gays etc. Isso é crime, e ponto final. Outra coisa, muitíssimo diferente, é simplesmente manifestar uma crença religiosa, ainda que erradamente. Por mais absurda que pareça uma religião, este ateu que vos escreve defenderá até o fim o direito – e é um direito! – de padres, pastores, rabinos e mulás praticarem seu credo como bem entenderem, desde que não avancem sobre os direitos dos outros (o que está na Lei, não no programa de nenhum partido ou “movimento”). Concordando-se ou não com o que dizem, é um direito deles citar a Biblia, o Talmude ou o Corão, assim como é um direito de gays e lésbicas fazer o que quiserem em suas vidas privadas sem serem importunados. E esses direitos fundamentais de ambas as partes, ao contrário do que dizem muitos militantes, já existem! Felizmente, Estado e religião são, pela Lei, coisas distintas e separadas no Brasil, assim como deve ser o Estado de qualquer “movimento” (assim, pelo menos, espero).

Hoje, no Brasil, quem quer que ouse criticar qualquer demanda do movimento gay, ainda que timidamente, é imediatamente rotulado como “homofóbico”, ainda que ninguém – repito: ninguém – saiba definir exatamente o que seria “homofobia”. Mesmo (ainda) sem Lei alguma que estabeleça o que seria isso, já se pretende impedir que pessoas se manifestem livremente sobre o assunto, pois não estariam fazendo isso de acordo com a cartilha “politicamente correta”. A pretexto de coisas como “tipificar o crime de ódio” (francamente, é possível tipificar um sentimento?), o que me parece cada vez mais claro é que se quer separar os cidadãos em categorias com mais e menos direitos. Isso significa acabar, na prática, com a igualdade jurídica. Pior: instituir o delito de opinião. E delito de opinião, meus caros, só existe em ditaduras. E todas as ditaduras são essencialmente más – seja uma ditadura teocrática, seja uma ditadura gay.

Tentar excluir de uma comissão de Direitos Humanos um membro por ser pastor, ou por ter crenças consideradas absurdas, é uma atitude tão intolerante quanto querer obrigar todos a rezarem a Bíblia toda manhã. Se o caso pertence à esfera criminal, não há o que discutir, mas, se é devido à uma opinião considerada "politicamente incorreta", não há como negar o viés ideológico da exclusão. Ninguém está obrigado, por Lei, a não ter preconceitos, tampouco a gostar de quem quer que seja. Até porque, se for para excluir deputados de comissões por suas crenças absurdas, não sobraria um deputado ou senador do PCdoB ou do PSOL no Congresso.


Às vezes é preciso repetir o óbvio: todos são iguais perante a Lei. Esta não distingue entre quem é e quem não é crente, ateu, branco, negro, mulato, índio, hétero, homo, bi ou assexuado. É por esse motivo que a Justiça é representada com uma venda nos olhos: ela é cega para essas questões. Espero que continue a ser.


Sim, Marco Feliciano não me representa. Mas quem disse que gente como Jean Wyllys representa o lado da tolerância e da democracia?

domingo, fevereiro 17, 2013

O FASCISMO GAYZISTA EM AÇÃO

 
Vejam que coincidência. Eu estava prestes a começar a escrever um texto sobre intolerância na internet e um sujeito, que se assina como "Tiago Calazans", resolveu confirmar de antemão minha tese de que os sindicalistas do gayzismo - essa ideologia "politicamente correta" - são mesmo um bando de fascistas, que não estão nem aí para a liberdade. O rapaz, que deve ser um desses militantes que não vêem problema algum em tentar calar a boca de religiosos e em impor a censura em nome da "liberdade" de gays e lésbicas, como se estes fossem uma categoria especial de cidadãos, acima da sociedade, deixou um, digamos, comentário sobre meu texto DE GAYS, CABRAS E ASNOS que apenas justifica, em cada letra, o que está lá escrito. Bastou eu contestar, com fatos e argumentos, um texto do deputado-BBB Jean Wyllys para que eu recebesse os seguintes qualificativos:

Você é um nazi-fascista,
coitada das mentes despreparadas que entraram no seu blog e lêm a descrição que a priori parece ser libertária, ridiculo.
Viva a nova esquerda!
nota:
pesquise sobre a nova esquerda no wikipedia.
seu asno.
funde uma página dedicada ao jovem, e ponha o nome juventude hitlerista.

Normalmente eu nem me daria ao trabalho de responder a uma criatura que já na primeira linha apenas comprova a Lei de Godwin - aquela que diz que, mais cedo ou mais tarde, alguém sacará os adjetivos "fascista" ou "nazista" num debate, a fim de desqualificar o oponente, ocultando a própria falta de argumentos.  Ainda mais numa mensagem em que a estupidez aparece ao lado do desrespeito à concordância nominal ("coitada [sic] das mentes despreparadas" etc.). Chamar de asinina a mente de onde saíram tais impropérios seria uma injustiça para com as alimárias. Mas abro uma exceção e comento, pois o caso tem um valor, digamos, pedagógico.
 
Comecemos pelo adjetivo - "nazi-fascista". Sabe por que, caro leitor, fui brindado com epíteto tão infamante? Porque ousei dizer - vejam que coisa! - que aquilo que é feito por duas ou mais pessoas debaixo dos lençóis não deve ser considerado critério para garantir-lhes (ou retirar-lhes) direitos ou deveres. Porque  disse  que - olhem que absurdo! - todos são iguais perante a Lei num Estado de Direito Democrático, e assim deve ser. E fiz isso citando o próprio Jean Wyllys, que no texto mencionado se afasta diversas vezes do bom senso e da lógica, inclusive com estatísticas falsas sobre um totalmente inexistente "holocausto gay" no Brasil, talvez o país menos homofóbico do mundo. Está tudo lá, quem quiser tirar a prova que leia meu texto, cujo link está aí em cima.
 
Pois é, por dizer tais coisas, que deveriam ser óbvias até para uma criança de seis anos de idade, fui tachado de simpatizante de Hitler e Mussolini. Logo de Hitler, que tinha entre seus mais ferozes apoiadores as tropas de assalto da SA, formadas por notórios homossexuais (ele mesmo, o Führer, segundo alguns historiadores, também seria homossexual). E isso porque defendo a igualdade jurídica e a liberdade de expressão, inclusive a liberdade religiosa, que tanto parece incomodar os militantes gayzistas. Assim como também incomodava Hitler e Mussolini (e Stálin). Enfim, todos os totalitários.
 
Sem falar que o rapaz deve ter errado de blog, pois em minha descrição não há nada que possa sugerir alguma inclinação "libertária" de minha parte. Pelo contrário, lá eu me defino como um liberal-conservador, algo bem diferente. Mas certamente discernir uma coisa da outra está além da capacidade intelectual de quem ignora a diferença entre democracia e nazi-fascismo... Não por acaso, o dito-cujo ainda proclama vivas à nova esquerda (que ele conhece da Wikipédia, certamente sua maior fonte de pesquisa...). Nesse caso, talvez fosse interessante para clarear as idéias do rapaz  que ele desse uma olhada no livro Fascismo de Esquerda, de Jonah Goldberg, que eu recomendo e cujo título já diz tudo. Quem sabe ele aprende alguma coisa.
 
Paro por aqui. Discutir tal assunto com um membro da juventude hitlerista-gayzista é algo que me dá náuseas. Ainda estou à procura de algum militante da "causa" gay intelectualmente honesto e que, diante de quem pensa diferente, não se comporte como um veadinho histérico e afetado, infenso ao debate. A se julgar por reações idiotas como a do leitor acima, porém, tal objetivo parece improvável. A intolerância mudou de lado.      

quinta-feira, novembro 22, 2012

EM DEFESA DO ÓBVIO

O Brasil - eu quase escrevi: o mundo (ainda não perdi totalmente a esperança...) - está se tornando um lugar em que afirmar o óbvio está cada vez mais difícil. E isso por culpa de "movimentos" (faço questão das aspas) que, em nome de "causas" as mais díspares - e disparatadas - querem porque querem convencer a todos que dois mais dois são cinco, como no célebre livro de Orwell.
 
Em que consiste a tática dos politicamente corretos, herdeiros diretos ou indiretos da velha "linha justa" dos partidos comunistas? Eis alguns exemplos.
 
- Fulano defende o direito de Israel se defender dos ataques terroristas do Hamas e condena o uso por este de civis palestinos, inclusive crianças, como escudos humanos (o que traz sempre dividendos propagandísticos contra Israel)? É um "sionista fanático, racista, imperialista e genocida".
 
- Quer ver os mensaleiros respondendo por seus crimes na cadeia? É um membro da "elite golpista", defensora de um "moralismo udenista de classe média".
 
- Considera o culto da ignorância promovido pelo lulopetismo uma ofensa aos pobres que estudam? É um "preconceituoso" e "elitista".
 
- É contrário ao sistema de cotas raciais no serviço público, pois se trata da oficialização do racismo (pior: num país de mestiços), e tem dúvidas quanto à sinceridade de Barack Obama no tocante à sua nacionalidade? É um "racista" e "teórico da conspiração".
 
- Não se deixa levar pelo discurso ensaiado e baseado em desinformação de celebridades televisivas contra a construção de uma usina hidrelétrica, sem a qual o país corre o risco de ficar às escuras? É um "inimigo da natureza" e defensor dos "interesses ruralistas".  
  
- É contra o desarmamentismo e a "descriminalização" da maconha, e defende leis mais severas para punir a criminalidade, como a redução da maioridade penal para 16 anos? É um "fascista".
 
- Considera revanchismo a idéia de rever a Lei de Anistia de 1979 para punir apenas um dos lados do conflito ideológico dos anos do regime militar, lembrando que a esquerda armada praticou terrorismo e assassinatos? É um "defensor da ditadura", "favorável a torturadores" etc. 
 
- Quer saber a verdadeira opinião de Dilma Rousseff sobre questões como o kit-gay e o aborto? É um representante da "direita medieval" etc. etc.
 
E, finalmente:
 
- Acredita que 1) aquilo que se faz na cama é um assunto estritamente privado; 2) preferências sexuais não devem ser fonte de direitos (nem de deveres); 3)criminalizar a "homofobia" é um disparate que levaria inexoravelmente à institucionalização da censura; 4) o Brasil está longe de ser um matadouro de homossexuais; e 5) nenhum comportamento humano está acima de crítica ou de chacota? Então só pode ser um "homofóbico", "preconceituoso" e inimigo da liberdade e da diversidade sexual etc. etc. etc. - ou seja: um leitor da VEJA (a "mídia golpista").
 
Qualquer pessoa ainda não lobotomizada pela propaganda esquerdopata e "politicamente correta" não terá dificuldade alguma em perceber que as conclusões acima são uma grossa empulhação, uma tremenda impostura decorrente da mais despudorada desonestidade intelectual. É algo facilmente notado por qualquer pessoa razoavelmente dotada de inteligência. Menos, claro, se você for um militante.

O leitor razoavelmente informado e perspicaz também já deve ter percebido do quê estou falando. Há dias, um artigo do colunista da VEJA J.R. Guzzo é motivo de revolta entre os militantes gays (que eu prefiro chamar de gayzistas) e seus simpatizantes. Estes inundaram as redes sociais de comentários indignados, supostamente por causa de uma alusão a cabras que os deixou particularmente ofendidos. Alusão esta que não passou disso: uma alusão, referente ao fato de que o casamento, em nossa sociedade, não é um direito ilimitado, daí a idéia do "casamento gay" não ser algo assim tão simples - assim como a união matrimonial entre um homem (ou mulher) e uma cabra (ou um bode). Aliás, ninguém é obrigado por lei a gostar de gays, de cabras ou de espinafre, é?
 
Em texto meu anterior, fiz questão de rebater ponto a ponto os "argumentos" utilizados por um conhecido porta-voz político-artístico do "movimento" gayzista que, para tentar desqualificar o texto de Guzzo, demonstrou claramente não ter entendido o que leu (se é que leu). E tentei deixar claro - acredito que consegui fazê-lo - que o que mexeu com os brios do pessoal LGBT (ainda é assim que se chamam?) não tem nada a ver com cabras e espinafres: foram simplesmente os fatos citados acima, que Guzzo menciona em seu texto. Principalmente dois fatos que ainda esperam ser contestados: que os gays não são uma classe especial e diferente de cidadãos e que a propaganda gayzista, ao insistir na idéia contrária, acaba confirmando a Lei das Consequências Indesejadas, segundo a qual o resultado de uma luta - nesse caso, por "igualdade" - termina sendo, paradoxalmente, o seu inverso (o mesmo pode ser dito das cotas raciais, que, a pretexto de combater a discriminição racial, acabaram oficializando-a).  Assim, o "movimento" gayzista acaba conspirando contra os próprios homossexuais (que não são todos militantes da "causa", é bom que se diga). 
 
Como eu disse, já escrevi sobre o tema, e não pretendo me repetir. Vou apenas acrescentar um dado que julgo relevante. Trata-se da definição da assim chamada "homofobia", cuja criminalização é uma das principais bandeiras do "movimento" gayzista. Assim como J.R. Guzzo, tenho sérias dúvidas sobre o que viria a ser essa tal "homofobia" de que tanto falam. E, assim como o colunista da VEJA, não consigo ver nenhum sentido em criminalizar algo que não se sabe exatamente o que é e que ninguém - repito: ninguém - até agora definiu com clareza. "Homofobia" é, para dizer o mínimo, algo extremamente vago. Ao contrário, por exemplo, de "Matar alguém" ou de "Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso" (Artigo 208 do Código Penal Brasileiro; pena: detenção, de 1 mês a 1 ano, ou multa) - algo que costuma ocorrer, diga-se, nas paradas gay em várias capitais. Nesse caso, trata-se de um crime claramente tipificado pelas leis do país. Mas, "homofobia"? O que raios é "homofobia"? Citar uma passagem da Bíblia (ou do Corão) que condena a prática homossexual? Mas proibir tal coisa, concordando-se ou não com o trecho assinalado, é claramente um atentado à liberdade religiosa, um dos pilares da democracia. O que resta, então?  Uma piada de bar, talvez? É, sobra essa alternativa. Nesse caso, o que vai a seguir teria de ser proibido:
 
 
Pode-se considerar uma piada de mau gosto, ou discordar de um ponto de vista. Mas pode-se, sob qualquer pretexto, tentar censurá-los em um estado de direito democrático? De qualquer maneira, o que se estaria criminalizando é nada mais, nada menos, do que uma opinião. E delito de opinião só existe em ditaduras. Preciso ser mais claro?
 
Em outras palavras, é o seguinte: para que a tal "homofobia" seja transformada em crime, como pretendem os militantes gayzistas, a liberdade de expressão e de opinião - inclusive a liberdade de contar uma simples piada de bichinha - teria que ir para as cucuias. Isso significaria que todos teriam de ser obrigados a gostar, por lei, de gays. Ou de cabras e de espinafre.
 
Essa é a questão que está por trás (no bem sentido, claro...) de toda a onda de revolta e de indignação dos gayzistas contra o artigo da VEJA. Todo o resto - revolta por ser comparado a uma cabra, por exemplo - não passa de faniquito de viadinhos afetados e nervosinhos. Coisa de boiola.
 
Quando o debate está de antemão tolhido pelo discurso militante, que demoniza o antagonista em vez de analisar os fatos com honestidade, quem perde é a inteligência. Os militantes de "movimentos" como o LGBT se especializaram em satanizar seus críticos, cobrindo-os de injúrias de todos os tipos quando se dizem, eles mesmos, vítimas de injúria. Com essa tática desonesta, procuram desviar a atenção de fatos que lhes são incômodos, por destoarem frontalmente de seu discurso vitimista, fugindo do debate e colocando-se, assim, acima de qualquer crítica. A se julgar pela repercussão negativa do artigo da VEJA, a tática funciona.  

quinta-feira, novembro 15, 2012

DE GAYS, CABRAS E ASNOS


Causou furor esta semana um artigo de J.R. Guzzo publicado na revista VEJA, tão acusada de "reacionarismo" pela turma que adora dizer que não a lê (mas se enche de raiva e indignação mesmo assim, vai entender...). O pessoal da esquerda-caviar, defensora do "controle social da mídia" (o que não incluiria, certamente, os telejornais da Record e a chapa-branca Carta Capital), e em particular os defensores da chamada "causa gay", rodaram a baiana e ameaçaram fazer um grande auto-de-fé com o articulista por causa do texto "Parada gay, cabra e espinafre".
 .
Pois bem. Eu estava quase achando graça nas piadas com referências a cabras e à VEJA que vi no Facebook e em outras redes sociais quando, ao clicar em um link, deparei-me com um artigo do ex-BBB e deputado federal (não necessariamente nesta ordem) Jean Wyllys (PSOL-RJ). Ao lê-lo, ficou claro para mim que grande parte da raiva dos gays e cia. com o artigo de Guzzo decorreu do fato de que simplesmente se abstiveram de ler o mencionado artigo ou, se o leram, não entenderam patavina, ou não quiseram entender, o que não me surpreenderia. E me deu vontade de aplaudir o texto de Guzzo.
 .
Antes, porém, de começar a análise do que seria a réplica do deputado-celebridade, devo começar afirmando que uma das coisas mais funestas hoje em dia - tão funesta quanto as tentativas dos petistas de justificar ou negar o mensalão, por exemplo - é a politização (ou, melhor dizendo: a ideologização) da vida privada. O que se faz entre quatro paredes, desde que não envolva menores de idade, violência não-consensual ou animais, deveria ficar entre quatro paredes, é o que diz o bom senso. Trata-se de assunto que é, ou deveria ser, estritamente privado, pertencente unicamente à esfera particular, e não política. Pelo mesmo motivo, é absurdo querer que preferências sexuais sejam fonte de direitos ou deveres. Acho que isso é mais ou menos óbvio para qualquer pessoa civilizada, não?
 .
Mas vamos ao texto de Jean Wyllys. Logo no início, lê-se uma clara demonstração de intolerância por parte de um autoproclamado paladino da tolerância, quando este, dizendo haver prometido não responder à coluna do ex-diretor de redação da VEJA "para não ampliar a voz dos imbecis", afirma que o texto deste "trata sobre [sic] o relacionamento dele com uma cabra e sua rejeição ao espinafre, e usa esses exemplos de sua vida pessoal como desculpa para injuriar os homossexuais", sendo, assim, um "monumento à ignorância, ao mau gosto e ao preconceito". Fecha aspas.
 .
Quem quer que tenha passado os olhos sobre o artigo de Guzzo  (a íntegra vai ao final deste texto) não terá dificuldade em perceber que Jean Wyllys torce o sentido do artigo para fazer um ataque pessoal ao colunista, de baixo nível e - ironicamente - de péssimo gosto. Ao usar os pronomes "dele" e "sua", bem como a expressão "de sua vida pessoal" (de J.R.Guzzo), Jean Wyllys insinua - pior: afirma taxativamente - que o colunista teria tido um "relacionamento" com um espécime caprino. Pode-se ver no trecho destacado acima uma clara ofensa pessoal, que pode ser interpretada como injúria, crime passível de punição pelo Código Penal.
 .
Em seguida, Jean Wyllys, tomado de furor semântico (o policiamento da linguagem é outra característica desse pessoal), envereda por uma discussão meio acadêmica sobre os termos "homossexualismo" e "estilo de vida gay", que seriam, segundo ele, equivocados, sendo o correto falar em "homossexualidade" (homossexualismo traduziria uma tendência ideológica ou política). Não seria, tampouco, uma opção, pois "ninguém escolhe ser homo, hétero ou bi"  e "a orientação sexual é constitutiva da subjetividade de cada um/a e que esta não muda (Gosta-se de homem ou de mulher desde sempre e se continua gostando)" etc.
 .
Deixando de lado a questão de qual seria o termo correto segundo Jean Wyllys, o "movimento" LGBT, a ONU ou a ABNT, acho estranho esse ponto, porque são os gays os primeiros a se reivindicarem de um "movimento" (o próprio Jean Wyllys é um representante desse "movimento", como não cansa de dizer). E movimento, seja qual for, não existe sem uma ideologia que o alimente e impulsione, sem um "ismo". Fala-se em feminismo, por exemplo, e ninguém parece se indignar com a expressão. No caso aqui analisado, há claramente uma ideologia, o homossexualismo. Ou, melhor dizendo, o gayzismo, apologista da opção (ou do estilo de vida, sei lá eu) gay ou LGBT.
 .
Quanto a ser ou não uma opção, há registros de gays que, voluntariamente, decidiram tornar-se héteros (e vice-versa). Há alguns dias, inclusive, chamou a atenção o caso de um adolescente na Grã-Bretanha que, arrependido de ter feito uma operação de mudança de sexo, queria reverter - inutilmente, pelo visto - a cirurgia para voltar a ser menino... E assim como há libélulas que decidem, voluntariamente, deixar de ser gays há machões que, um belo e florido dia, resolvem sair do armário (os militantes gays, aliás, adoram citar casos assim, e os exibem como se fossem troféus). Longe de mim querer competir com autoridades no assunto como o deputado Jean Wyllys, mas fatos são fatos, não?
 .
Enfim, se o gayzismo não existe, e não é uma ideologia, uma opção de vida ou de pensamento da qual se pode fazer proselitismo, o que seria, então? Talvez o nobre deputado Jean Wyllys tenha a resposta.
 .
Jean Wyllys prossegue, dizendo que "esse deslize lógico só não é mais constrangedor do que sua [de J.R. Guzzo] afirmação de que não se pode falar em comunidade gay e que o movimento gay não existe porque os homossexuais são distintos. E o movimento negro? E o movimento de mulheres? Todos os negros e todas as mulheres são iguais, fabricados em série?"
.
Ao que parece, para o senhor Jean Wyllys, negros e mulheres podem não ser fabricados em série, mas gays, sim. A associação do "movimento gay" com outros movimentos é um truque retórico e um primor de desonestidade. Faz parte do discurso da vitimização gayzista, que pinta os gays como uma minoria oprimida ou à beira da extinção violenta (já chego lá). Mas tudo bem, empreguemos o raciocínio do ilustre deputado. Sim, o mesmo vale para os demais movimentos. E isso porque, como falar em "movimentos" ou "comunidades" baseadas em raça ou em sexo se todos são, na verdade, INDIVÍDUOS?
.
Pelo visto é isso - a existência do indivíduo, em toda a sua complexidade - o que mais incomoda o distinto legislador. Ele não vê os gays como seres individuais, com interesses e opiniões políticas diversas (inclusive, anti-gayzistas, pois nem todos os gays pactuam do credo LGBT), mas como membros de um "coletivo", uma "comunidade". Para ele, é inconcebível que haja homossexuais que não sejam militantes, que preferem, em vez de agitar bandeiras, simplesmente ser deixados em paz para viver suas vidas da maneira que escolherem (a maioria, creio). Com isso, ele parece esquecer do elemento fundamental constitutivo da subjetividade humana, preferindo enquadrá-la num rótulo, o do "movimento gay". Também pudera: afinal, ele foi eleito com essa bandeira e essa agenda política. Sem isso, sem essa "causa", ele simplesmente não existe. (A propósito: há uma comunidade ou um movimento heterossexual?) É isso que o colunista da VEJA certamente quis dizer quando escreveu que "A tendência [dos militantes gays] a olharem para si mesmos como uma classe à parte, na verdade, vai na direção exatamente contrária à sua principal aspiração – a de serem cidadãos idênticos a todos os demais."
.
Jean Wyllys diz não negar que a "comunidade LGBT" seja composta de indivíduos que são diferentes entre si etc., mas acaba sempre voltando ao ponto de partida: os membros dessa "comunidade" partilhariam "um sentimento de pertencer a um grupo cuja base de identificação é ser vítima da injúria, da difamação e da negação de direitos!" (com ponto de exclamação e tudo). Muito bem. Se a base de identificação da tal "comunidade LGBT" é "ser vítima de injúria, difamação e negação de direitos", então estamos diante de um critério que se caracteriza pela extrema elasticidade. Todos os seres humanos, sejam gays, héteros, brancos, negros, índios ou torcedores do Íbis Futebol Clube, podem dizer que já foram, um dia, vítimas de injúria e difamação e que tiveram algum direito seu negado (por exemplo, um branco que foi barrado no desfile do bloco de carnaval "só para negros" Ilê-Ayê da Bahia, ou um torcedor do Vasco que não pôde assistir a um jogo de seu time junto à torcida adversária). São apenas alguns exemplos. Qualquer pessoa poderia se dizer pertencente a essa imensa comunidade, que seria a mais numerosa do mundo. E, a partir daí, "agir politicamente em nome do coletivo", como diz Jean Wyllys. Mas que coletivo? Mais uma vez: ser gay ou lésbica é fazer parte de um coletivo? Mas isso não é - deveria ser, pelo menos - um assunto privado, de cunho pessoal?
.
Tamanha é a vontade de Jean Wyllys de ser o porta-voz de uma "comunidade" que só existe em sua ideologia estapafúrdia que ele chega a comparar o "movimento gay" com o movimento negro, o qual, assim como aquele, estaria baseado no "sentimento de pertença" - no caso, "preconceitos a serem derrubados, injustiças e violências específicas contra as quais lutar e direitos a conquistar".  Sem querer entrar na questão de que falar em "movimento negro" no Brasil é uma construção ideológica (aí está o absurdo sistema racista de cotas para demonstrar), e que o conceito de "raça", biologicamente, é uma falácia (quem tem raça é cachorro, como escreveu João Ubaldo Ribeiro), pode-se dizer que igualar tais movimentos é uma ofensa à razão. Igualar "raça" à homossexualidade (ou heterossexualidade) como critério de existência de um "movimento" baseado no "sentimento de pertença" é algo bizarro, que beira o grotesco. Então basta que alguém se "sinta" negro ou gay para pertencer, automaticamente, ao "movimento" negro ou gay? Pode-se falar em "comunidade de sentimentos"? É algo romântico, sem dúvida, mas isso dá (ou retira) direitos a alguém?
.
Claro que o senhor Jean Wyllys, como político-artista (ou artista-político) que é, se esquiva dessas questões. E chega ao clímax da sonsice no seguinte trecho: "A luta do movimento LGBT pelo casamento civil igualitário é semelhante à que os negros tiveram que travar nos EUA para derrubar a interdição do casamento interracial, proibido até meados do século XX." Não lhe passa pela cabecinha que comparar o "casamento gay" (ou, em sua linguagem de palanque, "casamento civil igualitário") com a luta anti-racista pelo casamento interracial é um atentado ao bom senso. Primeiro, porque a proibição do casamento interracial, assim como o próprio apartheid, sendo o conceito de "raça" uma invenção ideológica, foi derrubada por ser absurda em termos políticos, sociais e biológicos. Não há homens e mulheres "brancos" ou "negros", mas, simplesmente, homens e mulheres. Que relação existe entre essa conquista (e outras, como o voto feminino) e o "casamento gay"? Nenhuma, claro
.
O deputado gayzista diz ainda: "Afirma o colunista de Veja que nós os e as homossexuais queremos “ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, merecedora de mais e mais direitos”, e pouco depois ele coloca como exemplo a luta pelo casamento civil igualitário. Ora, quando nós, gays e lésbicas, lutamos pelo direito ao casamento civil, o que estamos reclamando é, justamente, não sermos mais tratados como uma categoria diferente de cidadãos, mas igual aos outros cidadãos e cidadãs, com os mesmos direitos, nem mais nem menos. É tão simples!
.
Não, senhor Jean Wyllys, não é tão simples. E digo por quê.
.
Primeiro, a criação de uma figura jurídica chamada "casamento civil igualitário" entre dois homens ou duas mulheres não se inscreve no rol daquilo que se poderia chamar de "direitos iguais". Simplesmente porque direitos iguais (como o de herança, por exemplo), já são assegurados pela lei brasileira a casais do mesmo sexo, como explica J.R.Guzzo no texto. Sem falar que o direito ao casamento, mesmo para os héteros, está longe de ser um direito ilimitado: não se pode casar, por exemplo, com menores de idade sem o consentimento dos pais, ou com mais de uma pessoa (bigamia é crime no Brasil), ou com uma irmã, ou com a própria mãe, como também afirma Guzzo.  E essa é, goste-se ou não, a forma como a família está estruturada em nossa sociedade. Cabe ao Estado reconhecer e proteger isso, e não impor à sociedade uma forma de organização familiar, qualquer que seja esta. A lei não pode (nem deve) ser modificada para satisfazer a agenda política de um "movimento", ainda mais um cujo critério de existência é tão subjetivo. Foi isso que J.R. Guzzo quis dizer ao citar o exemplo da cabra, que tão indignados deixou os militantes gayzistas e seus simpatizantes.
.
Mas o mais importante: ao negar o fato de que os militantes gays querem ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, com mais direitos do que os demais, Jean Wyllys, coerente com seu papel de militante político, falta com a verdade. Basta ver o exemplo, também citado por Guzzo e ignorado por Jean Wyllys, da criminalização da chamada "homofobia". O que seria isso? Jean Wyllys não esclarece. E DUVIDO que ele venha dar uma definição precisa e acima de qualquer dúvida. Apesar disso, como lembra Guzzo em seu texto - e Jean Wyllys não refuta esse ponto - qualquer artigo de imprensa que critique o "movimento gay" será imediatamente tachado de "homofóbico" (o próprio artigo de VEJA é uma prova de que isso é verdade). E isso mesmo sem lei nenhuma que defina o que seria a tal "homofobia"...    
.
O máximo de argumentação a que chega o deputado Jean Wyllys é o parágrafo seguinte: "Guzzo também argumenta que “se alguém diz que não gosta de gays, ou algo parecido, não está praticando crime algum – a lei, afinal, não obriga nenhum cidadão a gostar de homossexuais, ou de espinafre, ou de seja lá o que for”. Bom, nós, os gays e lésbicas, somos como o espinafre ou como as cabras. Esse é o nível do debate que a Veja propõe aos seus leitores." Jean Wyllys não quer ser comparado a uma cabra ou a um espinafre. Está no seu direito ao pensar assim. Mas incorre em sério atentado à lógica e ao bom senso ao distorcer o que diz um texto para fugir às questões por ele colocadas. A questão é: pode-se obrigar alguém, por lei, a gostar de gays, ou de cabras, ou de espinafres? 
.
O próprio Jean Wyllys, tentando responder essa pergunta, acaba caindo numa contradição: "Não, senhor Guzzo, a lei não pode obrigar ninguém a “gostar” de gays, lésbicas, negros, judeus, nordestinos, travestis, imigrantes ou cristãos. E ninguém propõe que essa obrigação exista."  Mais uma vez: será mesmo, senhor Jean Wyllys? Tem certeza? E a criminalização da "homofobia", não é um passo - um passo enorme, aliás - no sentido de impor essa obrigação?
.
E, mais adiante: "Pode-se gostar ou não gostar de quem quiser na sua intimidade (De cabra, inclusive, caro Guzzo, por mais estranho que seu gosto me pareça!). Mas não se pode injuriar, ofender, agredir, exercer violência, privar de direitos." Só se pode injuriar um colunista de revista insinuando que ele teria um gosto caprofílico... E de que agressão, violência e privação de direitos se está falando? Cito Guzzo: "Não há um único delito contra homossexuais que já não seja punido pela legislação penal existente hoje no Brasil". Pode-se dizer que isso é falso? Que agressão, física ou verbal, a um homossexual não está prevista e criminalizada nas leis já existentes? Aliás, que agressão, fisica ou verbal, não é punida pela legislação atual, que protege indistintamente TODOS OS CIDADÃOS, independentemente de cor, sexo, religião etc.? (Mas, para as "lideranças" LGBT como o deputado Jean Wyllys, isso não é suficiente...).
.
Mas o ápice da desonestidade Jean Wyllys deixou para o final. Ao se referir à frequente alegação de um "holocausto" gay no Brasil, J.R. Guzzo lembrou números irrefutáveis (entre 250 e 300 homossexuais assassinados em 2010, em um universo de 50.000 homicídios por ano) para demonstrar o que é obvio: que o problema não é a violência contra os gays, mas a violência contra todos. Aí vem Jean Wyllys e diz o seguinte: "O que Guzzo não diz, de propósito (porque se trata de enganar os incautos), é que esses 300 homossexuais foram assassinados por sua orientação sexual!" E completa, não se esquecendo de acrescentar o ponto de exclamação: As estatísticas se referem aos LGBTs assassinados exclusivamente por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero!"  E aproveita para comparar a violência contra os gays com a violência racista etc. etc.
.
Repetindo: foram 250-300 mortos em um ano. Digamos que todos tenham sido assassinados "por sua orientação sexual" (ou seja: porque eram gays). Ainda assim, entre 50 mil homicídios, trata-se de um número irrisório, menos de 0,001% do total. Mas vou além, e pergunto ao deputado Jean Wyllys (e a quem se dispuser a responder): quantos, destes 250-300 mortos, foram realmente vítimas de crimes de ódio, ou seja, mortos por gente que odeia gays, simplesmente por serem gays? Quantos desses crimes não foram praticados também por gays? (Por exemplo: o michê que mata o cliente ou vice-versa, brigas entre casais homossexuais etc.) Acredito que crimes assim acontecem, não? Quem tem essa estatística?
.
Ninguém, claro. A afirmação de Jean Wyllys é mais uma tentativa de reforçar a impostura do "holocausto" homossexual no país que tem a maior parada gay do mundo. Ele irá sempre tentar distorcer números e estatísticas, tentando "adaptá-las" à sua teoria fabricada a priori. Como todo militante, se os fatos contrariam sua ideologia, pior para os fatos. E ele jamais vai admitir o óbvio: que não somos homofóbicos.  
.
No final de seu mal-costurado libelo, Jean Wyllys pergunta: "Qual seria a reação de todas e todos nós se Veja tivesse publicado uma coluna em que comparasse negros e negras com cabras e judeus com espinafre?" Não sei. Mas imagino como seria se fosse aprovada uma lei dando a um grupo de indivíduos mais direitos do que ao restante dos cidadãos, com base unicamente em um "sentimento de pertença" vagamente definido, e isso a pretexto da "igualdade". Haveria, no mínimo, uma revolução contra essa tentativa de golpe contra a democracia.  
.
Qualquer um que já ouviu o discurso de um porta-voz da causa gayzista provavelmente percebeu que se trata de pessoas ultra-sensíveis que, em sua maioria, vêem a si mesmas como paladinos de uma causa progressista, representantes de uma categoria à parte e especial da sociedade, a quem se deveria não garantir direitos comuns aos demais cidadãos - tais direitos já existem -, mas, na verdade, impor à sociedade uma visão de mundo, que pode ser chamada de ideológica. No caso, uma visão que se baseia tão-somente no que as pessoas fazem debaixo dos lençóis. E que, pela incapacidade de reconhecer o "outro" e de aceitar o pensamento discordante, em quase nada difere de outros movimentos de cunho totalitário, como os comunistas e os fascistas. Não por acaso, tal causa foi adotada por partidos de extrema-esquerda como o PSOL do deputado Jean Wyllys. Para quem acredita que socialismo e liberdade são compatíveis, impor as falácias gayzistas como ideologia oficial é café pequeno.
.
Quem crê ser tal coisa possível não deveria ser comparado a uma cabra. Se é para ficarmos nas comparações zoológicas, há outro tipo de animal que se encaixa melhor no perfil. Dica: tem quatro patas, orelhas grandes e zurra.
.
A seguir, o texto que deu origem à toda a celeuma.

---

Parada gay, cabra e espinafre

por J.R. Guzzo

Já deveria ter ficado para trás no Brasil a época em que ser homossexual era um problema. Não é mais o problema que era. com certeza, mas a verdade é que todo o esforço feito há anos para reduzir o homossexualismo a sua verdadeira natureza – uma questão estritamente pessoal – não vem tendo o sucesso esperado. Na vida política, e só para ficar num caso recente, a rejeição ao homossexualismo pela maioria do eleitorado continua sendo considerada um valor decisivo nas campanhas eleitorais. Ainda agora, na eleição municipal de São Paulo, houve muito ruído em torno do infeliz “kit gay” que o Ministério da Educação inventou e logo desinventou, tempos atrás, para sugerir aos estudantes que a atração afetiva por pessoas do mesmo sexo é a coisa mais natural do mundo. Não deu certo, no caso, porque o ex-ministro Fernando Haddad, o homem associado ao “kit”, acabou ganhando – assim como não tinha dado certo na eleição * anterior, quando a candidata Marta Suplicy (curiosamente, uma das campeãs da “causa gay” no país) fez insinuações agressivas quanto à masculinidade do seu adversário Gilberto Kassab e foi derrotada por ele. Mas aí é que está: apesar de sua aparente ineficácia como caça-votos, dizer que alguém é gay, ou apenas pró-gay. ainda é uma “acusação”. Pode equivaler a um insulto grave – e provocar uma denúncia por injúria, crime previsto no artigo 140 do Código Penal Brasileiro. Nos cultos religiosos, o homossexualismo continua sendo denunciado como infração gravíssima. Para a maioria das famílias brasileiras, ter filhos ou filhas gay é um desastre – não do tamanho que já foi, mas um drama do mesmo jeito.

Por que o empenho para eliminar a antipatia social em torno do homossexualismo rateia tanto assim? O mais provável é que esteja sendo aplicada aqui a Lei das Consequências Indesejadas, segundo a qual ações feitas em busca de um determinado objetivo podem produzir resultados que ninguém queria obter, nem imaginava que pudessem ser obtidos. É a velha história do Projeto Apollo. Foi feito para levar o homem à Lua; acabou levando à descoberta da frigideira Tefal. A Lei das Consequências Indesejadas pode ser do bem ou do mal. É do bem quando os tais resultados que ninguém esperava são coisas boas. como aconteceu no Projeto Apollo: o objetivo de colocar o homem na Lua foi alcançado – e ainda rendeu uma bela frigideira, além de conduzir a um monte de outras invenções provavelmente mais úteis que a própria viagem até lá. É do mal quando os efeitos não previstos são o contrário daquilo que se pretendia obter. No caso das atuais cruzadas em favor do estilo de vida gay, parece estar acontecendo mais o mal do que o bem. Em vez de gerar a paz, todo esse movimento ajuda a manter viva a animosidade: divide, quando deveria unir. O kit gay, por exemplo, pretendia ser um convite à harmonia – mas acabou ficando com toda a cara de ser um incentivo ao homossexualismo, e só gerou reprovação. O fato é que, de tanto insistirem que os homossexuais devem ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, merecedora de mais e mais direitos, ou como uma espécie ameaçada, a ser protegida por uma coleção cada vez maior de leis. os patronos da causa gay tropeçam frequentemente na lógica- e se afastam, com isso. do seu objetivo central.

O primeiro problema sério quando se fala em “comunidade gay”é que a “comunidade gay” não existe – e também não existem, em consequência, o “movimento gay” ou suas “lideranças”. Como o restante da humanidade, os homossexuais, antes de qualquer outra coisa, são indivíduos. Têm opiniões, valores e personalidades diferentes. Adotam posições opostas em política, religião ou questões éticas. Votam em candidatos que se opõem. Podem ser a favor ou contra a pena de morte, as pesquisas com células-tronco ou a legalização do suicídio assistido. Aprovam ou desaprovam greves, o voto obrigatório ou o novo Código Florestal – e por aí se vai. Então por que, sendo tão distintos entre si próprios, deveriam ser tratados como um bloco só? Na verdade, a única coisa que têm em comum são suas preferências sexuais – mas isso não é suficiente para transformá-los num conjunto isolado na sociedade, da mesma forma como não vem ao caso falar em “comunidade heterossexual” para agrupar os indivíduos que preferem se unir a pessoas do sexo oposto. A tendência a olharem para si mesmos como uma classe à parte, na verdade, vai na direção exatamente contrária à sua principal aspiração – a de serem cidadãos idênticos a todos os demais.

Outra tentativa de considerar os gays como um grupo de pessoas especiais é a postura de seus porta-vozes quanto ao problema da violência. Imaginam-se mais vitimados pelo crime do que o resto da população; já se ouviu falar em “holocausto” para descrever a sua situação. Pelos últimos números disponíveis, entre 250 e 300 homossexuais foram assassinados em 2010 no Brasil. Mas. num país onde se cometem 50 000 homicídios por ano, parece claro que o problema não é a violência contra os gays; é a violência contra todos. Os homossexuais são vítimas de arrastões em prédios de apartamentos, sofrem sequestros-relâmpago, são assaltados nas ruas e podem ser monos com um tiro na cabeça se fizerem o gesto errado na hora do assalto – exatamente como ocorre a cada dia com os heterossexuais; o drama real, para todos, está no fato de viverem no Brasil. E as agressões gratuitas praticadas contra gays? Não há o menor sinal de que a imensa maioria da população aprove, e muito menos cometa, esses crimes; são fruto exclusivo da ação de delinquentes, não da sociedade brasileira.

Não há proveito algum para os homossexuais, igualmente, na facilidade cada vez maior com que se utiliza a palavra “homofobia”; em vez de significar apenas a raiva maligna diante do homossexualismo, como deveria, passou a designar com frequência tudo o que não agrada a entidades ou militantes da “causa gay”. Ainda no mês de junho, na última Parada Gay de São Paulo, os organizadores disseram que “4 milhões” de pessoas tinham participado da marcha – já o instituto de pesquisas Datafolha, utilizando técnicas específicas para esse tipo de medição, apurou que o comparecimento real foi de 270000 manifestantes, e que apenas 65000 fizeram o percurso do começo ao fim. A Folha de S.Paulo, que publicou a informação, foi chamada de “homofóbica”. Alegou-se que o número verdadeiro não poderia ter sido divulgado, para não “estimular o preconceito”- mas com isso só se estimula a mentira. Qualquer artigo na imprensa que critique o homossexualismo é considerado “homofóbico”; insiste-se que sua publicação não deve ser protegida pela liberdade de expressão, pois “pregar o ódio é crime”. Mas se alguém diz que não gosta de gays, ou algo parecido, não está praticando crime algum – a lei. afinal, não obriga nenhum cidadão a gostar de homossexuais, ou de espinafre, ou de seja lá o que for. Na verdade, não obriga ninguém a gostar de ninguém; apenas exige que todos respeitem os direitos de todos.

Há mais prejuízo que lucro, também, nas campanhas contra preconceitos imaginários e por direitos duvidosos. Homossexuais se consideram discriminados, por exemplo, por não poder doar sangue. Mas a doação de sangue não é um direito ilimitado – também são proibidas de doar pessoas com mais de 65 anos ou que tenham uma história clínica de diabetes, hepatite ou cardiopatias. O mesmo acontece em relação ao casamento, um direito que tem limites muito claros. O primeiro deles é que o casamento, por lei, é a união entre um homem e uma mulher; não pode ser outra coisa. Pessoas do mesmo sexo podem viver livremente como casais, pelo tempo e nas condições que quiserem. Podem apresentar-se na sociedade como casados, celebrar bodas em público e manter uma vida matrimonial. Mas a sua ligação não é um casamento – não gera filhos, nem uma família, nem laços de parentesco. Há outros limites, bem óbvios. Um homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo; pode até ter uma relação estável com ela, mas não pode se casar. Não pode se casar com a própria mãe. ou com uma irmã. filha, ou neta, e vice-versa. Não poder se casar com uma menor de 16 anos sem autorização dos pais. e se fizer sexo com uma menor de 14 anos estará cometendo um crime. Ninguém, nem os gays, acha que qualquer proibição dessas é um preconceito. Que discriminação haveria contra eles. então, se o casamento tem restrições para todos? Argumenta-se que o casamento gay serviria para garantir direitos de herança – mas não parece claro como poderiam ser criadas garantias que já existem. Homossexuais podem perfeitamente doar em testamento 50% dos seus bens a quem quiserem. Tem de respeitar a “legítima”", que assegura a outra metade aos herdeiros naturais – mas essa obrigação é exatamente a mesma para qualquer cidadão brasileiro. Se não tiverem herdeiros protegidos pela “legítima”, poderão doar livremente 100% de seu patrimônio – ao parceiro, à Santa Casa de Misericórdia ou à Igreja do Evangelho Quadrangular. E daí?

A mais nociva de todas essas exigências, porém, é o esforço para transformar a “homofobia” em crime, conforme se discute atualmente no Congresso. Não há um único delito contra homossexuais que já não seja punido pela legislação penal existente hoje no Brasil. Como a invenção de um novo crime poderia aumentar a segurança dos gays, num país onde 90% dos homicídios nem sequer chegam a ser julgados? A “criminalização da homofobia”é uma postura primitiva do ponto de vista jurídico, aleijada na lógica e impossível de ser executada na prática. Um crime, antes de mais nada. tem de ser “tipificado” – ou seja, tem de ser descrito de forma absolutamente clara. Não existe “mais ou menos” no direito penal; ou se diz precisamente o que é um crime, ou não há crime. O artigo 121 do Código Penal, para citar um caso clássico, diz o que é um homicídio: “Matar alguém”. Como seria possível fazer algo parecido com a homofobia? Os principais defensores da “criminalização” já admitiram, por sinal, que pregar contra o homossexualismo nas igrejas não seria crime, para não baterem de frente com o princípio da liberdade religiosa. Dizem, apenas, que o delito estaria na promoção do “ódio”. Mas o que seria essa “”promoção”? E como descrever em lei, claramente, um sentimento como o ódio?

Os gays já percorreram um imenso caminho para se libertar da selvageria com que foram tratados durante séculos e obter, enfim, os mesmos direitos dos demais cidadãos. Na iluminadíssima Inglaterra de 1895, o escritor Oscar Wilde purgou dois anos de trabalhos forçados por ser homossexual; sua vida e sua carreira foram destruídas. Na França de 1963, o cantor e compositor Charles Trenet foi condenado a um ano de prisão, pelo mesmo motivo. Nada lhe valeu ser um dos maiores nomes da música popular francesa, autor de mais de 1 000 canções, muitas delas obras imortais como Douce France – uma espécie de segundo hino nacional de seu país. Wilde, Trenet e tantos outros foram homens de sorte – antes, na Europa do Renascimento, da cultura e da civilização, homossexuais iam direto para as fogueiras da Santa Madre Igreja. Essas barbaridades não foram eliminadas com paradas gay ou projetos de lei contra a homofobia, e sim pelo avanço natural das sociedades no caminho da liberdade. É por conta desse progresso que os homossexuais não precisam mais levar uma vida de terror, escondendo sua identidade para conseguir trabalho, prover o seu sustento e escapar às formas mais brutais de chantagem, discriminação e agressão. É por isso que se tomou possível aos gays, no Brasil e no mundo de hoje, realizar o que para muitos é a maior e mais legítima ambição: a de serem julgados por seus méritos individuais, seja qual for a atividade que exerçam, e não por suas opções em matéria de sexo.

Perder o essencial de vista, e iludir-se com o secundário, raramente é uma boa ideia.