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domingo, janeiro 20, 2013

A FALÁCIA DESARMAMENTISTA E A DEMAGOGIA OBÂMICA

Confesso que certos assuntos me dão uma preguiça... Por exemplo: Barack Obama. Não consigo pensar no ex-redentor da humanidade sem me ver invadido, subitamente, por uma sensação de tédio mortal e irresistível. Mas vamos lá, noblesse oblige, e queira eu ou não, somos obrigados a lidar com esse canastrão, como se os de cá já não fossem suficientes.

O ex-messias está atualmente em plena cruzada contra a segunda emenda da Constituição dos EUA, que garante ao cidadão o direito à posse e ao porte de armas de fogo. Está aproveitando o clima de emocionalismo criado após o assassinato covarde e brutal de 28 pessoas, entre as quais 20 crianças, cometido há um mês por um demente em Connecticut, para retomar a guerra santa contra o, dizem, "lobby pró-armas", o qual, a se julgar pelo noticiário, deve ser formado por um bando de mentes pervertidas que não dão a mínima para a morte de criancinhas num jardim de infância nas mãos de um louco homicida. Tudo em nome da sua, da nossa, da minha segurança, de um mundo de paz, amor e felicidade etc.

Como disse antes, para mim é impossível conter os bocejos diante de alguns personagens e de alguns temas, de tão monótonos que são. O desarmamentismo, que na Terra do Tio Sam atende pelo nome de gun control, é há décadas uma das causes célèbres da esquerda, lá representada pelo Partido Democrata (o partido de Kennedy e de Franklin Roosevelt, gostam de lembrar, ao mesmo tempo em que fazem questão de esquecer que Lincoln, por exemplo, era republicano). Assim como a palavra "petista" no Brasil é inseparável de coisas como "controle social da mídia", fale em democratas nos EUA e virá junto, inevitavelmente, a expressão gun control. Isso torna o assunto deveras previsível e entediante. Ainda mais se vem travestido de "debate" resultante do último acontecimento a gerar comoção na mídia. O que se chama de "debate" sobre o tema "controle de armas" nos EUA hoje - e podemos dizer o mesmo na Bananalândia - não passa de uma tentativa oportunista de manipular e ludibriar a opinião pública, apelando para o emocionalismo mais rasteiro: Obama fez questão de chorar lágrimas de marketing logo após o massacre das crianças (Nelson Rodrigues dizia que o choro verdadeiro assoa o nariz, e que limpar o canto do olho, como Obama fez, é coisa de fingidor). Não contente, o presidente que já era histórico antes mesmo de ser eleito agora age como um reles molestador infantil, usando descaradamente criancinhas para tentar convencer o distinto público de que o desarmamento amplo, geral e irrestrito é o caminho. Por trás de toda essa encenação, o que há não tem nada a ver com segurança, mas sim com um indisfarçável ímpeto liberticida.

Por que digo essas coisas tão terríveis? Por que, ao contrário da multidão, não me deixo levar pelo irracionalismo, nem me comovo com mises-en-scène políticas como a interpretada por Obama na questão das armas? Porque sou um reacionário, portanto um canalha da pior espécie, um inimigo da paz e da segurança, diria um devoto da seita obâmica. Porque o discurso obamista não corresponde aos fatos, dirá a realidade.

Senão, vejamos. A idéia por trás do discurso desarmamentista é extremamente simples. É a seguinte: armas matam; logo, se não houver armas, não haverá mortes. Portanto, deve-se retirar as armas de circulação, proibi-las, bani-las. Menos armas, menos crimes, é o que se está dizendo. Isso porque existiria uma relação causal insofismável entre a posse de um revólver ou de uma espingarda e a violência. Assim como existiria uma relação causal insofismável entre ter um carro na garagem e esborrachar-se, inevitavelmente, contra um poste. Foi essa a idéia-chave que tentaram nos vender em 2005, com o plebiscito sobre o desarmamento, que foi rejeitado por 64% dos eleitores. E é essa a base, o fundamento mesmo, da teoria do gun control

Aparentemente, estamos diante de uma verdade absoluta, uma lei cientificamente comprovada, tão certa quanto a lei da gravidade. Aparentemente. Porque, se o que está dito no parágrafo anterior fosse verdadeiro, seríamos obrigados a admitir que os números sobre armas e violência no mundo são completamente falsos.

Segundo a mais recente pesquisa feita pela ONU, existem atualmente, nos EUA, cerca de 270 milhões de armas de fogo em circulação, de todos os calibres. É mais do que uma arma para cada cidadão. No Brasil, o número de armas, sob uma legislação extremamente restritiva, é de 15 milhões (para uma população total que se aproxima de 200 milhões). Por esses números, a conclusão lógica seria que os EUA são um verdadeito matadouro de gente - é a impressão que muitos têm após massacres como o de Newtown -, enquanto que a afortunada terra do carnaval seria um oásis de paz e tranquilidade ou, pelo menos, um lugar onde se mata muito menos do que no país dos caubóis (onde, além do mais, existiria uma "cultura da morte", estimulada pela indústria do cinema, os video-games violentos e a direita republicana, como gosta de dizer Arnaldo Jabor).

Pois é. Deveria ser assim, né? Só que, nesse caso, a retórica anti-armas esqueceu de combinar com os fatos, porque os números indicam exatamente o contrário.

Segundo o mencionado levantamento da ONU, que se refere ao ano de 2010, morreram a tiros, nos EUA, 9.960 pessoas. Isso corresponde a 3,2 mortos para cada grupo de 100 mil habitantes. Já no Brasil varonil, de acordo com a mesma pesquisa,  36 mil indivíduos foram vítimas mortais de armas de fogo (19,3 para cada 100 mil habitantes). Ou seja: com DEZESSEIS VEZES MENOS armas do que nos EUA, matou-se, no mesmo período, TRÊS VEZES MAIS pessoas no Brasil (vejam aqui: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/12/121218_armas_brasil_eua_violencia_mm.shtml.
Conclusão: se há uma relação entre a quantidade de armas e os índices de violência, é que QUANTO MAIS ARMAS, MENOS CRIMES. Exatamente o contrário do que dizem os desarmamentistas e Obama.

Também a experiência de outros países demonstra um enorme fosso entre a realidade e o discurso anti-armas. Em 1974, a Jamaica proibiu todo e qualquer tipo de arma de fogo. De lá para cá, a criminalidade aumentou vertiginosamente, e hoje o país do reggae e de Bob Marley é um dos mais violentos do mundo, só perdendo, em número de mortos em relação à população, para Honduras e Iraque. Em contrapartida, a neutra e pacífica Suiça, cuja lei garante a cada cidadão o direito a ter um fuzil militar dentro de casa, ostenta índices baixíssimos de criminalidade. O mesmo ocorre, é verdade, na Noruega e na Finlândia, que têm leis bastante rigorosas sobre a posse de armamento - o que não impediu que esses países fossem cenário de verdadeiros banhos de sangue em anos recentes. (Aliás, quantas vítimas poderiam ter sido salvas se os assassinos tivessem encontrado pela frente, em vez de alvos indefesos, cidadãos armados?) 

Qualquer pessoa com um mínimo de respeito à lógica e ao bom senso, sem falar em honestidade intelectual, analisando os números acima, chegaria facilmente à conclusão de que toda a discurseira a favor do gun control não passa de mera demagogia, de simples exploração politiqueira de tragédias como a de Sandy Hook para aprovar um pacote de leis que, em vez de reforçar a segurança, irá apenas levar mais intranquilidade à população, impedindo que o cidadão de bem possa defender a si e a sua família.

Isso fica ainda mais claro quando se analisam alguns "argumentos" comumente usados pelos desarmamentistas. Dizem, por exemplo, que o controle de armas é necessário, pois é mais fácil matar dez pessoas com uma pistola do que com uma faca etc. E é mais fácil se defender com uma pistola do que com um faca, esqueceram de dizer. Assim como aparentemente esqueceram que uma pistola ou um rifle com uma capacidade de tiros reduzida matará menos, mas também defenderá menos. O desarmamento funciona. Para os bandidos. (Nem vou me dar ao trabalho de responder ao "argumento" de que armas devem ser proibidas porque há acidentes, o qual ofende a inteligência.)

Se Barack Hussein Obama e seus marqueteiros estivessem realmente interessados em segurança, admitiriam que armas não matam pessoas - pessoas matam pessoas. E que revólveres e pistolas, se são usados para cometer crimes, também são uma garantia de segurança e de liberdade. Como, aliás, já sabiam os Founding Fathers, os pais fundadores da nação norte-americana. Não foi por acaso que o direito a possuir e a portar armas foi inserido no texto da Constituição do país. Não deve ser por acaso, também, que a revogação desse direito constitucional é algo tão caro a Obama e seus seguidores. Para quem se dedica, há anos, a se esquivar de perguntas incômodas sobre sua nacionalidade e sobre amizades suspeitas, querer impor um controle maior sobre os antecedentes dos donos de armas deveria ser visto como uma atitude, no mínimo, incoerente.        

terça-feira, dezembro 18, 2012

MAIS UM MASSACRE - E MAIS UMA PERGUNTA SEM RESPOSTA

Tem histórias que, de tanto se repetirem, ficam monótonas.

Vejam o alarido dos desarmamentistas - como é insistente esse pessoal! - após o último massacre ocorrido nos EUA. Há alguns dias, um débil mental entrou armado numa escola primária no estado de Connecticut e fuzilou 28 pessoas, a maioria crianças, antes de suicidar-se com um tiro. Foi a senha para o lobby anti-armas, estimulado pelas lágrimas reptilianas de Obama, voltarem a agitar suas bandeiras.

Nem precisei esperar a notícia acabar e eu já sabia exatamente, palavra por palavra, o que diria a turma "da paz", adepta do gun control. Como em 100% dos casos envolvendo pessoas e armas de fogo, o discurso já estava pronto: revoguem a segunda emenda da Constituição, proíbam-se as armas, e as vítimas ainda estariam vivas. Impeçam o cidadão de ter acesso legalmente a armas, e casos assim não ocorrerão jamais. Retirem as armas de circulação, e todos viverão felizes para sempre. É o que sempre dizem em tais casos, e é o que sempre dirão. 

Em vários textos, tratei desse tema - quem tiver interesse, é só pesquisar -, de modo que, mais uma vez, não irei repetir os argumentos que usei para demonstrar a falácia essencial do discurso desarmamentista. Como da última vez, vou me limitar a fazer uma pergunta (é simples, não é tão difícil de responder). É a seguinte:

Por que assassinos como o de Sandy Hook sempre escolhem, para abrir fogo e cometer suas chacinas, lugares como escolas, templos religiosos ou escritórios, e não, por exemplo, uma feira de armas ou um clube de tiro?

Já fiz essa mesma pergunta antes. Fiquei sem resposta. Será que terei alguma, desta vez?

A propósito, se me perguntarem que resposta eu daria para casos como o de massacre em New Town, eu a tenho na ponta da língua. Só não sei se o calibre da resposta seria 12 ou 45.  

sábado, novembro 03, 2012

INSISTÊNCIA NA IMPOSTURA

Navegando pelas redes sociais, descobri que voltou a circular na internet um vídeo mentiroso de 2011 em que um bando de atores globais aparece desfilando lorotas sobre a construção da usina de Belo Monte (PA). Ainda por cima, a chamada diz que "este video em breve será censurado". Balela pura.

A coisa é um besteirol acintoso, que já foi totalmente desmoralizado, mas esse pessoal não desiste. Não resisti à tentação e escrevi um post a respeito quando a coisa saiu na net pela primeira vez (
http://gustavo-livrexpressao.blogspot.gr/2011/12/o-vexame-dos-globais.html). Lá, aproveito para discorrer um pouco sobre a curiosa ideologia dos marcos palmeiras e das claúdias ohanas.

Quem tiver interesse em ver reduzida a pó de traque a performance dos globais, pode ir direto ao vídeo abaixo:

sábado, julho 21, 2012

O MASSACRE NOS E.U.A., A MANIPULAÇÃO DESARMAMENTISTA - E UMA PERGUNTA SINGELA

Ai, ai... Não gosto de escrever no calor da hora: prefiro analisar as coisas com calma, enxergando os fatos com cuidado, a correr o risco de tecer comentários apressados e levianos. Além do mais, não sou jornalista para tentar concorrer com agências de notícias. Mas certos padrões, de tão repetitivos, permitem saber com antecedência exatamente o que vão dizer sobre este ou aquele fato. Vamos lá.

Mais um massacre nos EUA, em que alguém com sérios problemas psicológicos e armado até os dentes abre fogo contra pessoas inocentes num lugar público. Mais uma nação chocada etc. e tal. E, mais uma vez - e, podem apostar o quanto quiserem: não será a última - os defensores do gun control vão aproveitar o fato para culpar, antes mesmo que se descubra a motivação do crime, as armas pelo ocorrido. Vão usar e abusar do episódio para destilar a cantilena de que o fato "prova" que armas de fogo são más e que, portanto, a posse das mesmas deve ser criminalizada e que, assim como remédios e objetos pontiagudos em relação a crianças, devem ser colocadas fora do alcance do cidadão, esse incapaz. Proíbam as armas, é o que vão dizer, e fatos como esse não mais se repetirão e todos viverão em paz e segurança etc. etc.

Esse tipo de rotina já se tornou tão previsível que nem vou me dar ao trabalho de repetir, aqui, os argumentos que já empreguei para demonstrar a falácia do discurso desarmamentista (quem tiver interesse, recomendo ler os posts que publiquei em resposta à tentativa de manipulação da opinião pública pela turma do "sou da paz" quando do massacre numa escola no Rio de Janeiro, no ano passado). Não vou sequer repetir a pergunta que já fiz aqui antes, e que até agora permanece sem resposta: por que será que assassinos como o do cinema no Colorado escolhem lugares como cinemas, escolas e igrejas, e não clubes de tiro, por exemplo, para praticaram suas matanças? (Responda quem puder.) Tampouco vou lembrar o óbvio: que armas não disparam sozinhas, e que atrás do gatilho está um indivíduo, cabendo a este, e a mais ninguém, a responsabilidade por seus atos. Não, desta vez a pergunta é outra.

A questão é bastante simples, singela até. Creio também não ser difícil de ser respondida. É a seguinte: por que, se o direito a ter uma arma não serve de elemento suasório contra criminosos, o assassino do cinema estava usando um colete à prova de balasEstaria ele se precavendo de ser atingido por uma saraivada de pipocas atiradas pela platéia? Ou estaria com medo de ter seu desígnio homicida detido por um copo de refrigerante?

Com a palavra os desarmamentistas, essa gente linda e maravilhosa, que só quer o nosso bem.  

sexta-feira, maio 20, 2011

CHEGA DE BOIOLICE

O Brasil está virando cada vez mais um país de boiolas.

Antes que você, caro leitor, tomado de um surto de indignação politicamente correta, resolva me submeter a um linchamento público e me tasque um processo por - em breve isso poderá ser possível - "homofobia", elegendo-me o Bolsonaro da vez, conceda-me pelo menos o direito de explicar o que quero dizer com a frase acima.

Em primeiro lugar, por boiolice não me refiro a nenhuma opção ou preferência sexual, seja por quem (ou pelo quê) quer que seja. Ser boiola, aqui, não tem absolutamente nada a ver com ser homossexual - aliás, não tem qualquer relação com a sexualidade, seja qual for. Esse tipo de coisa é para revistas de fofocas e programas de TV. Refiro-me tão-somente a uma atitude (ou melhor dizendo, falta de atitude) em relação à democracia e à liberdade individual. Atitude que, infelizmente, tem sido corrente no país de uns tempos para cá, ameaçando tornar-se obrigatória.

Trocando em miúdos: há gays que não são boiolas e há héteros que se deixam levar pela maior frescura, comportando-se como maricas. O sujeito pode ser o maior mulherengo e ser um boiola, e pode estar apaixonado por um porco-espinho e ser um exemplo de virilidade. Boiolice tem a ver não com o que se faz na cama, mas com hombridade.

Feito este esclarecimento inicial (espero que tenha ficado claro), vamos ao tema central deste texto.

A cada dia multiplicam-se, no Brasil, os casos de covardia moral, de renúncia voluntária à resistência contra o engodo e a impostura. Ou seja: de boiolice. Vejamos alguns exemplos.

Na Congresso Nacional, um projeto de lei - o PLC 122 - ameaça criminalizar qualquer opinião - eu disse: opinião - que possa ser considerada, de algum modo, "homofóbica", ou seja, preconceituosa, contra gays, lésbicas, travestis etc. O projeto é entusiasticamente apoiado pelos grandes meios de comunicação de massa, como a Rede Globo, tendo em sua comissão de frente uma senadora-sexóloga e um ex-BBB eleito deputado federal. Se for aprovado, o tal projeto de lei colocará na ilegalidade qualquer pessoa que tiver a ousadia de citar a Bíblia (ou o Corão) para se referir à homossexualidade, jogando no lixo, portanto, a liberdade de expressão e a maior manifestação desta, a liberdade religiosa.

Seria de esperar, portanto, que houvesse um forte movimento de repúdio a essa clara tentativa antidemocrática, que afronta a opinião da maioria absoluta da população brasileira. Mas que nada! Quase ninguém no mainstream ousa levantar a voz contra essa patacoada, com medo de ser tachado de "homofóbico" ou coisa parecida. Do mesmo modo, quase ninguém tem coragem de criticar a distribuição de um "kit gay" nas escolas, que ensina crianças de 7 e 8 anos de idade as virtudes e a beleza do Ken brincar de médico com o Ken e de a Barbie brincar de casinha com a Barbie.

Na mesma linha "cute-cute", o STF aprovou recentemente a "união homoafetiva". Independentemente do mérito da questão, os senhores ministros mudaram, de uma tacada, um artigo da Constituição Federal, o que legalmente só pode ser feito pelo Congresso mediante Emenda Constitucional. Simplesmente decidiram, cedendo à vontade de um lobby fortíssimo, que um Artigo da Carta Magna não vale mais e ponto final.

Ao decidirem mudar um Artigo da Constituição, os ministros do STF arvoraram-se em legisladores, mandando às favas, assim, a separação de Poderes, base da democracia. Pela lógica, portanto, deveriam esperar que alguém na OAB exigisse imediatamente, no mínimo, a dissolução do STF e a prisão de seus ministros por tentarem um golpe (in)constitucional. Mais uma vez, porém, praticamente nenhuma voz se ergueu para denunciar a trapaça.

O mais curioso é que, para justificar essa decisão, os ministros da Suprema Corte o fizeram pisando em ovos, procurando desviar-se da questão em pauta - a união civil entre pessoas do mesmo sexo -, substituindo o termo homossexual pelo anódino e antisséptico, quase angelical, "homoafetivo". Feito um grupo de freiras pudicas, não ousaram falar abertamente o que todos sabem: que gays também fazem sexo. Foram, nesse sentido, mais boiolas do que os militantes gayzistas que promovem "beijaços" em frente a igrejas católicas - estes, pelo menos, assumem claramente seu preconceito contra uma religião.

Essa constante e sistemática rendição ao politicamente correto constitui uma espécie de anti-Viagra, resultando na impotência voluntária de quem deveria estar nas ruas protestando contra todas essas violações à democracia, disfarçadas de bom-mocismo. E com argumentos, digamos assim, de maricas. Vejam o caso do desarmamentismo, uma religião que usa de todos os pretextos para se impor (o último dos quais foi um massacre cometido por um débil mental numa escola no Rio de Janeiro, com armas adquiridas ilegalmente).

Todo o discurso desarmamentista se baseia no argumento de que o cidadão de bem não é competente o suficiente para ter uma arma de fogo legalizada e que é ele, e não o bandido, o maior responsável pela violência e pela criminalidade no País. Em outras palavras: você, cidadão, em nome da própria segurança e da "paz", deve renunciar a seu direito à autodefesa. Conhecem boiolice maior do que essa? (talvez aquele símbolo feito com as duas mãos imitando um coraçãozinho...)

No caso da falácia desarmamentista, pelo menos, há alguma resistência organizada, como demonstrou o repúdio de 64% da população brasileira à idéia cretina de proibir a venda legal de armas no plebiscito de 2005 (os devotos da seita, porém, não desistiram, e já planejam reeditar a bobajada). Talvez pelo fato de afetar mais diretamente a vida das pessoas, sobretudo dos mais pobres, que, ao contrário do senador José Sarney, não têm dinheiro para contratar um batalhão de seguranças particulares, a idéia desarmamentista foi rejeitada. Mas isso não impede que a ideologia politicamente correta seja cada vez mais hegemônica no Brasil.

Tal fato é facilmente constatado em outros fronts da batalha cultural, nos quais o discurso do pobrismo e sua variante principal, o vitimismo, reinam incontestáveis e absolutos. As cotas raciais, por exemplo, já são uma realidade nas universidades e no serviço público, a despeito da própria formação mestiça da sociedade brasileira e afrontando abertamente o princípio constitucional da igualdade de todos perante a lei. O discurso das minorias, paradoxalmente, já se tornou majoritário no Brasil. A ponto de, hoje, declarar-se negro (ou "afro-descendente") ou gay (ou lésbica, ou transssexual, ou sei lá mais o quê) constituir uma verdadeira marca distintiva, facilitadora e garantidora de direitos especiais - privilégios. E o mais espantoso: tudo isso visto como se fosse algo perfeitamente natural, sem que se levante quase nenhuma voz de protesto (logo abafada e estigmatizada como "racista" ou "homofóbica"). Uma tremenda veadagem.

E por aí vai. Ai de quem se insurja contra a ocupação de espaços pela militância gayzista-desarmamentista-racialista: correrá o risco de virar um pária e até mesmo sofrer um processo legal e - caso seja aprovado o PLC 122 - acabar atrás das grades. Do mesmo modo, infeliz daquele que denuncie o culto da ignorância, outra marca registrada do vitimismo pobrista: é um "preconceituoso" e um "elitista". Diante da perspectiva de se tornar impopular e de vir a ser tachado com rótulos tão infamantes, o indivíduo prefere calar-se a peitar os que seqüestram a democracia. Coisa de boiola.

Curvar-se à ditadura do politicamente correto, muitas vezes escondendo as verdadeiras opiniões para não afrontar ou ferir suscetibilidades de quem se acha dono da verdade e da virtude, tornou-se a única e obrigatória regra moral seguida à risca no Brasil. Fora desse círculo infernal, se ousar destoar dos bem-pensantes e pensar com a própria cabeça, você será automaticamente rotulado como um intolerante, um racista, um homofóbico e um direitista raivoso (de preferência da TFP e da Opus Dei).

Isso sem falar na política propriamente dita, onde a boiolice reina poderosa e absoluta. Para começar, decidiu-se que chamar de apedeuta e analfabeto um sujeito que fazia a apologia do apedeutismo e do analfabetismo é "preconceito da elite". Além disso, tentem contar em quantos escândalos de corrupção e outros a companheirada no poder se meteu desde 2003. Em todos esses casos, a começar pelo mensalão, a dita "oposição", que tem o dever de se opor ao governo, comportou-se, em vez disso, como um clube de mulherzinhas.

O último escândalo da petralhada foi o milagre da multiplicação da conta bancária protagonizado por Antonio Palocci, o do estupro da conta do caseiro. Mais uma vez, o que fez o PSDB? Deu um show de falta de coragem e de testosterona. Acabei de ler algumas declarações de Aécio Neves, praticamente pedindo desculpas por tocar no assunto da conta de Palocci no Senado. Uma coisa assim, bem fofa. Com uma oposição dessas, por que o governo precisa de base aliada? São ou não são um bando de boiolas?

Uma das coisas que me lembro de ouvir quando criança era que um homem tinha que ter coragem. Que tinha que ser bravo, até fisicamente, para defender sua honra e enfrentar aquilo que considerasse errado ou injusto. Coragem e caráter, enfim, eram duas coisas inseparáveis. Era isso, mais até do que gostar ou não de mulher, o que definia e caracterizava a verdadeira macheza. Pelo menos foi assim que eu aprendi, e é nisso que acredito desde então.

Hoje, porém, para ser considerado alguém respeitável no Brasil, você tem que compactuar com a mentira e esconder as próprias opiniões. Ao ver a bundamolice geral que tomou conta do País na era da mediocridade lulopetista, não posso deixar de indagar: afinal, os brasileiros são eunucos?

sábado, maio 07, 2011

AINDA O DESARMAMENTISMO: EXPLICANDO O DIREITO DE AUTODEFESA (APERTANDO A TECLA SAP)

Esta é do leitor que se assina como João (sobre a questão do desarmamento civil):

OK! Aceito plenamente o direito que todos tem de escolher ter ou não uma arma. Mas pergunto por que esse direito vem na frente de outros? Considero tão essencial como este, o meu direito de escolher ter mais de uma mulher legalmente (poligamia) e o meu direito de escolher usar drogas ou não (sem que esta escolha seja criminalizada). Por que tais direitos não poderiam ser legalizados também?

Simples: porque existe uma coisa chamada senso de proporções.

Igualar o direito à autodefesa - algo tão básico que é reconhecido até pela Igreja Católica - com escolher ter quantas esposas quiser, usar drogas ou não etc., é não saber o significado das palavras "direito" e "escolha". Primeiro, porque, ao contrário do direito à própria segurança, a poligamia é uma questão cultural, não universal - há lugares, como os países árabes, em que ela é permitida juridicamente. Segundo, porque a descriminalização do comércio e uso de drogas ilícitas implicaria em outros danos (sobretudo sociais) além dos que já são infligidos à saúde do viciado (sobre isso já escrevi bastante no blog; basta pesquisar) - nada a ver também, portanto, com o direito legítimo à autodefesa.

Enfim, não há como botar no mesmo saco o direito fundamental de escolher sobre a própria segurança e nada do que está aí em cima. Pelo mesmo motivo que não é possível dizer, sem ofender a Lógica, que o direito à autodefesa significa o direito a ter uma bomba atômica em casa ou a praticar tiro ao alvo nos transeuntes com uma arma de fogo. O direito a ter um carro não me dá o direito a usá-lo para atropelar os pedestres.

Ficou claro ou preciso desenhar?

sexta-feira, maio 06, 2011

DESARMAMENTISMO. OU: COMO AUMENTAR A SEGURANÇA... DA BANDIDAGEM!

Um leitor incansável, o Julio, está há vários posts tentando me convencer que, como o cidadão pode se machucar ao reagir a um assalto, não deve ter direito a escolher comprar um revólver legalmente. Acredita ele que, como existe a probabilidade de isso acontecer, o mais seguro seria renunciar a esse direito e ficar à mercê do criminoso (ou seja: entre ter uma chance, que pode dar errado, e não ter chance nenhuma, prefere a segunda opção). Eu, claro, discordo. Ainda mais depois de mais esse comentário que ele postou aqui:

Pra começar, probabilidade é matemática e é muito menos aleatória que você julga ser.

Portanto, meu caro, a tua lógica de colocar todos os argumentos da mesma maneira é que é falaciosa. Morrer dirigindo um automóvel não é tão provável quanto morrer ao se reagir a um assalto. Senão caímos na lógica do absurdo que diz "vamos todos morrer mesmo não importa o que eu faça". Que vamos todos morrer é lógico, agora o modo que cada um morre não é igual.

Mas [SIC] do que discutir o direito de escolher ter armas, deveríamos discutir políticas de segurança mais eficazes, já que independente de se poder ter ou não uma arma, não julgo que esta seja a melhor opção para a segurança.


Tá bom, Julio. Probabilidade é matemática etc. e tal. Já me convenceu que, matematicamente, existe 100% de chance de eu levar um tiro se eu estiver armado na hora de um assalto. Também está matematicamente comprovado que, em 100% - cem por cento - dos casos, o bandido não tem a menor intenção de fazer qualquer mal à vítima, reaja ela ou não. Todas as outras probabilidades matemáticas - inclusive a de que o agressor desista de seu intento criminoso ao perceber que a vítima está armada - não passam de fantasias que eu inventei. Aliás, pobre do criminoso, ele não tem culpa de nada; o culpado é o cidadão, que insiste no direito de autodefesa e em colocar, assim, sua segurança (e a do bandido) em risco. Já estou convencido que o desarmamentismo é mesmo o melhor caminho para um mundo de paz e felicidade. Vou agora mesmo abraçar uma árvore.

Ainda assim, tem uma coisa que continua a me deixar encafifado: não tenho a menor idéia de quantas pessoas morrem ao reagirem armadas a um ataque armado. Tampouco sei quantos NÃO morrem ao reagirem (talvez o leitor tenha uma estatística sobre o assunto). Mas desconfio que o número dos que morrem ou ficam aleijados seja bem inferior ao das vítimas fatais no trânsito, que são alguns milhares por ano. Mais uma vez: por que não proibir todos de terem carros? (e facas, e martelos, e espetos de churrasco, e alfinetes...)

Também concordo que mais importante do que discutir o direito de ter ou não armas é uma política efetiva de segurança que garanta que eu possa sair à rua sem medo de ser assaltado. Até porque um direito fundamental e inalienável do indivíduo é o de autodefesa, que não deve, de maneira nenhuma, ser satanizado. Isso é tão básico que nem deveria estar em discussão. A propósito: quando o Estado vai garantir a minha segurança com uma polícia realmente eficiente?

Julio tem todo o direito de achar que ter uma arma de fogo (e saber usá-la) não é o melhor caminho para garantir a própria segurança. Eu penso igual, tanto que usei esse direito que me cabe e preferi não ter uma arma. Considero sagrado seu direito de escolher. Pena que falta reciprocidade, pois ele não acha que devo ter esse direito. Ao contrário, quer que eu renuncie a ele, pois pode ser perigoso para mim mesmo etc. Mais um pouco, e vai me obrigar a escovar os dentes e me proibir de comer carne vermelha.

Enfim, quero poder optar livremente por ter ou não uma arma para me defender e a minha família em caso de necessidade. Julio acha que não tenho esse direito. Além disso, ele acredita que, entre ter esse direito e confiar no senso de humanidade do bandido, a segunda opção é a mais razoável. É, pode ser que ele esteja certo. Em vez de aulas de tiro, técnicas de convencimento com assassinos drogados. Vamos testar as probabilidades?

Enquanto isso, leio na internet que o governo vai reduzir a verba para o policiamento das fronteiras, por onde entram drogas e armas ilegais para abastecer a criminalidade. No mesmo dia em que lança oficialmente mais uma campanha "pelo desarmamento"... É, os desarmamentistas estão certos: a culpa é mesmo do cidadão. Por que não proibi-lo?

quinta-feira, maio 05, 2011

A FALÁCIA DESARMAMENTISTA: ELES NÃO DESISTEM. EU TAMBÉM NÃO!

Eles também defendem o desarmamento...


O tal leitor que assina como Julio insiste em defender o desarmamentismo com um argumento curioso. Ele apela para uma questão, digamos, "técnica" (ou, se preferirem, " de competência") para justificar sua crença de que um mundo sem o direito de escolher ter ou não uma arma de fogo legalmente adquirida seria mais seguro. Vejam o que ele escreveu, após me citar:

Sinceramente quero que se dane o “Viva Rio”. Quero aqui discutir o pressuposto primeiro que você coloca: direito de escolher. Penso que a possibilidade de poder escolher algo é preciso que antes se possa se utilizar adequadamente este algo, senão é imprudência. Estamos falando de algo letal (uma arma de fogo) que tem o poder de ferir e em último caso matar. Portanto, não pode ser comparado com objetos diferentes. Uma faca de cozinha pode ser usada para matar, mas seu caráter instrumental é para cozinhar e não para matar. Já uma arma de fogo é bem diferente. Se ela for ser utilizada para defesa pessoal, espera-se que no mínimo este que a impunha saiba utilizá-la. Por exemplo, eu tenho o direito de escolher ter um carro ou não, mas se eu o tiver e quiser dirigi-lo, devo antes saber dirigir e também tirar uma licença para isto. Com a arma isto não acontece. Com o meu direito de ter uma arma posso tê-la e usá-la sem ao menos saber como se aperta o gatilho. Que segurança um homem pode ter ao possuir uma arma se não sabe como usá-la?

Meu caro, parece que estamos do mesmo lado nessa questão (e não me refiro só ao Viva Rio). O direito de escolher de que falo é o mesmo de que você fala. É evidente que o indivíduo que escolhe ter uma arma de fogo tem o dever – aliás, o dever não: o DIREITO – de aprender a manejá-la corretamente. Do mesmo modo que o cidadão que escolhe comprar um carro necessita antes saber dirigir. Isso é tão óbvio, tão acaciano, que nem me senti na obrigação de repetir essa observação aqui. O direito de escolha diz respeito não somente à compra e ao registro legal de uma arma de fogo, mas também a treinamento etc. De onde o leitor tirou que o que se aplica no caso dos carros não se aplica no das armas de fogo?

A propósito: o caráter instrumental de uma faca de cozinha é cortar, não cozinhar (nunca vi ninguém cozinhando na lâmina de uma faca de cozinha, por exemplo). O caráter instrumental de uma arma de fogo, por sua vez, não é matar, mas sim defender (ou praticar tiro a alvo, se for por esporte). Logo, o que vale para um vale para o outro.

"Que segurança um homem pode ter ao possuir uma arma se não sabe como usá-la?" Nenhuma, claro. Assim como não adianta nada ter uma Ferrari e não saber dirigir. Nem por isso vou sair por aî encampando campanhas demagógicas e oportunistas em defesa do fim do direito de comprar carros. Aviões também podem matar, como se viu no 11 de setembro. Por que não proibir também aviões?

Em todos esses casos, é bom lembrar, trata-se de objetos letais, que podem ser usados para matar. Hoje em dia, para comprar uma arma e registrá-la legalmente o cidadão passa por uma verdadeira via-crúcis burocrática, que dura meses. É muito mais difícil adquirir de forma legal um revólver 32 no Brasil do que comprar um automóvel. Com a proibição, o que já é difícil ficaria impossível, e sobraria apenas o comércio ilegal, com as consequências previsíveis. Além disso, o número de pessoas qualificadas para usar armas de fogo de forma responsável cairia, e não o contrário. Preciso dizer por que isso significaria menos, e não mais, segurança?

Achar que não há probabilidade de um homem que saiba usar uma arma se sair melhor ao utilizá-la do que aquele que não sabe é o mesmo que dizer que treinar e aprender para melhorar em algo não serve de nada. Afinal, creio que alguém que saiba dirigir (e treine diariamente) há dez anos seja melhor na direção do que aquele que nunca apertou o pé num acelerador.

Confesso que fiquei meio confuso depois de ler esse parágrafo. Primeiro, porque não escrevi nada que se assemelhe ao que está aí em cima. Além do mais, já disse que não discuto probabilidades. Pelo simples motivo de que é impossivel discuti-las, por sua própria natureza aleatória. A única coisa que digo, e aproveito para repetir, é que o cidadão tem o direito de escolher ter ou não uma arma de forma legal (eu, por exemplo, escolhi NÃO ter). E é somente assim, aliás, que alguém poderá treinar e aprender a usar uma arma de forma conveniente. Exatamente como no caso dos motoristas. Estou curioso para saber que misteriosa relação existe entre retirar do cidadão honesto o direito a possuir uma arma de forma legal (e a treinar regularmente) e o aumento da segurança. Até agora não vi nenhum argumento consistente que mostrasse a existência dessa relação.

Por fim, reafirmo que uma situação de surpresa é bem diferente. Se alguém já foi rendido pelo assaltante, a probabilidade de uma reação do assaltado terminar mal é bem maior do que se o assaltado resolver passar seu dinheiro para o assaltante. Ainda mais se o assaltado não for preparado para utilizar arma de fogo. Sou velho, gordo, sedentário e nunca sequer toquei em uma arma de fogo. Não acho que numa situação dessas o meu direito de escolher ter uma arma mude a situação de ser assaltado (ou morto).

Mais uma vez: se o leitor quer discutir probabilidades, está perdendo seu tempo. A probabilidade de ser baleado e morrer ao reagir a um assalto é a mesma de não ser assaltado e morto se o bandido souber, ou desconfiar, que a vítima está armada (isso, curiosamente, não se diz). Mesmo assim, vou propor um pequeno exercício. Imagine que você seja um assaltante, estuprador e assassino. Você está ansioso para invadir uma casa e fazer a festa. Naquela rua, você fica sabendo que pelo menos um morador possui arma de fogo. Na outra, voce fica sabendo, por fonte segura, que ninguém tem arma em casa. Que rua voce escolheria para atacar? Melhor: em que rua você, caro leitor desarmamentista, escolheria para morar?

Pense ainda nessa outra situação: alguém botou na cachola que você deve ir desta para melhor e lhe jurou de morte. Ele monta, então, uma emboscada. Armado, ou com o direito a ter uma arma, você tem alguma chance de sair vivo. Sem armas – pior: privado do direito a escolher ter (ou não) uma arma, de forma legal, com nota fiscal etc. –, suas chances de sair vivo a um encontro desse tipo se reduzem drasticamente. A menos que você tenha à sua disposição um ou mais guarda-costas, e a menos que seu assassino desista de lhe matar ou seja ruim de mira, a probabilidade de ele fazer o serviço é bem maior. Há, claro, outra solução: você poderia tentar convencer o assassino na base da conversa ou, se você for muito corajoso, pode tentar peitar o matador no braço. Que filme é esse? “Gandhi”? "Superman"?

O leitor se esquece que o direito a adquirir legalmente uma arma de fogo vem junto do direito a aprender a usá-la. Não está disposto a fazê-lo porque é gordo, velho e sedentário? OK, não tem problema, é um direito seu. Só não venha dizer que isso é argumento para retirar o direito de o cidadão escolher sobre sua própria segurança. Já imaginou a chatice que seria viver numa sociedade em que não houvesse o direito a escolher ser gordo e sedentário, por exemplo?

Enfim, toda a argumentação do companheiro acima pode ser resumida assim:

- Ao ter uma arma de fogo legalmente, você pode morrer (ao reagir a um assalto, por exemplo).
- Logo, ter armas de fogo faz mal para sua saúde.
- Logo, todo cidadão deve ser proibido de ter armas de fogo.

Resolvi fazer uma pequena adaptação, baseada no mesmíssimo raciocínio:

- Ao dirigir um automóvel, você pode morrer (num acidente de trânsito, por exemplo).

- Logo, ter um automóvel faz mal para sua saúde.

- Logo, todo cidadão deve ser proibido de ter acesso a automóveis.

Mude para qualquer outra coisa – facas de cozinha, martelos, pedaços de pau etc. – e a "lógica" será exatamente a mesma. Por que não obrigar todos a ter seis anos de idade? Aliás, parece que é isso mesmo o que quer essa patota.

No começo de seu comentário, o leitor escreveu que eu estaria apelando para insultos. De certa forma, ele acertou. Usar a lógica é mesmo um insulto para quem defende argumentos falaciosos.

terça-feira, maio 03, 2011

DESMONTANDO AS FALÁCIAS DESARMAMENTISTAS



Escreveu um leitor, que se apresenta como Julio Nogueira, sobre meu último post:

Lamento por dizer-te isto, mas teus exemplos para justificarem o seu direito de escolher ter uma arma é tão ingênuo como o do senhor Cortez. Vamos a eles:

Eu também lamento, caro leitor, mas pelo fato de você ter escolhido jogar a Lógica e o bom senso na lata do lixo para defender uma tese indefensável. Vamos lá.

1) - Perdeu, playboy! Passa a grana agora senão te dou um teco na fuça!
- Mas, senhor assaltante, espere só um minuto enquanto eu ligo para a Policia...

Ou então:

- Pode começar a rezar canalha, eu vou te matar!
- Calma, distinto assassino: dê-me apenas uns instantes para eu chamar a viatura policial mais próxima...

Você realmente acha que numa situação destas o sujeito X em questão conseguiria se defender se estivesse armado? Creio que numa situação de surpresa destas o sujeito X teria que ser o Rambo pra driblar o assaltante/assassino, puxar sua arma, mirar e ainda acertar o bandido. Que filme é este? "Missão Impossível"? "007 o agente que nunca morre"?

Não acho nem desacho nada, meu caro. Aliás, não discuto probabilidades. É provável que o sujeito, ao se defender de um assalto, leve um tiro, como é provável que não leve e vire um herói. Ninguém pode fazer nenhum tipo de afirmação taxativa nessa área. Pode ser que, ao sair à rua, eu ache um bilhete premiado de loteria, ou pode ser que eu leve um raio na cabeça. Tenho apenas uma certeza: que, em qualquer das situações descritas acima, a vítima, se estivesse armada, teria pelo menos uma chance de se defender. Pode dar errado? Claro que sim, e é um risco que se assume. Mas pelo menos haveria essa chance. Pense em uma tentativa de assassinato, como o massacre de Realengo: o agressor já chega atirando, pronto para matar. A vítima pode ou não estar armada. Se estiver, ela poderá ou não ser morta. Se não estiver... Bom, aí só apelando para o Viva Rio mesmo.

Acorde, meu caro! Estamos falando do mundo real e nele com arma ou sem arma não há tempo para reação. Vamos a um fato real que aconteceu há alguns anos no RJ:

No mundo real, existem várias possibilidades, e não apenas uma. Mas vamos lá.

O homem estava em seu carro com a namorada na rua. De repente apareceu um bandido gritando:

- Perdeu, playboy! Passa a grana agora senão te dou um teco na fuça!

O homem no carro era um policial e andava armado. Não pensou duas vezes, puxou sua arma e atirou no bandido. Acertou em cheio e matou o bandido. Ponto pra ele, ganhou do bandido no tiro. No entanto, para seu azar, o bandido conseguiu apertar o gatilho e acertou a namorada do policial. O bandido morreu e a namorada morreu! Valeu a pena?

OK, então como existe a possibilidade de algo dar errado numa reação a um assalto, então o melhor é não ter o direito a escolher ter ou não uma arma para se defender. Ou seja: como existe o risco de que alguém mais se machuque, o melhor é ficar à mercê da bandidagem. Ou seja: armas são perigosas, melhor não tê-las. Mais que isso: é melhor não poder escolher. Muito lógico.

Mas vejamos essa outra situação. Um bandido desiste de assaltar alguém à simples visão de que a vítima está, ou poderá estar, armada (nem precisa reagir). Preciso responder se vale a pena?

E nem precisa lembrar: casos assim existem. E só acontecem porque o cidadão (ainda) tem o direito a escolher ter ou não uma arma para se defender. E não adianta procurar estatísticas – como, por exemplo: “ter uma arma aumenta a probabilidade de ser morto num assalto” etc., como se não aumentasse, também, a probabilidade de NÃO ser assaltado. Ou você já viu alguém que acabou de espantar um criminoso a tiros procurar uma delegacia para fazer um B.O.? Quantas pessoas só estão vivas porque estavam armadas? Inútil procurar dados sobre isso.

Isso aconteceu com um homem que foi treinado para usar arma de fogo com pelo menos alguma maestria. Imagine se a situação fosse com um homem comum? Não creio que o resultado fosse melhor!

Pode ser que sim, pode ser que não... Só uma certeza permanece: sem o direito a escolher sobre sua defesa, o indivíduo vira uma presa fácil. Com esse direito, ele pelo menos tem uma chance. Sem ele, não tem chance nenhuma. Não haveria treino que desse jeito.

Em outras palavras, para ver se entendem: pode ser que, ao manejar uma faca na cozinha, eu prepare um belo prato ou tenha um corte profundo, podendo vir a falecer em virtude de homorragia. Deve-se então proibir o cidadão de ter acesso às facas?

Mas tudo isso é bobagem, porque afinal não defendo que o cidadão deva ter armas de fogo em casa. Digo apenas que ele tem o DIREITO DE ESCOLHER tê-las ou não, em vez de deixar essa escolha nas mãos do Estado. Eu, por exemplo, escolhi não ter armas de fogo. E quero continuar a ter esse direito. Parece que é isso que os desarmamentistas menos entendem (ou fingem que não entendem, sei lá).

Em seguida, o leitor me cita novamente, para apresentar uma curiosa teoria sobre os regimes totalitários.

2) o desarmamento civil, com a proibição da venda e posse legal de todo tipo de armas de fogo, foi uma idéia implementada em regimes como os de Hitler e Stálin. Quem poderia proteger o cidadão desses regimes?
Resposta:

Hitler: O povo alemão em massa apoiava o partido Nazista. Por que você acha que, mesmo armados, o povo representaria algum tipo de resistência?

Argumento interessante. Pode ser resumido assim: o povo alemão amava Hitler (e os judeus e dissidentes? deixa pra lá), logo não importa se tivesse o direito a se armar, porque não representaria nenhum tipo de resistência ao regime etc. Nesse caso, seria mais lógico a ditadura nazista ter permitido a todos possuírem armas legalmente, não acha? Sim, porque se todos amavam o tirano, então por que retirar-lhes esse direito?

Imagino que os nazistas assim procederam porque o INDIVIDUO, nesse tipo de regime, precisa ser domado e submetido pelo Estado. Daí a primeira coisa que tais tiranias fazem é desarmar a população. Isso porque sabem que, armados – ou com o direito a ter ou não uma arma de fogo legal –, é mais difícil transformar todos em militantes e vacas de presépio do Partido.

Stalin: O governo de Stalin foi um dos mais (senão o maior de todos) tiranos do mundo. Por que você acha que o homem comum conseguiria resistir ao "governo de ferro" mesmo que armado? Acho que Stalin teria um motivo a mais para trucidar ainda mais a população.
Até.

Pois é. Stálin, assim como Hitler, trucidou a população porque esta estava desarmada. Será que ele poderia ter feito o que fez se encontrasse pela frente individuos em pleno gozo de seus direitos (como o de armar-se, por exemplo)? Vai ver foi exatamente por isso que ele desarmou a todos.

Outro leitor, o Eduardo Cortez, confirmou minha impressão de que não entendeu patavina do que escrevi a respeito do assunto (ou, então, é um grande gaiato mesmo). Vejam como ele interpretou o direito de escolha:

Mas o que é isso? Quer dizer que o que deve prevalecer é o meu direito de escolher? Que seja!

Quero então, ter o direito de poder escolher ter ou não ter uma bomba em casa. Quero também ter o direito de escolher ter mais de uma mulher legalmente. Quero ter o direito de escolher dirigir na contra mão, ultrapassar o sinal vermelho, andar pelado na rua, cobiçar e obter a mulher do próximo, gritar num hospital, pegar o que eu quiser na feira, sem que seja punido por isso. Também quero ter o direito de escolher se atiro ou não atiro com minha arma no cachorro do vizinho, ou quem sabe o direito de escolher entrar em qualquer residência ao meu bel-prazer?

Com esse teu DIREITO DE ESCOLHER podemos ir longe. Por que não deixar o Irã escolher se quer ter ou não quer ter uma bomba atômica?

O argumento é o mesmo, mas creio que nesse caso você seria do contra, não é mesmo?

Ai, ai... É assim que esse pessoal entende o direito a escolher sobre sua própria segurança. Direito que os norte-americanos e os suiços, para citar apenas alguns povos bárbaros, têm garantido em suas constituições. Ter o direito a escolher – nem falo em ter ou não, mas em poder escolher – comprar um revólver ou uma espingarda legalmente registrados é o mesmo que escolher ter uma bomba em casa, casar com quantas mulheres quiser, dirigir na contra-mão, ultrapassar o sinal vermelho, andar pelado na rua etc. Só faltou – aliás, não faltou, não – dizer: “e por que não ter uma bomba atômica”?

Nem precisaria comentar nada aqui, mas lá vai: para gente que “pensa” desse jeito, não existem direitos, mas somente “licenças”, o abuso de direitos. Não haveria o direito de o indivíduo decidir pela sua própria segurança, portanto, porque isso seria abrir um precedente: “hoje ele tem um revólver 32; amanhã terá um avião bombardeiro” etc.

O leitor não tem qualquer senso de proporções, e acha que elaborou um argumento brilhante. Não sabe a diferença entre poder escolher ter ou não uma arma de fogo de forma legal e ter uma bomba de nêutrons. Eu me surpreenderia se ele soubesse a diferença entre uma mosca e um rinoceronte.

Para ficar mais claro, vou tentar reproduzir aqui o mesmo raciocínio do leitor aplicado a outro exemplo:

Mas o que é isso? Liberdade de ir e vir? Que seja!

Quero ter a liberdade, então, de pisar no calo do sujeito mais próximo, de chutar mendigos na calçada, de sapatear em cima de cimento molhado, de dar pontapé em velhinhos e criancinhas etc.

Viram que lógica fantástica?

Enfim, esta foi uma pequena mostra de como funciona a mente dos desarmametistas, essas pessoas maravilhosas e inteligentíssimas, como se acabou de ver.

segunda-feira, maio 02, 2011

AINDA A RELIGIÃO DESARMAMENTISTA: RESPOSTA A UM CRENTE



Um leitor, o Eduardo Cortez, pelo visto não entendeu o post "Minha Conversão ao Desarmamentismo". Eis o que ele escreveu a respeito:

Independente de se ter arma ou não em casa, eu pensava que o dever do Estado era proteger o cidadão. Se todos precisamos de armas para nos defender, pergunto-te pra que Polícia e pra que Estado? E por favor, refiro-me a estes como instituições universais que existem em (quase) todos os países, não estou falando só de Brasil ou governo de X ou de Y.

Em Filosofia existe uma coisa chamada "falsa dicotomia". Trata-se de uma falácia, ou seja, um falso argumento, bastante comum. É algo que pode ser exemplificado pelos seguintes raciocínios: "Fulano é contra o desarmamento civil; logo, ele é a favor de que todos tenham armas". Ou: "Beltrano defende o direito de o deputado Bolsonaro falar suas besteiras; portanto, ele é um homofóbico e racista" etc.


É claro que isso é uma grossa empulhação. Na melhor das hipóteses, demonstra falta de coordenação neuronial. Na pior delas, denota desonestidade. Vamos lá.

Em primeiro lugar, eu NÃO disse que todos precisam de armas para se defender. Procure em todos os textos que escrevi a respeito, e você não vai encontrar nada que se aproxime, sequer remotamente, dessa afirmação. O que disse, e repito, foi o seguinte: todos têm - ou melhor: devem ter - o DIREITO DE ESCOLHER. Escolher o quê? Ter ou não uma arma de fogo legalizada, se assim acharem necessário para sua própria segurança (ou mesmo para fins recreativos, como num clube de tiro etc). O que querem os arautos do desarmamentismo civil? Acabar com esse direito. O que acho disso? Sou contra, claro.

Não é preciso ser fã de armas de fogo para perceber a tremenda enganação que é a idéia do "desarmamento civil". Tampouco é necessário ser membro da National Rifle Association e ter um arsenal em casa para perceber o risco que tal lei, se aprovada, significaria para a liberdade individual. No caso, uma das liberdades mais fundamentais: a de escolher sobre sua própria vida. Sem falar no perigo para a segurança de cada um.


O leitor me pergunta, e quero crer que o faz a sério: pra que Polícia e pra que Estado? etc. Tudo bem, meu caro, eu respondo: para me proteger, entre outras coisas que justifiquem o imposto que eu pago. Proteger de quem? A melhor maneira de responder essa pergunta é com um diálogo:

- Perdeu, playboy! Passa a grana agora senão te dou um teco na fuça!
- Mas, senhor assaltante, espere só um minuto enquanto eu ligo para a Policia...


Ou então:

- Pode começar a rezar canalha, eu vou te matar!
- Calma, distinto assassino: dê-me apenas uns instantes para eu chamar a viatura policial mais próxima...

Uma pergunta final: o desarmamento civil, com a proibição da venda e posse legal de todo tipo de armas de fogo, foi uma idéia implementada em regimes como os de Hitler e Stálin. Quem poderia proteger o cidadão desses regimes?

É a isso que os devotos da religião desarmamentista querem nos levar. Sem o desarmamento, existe a possibilidade de o cidadão escolher ou não se defender. Com o desarmamento, a escolha passa a ser entre fugir ou rezar. Preciso responder - ou melhor: repetir - qual opção eu escolheria?

Há somente duas maneiras de ser favorável à idéia desarmamentista: sendo desonesto ou sendo ingênuo. Posso estar enganado, mas creio que o leitor acima se enquadra nessa segunda categoria. Se bem que, depois do auê todo que o Viva Rio e a Rede Globo fizeram depois do massacre na escola do Rio, estou começando a achar que de ingênuos os devotos desarmamentistas não têm nada...

sábado, abril 23, 2011

MINHA CONVERSÃO AO DESARMAMENTISMO

Acho que cometi uma injustiça com os defensores do desarmamento civil. Desde o último texto que publiquei sobre o assunto, sou atormentado pela impressão de que posso ter sido duro demais com essas pessoas maravilhosas, que só querem o bem de todos e a paz para a humanidade.

Por isso, resolvi me redimir comigo mesmo e com minha consciência. Sensibilizado com os argumentos da Rede Globo e do Viva Rio, que aproveitaram o morticínio em uma escola no Rio de Janeiro por um demente para ressuscitar a idéia de que as armas de fogo adquiridas legalmente por cidadãos honestos são a raiz de toda a violência no Brasil e no mundo, resolvi me converter de vez à religião desarmamentista. Decidi renunciar definitivamente a meu direito de escolher ter ou não um revólver 32 comprado num estabelecimento legalizado e engrossar a legião dos que vestem branco e fazem passeata "pela paz".

Mas, para isso, vou fazer apenas algumas exigências. Aceito não mais ter o direito de decidir sobre minha segurança e de minha família, passando a confiar unicamente em nossas competentíssimas autoridades policiais, desde que sejam atendidas as seguintes condições. Ei-las:

- Que todos os bandidos, em especial os assaltantes de bancos e os narcotraficantes, sigam esse meu exemplo cívico e entreguem também suas armas, como fuzis automáticos e metralhadoras, em nome de um mundo melhor, de paz e de amor;

- Que loucos psicopatas como o assassino da escola de Realengo - que adquiriu suas armas ILEGALMENTE, repita-se - façam o mesmo, diminuindo assim a probabilidade de novos massacres;

- Que o ilustríssimo senador José Sarney, bem como os juízes que defendem o desarmamento civil, aposentem igualmente os carros blindados que costumam usar e os guarda-costas que estão a seu serviço, pagos com dinheiro público - afinal, eles também estão armados;

- Que a excelentíssima ministra dos direitos humanos (rarará), Maria do Rosário, que retirou da gaveta a idéia de um novo plebiscito sobre o desarmamento, devolva o dinheiro que recebeu durante sua campanha à deputada da fábrica Taurus pois, ao aceitar essa ajuda financeira de um fabricante de armas de fogo, que, segundo ela, contribuem para a violência, está assumindo que contribui, ela também, para a violência;

- Que se proíbam facas e outros objetos letais, como grampos e garfos, ou canetas de ponta fina, já que armas de fogo devem ser proibidas porque ferem e matam; melhor: que se proíbam também pedaços de pau e pedras, e que qualquer indivíduo de posse desses objetos de morte, como lenhadores e pedreiros, sejam presos e processados por porte ilegal de arma;

E, finalmente:

- Que se dê uma resposta racional e lógica à seguinte pergunta: se proibir o comércio legal de armas de fogo e desarmar a população é solução para a violência, então por que, nos EUA, onde o comércio é legal, está provado que mais armas significam menos crimes, e não o contrário?

Ou então:

Por que, se armas de fogo nas mãos de cidadãos de bem significam mais violência, países como a Jamaica, onde as armas são proibidas, têm uma taxa de criminalidade muito maior do que a Suiça, onde cada cidadão pode ter um fuzil debaixo da cama?

Estou disposto a abjurar tudo que escrevi até hoje sobre o tema, e a me tornar o mais ativo dos militantes anti-armas e pró-desarmamento civil, se qualquer uma das condições acima (nem é preciso que sejam todas) for atendida. Prometo virar o maior inimigo de tudo que dispara, corta, fura ou contunde. Prometo também cantar 100 vezes, todos os dias, "Imagine", de John Lennon e abraçar a árvore mais próxima.

Como viram, é muito fácil me converter à causa desarmamentista. E aí, Viva Rio, vai encarar?

quarta-feira, abril 13, 2011

MENTIRAS "DO BEM"




Até o massacre de 12 crianças na escola do Rio de Janeiro, eu achava que era possível defender o desarmamento de boa-fé, com um mínimo de honestidade. O que tenho visto e lido na imprensa desde a última quinta-feira, porém, abalou profundamente essa minha convicção.

Confesso que poucas vezes li e ouvi tanta besteira, tanta mentira travestida de humanismo e de defesa da "paz". Como se defender o direito a escolher ter ou não uma arma de forma legal fosse o mesmo que aplaudir loucos que entram atirando em escolas. Como se Wellington Menezes de Oliveira tivesse adquirido os dois revólveres em alguma loja de caça com CNPJ inscrito na Associação Comercial. Como se ter ou não uma arma registrada tivesse alguma coisa a ver com o ocorrido na escola em Realengo.

É de espantar! O oportunismo e o descaramento dos desarmamentistas parecem não ter limites. Li há pouco uma declaração do presidente do Viva Rio, a ONG queridinha da Rede Globo, em que ele se dizia "feliz" – isso mesmo: feliz! – pelo massacre em Realengo, pois este teria trazido de volta o "debate" sobre o desarmamento... É assim que eles chamam a tentativa descarada de engabelar e manipular a opinião pública: "debate". "Debate" que exclui deliberadamente fatos e números que desmentem a falácia desarmamentista.

Nem vou repetir os números, que citei aqui em outro texto. Basta atentar para o seguinte fato: os desarmamentistas, de boa ou má fé, argumentam que a proibição pura e simples da venda legal de armas teria uma relação direta com os números da violência. Muito bem. A proibição é adotada na Jamaica e no Japão, dois paises com indices de violência muito diferentes entre si. Onde está a tal "relação direta" (ou qualquer relação) entre uma coisa e outra?

Isso para não falar dos EUA, país que muita gente acha, graças aos filmes de Michael Moore, que é uma espécie de território sem lei, onde há um maluco armado até os dentes em cada esquina, pronto para mais um massacre. Faço um convite: comparem os números da violência nos EUA, onde o porte de armas é um direito constitucional, com os do Brasil, onde o cidadão precisa passar por uma verdadeira via-crúcis, que dura meses, para poder botar a mão legalmente num revólver 32. Façam isso, e depois me digam se desarmar a população civil é remédio contra o crime...

Os argumentos acima, claro, são inúteis para demover os devotos do culto desarmamentista de mais essa cruzada. Estes já estão convencidos – ou melhor: se convenceram – de que retirar do cidadão o direito a escolher ter ou não uma arma é o caminho luminoso, a solução mágica que irá abrir as portas de um mundo de paz e harmonia, no qual não haverá violência e todos, bandidos e policiais, criminosos e cidadãos de bem, se darão as mãos e cantarão juntos, fazendo aquele gesto com as mãos imitando as asas de um pássaro...

Em momentos como este, parece que todos, levados por um horror de ocasião, jogam a lógica e o bom senso às favas. Aliás, todos não: somente os que se convenceram que proibir o comércio legal de armas de fogo irá significar uma sociedade mais segura e pacífica. Gente como José Sarney, o ínclito senador do Maranhão, que ameaça convocar novo referendo sobre o assunto (o resultado do primeiro, como não foi o que esperava o Viva Rio e a Rede Globo, não teria expressado o verdadeiro valor da democracia...). Ou, então, a ministra petista dos Direitos Humanos (?), Maria do Rosário, que clama pelo desarmamento mas que, revelou-se agora, recebeu dinheiro da Taurus, fabricante de revólveres e pistolas, durante a campanha eleitoral para deputada federal (em tempo: nada contra políticos receberem contribuições financeiras de fabricantes de armas, apenas contra a hipocrisia). E isso tudo sem abdicar, claro, da segurança que lhes é proporcionada por seus guarda-costas armados, privilégio que a imensa maioria da população, que tem que conviver com a bandidagem, nem sonha em ter. Sarney e Maria do Rosário alegam que as armas legalizadas contribuem para a violência. Pela lógica, eles também contribuem.

Eu também sou a favor de um mundo melhor, sem violência, sem massacres, sem psicopatas à solta. E sem mentira. Principalmente se for uma mentira do "bem". Até porque não existe verdade "do mal", existe?

segunda-feira, abril 11, 2011

A RELIGIÃO DESARMAMENTISTA: UM EDITORIAL MENTIROSO DE "O GLOBO"

\O grupo Globo, da família Marinho, é, como se sabe, um dos maiores defensores da idéia do "desarmamento". A Rede Globo de televisão, principalmente, é um celeiro de gente bonita e maravilhosa, que só quer o bem para a humanidade. Foi do Projac que saiu o pelotão de artistas e cantores que, em 2005, tentaram convencer a população, com musiquinha e tudo, que estaria mais segura e viveria em paz se aceitasse uma lei que retiraria do cidadão o direito de escolher ter ou não uma arma adquirida legalmente. (Nesses momentos, claro, a turma da esquerda que advoga a mesma idéia desarmamentista silencia sobre a emissora "de direita".)

O jornal O Globo, obviamente, não poderia ficar de fora dessa patacoada. Mal se haviam passado 24 horas do assassinato brutal e covarde de 12 adolescentes em uma escola municipal no Rio de Janeiro e o jornal carioca tratou de estampar em suas páginas um editorial que tem tudo para entrar para os anais do jornalismo. Não pela qualidade do texto ou pela verdade das palavras, mas exatamente pelo motivo oposto: trata-se de uma das maiores peças de desinformação e de manipulação da realidade que já li.

O problema do texto começa já pelo título: “Levar o desarmamento a sério”. Como se fosse possível levar a sério semelhante idéia estapafúrdia. Vocês verão por quê. É, de certo modo, uma síntese de todas as mentiras e lorotas que, repetidas por vigaristas, militantes devotos e iludidos vocacionais, estão sendo vendidas como verdade nesses dias, como se proibir o comércio legal de armas tivesse alguma coisa a ver com a tragédia perpetrada pelo louco de Realengo. Uma clara demonstração de que estatísticas existem para ser torturadas para que digam o que se convém.

Vejam por vocês mesmos. O editorial vai em vermelho. Eu vou em preto.

A campanha lançada em 2003 como desdobramento do Estatuto do Desarmamento, para recolher armas, foi eficaz instrumento de redução dos indicadores da violência.

Não foi, não. Os motivos estão listados em seguida.

Em outubro de 2005, ao fim do movimento que convidava a população a participar de forma espontânea, o total de armas recolhidas pelo Estado chegou à casa de 500 mil. Prova incontestável de que esse arsenal abastecia estatísticas com trágicos números foi recolhida em levantamento do Ministério da Saúde: de 2003 a 2006, houve uma queda de 17% nos registros de mortes por armas de fogo no país. No âmbito da administração pública, só em internações evitadas de feridos o SUS deixou de gastar R$93 milhões; pelo viés social, dessa redução decorreu que número significante de famílias deixou de lamentar a perda de parentes.

“Prova incontestável” de quê, cara-pálida? A queda de 17% no número de mortes por armas do fogo entre 2003 e 2006 foi devida ao desarmamento? Durante esse período, e mesmo antes, assistiu-se a uma redução da criminalidade em alguns estados, como São Paulo (no Nordeste, ao contrário, a taxa de crimes aumentou). O que isso teve a ver com o desarmamento? Nada, absolutamente nada. Teve a ver, sim, com mais investimentos públicos em segurança – em outras palavras, em mais polícia na rua. E quanto aos bandidos, teriam eles se convertido à campanha oficial e entregue suas armas? No dia em que isso acontecer, aí sim, as campanhas pelo desarmamento terão algum sentido. Se recolher armas diminuísse a violência, países como a Jamaica, onde as armas são proibidas, seriam paraísos da paz e do amor. Por que não recolher todas as facas?

Infelizmente, a esse bom indicador não se seguiu um movimento que aprofundasse o repúdio da sociedade a engenhocas letais.

O “repúdio da sociedade a engenhocas letais” foi ótimo... Para a Globo, o único repúdio que vale é o que o Viva Rio acha certo. A sociedade já deu seu repúdio à lorota desarmamentista. Mas isso, obviamente, não conta para a/o Globo. Ademais, uma faca, como já disse, ou um trator, também são engenhocas letais. Que tal proibí-las?

Em 2005, o país perdeu, no plebiscito sobre o fechamento do comércio especializado, grande chance de tirar mais armas de circulação e estabelecer barreiras efetivas à compra de armamento.

Quem perdeu foi a Globo, não "o país". Barreiras efetivas à compra de armamento LEGAL, faltou dizer. Quanto às armas nas mãos dos bandidos... Só apelando para o Felipe Dylon, mesmo.

Em boa hora, portanto, o Ministério da Justiça reafirma a retomada da Campanha do Desarmamento. É medida urgente, imperiosa, premente, diante da tragédia de anteontem em Realengo, uma chacina que deixou 12 crianças mortas e um sentimento de horror no mundo inteiro.

“Em boa hora” quer dizer: vamos aproveitar a chance e manipular a opinião pública. Raras vezes vi confissão maior de demagogia do que essa. Por “medida urgente, imperiosa, premente”, leia-se: medida demagógica que tenta ressuscitar uma idéia idiota já rejeitada pela população, tentando faturar em cima da comoção por uma tragédia provocada por um demente que adquiriu suas armas de forma ILEGAL.

Não é, no entanto, ação com que se pretenda dar por resolvido o problema da violência. Mas o desarmamento é passo estratégico, e se devem dar outros, como o cumprimento estrito do Estatuto em vigor, a adoção de um programa de fiscalização permanente e um sistema efetivo de controle das fronteiras, por onde passa boa parte do arsenal que arma bandidos e loucos - e mesmo cidadãos que comungam com o equivocado princípio de se armar como defesa contra a violência.

Pelo menos O Globo não disse que o desarmamento vai curar o câncer e espinhela caída... Ah, mas é um “passo estratégico”. Para quê? Para desarmar os membros da ADA ou do Comando Vermelho? Já que o editorial fala de cumprimento ao Estatuto em vigor, que tal lembrar que as leis existentes no Brasil sobre porte de armas estão entre as mais rigorosas do mundo, e isso não impede em absolutamente nada fatos como o da escola de Realengo? Quanto à vigilância nas fronteiras, estou de pleno acordo. Até porque qualquer morador da Rocinha ou do Complexo do Alemão sabe perfeitamente que o arsenal que entra no País e que arma bandidos e loucos é de armas ILEGAIS - como fuzis e submetralhadoras – e que a maioria das armas compradas legalmente no Brasil são revólveres e espingardas produzidos nacionalmente. Mais uma vez: em que impedir o cidadão de possuir, se quiser, de forma legal tais armas irá impedir tragédias como a da escola Tasso da Silveira?

Mas atenção, leitor! A parte mais impressionante do editorial vem agora.

Adeptos desse tipo de raciocínio argumentam que, enquanto os cidadãos se desarmam, os criminosos reforçam seus arsenais - segundo eles, graças ao tráfico de armas, e não por culpa do comércio legal e controlado. Mas relatório da CPI do Tráfico de Armas da Câmara dos Deputados desmente a tese com números.

Vejamos o que diz o Relatório da CPI, e como o editorial de O Globo o interpreta.

De acordo com o documento, especificamente no Estado do Rio, palco da tragédia e onde existem quase 600 mil armas ilegais, 86% do armamento usado por criminosos saíram das lojas legalmente estabelecidas. Cai por terra, portanto, o argumento de que é possível manter sob controle, pelo rastreamento, a circulação de armas em mãos de cidadãos pacíficos. Ajuda a desfazer esta inocente visão o fato de a Polícia Federal ser leniente com o controle da trajetória desse arsenal em direção ao paiol dos bandidos.

Vamos pensar um pouco?

Primeiramente, de onde veio o número de 600 mil armas ilegais no RJ? Se são ilegais, como se pode ter chegado a essa estatística? Fizeram uma pesquisa com os traficantes?

Se me perguntarem quantas armas clandestinas existem na minha vizinhança, eu direi que não tenho a menor idéia, exatamente porque são clandestinas e estão, portanto, além de qualquer monitoramento... Particularmente – é só um chute, nada tem de científico – acredito que o número de 600 mil armas ilegais no RJ é bem inferior ao que existe na realidade.

Outra coisa: 86% das armas usadas por criminosos ou 86% das armas APREENDIDAS? Existe aí, convenhamos, uma grande diferença. Pode-se dizer, com uma margem pequena de erro, o percentual de armas recolhidas pela polícia que saíram de estabelecimentos legais. Mas dizer quanto por cento de revólveres ou pistolas usados atualmente por assaltantes e outros criminosos se encaixa nessa categoria é puro palpite. Eu não sei. O governo não sabe. Ninguém sabe. Quem disser que sabe ou tem dons telepáticos ou é um vigarista.

Digamos que 100% das armas usadas em assaltos ou assassinatos recolhidas pela polícia tenham saído de lojas de caça. O que isso prova? Que não existem armas ilegais, e que a quantidade de pessoas mortas ou feridas por tais armas é menor do que a por armas legais? A meu ver, esse dado prova apenas que apreender um revólver 38 é mais fácil do que, digamos, um AR-15 ou um AK-47.

Enfim, o relatório da CPI não desmente "tese" alguma. Até porque não existe nenhuma "tese" a ser desmentida, mas um FATO - as armas que abastecem a bandidagem chegam a ela de forma clandestina e ilegal, mediante o tráfico de armas. Só não vê quem não quer - ou quem leva a sério os editoriais desarmamentistas e oportunistas de O Globo.

É preciso tratar a questão do desarmamento, da aplicação do Estatuto e da fiscalização como política de Estado, perene.

Como na Jamaica?

Criar barreiras para a circulação de armas não é uma fórmula mágica, panaceia capaz de, por si só, proteger a sociedade de psicopatas como o assassino de Realengo.

Desarmar cidadãos de bem também não. Aliás, o efeito disso seria justamente o contrário do esperado. Vejam, novamente, o caso da Jamaica. Ou dos proprios EUA, como mostra John Lott em seu livro More Guns, Less Crime (que ninguém na Globo e no Viva Rio leu ou lerá um dia, pelo visto).

Mas é uma entre tantas medidas a serem tomadas pelo poder público para reduzir riscos e conter a banalização de tragédias, sejam elas restritas a pequenos círculos familiares ou de proporções como o assassinato em série na Escola Tasso da Silveira.

Está mostrado e demonstrado que retirar armas legais de circulação - e, com isso, o DIREITO do cidadão de armar-se, se assim considerar necessário - não reduz riscos nem contém a banalização das tragédias. Mas vamos admitir, por um momento, que sim, proibir a posse de armas legais tenha algum resultado benéfico nos números de pessoas mortas por armas de fogo, seja por violência ou por acidente. Nesse caso, o que deveria ser feito com as facas de cozinha? Ou com os próprios automóveis, que são também instrumentos letais, causadores de milhares de mortes todos os anos? Se for para seguir o mesmo raciocínio dos desarmamentistas, todos deveriam comer com facas de plástico e andar a pé.

Lembro que quando eu era criança, certa vez me feri com uma faca de cozinha. O corte foi profundo, e perdi muito sangue. Na hora, fiquei com muita raiva, e desejei um mundo sem facas de cozinha. Algumas horas depois, estava procurando uma faca para cortar um pedaço de pão.

REPITO A PERGUNTA: EM QUE IMPEDIR A VENDA DE ARMAS LEGAIS IRÁ IMPEDIR TRAGÉDIAS COMO A DO RIO? SE ALGUM PAI DE ALUNO ESTIVESSE PRESENTE E ARMADO PARA DETER O ASSASSINO, SERÁ QUE O NÚMERO DE VÍTIMAS FATAIS TERIA SIDO O MESMO? Estou pensando em mandar essa pergunta para a seção de cartas de O Globo. Mas algo me diz que eles não vão responder.

sábado, abril 09, 2011

A TRAGÉDIA DO RIO E A TAPEAÇÃO DESARMAMENTISTA


Assim que soube da notícia da mais nova tragédia humana a abalar o País sazonalmente - o assassinato de 11 crianças indefesas por um doente mental em uma escola pública do Rio de Janeiro -, nem esperei ver o noticiário para concluir: Pronto! Aí está mais um caso para os devotos da religião armamentista explorarem de forma sensacionalista. Aí está mais um pretexto para a turma do "politicamente correto" deitar e rolar, tentando ressuscitar a idéia do "desarmamento" da população como panacéia para "resolver" o problema da violência e da criminalidade etc. etc.

Dito e feito. Não foi preciso esperar nem um dia para que "especialistas" contratados pela Rede Globo defendessem o "desarmamento" em entrevistas. Em Brasília, deputados e senadores, embalados pela onda de horror que tomou conta do País, aproveitaram para tirar a idéia da gaveta. Há pouco, vi o probo e lídimo senador José Sarney defender, a sério, a "proibição total da venda legal de armas". Os bandidos do PCC e do CV, que, como se sabe, só compram suas armas em lojas autorizadas e com nota fiscal, devem estar tremendo de medo, pensando, certamente, em mudar de ramo... Daqui a pouco, pensei comigo mesmo, vão começar a brandir números e estatísticas, baseados em cálculos que só eles sabem como são feitos. É sempre assim: toda vez que um psicopata sai por aí disparando a esmo, seja aqui ou nos EUA, o coro do "Sou da Paz" prepara mais uma tapeação. "É culpa das armas", gritam em uníssono os que só querem o nosso bem (das armas LEGAIS, entenda-se). Só faltou o coro puxado por José Mayer e pelo Felipe Dylon.

Nem vou discutir o caráter claramente demagógico da idéia do desarmamento dos cidadãos de bem - e sim, existem cidadãos honestos que têm legalmente armas de fogo -, derrubada por 64% dos votos num referendo em 2005, cujo resultado a turma hoje no poder ainda não engoliu. Tampouco vou falar da ineficácia e da natureza idiota da iniciativa, baseada na expectativa entre ingênua e sonsa de que criminosos aceitariam de bom grado desarmar-se. Muito menos vou lembrar aqui exemplos como o da Jamaica, onde a posse de qualquer arma é proibida e que tem um índice altíssimo de criminalidade, ou da Suiça, onde cada cidadão tem direito a guardar um fuzil militar debaixo da cama, e onde nem por isso se vê ninguém se matando a tiros na rua. Também não vou dar números e estatísticas, como as reunidas pelo professor John Lott em seu livro More Guns, Less Crimes (que PROVAM, de forma até agora irrefutável, que nos estados norte-americanos onde se aprovaram leis restringindo o porte de armas legais a violência, no período estudado, aumentou, em vez de diminuir, enquanto que nos demais estados ocorreu exatamente o contrário, ou seja, a taxa de crimes diminuiu). Vou me limitar a fazer algumas perguntas.

Primeira pergunta: onde o atirador de Realengo conseguiu as armas que usou no massacre? Ele as comprou no mercado? Em que loja? O vendedor emitiu nota? Ele passou pelo necessário processo legal, que dura meses, para tirar porte de arma?

Segunda pergunta: o assassino era claramente um psicopata (a carta que ele deixou, que imita o estilo dos terroristas suicidas islamitas, deixa isso claríssimo). Caso seja aprovada um dia uma lei determinando o desarmamento geral da população, psicopatas como ele irão seguir o exemplo dos cidadãos de bem e entregar suas armas à polícia?

Terceira pergunta: por que atiradores como o do Rio escolhem lugares como escolas ou escritórios para suas chacinas, e não, por exemplo, um clube de tiro?

Aí está. Será que alguma ONG "da paz", como a Viva Rio, pode responder alguma dessas questões? Que resposta dariam? Será que vou ter que perguntar ao Felipe Dylon?

Se há algo que tragédias como a da escola do Rio de Janeiro provam de forma cabal e irrefutável é que leis extremamente restritivas sobre armas de fogo - e as leis sobre armas no Brasil, ao contrário do que dá a entender o lobby "pela paz", são rigorosíssimas - não impedem, nem tornam menos provável, a violência. O mais provável é exatamente o contrário: imaginem quantas crianças poderiam ter sido salvas se o assassino soubesse que poderia enfrentar pelo caminho pessoas armadas (aliás, ele só não matou mais porque foi baleado). O "desarmamento" não é somente ineficaz; é contraproducente.

Contraproducente e hipócrita. Todos viram, pela televisão, o discurso "emocionado" de Dilma Rousseff, em que ela pediu um minuto de silêncio pelos mortos na atrocidade no Rio. Pois bem. As armas que o matador utilizou foram adquiridas ilegalmente, como milhares de armas ilegais nas mãos dos criminosos. A maior causa da criminalidade hoje no Brasil é o tráfico de drogas, que vêm de países como Colômbia e Bolívia. As armas entram no Brasil pela extensa fronteira, sobretudo para abstecer os arsenais do narcotráfico. O partido de Dilma, o PT, é parceiro das FARC, os maiores narcotraficantes do mundo, assim como do cocaleiro Evo Morales, no Foro de São Paulo. Há alguns anos, a então ministra Dilma assinou um documento transferindo a mulher do representante das FARC no Brasil, uma funcionária pública, para Brasília. Tirem daí suas próprias conclusões.

Na frente das câmeras, Dilma chorou pelas crianças mortas no massacre da escola carioca. Também para a TV, rezou ao lado do vocalista Bono Vox, da banda de rock irlandesa U2, que estava passando por Brasília. Todos os anos, cerca de 50 mil brasileiros são mortos pela ação do crime organizado. Seria Dilma capaz de verter uma lágrima e de rezar por eles? (A propósito, quando ela vai chorar e rezar pela alma dos mortos pelas organizações terroristas de que ela fez parte, quando era a Camarada Stela da Vanguarda Popular Revolucionária?)

Eis uma pergunta que permanecerá sem resposta. Enquanto isso, está-se usando o luto das famílias das vítimas para mais uma gigantesca empulhação.