Mostrando postagens com marcador diplomacia lulista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador diplomacia lulista. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, agosto 28, 2013

ESCRAVOS DE JALECO

 
Que me perdoem as almas ingênuas e os iludidos vocacionais - os militontos não merecem perdão, e sim chibata no lombo pra aprenderem a ser gente -, mas é preciso ser muito cínico ou idiota para acreditar que a decisão de importar médicos estrangeiros, particularmente cubanos, vai trazer algum benefício concreto para a calamitosa situação da saúde no Brasil. Muito pelo contrário. Pelos seguintes motivos:

1) Não faltam médicos no Brasil: faltam meios. Os trabalhadores importados vão trazer com eles gaze, seringas, esparadrapo, mertiolate etc? Ou seja: o material que geralmente falta nos hospitais públicos brasileiros, tanto no interior quanto nas grandes cidades. Vão trazer? Se não, podem dar meia volta;

2) Segundo o acordo assinado com o governo de Cuba, os médicos estarão sujeitos a um regime de trabalho semi-escravo, no qual estarão obrigados a entregar a quase totalidade dos salários - pagos pelo governo brasileiro - à ditadura dos irmãos Castro. Além disso, ficarão impedidos de se movimentar livremente no país, com documentos retidos e suas famílias feitas reféns em Cuba. Também não poderão pedir asilo - o que é uma clara violação de todas as normas internacionais de direitos humanos;

3) Escravizados e impedidos de escaparem da tirania, os médicos cubanos serão dispensados do Revalida, o que, além de ser algo ilegal (a lei brasileira exige o exame para a prática da medicina), coloca em dúvida a qualificação profissional desses trabalhadores. Vale lembrar que o tão alardeado alto padrão de qualidade da saúde cubana é na verdade um mito criado pelo regime castrista (quando ficou doente, o próprio Fidel Castro foi se tratar na Espanha...);

4) Além dos mais de 400 milhões de reais anuais que serão gastos com salários (que irão sustentar uma ditadura falida, é bom lembrar), pagos pelo governo federal, as prefeituras serão obrigadas a bancar os custos de moradia e alimentação - mais um gasto duvidoso do dinheiro público (que poderia estar sendo aplicado, por exemplo, na construção de hospitais);

5) O governo dos petistas teve 11 anos para atuar na área e fazer os investimentos necessários, e agora vem com a conversa de querer resolver problemas estruturais de décadas com "medidas de emergência"?! A quem eles querem enganar?

Enfim, trata-se de uma grande (e cara!) enganação, mais uma pilantragem dos petralhas. Uma medida demagógica, feita para desviar a atenção da opinião pública, com objetivos eleitoreiros (o ministro da saúde, Alexandre Padilha, é candidato ao governo de SP no ano que vem), e, de quebra, achar um bode expiatório (os médicos brasileiros, transformados em "vilões" que só pensam em dinheiro e não aceitariam "sacrificar-se pelo povo" etc.). Com o agravante de visar a sustentar a ditadura cubana, a mais antiga do Ocidente, a qual transformou a exportação de "médicos" em um grande negócio, com os Castro como os maiores beneficiados. É um acinte à dignidade humana, além de uma ofensa à inteligência e ao bom senso. Faz tanto sentido quanto importar professores da Síria, ou advogados da Coreia do Norte. E você paga a conta.

P.S.: Cadê as manifestações de protesto?

domingo, outubro 07, 2012

PERGUNTAR NÃO OFENDE...

Luiz Inácio Lula da Silva chefiou o maior esquema de corrupção da História do Brasil - a condenação dos mensaleiros no STF tornou esse fato inegável e impossível de esconder. Marcos Valério e o advogado de Roberto Jefferson deixaram claro que ele, Lula, não somente sabia de tudo como foi o chefe da quadrilha - José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares foram apenas os executores, paus-mandados a seu serviço.

Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto esteve na Presidência da República, afrontou acintosamente, e de forma quase diária, a Justiça, ao descumprir inúmeras vezes a legislação eleitoral, usando e abusando da máquina do Estado para fazer campanha para seus apaniguados. 

Luiz Inácio Lula da Silva recebeu do representante das FARC no Brasil, segundo denúncia da revista VEJA (jamais refutada), oferta de 5 milhões de dólares para sua campanha à Presidência em 2002. Três anos depois, a mesma revista denunciou a doação ilegal de dinheiro da ditadura comunista de Cuba para sua campanha. Novamente, não foi refutada. 

Luiz Inácio Lula da Silva foi o presidente mais pró-ditaduras que o Brasil já teve, tendo escarnecido dos direitos humanos em países como o Irã, chegando ao ponto de devolver refugiados cubanos para a ilha-prisão, enquanto acolheu terroristas como Cesare Battisti. Juntamente com Hugo Chávez, Lula interveio abertamente nos negócios internos de Honduras e do Paraguai, patrocinando, nesses dois países, tentativas de golpe (enquanto chamava de golpistas os que tinham aplicado a lei). Violou, assim, a Constituição Federal, que determina expressamente que as relações internacionais do Brasil devem guiar-se pelo respeito aos direitos humanos, à paz e à soberania dos povos.

Luiz Inácio Lula da Silva estuprou a Constituição diversas vezes, ao tentar impor a censura aos meios de comunicação de forma sub-reptícia (o "controle social da mídia"), e inclusive tendo expulsado - contra a Lei - um jornalista estrangeiro por não ter gostado do teor de matéria por ele escrita (na ocasião, declarou em alto e bom som: "Foda-se a Constituição!").

Luiz Inácio Lula da Silva fez tudo para abafar o caso do assassinato em 2002 do prefeito de Santo André, Celso Daniel, que seria o coordenador de sua campanha à Presidência naquele ano. Seu chefe da Casa Civil, Gilberto Carvalho, está diretamente envolvido no caso.

Luiz Inácio Lula da Silva usou e abusou de suas prerrogativas presidenciais para favorecer amigos e correligionários, inclusive parentes, como seu filho Lulinha, que desde que o pai chegou ao poder passou de monitor de zoológico com salário de 600 reais por mês a dono de empresa milionária associada à antiga Telemar (coincidentemente ou não, depois que esta foi vendida em transação patrocinada pelo pai-presidente). 

Luiz Inácio Lula da Silva tentou chantagear um ministro do STF, tentando obter com isso o adiamento do julgamento do mensalão.

Luiz Inácio Lula da Silva, segundo documentos divulgados pelo Wikileaks, tentou extorquir dinheiro dos fabricantes do avião Rafale, na concorrência aberta pela FAB para adquirir novos jatos militares. A comissão que receberia pelo serviço seria sua "aposentadoria".   

Diante dos fatos acima - apenas uma amostra, pois há mais -, fica a pergunta:

POR QUE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA NÃO ESTÁ NA CADEIA? (Ou, pelo menos, respondendo a processo penal?)

Com a palavra, os senhores procuradores do Ministério Público.

domingo, julho 29, 2012

UMA CONSPIRAÇÃO A CÉU ABERTO - E A MAIOR OPERAÇÃO-ABAFA DA HISTÓRIA DO BRASIL

O vídeo que vocês verão a seguir deveria dispensar comentários. Digo deveria porque, apesar de ser a confissão de um crime - no caso, um crime contra a democracia em escala continental -, o delito e o delinquente certamente continuarão impunes. Pior: tanto um quanto o outro seguirão ignorados, como se o que está sendo dito logo abaixo não fosse real.

No vídeo, o Molusco Apedeuta, agora sem barba e com a voz rouca por causa da doença, envia uma mensagem de solidariedade aos "companheiros do Foro de São Paulo", que realizava então uma renião em Caracas, Venezuela, no começo de julho.  Praticamente não saiu uma linha sequer, não se falou absolutamente nada sobre o assunto, na imprensa brasileira. Mas Lula dá o serviço. Eis o que ele diz, com a cara mais lavada do mundo:

- Em primeiro lugar, ele lembra que, em 1990, quando o Foro foi criado (para, lembremos, restabelecer na América Latina o que se acabara de "perder" no Leste Europeu - ou seja: o comunismo), a esquerda estava no poder em apenas um país na América Latina - Cuba - e que, desde então, "governamos" - o "nós" inclui, obviamente, quem está hoje no poder na ilha caribenha - vários países do continente; 

- Afirma - e nisso está certo - que o Foro tem mudado radicalmente a face do continente, e que mesmo onde os partidos do Foro são oposição, eles têm uma influência crescente em seus países (o que também é verdade, infelizmente);

- Com a mesma desfaçatez com que nega, até hoje, a existência do mensalão, que está (finalmente!) para ser julgado no STF, repete mentiras deslavadas, afirmando que, graças ao Foro, os países por ele governados passam por uma fase de grande "crescimento econômico" - os números não mostram nada disso - e que "somos uma referência internacional de alternativa de sucesso ao neoliberalismo". Alternativa? De sucesso? Ao "neoliberalismo"?;

- Elogia as "conquistas extraordinárias" do governo populista e autoritário de Hugo Chávez na Venezuela, que vem arrastando o país para o caos econômico e social, dizendo que nunca as classes populares daquele país foram tratadas "com tanto respeito, carinho e dignidade" (sic); 

- Lamenta que Honduras e Paraguai, em que governos populistas e irresponsáveis foram destituídos de forma constitucional, tenham resistido às tentativas de Chávez de intervir nos assuntos internos para aniquilar as instituições. Lula não acha que Honduras e Paraguai sejam democracias. Democracia, para ele, é o que existe em Cuba e na Venezuela;

- Prosseguindo no desfile de cretinices, Lula fala ainda na existência de "colônias" na região, citando as Malvinas, cujos habitantes britânicos Cristina Kirchner quer porque quer converter em argentinos;

- Termina pedindo votos para seu companheiro Hugo Chávez - haverá eleições presidenciais na Venezuela em 7 de outubro -, dizendo "tua vitória será nossa vitória", no melhor estilo eternizado pelo deputado Cândido Vacarezza - aquele do "você é nosso, nós somos teu (sic)", lembram?.

Durante anos, o Foro de São Paulo foi um tabu na imprensa brasileira. Somente o Olavo de Carvalho falava do tema. Negava-se até mesmo a existência do Foro - falar sobre ele era coisa de alucinados e de teóricos da conspiração que viam comunistas em cada esquina etc. Somente em 2005, 15 anos depois da criação do Foro - isso mesmo: 15 anos depois! -, é que parte da imprensa brasileira, com a VEJA à frente, "descobriu" que a coisa existia de fato, e não era uma fantasia de mentes delirantes.  Mesmo assim, jornalistas companheiros acharam um jeito de botar panos quentes e evitar que a história crescesse: o Foro existia, mas era apenas um convescote sem consequências, uma simples reunião de amigos e nada mais, sem nenhuma influência na realidade dos países da região  - e isso apesar de farta documentação, que inclui resoluções (alguém já viu uma reunião de amigos com resoluções?). Enfim, uma coisa assim, sem importância (deve ter sido por isso que, assim que o assunto veio à baila, as atas do Foro sumiram do site oficial da Presidência da República). Agora essa teoria é desmentida, de forma acachapante, por ninguém menos do que um dos criadores do Foro, que faz questão de mostrar, até vangloriando-se, que a organização mudou e vem mudando radicalmente - para pior - a realidade política da América Latina. 

Um fato que vale a pena lembrar: quem até um dia desses participava ativamente do Foro de São Paulo, além de partidos como PT e PCdoB e da ditadura comunista cubana dos irmãos Castro, sem falar em governos "progressistas" como os de Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa, eram as FARC, os narcoterroristas colombianos.  Desnecessário dizer que, assim que a VEJA mencionou pela primeira vez a existência do Foro, não faltou quem se apressasse a "esclarecer" que as FARC dele não mais faziam parte e que isso era coisa do passado etc. e tal (isso depois de terem negado, durante uma década e meia, que o Foro existia). Só esqueceram de mencionar que tal organização narcoterrorista jamais foi expulsa, tendo-se retirado discretamente assim que se tornou impossível esconder a notícia da existência do Foro - e da vinculação das FARC com o PT. Vinculação que a descoberta dos arquivos do computador pessoal do número dois das FARC, Raúl Reyes, morto no Equador em 2008, tornou mais difícil esconder - outro assunto que estranhamente continua ignorado na grande imprensa nacional. Alguma relação com o fato de o governo brasileiro, pela voz de Marco Aurélio Garcia (ex-presidente do Foro e habitué de suas reuniões), declarar-se "neutro" em relação às FARC, colocando os narcobandoleiros, portanto, no mesmo nível de legitimidade do governo colombiano democraticamente constituído? Tirem suas próprias conclusões.

Em qualquer país sério, os fatos acima seriam suficientes para levar figuras como Lula às barras de um tribunal ou, pelo menos, a ser intimado a dar explicações numa CPI. Por muito menos do que está no vídeo, seria algemado e expulso da vida política para sempre. Mas estamos no Brasil, onde não há oposição. Por estas bandas, simplesmente proclamar um fato, juntar lé com cré, é visto como a pior das heresias. Daí vídeos asquerosos como este não causarem escândalo, sequer um comentário.

Nunca na História do universo uma conspiração internacional, envolvendo inclusive terroristas e narcotraficantes, para tomar o poder e destruir as instituições democráticas em um continente inteiro esteve mais bem documentada. E nunca - nunca mesmo - houve uma operação tão abrangente para ocultá-la dos olhos do público. E com tanto êxito. O que leva à seguinte conclusão: não basta divulgar a verdade; é preciso encontrar pessoas dispostas a ouvi-la.  Se estiverem narcotizadas por um estupefaciente mental chamado lulopetismo, continuarão cegas, surdas e mudas ao que se passa em sua volta. Os brasileiros, esses distraídos, estão anestesiados. Ou corrompidos.

Claro, certamente haverá quem procure diminuir o que está no vídeo, dizendo que ele não "prova" nada, no máximo que Lula e o PT se movem, em termos ideológicos, no terreno da ambigüidade e da duplicidade, o que não é nenhuma novidade etc. etc. Nesse caso, seria forçoso admitir que Lula e o PT têm uma agenda secreta. Com o detalhe de que nem secreta ela é.

Assistam e comprovem:

domingo, março 11, 2012

A NOVA POTÊNCIA MUNDIAL


Crianças anglo-saxônicas brincando no Rio Tâmisa, em Londres - ainda bem que essas coisas só se vêem por lá...

Para que não digam que só escrevo o que escrevo porque sou um invejoso, ressentido e recalcado por causa desse imenso sucesso de público e crítica que é o lulopetismo, aí vai uma boa notícia.

Está em todos os jornais. O Brasil é agora a sexta maior economia do mundo. Deixamos para trás o Reino Unido.

Que beleza, não? Que maravilha! Esperem aí, vou abrir uma garrafa de champanhe.

Vou mesmo me juntar ao coro dos pachecos e pachecas do oficialismo cleptopetista e gritar, a plenos pulmões, cheio de furor ufanista, slogans de outra época: Pra frente Brasil! Ninguém segura este país! Brasil-sil-sil!

Pois é, né? Estou até com pena dos ingleses, coitados... Os súditos da rainha devem estar se roendo de inveja diante do avanço do Impávido Colosso. Também pudera: como sabe qualquer pessoa minimamente alfabetizada e com algum acesso à informação mais básica, os filhos da pérfida Albion estão numa pindaíba de dar dó até no mais miserável retirante nordestino. Ao contrário de nós, claro.

Só para vocês terem uma idéia, aí vão alguns números para nos encher ainda mais de orgulho patriótico:

- 53% das habitações sem saneamento básico - isso mesmo: mais da metade das casas sem esgoto;

- uma educação falida e incapaz de providenciar o ensino das noções mais básicas de português e de matemática, que se expressa nos últimos lugares nos exames internacionais de qualidade da educação, com mais de 14 milhões de analfabetos (noves fora os analfabetos funcionais, muito mais numerosos);

- um sistema de saúde pública infame e pavoroso, com hospitais que mais se assemelham a açougues;

- cerca de 50 mil assassinatos por ano devido ao crime organizado - num país que, oficialmente, não está em guerra;

- milhares de zumbis viciados em crack zanzando nos centros das grandes cidades e até no interior;

- estradas intransitáveis e aeroportos defasados há décadas, incapazes de atender à demanda;

- tragédias sazonais e plenamente evitáveis na estação de chuvas todo verão - devido à omissão criminosa das "autoridades" etc.

Sem falar, claro, num flagelo que, felizmente, é desconhecido por estas plagas: a corrupção generalizada, a um ritmo de um ministro demitido a cada dois meses (apenas no primeiro ano do governo). Roubalheira? Mensalão? Impunidade?  Ouvi dizer que tem dessas coisas lá pelas bandas da Inglaterra. (Aliás, por lá parece que também eles ainda sofrem com epidemias de dengue, vejam só que atrasados...)

Tudo isso, claro, existe na outrora gloriosa Grã-Bretanha, não no Brasil varonil. Todos estamos carecas de saber que, desde primeiro de janeiro de 2003, quando D. Sebastião voltou para nos redimir, nossa Pátria Amada Idolatrada Salve Salve virou o Paraíso terrestre, motivo de inveja e admiração de todos os povos do planeta.

Para reforçar isso ainda mais, vejam só o que os pobres britânicos têm para mostrar ao mundo, em comparação com o que temos a oferecer:

- Eles têm alguns escribas medíocres, como um tal de Shakespeare, ou um John Milton, um Edmund Burke, um J.S. Mill, um Charles Dickens... Figuras absolutamente obscuras e sem nenhuma influência na Literatura e na Filosofia mundiais. Nós temos gigantes do pensamento universal como Paulo Coelho e Gabriel Chalita.

- Eles deram ao mundo alguns poucos e insignificantes cientistas, como Isaac Newton e Charles Darwin; nós somos uma potência científica, como demonstram nossos dezenas de prêmios Nobel. Tanto somos que já temos mais ex-BBBs do que arqueólogos... é a nossa contribuição ao progresso mental da humanidade.

- Eles tiveram um papel ínfimo na História universal; já o Brasil foi berço da Revolução Industrial e exportador de tecnologia. Sem falar na nossa atuação decisiva na derrota do nazi-fascismo na Europa durante a II Guerra e, depois, do comunismo. 

- Eles ainda pautam sua política externa pela chamada aliança atlântica com os EUA; nós estamos muito mais avançados, e nos guiamos pela aliança com baluartes da democracia e dos direitos humanos como Cuba, Venezuela e Irã.

Nem falo aqui das artes e da cultura, como o cinema, onde, como todos sabem, damos um banho nos gringos. Estamos na vanguarda nesse quesito, ao contrário dos ingleses. Aliás, quem foi mesmo esse tal de Hitchcock?

Parece que a coisa está tão feia por lá que o governo de Sua Majestade estaria cogitando importar o modelo do Bolsa-Cabresto, tão bem-sucedido no Brasil. (Os políticos de lá não sabem o que estão perdendo.) Também estaria pensando em construir um trem-bala unindo o rio Capibaribe a seu tributário, o Tâmisa.

Finalmente chegamos ao Primeiro Mundo. Aí estão os fatos acima que não me deixam mentir.    

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

VICIADOS EM DITADURA

Quando Dilma Vana Rousseff assumiu a Presidência da República, muitas almas ingênuas se deixaram levar pela esperança de que, ao menos na política externa, haveria alguma mudança. A postura canhestramente antiamericana e desavergonhadamente pró-ditaduras do governo anterior, responsável por alguns dos maiores vexames da história do Itamaraty (como o apoio descarado a um político golpista em Honduras, as relações mal-explicadas com os narcoterroristas das FARC e um acordo fajuto para permitir à teocracia islâmica do Irã ganhar tempo para ter a bomba atômica, entre outras enormidades), seria substituída por uma atitude mais sensata e discreta, como convém a democratas. Aparentemente, o governo Dilma estaria se afastando de regimes que apedrejam mulheres e enforcam opositores para se colocar, finalmente, do lado bom e decente da humanidade, o lado da civilização contra a barbárie. Não mais piscadelas e salamaleques para ditadores e violadores contumazes dos direitos humanos, acreditou-se, mas um pouco de compostura e decência - pelo menos isso.
.
Durou pouco a ilusão. Se ainda havia alguma dúvida de que o governo Dilma Rousseff nada mais é do que o governo Lula requentado (apenas com um pouco menos de verborragia e sem tantos fogos de artifício), essa foi para o beleléu no começo desta semana, com a visita da ex-camarada Estela à ilha de Cuba, o fetiche supremo dos esquerdistas.
.
O que ocorreu em Havana foi o fim de mais um mito criado em torno de Dilma Rousseff, cuja biografia oficial, graças à aura de ex-guerrilheira que ninguém sabe direito o que fez, já começa a adquirir contornos de hagiografia (escrevo sobre isso em outro texto). A viagem foi precedida de alguns gestos que pareceram a muitos um sinal de "mudança", como a concessão de visto, por parte do governo brasileiro, para que a blogueira Yoani Sánchez visite o Brasil para um festival de cinema (se virá ou não, é outra questão, pois o governo cubano já negou seu pedido de saída do pais 18 vezes, e tudo indica que não o fará novamente), assim como as recentes "reformas" anunciadas pela ditadura, como a permissão para vender carros e o limite de dez anos (depois de 53 anos!) para a permanência de governantes em cargos de mando. Tudo, porém, não passou de fogo de palha, de muito confete para pouca música.
.
Não se repetiu, dessa vez, a cena escabrosa de um Lula da Silva posando, sorridente, ao lado da múmia Fidel Castro no momento em que um preso de consciência, Orlando Zapata Tamayo, morria de fome em um calabouço da ditadura. Seria dificil ultrapassar nível tão abissal de abjeção. Mas a visita de Dilma não esteve longe no desprezo aos direitos humanos. Poucos dias antes de ela chegar à ilha e encontrar-se em segredo com Fidel Castro, outro dissidente, William Vilar, morreu em uma greve de fome em protesto contra a repressão política e a falta de liberdades na ilha-prisão. O que disse Dilma, a ex-torturada, sobre o fato? Nada. Nem uma só palavra.
.
Em vez disso, na única ocasião em que tocou no assunto dos direitos humanos quando esteve na ilha, a digníssima tratou de comprovar, pela enésima vez, sua pouca familiaridade com as formas mais elementares de expressão e, de quebra, cometeu uma gafe que só não faria corar de vergonha seu antecessor. Perante os jornalistas, naquela língua estranha e quase ininteligível que é o dilmês, ela criticou o tratamento cruel dispensado aos presos... em Guantánamo! Sim, para a presidente do Brasil, só há tortura, só há presos de consciência, na prisão norte-americana! Ou melhor: no quesito desrespeito aos direitos humanos, todos têm culpa no cartório, exceto... a ditadura cubana! Na visão geopolítica muito peculiar de Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia e companhia, não há qualquer diferença entre Cuba e os EUA, assim como não há diferença alguma entre os presos em Boniato ou Kilo 7 e os detidos em Guantánamo. (Corrigindo: para eles há diferença, sim - Cuba seria uma democracia, e os EUA, uma ditadura...)
.
Com mais essa declaração infeliz, Dilma se aproximou um pouco mais de Lula, que talvez na frase mais estúpida já pronunciada por um chefe de Estado em todos os tempos, comparou em 2010 os presos políticos cubanos aos bandidos do PCC... Dilma não chegou a tanto – seria demais até para ela –, mas colocou dissidentes como Orlando Zapata e William Vilar na mesma vala comum dos terroristas presos na prisão norte-americana, como Khaled Sheik Mohammed, o mentor dos atentados de 11/09/2001.
.
Por falar em Guantánamo, lembrei agora de um fato interessante: no auge do clamor mundial contra o tratamento dispensado pelos EUA aos prisioneiros, o jornalista e provocador intelectual Christopher Hitchens, falecido no final do ano passado, defendeu o fechamento da prisão norte-americana, pelo seguinte motivo: os EUA estavam ajudando a criar uma ameaça à sua seguranca, ao permitir que o local se transformasse numa grande madraçal. Em Guantánamo, os terroristas presos possuem direitos raramente respeitados em muitos países. Por exemplo, eles têm direito a rezar quantas vezes quiserem e a ler o Corão. Comparativamente a outros prisioneiros, têm mesmo um tratamento cinco estrelas. Será que se pode dizer o mesmo dos presos políticos em Cuba?
.
Seria demais esperar de Dilma Rousseff, que nos anos 60 pegou em armas para transformar o Brasil numa nova Cuba, que, em sua visita à ilha, se encontrasse com dissidentes. Mas poderia, pelo menos, ficar calada. Assim, além de evitar o vexame de maltratar os ouvidos alheios com seus solecismos e anacolutos, poderia vender mais facilmente a lorota de que a visita foi apenas "de negócios", como repetiu sua assessoria. Com sua declaração inacreditável sobre Guantánamo, a musa de Arnaldo Jabor deixou claro que sua ida a Havana não visou apenas a interesses comerciais, mas, sobretudo, a prestigiar a ditadura.
.
Essa é a postura do governo Dilma: para a ditadura comunista dos irmãos Castro, silêncio cúmplice e solidariedade; para os EUA, críticas – e em Cuba. Ou seja: fala grosso com os EUA, mas afina com tiranos de sua predileção. E ainda há quem fale em "mudança" na política externa brasileira... Aí está a própria Dilma para desmentir esse wishful thinking.
.
Claro, haverá quem diga que não cabe a um chefe de Estado em visita a outro pais fazer declarações sobre direitos humanos ou liberdade de imprensa, pois isto seria, além de uma quebra do protocolo diplomático, imiscuir-se nos assuntos do país anfitrião etc. Já conheço essa conversa.
.
Pois eu digo que, para além desse palavrório afetado, defender os direitos humanos, em lugares como Cuba, mais do que cabível, é uma obrigação política e moral. Ainda mais em se tratando do Brasil, país que é, atualmente, o maior parceiro comercial de Cuba - o que significa que é, junto com a Venezuela do bufão Hugo Chávez, o principal sustentáculo do regime. Em 2011, o saldo comercial entre Brasil e Cuba chegou a US$ 642 milhões, um recorde; empresas brasileiras participam diretamente de importantes projetos de infraestrutura na ilha, como a ampliação do porto de Mariel (de onde saíram, em 1980, milhares de cubanos fugindo do paraíso socialista). Justamente por isso, o Brasil deveria usar o poder e influência que supostamente tem para conseguir avanços democráticos na ilha dos Castro. Mas não o faz. O que leva à pergunta: se o poder não serve para influenciar outros e construir um mundo melhor, como gostam de dizer os companheiros petistas, então para quê serve?
.
E não me venham dizer que as intenções, nesse caso, esbarram na realidade: poucas vezes houve condições mais favoráveis para usar o poder dos cifrões para influir nos rumos de outro país. Graças a décadas de incompetência do regime comunista, Cuba é hoje uma ruína econômica, e não tem qualquer produto de interesse para o Brasil, necessitando desesperadamente dos investimentos brasileiros para sobreviver. Já o Brasil não precisa de Cuba, exceto nos corações dos militantes mais empedernidos.
.
(Não faltará, também, quem fale num tal embargo norte-americano - que alguns insistem em chamar, por ignorância ou má-fé, de “bloqueio” -, o qual na prática não embarga nada, como se tivesse alguma coisa a ver com o fato de o regime mandar prender e fuzilar pessoas.)
.
Cai por terra, assim, outro mito, sistematicamente repetido pelos marqueteiros do lulo-dilmismo: o da nova potência mundial, respeitada e influente nos assuntos internacionais. No mesmo momento em que a combalida União Européia e até a Liga Árabe pressionam as tiranias do Irã e da Síria, a presidente do Brasil Maravilha, que enche a boca para falar mal dos EUA e do FMI, não tem nada a dizer sobre direitos humanos na ilha subjugada há mais de cinquenta anos pelos Castro. Não vacila em condenar os crimes passados da ditabranda militar brasileira, mas amolece quando se trata da ditadura de verdade cubana. Ditadura, só se for a dos EUA...
.
Não é somente nos inumeráveis escândalos de corrupção e nas trapalhadas administrativas que o governo Dilma é um monótono déjà vu. Na política externa, também, infelizmente, é clara a continuidade. Em Cuba, caiu a máscara de Dilma. Que tanta gente se recuse a ver isso e insista que ela é diferente de quem a inventou (alimentando o mito, ainda por cima, da gerente eficaz e rigorosa com "malfeitos" de seus subordinados), é algo que só se explica por motivos ideológicos - ou psicológicos. Não tem jeito. Com ou sem Lula, petralhas são viciados em ditadura.
---
PS.: Já tinha escrito este texto quando leio na imprensa que a blogueira Yoani Sánchez teve o visto negado para viajar ao Brasil. Foi a 19a vez que a ditadura castrista a proibiu de sair da ilha-presídio, e a terceira tentativa frustrada de ir ao país de Dilma Rousseff. Certamente, os baba-ovos da castradura cubana dirão que foi culpa da CIA ou do embargo imposto pelos EUA à Cuba… São assim as coisas no universo mental dos devotos de ditaduras decrépitas e assassinas.

quarta-feira, novembro 09, 2011

O MUNDO SE CURVA AO BRASIL

A foto acima mostra quão concorrida foi a entrevista coletiva de Dilma Vana Rousseff na Reunião de Cúpula do G-20, realizada semana passada em Cannes.

Notem a quantidade de gente que se espreme no auditório lotado de pessoas ansiosas para ouvirem o que tem a dizer a presidente da mais nova potência mundial.

O sucesso foi tão grande que a organização do evento teve até que organizar uma fila do lado de fora, com cambistas e vendedor de pipoca. Fez um show do U2 ou do Roberto Carlos parecer um comiciozinho de subúrbio.

Posso estar enganado, mas acho que o sujeito ali no canto esquerdo é o Obama, ouvindo atentamente as lições da supergerenta sobre governança global e o melhor caminho para alcançar a paz no Oriente Médio. Sarkozy e Angela Merkel estavam tomando notas sobre como acabar com a pobreza e resolver a crise do euro.

Infelizmente, o ângulo da foto não permite mostrar a expressão de enlevo nos rostos fascinados da platéia. Mas pode-se ter uma idéia de como ela ouviu tudo com o maior interesse, saboreando cada palavra da Guia e Mestra. Imaginem a ovação final.

E agora, o que vão dizer os "do contra", esses derrotistas e invejosos, diante desse momento de glória pátria, essa verdadeira apoteose da segunda líder mais importante do mundo desde a criação do Universo (o primeiro, claro, foi o Lula)?

É mais uma prova de que o Brasil realmente cresceu em influência e importância na era lulopetista. Como diria Marilena Chauí, a filósofa-musa do petismo, quando Dilma fala, o mundo se ilumina. Demorou, mas chegamos lá. O mundo finalmente se curva perante a terra de Cabral!

Vejam como o Brasil está bombando lá fora, gente!

Chupa, mundo! Brasil-sil-sil!!!

quinta-feira, agosto 25, 2011

KADAFI, OU A ATRAÇÃO DA ESQUERDA POR DITADURAS

Acabou a comédia de Muamar Kadafi. O ex-homem forte da Líbia, antigo inimigo público número um da humanidade nos anos 70 e 80, quando usou e abusou do dinheiro do petróleo para financiar grupos terroristas em todo o mundo, está acuado em Trípoli por uma rebelião armada, depois de ter cometido o erro de tantos outros tiranos: o massacre do próprio povo. Após 42 anos de ditadura brutal e absoluta, compartilhada com os filhos, o bizarro pai-de-santo e destaque de escola de samba, que tomou o poder num golpe militar aos 27 anos de idade, seguirá, ao que tudo indica, o mesmo destino de tantos outros déspotas com as mãos sujas de sangue, como Nicolae Ceaucescu, Slobodan Milosevic, Idi Amin e Erich Honecker: a morte, a prisão ou o exílio. A lata de lixo da História.

Nem vou discutir, aqui, se a intervenção da OTAN no conflito libio foi ou não juridicamente correta, e se Nicolas Sarkozy e o boboca Barack Obama fizeram ou não a coisa certa no âmbito da ONU e do direito internacional. Deixo essa questão para os juristas responderem. Da minha parte, lembro apenas que ninguém parece estar prestando muita atenção a esse detalhe, ao contrário do que ocorreu quando o demônio George W. Bush resolveu despachar Saddam Hussein em 2003. Na ocasião, difícil esquecer, houve o maior escarcéu por causa disso, e quase ninguém lembrou que Saddam era um dos piores tiranos e assassinos da História, que mereceu o destino que teve. Também não vou me debruçar, por ora, sobre as dúvidas e incertezas que cercam o cenário da Líbia pós-Kadafi, tendo em vista os riscos que acarreta um movimento armado que tem em suas fileiras elementos com óbvias conexões fundamentalistas islamitas (assim como no Egito e em outros países varridos pela “primavera árabe”). Embora seja algo com o que se preocupar, não é isso o que interessa aqui.

Kadafi pode até ser página virada, mas muitos que lamentam sua queda e que sempre o apoiaram não o são. Infelizmente. Muitos - sobretudo no governo Lula, digo, Dilma – estão hoje criticando, aberta ou veladamente, o que chamam de “forças contrarrevolucionárias a serviço do imperialismo” (ou seja: os rebeldes). Curiosamente, os mesmos que saíram às ruas e assinaram manifestos indignados contra a “invasão do Iraque”. A conclusão é que Kadafi (ou Saddam) seria assim uma espécie de líder popular e representante da “resistência dos oprimidos” etc. etc.

Não é difícil perceber de quem estou falando: é o mesmo tipo de gente que baba ao ouvir um discurso do “coma andante” Fidel Castro, ou de seu imitador Hugo Chávez, ou do índio de araque Evo Morales. São os mesmos que até outro dia viam na finada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas a “esperança da humanidade”, ignorando qualquer crítica que se fizesse a ela e ao comunismo como “propaganda burguesa”… É a esquerda, enfim.

(E aqui abro um parêntese: falo de esquerda no singular, e não no plural – “esquerdas” –, porque, em que pesem as diferenças programáticas entre as várias correntes e matizes esquerdistas, que não podem ser ignoradas, há mais a uni-las do que a separá-las – o desprezo à democracia, por exemplo, é um traço comum a todas elas, sendo apenas mais descarado em umas do que em outras.)

E antes que alguém me acuse de dizer que pró-ditaduras são apenas os esquerdistas: desconheço o nome de algum intelectual ou politico importante de direita que defenda abertamente e cante louvores a ditadores com a mesma desenvoltura e com a mesma falta de inibição que os intelectuais e politicos de esquerda. Que o diga Luiz Inácio Lula da Silva, o Apedeuta, que transformou a adulação de tiranos de estimação na marca registrada de sua política externa – seguida, agora, fielmente, por sua discípula. Figuras como Frei Betto, Oscar Niemeyer, Antonio Candido e Fernando Morais, para não falar em gurus do jet-set esquerdista internacional como Noam Chomsky e Tariq Ali e, obviamente, partidos como o PT e o PCdoB, não se constrangem em agir como porta-vozes de regimes como a ditadura cubana – ou líbia. E o fazem em nome da humanidade! É um acinte!

Não existe, hoje, um único ditador, em nenhuma parte do mundo, que não conte com o aplauso entusiasmado ou, pelo menos, com a simpatia ou o silêncio cúmplice e acabrunhado da esquerda. Pense em qualquer um deles – qualquer um! – e você esperará em vão alguma palavra mais dura, alguma crítica, por parte de algum esquerdista. Em contraste com essa passividade bovina, é grande a gritaria contra governos “de direita” democraticamente eleitos, como o do ex-presidente colombiano Alvaro Uribe e o de Sebastián Piñera, que enfrenta atualmente uma onda de vandalismo esquerdopata travestido de reinvindicação social no Chile. Se você pensou em duplo padrão moral e hipocrisia, acertou em cheio.

“Ah mas e as ditaduras de direita, como a de Pinochet no Chile, não tiveram também seus apologistas?”, perguntaria alguém da sinistra, para quem o “todos fazem igual” já se tornou uma espécie de álibi, uma licença para fazer o mal sem o inconveniente do peso na consciência. Na época, sim, certamente, a começar pelos próprios golpistas. Mas digam-me o nome de um, apenas um, intelectual direitista de renome que avalizou e bateu palmas para a censura e a tortura de presos politicos. (No caso do regime militar brasileiro, nem adianta procurar, pois se um dia houve por aqui intelectuais de direita, conservadores ou liberais, não sobrou nenhum.) Pode-se dizer o mesmo de gente como Chico Buarque ou Antonio Candido em relação a Cuba?

Foi a esquerda, não a direita, que inventou a teoria da ditadura “virtuosa”. Tem sido assim desde a Revolução Francesa e o Terror de Robespierre – há ditaduras “boas” e “más”, sendo as primeiras as que façam avançar a “causa do povo” (o socialismo, a ditadura do proletariado etc.) e as más, as que se oponham a esse objetivo. Do mesmo modo, haveria o terrorismo “do mal” (o de extrema-direita ou fascista) e o “do bem” (como no caso de Cesare Battisti e dos “guerrilheiros” que “lutaram contra a ditadura militar”).

No caso da "direita", ao contrário, inexiste essa justificação moral da ditadura e do terror: os governos dos EUA, por exemplo, sempre consideraram os ditadores com ele alinhados como escroques com os quais, por razões estratégicas, eram obrigados a lidar, e dos quais se livrariam na primeira oportunidade (“ele é um filho-da-puta, mas é nosso filho-da-puta”, é a frase famosa atribuída a Franklin Roosevelt sobre o ditador Anastasio Somoza da Nicarágua). O próprio Kadafi era visto, até meses atrás, como um “aliado” do Ocidente, e bajulado com rapapés pelos governos que hoje o execram. E não deixara de ser um filho-da-puta.

Mesmo um monstro moral como Henry Kissinger buscava justificar seu apoio a regimes como o de Pinochet em bases pragmáticas, em termos de realpolitik – eram os tempos da Guerra Fria –, e não morais, ignorando cinicamente as violações dos direitos humanos (o que fazia também em relação à URSS e à China, diga-se). Até mesmo os militares que tomaram o poder no Brasil e em vários outros países da América Latina nos anos 60 e 70 viam os regimes por eles instalados como de exceção, portanto provisórios, tanto que aceitaram devolver o poder à sociedade (a propósito: quando os Castro aceitarão fazer isso em Cuba?). A esquerda, contudo, vai além de tudo isso. Ela instituiu a glorificação de homicidas como algo inseparável de seu programa politico-ideológico. Em suma, considera as “suas” ditaduras não como um mal necessário, mas como algo somente necessário – na verdade, como o objetivo mesmo de sua ação. Nem sequer tapa o nariz. Isso porque ela é intrinsecamente antidemocrática e pró-autoritária.

Kadafi, Assad, Mubarak, Ben Ali, Ahmadinejad, Mugabe, Kim Jong-il, Castro, Chávez, Morales… Para qualquer pessoa decente e civilizada, que tenha algum respeito pela democracia e pelos direitos humanos, os nomes acima causam imediatamente asco e repulsa. Menos, claro, se você for de esquerda. Nesse caso, o tirano da Líbia, como disse Lula, é um “amigo e irmão”. Assim como todos os inimigos da humanidade.

sexta-feira, agosto 05, 2011

MAIS DO MESMO

Quando Dilma Vana Rousseff subiu a rampa do Palácio do Planalto, muita gente passou a repetir para si mesmo que, pelo menos no estilo e em política externa, haveria alguma mudança. Não mais batatadas diárias sobre tudo, arroubos de boçalidade e de megalomania retórica, mas recato e compostura. Do mesmo modo, não mais cumplicidade com ditaduras e com regimes violadores dos direitos humanos, acreditaram os que pensaram que uma ex-terrorista e ex-presa politica no poder faria diferença nesse quesito. Agora sim, com uma mulher na Presidência da República, o Brasil deixará de fazer sala para titulares de regimes que apedrejam mulheres, pensaram os iludidos vocacionais de plantão, para quem a atual inquilina do Alvorada é em algo diferente do criador.

Durou pouco a fantasia. A essa altura, está claro para quem pensa que o que antes passava por discrição era apenas despreparo, e o que era visto como silêncio decoroso não era mais do que falta do que falar (e incapacidade de formular um raciocínio lógico). Alguns meses depois da apoteose em Brasília, dois ministros já caíram, um deles pela segunda vez, enredados na mesma trama de ladroeira que já virou o prato do dia há nove anos. O terceiro, talvez presssentindo o naufrágio iminente, acabou de pedir para sair.

Em lugar do boquirroto e domador de sucuris de quartel Nelson Jobim para o cargo de ministro da Defesa, entra Celso Amorim, até o ano passado o ministro das relações exteriores de Lula da Silva. Nessa qualidade, protagonizou vexames históricos como o acordo fajuto com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad e a chanchada da tentativa de emplacar um golpista bolivariano em Honduras, entre afagos indecentes de seu patrão em ditadores como Hugo Chávez e os irmãos Castro. Cai por terra, portanto, o mito recém-criado da presidenta-amiga-dos-direitos-humanos e retorna à ribalta o defensor de um kissingerianismo terceiro-mundista, amigo de tiranos e dos narcoterroristas das FARC, expoente máximo do megalonaniquismo nacional. Com um detalhe: agora ele vem armado.

Bastaram pouco mais de seis meses para que o mito da gerentona ultra-competente e intransigente defensora da moralidade administrativa desse lugar à muda abobada incapaz de desencalhar as obras do PAC e refém das velhas prostitutas do PMDB. Agora revelou-se que, de novo, o governo Dilma Rousseff não tem sequer os nomes que o compõem. Se o Apedeuta tivesse conseguido emplacar um terceiro mandato, como tentou fazer, não ficaria mais óbvia a continuidade da Era da Mediocridade.

EU JÁ SABIA

Somente agora, alguns milhares de mortos depois, a ONU e grande parte da imprensa parecem ter descoberto que Bashar al-Ashad, o ditador sanguinário da Síria, é um ditador sanguinário. Modéstia à parte, eu já sabia disso há tempos. Tanto que escrevi, aqui, um texto sobre o assunto. Foi no dia 1 de julho de 2010, portanto mais de um ano atrás. Na época - e, dizem, ainda hoje - governava o Brasil um sujeito que dizia acreditar sinceramente ser possível alcançar a paz conversando com todo mundo, "até com quem não quer a paz". De lá para cá, a posição do governo brasileiro nao mudou muito. Tampouco a natureza assassina do regime de Damasco.

Leiam.
---
A INCRÍVEL CONTRIBUIÇÃO DA SÍRIA PARA A PAZ MUNDIAL


Lula encontrou-se ontem com Bashar al-Assad, presidente da Síria. Discutiram, segundo está nos jornais, assuntos relativos ao Oriente Médio. Lula, como se sabe, tem um interesse especial na região. Tanto que já patrocinou um "acordo" com a Turquia e o Irã para permitir que este último continue a enriquecer urânio para seu programa nuclear secreto destinado a destruir Israel. Inclusive ele se opõe a sanções internacionais contra Mahmoud Ahmadinejad. Lula já chamou árabes de turcos, e confundiu árabes com persas. Lula é um gênio.

O que discutiram, exatamente, Lula e seu colega sírio? A paz. Mais especificamente, a paz entre palestinos e israelenses, que, segundo Lula e al-Assad, só poderá ser alcançada no dia em que Israel acabar com o bloqueio a Gaza e deixar de colocar em prática sua política de assentamentos. Para Lula e al-Assad, a paz na região depende unicamente de Israel.

Muito bem. Qual a contribuição da Síria para a paz no Oriente Médio? Eis algumas de suas credenciais:

- Tentou destruir Israel três vezes, em 1948, 1967 e 1973 - e perdeu em todas;

- Invadiu o Líbano em 1976, patrocinando diversos grupos terroristas que infernizaram o país nas décadas seguintes;

- Em 2005, seus serviços secretos mataram, em um atentado à bomba, o primeiro-ministro do Líbano, Rafik Hariri, conforme relatório da ONU. No atentado, em que morreram 21 pessoas, foram usados 1000kg de explosivos;

- Dá apoio total ao Hezbollah no Líbano e ao Hamas na Faixa de Gaza. Nem o Hezbollah nem o Hamas querem saber de uma solução de dois estados na região, mas, sim, aniquilar Israel e implantar um Estado islâmico.

Além do que está acima, Bashar al-Assad, filho de Hafez al-Assad, que governou a Síria com mão de ferro durante trinta anos, ostenta alguns títulos portentosos. Segundo a revista Foreign Policy, por exemplo, ele ocupa a 12a posição no ranking dos piores ditadores do mundo. O regime que comanda é aliado próximo do Irã de Mahmoud Ahmadinejad, e é acusado de alguns milhares de mortes de opositores políticos. Ele, Bashar al-Assad, não dá qualquer sinal de que irá permitir eleições livres e deixar o poder um dia. Deve ser por isso que Lula o identificou como um interlocutor confiável, ao contrário de Israel.

Em sua visita ao Brasil, Bashar al-Assad repetiu o mantra de que apóia o princípio da "terra por paz". Muita gente acredita, sinceramente ou não, que se Israel devolver os territórios ocupados desde 1967 haverá paz na região. A rigor, essa questão está resolvida desde 1993, quando Yitzhak Rabin e Yasser Arafat assinaram os acordos de Oslo reconhecendo o direito à existência de dois estados - um palestino e um israelense. Mas al-Assad, que não referendou os acordos de Oslo, parece acreditar, assim como Lula, que a solução para o problema da paz e da guerra na região depende exclusivamente de Israel. Cabem a eles, portanto, responder as seguintes perguntas:

- Em 2000, Israel se dispôs, perante a Autoridade Nacional Palestina (à época, comandada por Yasser Arafat), a devolver 95% da Cisjordânia, em nome do princípio de "terra por paz". O que houve em seguida? Mais paz ou mais guerra?

- No mesmo ano de 2000, também em nome do princípio da "terra por paz", Israel se retirou do sul do Líbano. O que fez então o Hezbollah, que controla a região? Paz ou guerra?

- Em 2005, o governo israelense do brucutu Ariel Sharon ordenou a retirada, unilateral e incondicional, de todos - todos! - os colonos judeus da Faixa de Gaza, entregando o controle do território inteiramente aos palestinos. Foi a maior operação do tipo "terra por paz" já ocorrida na região. Pois bem. O que houve depois? O Hamas deixou de lançar mísseis contra Israel?

"Terra por paz", né? Sei... Até o momento, está mais para "terra por bombas". Será assim pelo menos até que os inimigos jurados de Israel, como o Hezbollah e o Hamas - patrocinados pela Síria de Bashar al-Assad - desistam de sua intenção declarada de varrer Israel do mapa, como também quer o negador do Holocausto Mahmoud Ahmadinejad. Será assim até que desistam do terrorismo.

Ah sim! Na conversa que tiveram, Lula e al-Assad não falaram no terrorismo do Hamas e do Hezbollah. Também não falaram sobre a necessidade de se reconhecer o direito de Israel existir.

Ao final do encontro que teve com Lula em Brasília, Bashar al-Assad se disse "muito grato" pela posição do governo brasileiro em relação ao Oriente Médio. Faz todo sentido.

É com esse tipo de humanista que o governo Lula trata. Seria ridículo, se não fosse também sangrento.

quinta-feira, maio 12, 2011

EU, A VERGONHA DA PÁTRIA

Se tem uma coisa que aprendi há tempos, e que a cada dia se reforça, é que nunca se deve subestimar a capacidade dos antiamericanos de achar sempre maneiras novas de odiar os EUA.

Por mais que o país faça, ou não faça, dá na mesma: o ódio continua, independentemente dos fatos.

Bastou o terrorista Osama Bin laden ter sido despachado para os quintos dos infernos pelos Navy Seals no Paquistão e a patota esquerdopata começou a berrar que a morte do terrorista foi “ilegal” e que ele deveria ter sido preso etc (como se ele não estivesse em guerra...).

Com a mesma tenacidade (eu ia dizendo: burrice) com que negam o fato de que não havia outro jeito de se livrar de Bin Laden (ei, é uma guerra, perceberam?), insistem em defender o demiurgo Barack Hussein Obama, que deu a ordem de mandar bala no terrorista (já desisti de tentar entender esse pessoal).

Vejam o que um desses valentes anônimos me mandou:

É bom que se diga que Obama provou sua nacionalidade, acredito que você ainda não a tenha por certa, e se una ao coro de Donald e Sara Pallin, em uma infundada questão como se nos EUA não houvessem [sic] negros, Jesse Jackson era de onde mesmo ???

Sério? Obama “provou” sua nacionalidade? Melhor: ele “provou” que é um natural born citizen, como manda a Constituição dos EUA?

Até agora, tudo que ele mostrou foi um documento – escondido por quase quatro anos! – que, supondo que seja verdadeiro (tudo é duvidoso em se tratando de Obama), atestaria que ele nasceu no Havaí. O mesmo documento, porém, deixa claro que o pai dele, como não era segredo para ninguém, era queniano e jamais se naturalizou norte-americano. Logo, pelo critério do natural born citizen, Obama tem tanto direito a ser presidente dos EUA quanto eu. O que estão vendendo como ponto final é, na verdade, o começo da encrenca.

Engraçado como houve até uma celeuma no início da campanha presidencial em 2008 com relação à nacionalidade do John McCain, porque ele nasceu no Panamá (o pai dele era comandante militar na Zona do Canal), o que o levou a mostrar o documento que prova que ele é, sim, cidadão natural norte-americano (e provou isso no Vietnã, como todos sabem). Já pedir que Obama faça o mesmo é "racismo" e maluquice. Por que será?

Outra coisa: o que tem a ver ser negro com ser ou não ser americano? Confesso que essa eu não entendi.

Obama representa a mudança na historia, representa um mundo plural e igualitário ; representa o fim da linha de " globalizantes e globalizados ".

Que bonitinho! Juro que, ao ler essas palavras, quase chorei. Obama, a “mudanca”, Obama, o “mundo plural e igualitário”... Só faltou dizer que o homem cura unha encravada e espinhela caída. Isso só não vale na hora de matar terroristas como Bin Laden, né? Aí o que conta mesmo é a tática do velho Bush.

Pelo menos numa coisa eu concordo com o autor da frase acima. Obama realmente "representa a mudança" etc. Aliás, como ele representa! O sujeito é mesmo um ator. Merece o Oscar!

Só um adendo: nem toda “mudança” é boa. Hitler era a mudança na Alemanha, assim como Fidel Castro era a mudança em Cuba e Hugo Chávez é a mudança na Venezuela. Às vezes é melhor conservar do que mudar.

Do mesmo modo, nem sempre um “mundo plural e igualitário” é sinônimo, necessariamente, de um mundo melhor. Um mundo em que ditaduras como as da Líbia e a da Síria tenham o mesmo peso e a mesma influência dos EUA ou do Canadá é um mundo melhor?

Bush iniciou esta guerra sem no entanto concluí-a, Bush com sua sede de petroleo invadiu o Iraque atrás de " armas químicas" que não encontrou. E por fim a maior das farsas, as familias Bush e Bin Laden são amigas a [sic] decadas, isso ja foi documentado por Michael Moore.

Duas coisas: 1) não foi Bush quem começou a guerra ao terrorismo islamita: foi a Al-Qaeda; e 2) Franklin Roosevelt também não viu o fim da II Guerra.

Ah, entendi! Bush invadiu o Iraque por causa da “sede de petróleo”... É mesmo? Digamos que tenha sido. Em que isso muda o fato de que hoje os iraquianos têm algo que parece uma democracia, algo inédito em 5 mil anos de história, enquanto na época de Saddam o que tinham era chicote?

"E as armas de destruição em massa?" etc. Já falei bastante sobre isso, mas vamos lá, de novo: Saddam se comportava como se as tivesse, e já as havia utilizado contra seu próprio povo antes. Quem sabe o melhor seria esperar que ele as usasse... (não, obrigado).

Agora, vejam só a “maior das farsas”, segundo o bravo que escreveu o comentário.

Estão prontos para ficarem escandalizados?

Atenção, tirem as crianças da sala, porque a coisa é mesmo forte!

Estão preparados? Então lá vai: a família Bush é amiga da família Bin Laden!

Claro, isso torna o Bush automaticamente co-autor dos atentados de 11 de setembro, não é mesmo? Lógico!

Além do mais – atenção para o detalhe – isso foi “documentado por Michael Moore”!

Desculpem, mas aqui não dá para evitar a risada: hahahahahahaha!

Se eu fosse bushista, como provavelmente o idiota acima acha que sou, não faria melhor para desmoralizar os bobalhões esquerdopatas. Escolheria para desmoralizá-los o "argumento" de que os Bush e os Bin Laden são amigos (a familia Bin Laden já havia renegado o terrorista há décadas, mas isso não tem importância para os teóricos da conspiração). Para coroar, eu apresentaria como modelo de autoridade jornalistica o balofo e delinquente intelectual Michael Moore. Esse pessoal não aprende mesmo.

Bush teve uma reeleição fraudulenta, ou você se esqueceu que ele também não foi eleito, AL Goore renunciou uma contagem de votos tão estranha que colocou em duvida todo o processo eleitoral.

Suponho que o leitor esteja falando da primeira eleição de Bush (em 2000) e não da reeleição, em 2004... Mas vamos lá: a primeira eleição foi tão fraudulenta que foi decidida pela Suprema Corte americana, o que só a torna fraudulenta na cabeça dos esquerdiotas. O problema foi o sistema de contagem eleitoral, como todos sabem. Al Gore não renunciou: reconheceu a derrota. Em que esse pessoal se baseia para dizer tanta asneira?

Já Obama foi eleito, e ninguém contesta a legitimidade de sua eleição. O que está em jogo é seu direito constitucional de ser presidente dos EUA. Em outras palavras, se ele é ou não um natural born citizen, como manda a Constituição. Até agora, há mais sombras do que luzes nessa questão.

O leitor é mesmo um sábio, pois em seguida escreveu o seguinte:

Mas para você isso tudo não tem importância, afinal você é um personagem.
Mais uma vez respeito que alguém assim representando meu país é uma vergonha para a diplomacia


Ele quis dizer "repito", e não "respeito", mas tudo bem. É... Realmente, sou um personagem, alem de ser uma vergonha para a diplomacia brasileira. Afinal, vejam que coisa, eu me atrevo a perguntar quem é Barack Hussein Obama! Pior: eu aplaudo a morte de um terrorista que matou milhares de pessoas!

Certamente se, em vez disso, eu resolvesse bajular ditadores e comparasse presos políticos a bandidos eu seria motivo de orgulho para a pátria. Talvez eu ganhasse até uma medalha.

Acho que o mesmo leitor despejou, em outro post, a seguinte pérola de sabedoria:

É uma vergonha alguém que trabalha no Itamaraty com uma cabeça como a sua, é uma vergonha para o país.

Sério: quando criei este blog, eu não era tão anti-esquerdista. Fiquei assim graças a comentários cretinos como o que está aí em cima.

terça-feira, maio 10, 2011

O LAMENTO DAS VIÚVAS DO TERRORISTA

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) está preocupado. Humanista sensível, incansável defensor das causas sociais, em especial dos direitos humanos, o parlamentar-cantor da cueca vermelha achou muito feio o que os EUA fizeram, ao mandarem para o Além o megaterrorista Osama Bin Laden. Acredita que os Navy Seals norte-americanos (ele diria “estadunidenses”) não tinham nada que descer de helicóptero na casa-fortaleza de Bin Laden e despachá-lo a tiros. Nisso, conta com o apoio de outros companheiros da Casa do Espanto, como o ex-cara-pintada e atual cara-de-pau Lindbergh Farias (PT-RJ) e o “sábio” Cristóvam Buarque (PDT-DF), que acham a mesma coisa. (Cristóvam, aliás, parece que está meio decepcionado com Obama: onde já se viu, caçar e matar terroristas? Isso era para o Bush...)

Quando Eduardo suplicy fica preocupado, eu também fico. Mas não, necessariamente, pelos mesmos motivos. "Foi uma violação da soberania do Paquistão", disparou o senador-Mogadon, naquele seu jeito Suplicy de ser, talvez se esquecendo que o terrorismo não reconhece fronteiras, e que um país que abriga terroristas – Bin Laden estava há anos em seu cafofo no Paquistão e ninguém de lá sabia? – está, automaticamente, sujeito a raids do tipo. Talvez se os EUA avisassem os militares paquistaneses, sugere Suplicy, a operação poderia ser considerada legal. É, pode ser. E o risco de Bin Laden escapar seria muitíssmo maior. Vamos trocar a morte de Bin Laden pelas boas relações com um governo que o homizia?, devem ter perguntado as autoridades norte-americanas. Tenho uma sugestão: por que, na próxima vez, não chamar o senador Suplicy? Certamente ele convenceria Bin Laden a se entregar. Bastaria cantar, para ele, Blowin' in the Wind. Eu também me renderia.

"Ele deveria ter sido preso e julgado", choramingou o pai do Supla. É, deveria. Mas tem um pequeno detalhe aí: depois de prendê-lo, onde ele ficaria custodiado? Em Guantánamo? (mas a prisão não é ilegal, como afirmam os inimigos do "império"?). Na Arábia Saudita, onde já o esperava uma condenação à morte? Em Haia, cujo Tribunal Penal Internacional é motivo de controvérsia? Ou, quem sabe, na Papuda, em Brasília? Suplicy deve saber. Lindbergh também. Cristóvam idem. "Mas e os criminosos nazistas, como Goering e Hess, não foram julgados em Nuremberg?", perguntam os que se esquecem que Goering e Hess se renderam às tropas aliadas, encarando o julgamento que veio depois.

Todo esse chororô sobre Bin Laden, um dos maiores assassinos da História, que estava se lixando para soberania e direitos humanos, só é possível porque Eduardo Suplicy é possível. Desde 2001, os EUA estão em guerra. E, numa guerra, o inimigo é morto. Ao decretar guerra ao povo americano – ao mundo civilizado, na verdade –, tendo sido responsável por milhares de mortes de civis inocentes, Bin Laden tornou-se um alvo militar legíitimo. Não era um batedor de carteiras.

Pelo visto, as palavras "guerra" e "terrorismo" são completamente desconhecidas para Suplicy, o senador das boas causas. Também pudera. Humanista que é, ele já demonstrou seu amor pela legalidade e pelos direitos humanos ao posar para fotos na cadeia ao lado do terrorista italiano Cesare Battisti, promovido a refugiado político por Tarso Genro. Não me causa surpresa vê-lo agora chorar a morte de Bin Laden, cobrando para ele o mesmo tratamento que ele negou a suas vítimas. Tampouco me surpreenderia se o visse visitando seu novo amigo Osama em alguma prisão, se ele tivesse sido preso, posando para fotos, todo sorrisos, ao lado do chefe da Al-Qaeda. Aliás, nada que vier de Suplicy me surpreende.

Informa a imprensa que, ao livrar o mundo de sua presença, Obama deixou três viúvas. Esqueceram-se de suas três viúvas brasileras do Congresso Nacional. Pelo menos uma delas,
Eduardo Suplicy, tem razões particulares para lamentar a morte de Bin Laden. Afinal, ele perdeu a oportunidade de defender mais uma causa nobre.

P.S.: Já tinha terminado de escrever o post acima quando me deparei com o comentário abaixo, assinado por um certo Zé, um sujeito que, além de tudo, é meio distraído. Certos comentários dispensam comentários. Vejam e se espantem.

Engraçado você falar que o ato do STF para benefício dos gays foi inconstitucional, mas nada falar sobre a morte de Bin Laden, onde os EUA claramente desrespeitaram em mais de um ponto a "Declaração Universal dos Direitos Humanos", a qual os próprios EUA são signatarios. Além disso, invadiram um país legalmente constituído (Paquistão) sem sequer avisarem.

Quer dizer que se algo beneficía os gays, então, é inconstitucional, mas se for em benefício da guerra dos EUA, então tá tudo bem.


Precisa comentar?

quarta-feira, junho 30, 2010

HONDURAS: UM ANO DE UMA FARSA GROTESCA


Ontem fez um ano do início de uma das maiores palhaçadas de que se tem notícia na história da América Latina. Em 29/06/2009, Manuel Zelaya, presidente de Honduras, foi destituído por ordem do Congresso e do Judiciário por ter tentado dar um golpe na Constituição do país. Ele foi deposto por tentar impor uma consulta ilegal e inconstitucional, que lhe permitiria eternizar-se no poder. Queria simplesmente governar o país como governa uma de suas fazendas.

O que fez o governo do Brasil, ao lado de Hugo Chávez da Venezuela e de Daniel Ortega da Nicarágua? Denunciaram o "golpe" - das instituições hondurenhas, não de Zelaya - e exigiram o retorno imediato e incondicional do golpista bolivariano ao poder.

O governo brasileiro, seguindo a orientação do Foro de São Paulo, foi mais além: patrocinou a volta clandestina de Zelaya a Honduras e o abrigou na embaixada em Tegucigalpa, a qual foi transformada, nos meses seguintes, em palanque político do candidato a ditador. Começou, assim, uma das maiores chanchadas de todos os tempos.
.
Tenho muito orgulho do que escrevi sobre Honduras. Quem quiser, pode pesquisar no blog. Desde o dia mesmo do "golpe" - que só foi golpe na cabeça dos bolivarianos e de seus amigos -, mostrei aqui o que quase ninguém se dispôs a ver: que Zelaya foi deposto legalmente, de acordo com o que está na Constituição que ele tentou violar - em especial seu artigo 239. Mostrei - provei, para usar a palavra certa - que a atitude do governo Lula, ao permitir que Zelaya se instalasse na embaixada do Brasil em Tegucigalpa e a usasse como um quartel-general para instigar a insurreição e a guerra civil no país, era uma clara violação do direito internacional e da soberania de Honduras. Enquanto isso, o país, tal qual aldeia gaulesa, resistia à hostilidade internacional, puxada pelos bolivarianos frustrados e ressentidos, sofrendo um bloqueio diplomático que Cuba, por exemplo, não sofre atualmente. Durante dias, semanas e meses, fiquei em minoria, eu e mais uma meia dúzia de blogueiros, apontando esses fatos. Cada xingamento que recebi, cada ofensa que me lançaram, deixam-me ainda mais orgulhoso.

Em Honduras, o povo, a sociedade civil, as instituições democráticas, botaram um freio nas ambições caudilhescas de um demagogo bolivariano. Em nome da lei, com a lei, pela lei, enxotaram quem não a respeita. O governo Lula, por sua vez, entregou-se a um dos papéis mais lamentáveis e vergonhosos a que um governo já se prestou no exterior. Tentou aparecer como uma potência imperialista e terminou como cúmplice de uma farsa dos bolivarianos.
.
Em Honduras, a turma do Foro de São Paulo tentou empurrar goela abaixo de todos um golpista como se fosse um democrata, enquanto rotulava democratas de golpistas. Contaram, para tanto, com a ajuda, no começo, de um governo Obama desorientado e de uma imprensa embasbacada. Tentaram, enfim, inverter a realidade, conseguindo enganar muitos desavisados no caminho. Mas, no final, perderam miseravelmente. Hoje, Honduras segue em frente, com as liberdades garantidas e as instituições preservadas. O mesmo não pode ser dito de outros países do continente, com voz ativa na ONU e na OEA, e que avançam rumo ao abismo totalitário. Pelo menos na pequena república da América Central, a democracia venceu. O mundo venceu.

Resta agora aos povos de Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua, sem falar numa certa república mais ao sul, fazer com que o exemplo de Honduras não se torne exceção. Mas, a se depender do que se chama opinião pública nesses países, em especial no Brasil, os golpistas bolivarianos continuarão ainda a enganar os incautos. Sempre haverá idiotas úteis que se deixarão levar pela conversa mole dos inimigos da democracia. Em Honduras, ao menos, a razão prevaleceu.

sábado, fevereiro 27, 2010

LULA, A DEMOCRACIA, A NÃO-INTERVENÇÃO E A DIPLOMACIA PETISTA: MAIS MENTIRAS


De volta de sua visita turístico-ideológica à ilha-presídio de Cuba, onde ignorou protestos pelos direitos humanos e posou para fotos ao lado de seu ídolo Fidel Castro, Luiz Inácio tentou, bem ao estilo Lula, "justificar" a injustificável pusilanimidade, sua e de seu governo, diante da morte de mais um preso político da castradura cubana. Orlando Zapata Tamayo teve o mau gosto de morrer justo no dia em que Luiz Inácio visitava a ilha-cárcere. Pior: sem protocolar uma carta em três vias para que ele, Lula, falasse com o dissidente e impedisse sua morte por tortura nas mãos dos carrascos da ditadura.

Ao falar - muito contra a vontade, diga-se - de mais essa página vergonhosa da política externa brasileira, Luiz Inácio aproveitou para descer um pouco mais no poço aparentemente sem fundo das baixezas lulistas. "Ninguém é mais democrata do que eu", proclamou, em sua infinita modéstia, o estadista global de Davos. "Não se pode dar palpite nos assuntos dos outros países", ensinou o professor de relações internacionais.

Qual a contribuição de Luiz Inácio para a democracia no Brasil? (Nem falo mais no caso de Cuba, em que o apreço de Lula e dos companheiros petistas pela democracia é, como está claro, notório.) É a seguinte: em 1985, alegando que o voto seria indireto, ele ficou contra a eleição de Tancredo Neves, o primeiro presidente civil eleito no País depois de 21 anos de ditadura militar, e orquestrou a expulsão de três deputados petistas que, contrariando decisão do partido, votaram no mineiro contra Paulo Maluf. Três anos depois, recusou-se a assinar, juntamente com os demais parlamentares do PT, a Constituição democrática de 1988, que pôs um ponto final a décadas de arbítrio. Nesse meio tempo, fez muito barulho, apoiou greves, muitas das quais eleitoreiras, arruinou reputações (algumas das quais trata, hoje, de limpar - afinal, fazem parte da "base alugada" do governo...) e defendeu o calote da dívida externa, entre outras coisas que hoje quer que todos esqueçam. Essa foi a grande contribuição de Luiz Inácio para a redemocratização do Brasil.

Sem falar no compromisso dele, Luiz Inácio, com a estabilidade econômica, uma conquista quase tão importante quanto a redemocratizãção, e esteio de seu governo. É o que demonstra sua oposição ao Plano Real, ao Proer e à Lei de Responsabilidade Fiscal. Luiz Inácio chegou mesmo, à frente de seu partido, então na oposição, a defender o impeachment do então presidente. É que era outro o que fez essas reformas, não ele, Luiz Inácio. Agora, age como se fosse o pai fundador da democracia e da estabilidade da economia, colhendo os frutos de tudo a que se opõs com veemência. Aproveita-se do que outros fizeram e ainda diz, malandramente, que foi ele que fez.

Sobre a não-intervenção nos assuntos de outros países, que agora proclama e defende no caso da tirania castrista em Cuba, também não é preciso ir muito longe para verificar a enorme sinceridade de Luiz Inácio. A não-intervenção, assim como a defesa da democracia, é realmente uma questão de honra para a diplomacia lulista. Menos, claro, se o país em questão for Honduras. Nesse caso, vale até mandar a soberania do país às favas e abrigar um presidente deposto por tentar rasgar a Constituição, permitindo que este use o prédio da Embaixada brasileira para pregar a insurreição e a guerra civil contra um governo constitucional. Intervenção nos assuntos internos de outro país? Atentado à soberania? Imagina...

Um outro exemplo é o Irã. Aqui, a noção de não-intervenção dos lulistas é realmente ímpar. Lula se adiantou ao resultado claramente fraudulento das eleições no Irã, que anunciava a vitória de Mahmoud Ahmadinejad, antes mesmo que os próprios aiatolás iranianos o fizessem. Não contente em dar pitaco na eleição alheia, disse ainda que os protestos da oposição e a violenta repressão aos manifestantes que pediam democracia eram uma disputa entre torcidas de futebol... Interferência indevida? Apoio à tirania? Nada...

Para Luiz Inácio, pedir democracia e respeito aos direitos humanos em Cuba é dar palpite nos assuntos dos outros. Já apoiar um golpista em Honduras e minimizar a repressão no Irã, não. Em outras palavras: dar palpite pode, desde que seja a favor dos amigos, e desde que seja a favor de ditaduras. É a diplomacia aloprada e sua incrível coerência em ação.

Raúl Castro, o tirano de plantão de Cuba, culpou os EUA pela morte de Orlando Zapata Tamayo. Luiz Inácio foi além, e culpou o próprio morto, que "se deixou morrer". Ainda por cima, tripudiou dos dissidentes, dizendo que eles agora seriam "dissidentes do Lula". Conseguiu superar a própria ditadura castrista em ignomínia. Deve-se esperar sempre o pior de Luiz Inácio.

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

ISSO É UM EDITORIAL


Se há um editorial que honra o jornalismo brasileiro, é este, do Estadão de hoje, 26/02. Nada a acrescentar. Pena que Lula não vai ler. Ele já disse que ler jornais lhe dá azia. Menos, claro, se for o Granma dos compañeros Fidel e Raúl.
.
Aos poucos, parte da imprensa brasileira vai percebendo a farsa do líder moderado, do "estadista global". A máscara deste já caiu: o que está por trás é apenas o populista pançudo, cúmplice de tiranos e assassinos.

Para ler e guardar.

*
Do lado dos perpetradores

São de um cinismo deslavado os comentários do presidente Lula sobre a morte do ativista cubano Orlando Zapata Tamayo, ocorrida horas antes de sua quarta visita à ilha desde que assumiu o governo. Tamayo, um pedreiro de 42 anos, foi um dos 75 dissidentes condenados em 2003 a até 28 anos de prisão. Inicialmente, a sua pena foi fixada em 3 anos. Depois, elevada a 25 anos e 6 meses por delitos como “desacato”, “desordem pública” e “resistência”. Embora não fosse um membro destacado do movimento de direitos humanos em Cuba, a Anistia Internacional o incluiu na sua lista de “prisioneiros de consciência” ? vítimas adotadas pela organização por terem sido detidas apenas por suas ideias. Em dezembro, Tamayo iniciou a greve de fome por melhores condições para os 200 presos políticos do regime, da qual morreria 85 dias depois.

Lula conseguiu superar o ditador Raúl Castro em matéria de cinismo e escárnio. Este disse que Tamayo “foi levado aos nossos melhores hospitais”. Na realidade, só na semana passada, já semi-inconsciente, transferiram-no do presídio de segurança máxima de Camaguey para Havana. E só na segunda-feira foi hospitalizado. O desfecho foi tudo menos uma surpresa para os seus algozes. Dias antes, autoridades espanholas haviam manifestado a sua preocupação com a situação de Tamayo, numa reunião sobre direitos humanos com enviados de Cuba. Ele morreu porque o deixaram morrer. Poderiam, mas não quiseram, alimentá-lo por via endovenosa. “Foi um assassínio com roupagem judicial”, resumiu Elizardo Sánchez, líder da ilegal, mas tolerada, Comissão Cubana de Direitos Humanos.

Já Lula como que culpou Tamayo por sua morte. Quando finalmente concordou em falar do assunto, sem disfarçar a irritação, o autointitulado condutor da “hiperdemocracia” brasileira e promulgador recente do Programa Nacional de Direitos Humanos, disse lamentar profundamente “que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome”, lembrando que se opunha a esse tipo de protesto a que já tinha recorrido (quando, ainda sindicalista, foi preso pelo regime militar). Nenhuma palavra, portanto, sobre o que levou o dissidente a essa atitude temerária: nada sobre o seu encarceramento por delito de opinião, nada sobre as condições a que são submetidos os opositores do regime, nada sobre o fato de ser Cuba o único país das Américas com presos políticos. Nenhum gesto de desaprovação à violência de uma tirania.

Pensando bem, por que haveria ele de turvar a sua fraternal amizade com os compañeros Fidel e Raúl, aborrecendo-os com esses detalhes? Ao seu lado, Raúl acabara de pedir aos jornalistas que “os deixassem tranquilos, desenvolvendo normalmente nossas atividades”. Lula atendia ao pedido. Afinal, como observara o seu assessor internacional Marco Aurélio Garcia, “há problemas de direitos humanos no mundo inteiro”. Mas Lula ainda chamou de mentirosos os 50 presos políticos que lhe escreveram no domingo para alertá-lo da gravidade do estado de saúde de Tamayo e para pedir que intercedesse pela libertação deles todos. Quem sabe imaginaram, ingenuamente ou em desespero de causa, que o brasileiro pudesse ser “a voz em defesa da proteção da vida aos cubanos”, como diria o religioso Dagoberto Valdés, um dos poucos opositores da ditadura ainda em liberdade na ilha.

Lula negou ter recebido a correspondência. “As pessoas precisam parar com o hábito de fazer cartas, guardarem para si e depois dizerem que mandaram para os outros”, reclamou. E, com um toque de requinte no próprio cinismo, concluiu: “Se essas pessoas tivessem falado comigo antes, eu teria pedido para ele parar a greve e quem sabe teria evitado que ele morresse.” À parte a falta de solidariedade humana elementar que as suas palavras escancararam ele disse que pode ser acusado de tudo, menos disso, a coincidência da visita de Lula com a tragédia de Tamayo o deixou exposto aos olhos do mundo e não exatamente da forma que tanto o envaidece.

A morte de um “prisioneiro de consciência”, a afirmação de sua mãe de que ele foi torturado e o surto repressivo que se seguiu com a detenção de dezenas de cubanos para impedir que comparecessem ao enterro do dissidente no seu vilarejo natal transformam um episódio já de si sórdido em um escândalo internacional. Dele, Lula participa pela confraternização com os perpetradores de um crime continuado que já dura 51 anos.

UM COMENTÁRIO PARA FICAR PREOCUPADO


Cubanos mostrando todo seu amor pelo regime dos irmãos Castro

Não tem jeito. Por mais que eu escreva, explique, esmiúçe, mostre fatos e argumentos, sempre vai haver alguém que, de boa ou má fé, por ignorância ou sonsice, vai me obrigar a dizer tudo de novo. Um leitor (anônimo, evidentemente) me manda um desses comentários que me fazem pensar até que ponto pode ir a ingenuidade humana, ou, sabe-se lá, a safadeza ideológica. Quero crer que é o primeiro caso. É somente por essa razão que me disponho a responder comentários como o que vem em seguida (em vermelho):
.
Muito ja foi dito sobre a " real Cuba", você ja escreveu sua opinião sobre o tema além de varios blogueiros cubanos além da famigerada Yoani Sanchez, mas minha pergunta diante de tudo que estes ( incluindo você ) diz é
.
" Por que não há um consensso com pelo menos 90% da população cubana, um movimento que inclua uma maioria esmagadora da população ?" ,
.
" Por que vizinhos são deninciados por vizinhos, por que há uma parcela da população que apóia Fidel e o tem em alta conta ?".
.
Não há como negar que há uma parcela da população simpática ao regime...
.
no mais , Fidel está a beira da morte e Lula esta de saída não há com o que se preocupar.
.
Seu Leitor anonimo.
.
Muito bem, vamos lá. Vou tentar ser o mais didático possível (suspiro).
.
Primeiro: Não existe "consenso" de 90%, nem de 99% - tem que ser 100%, ou então não é consenso.
.
Segundo: É isso mesmo que regimes como o cubano, que é uma tirania totalitária, almejam: o consenso, a submissão de todos a seu domínio político. E como pretendem alcançar isso? Resposta: pela REPRESSÃO, pelo TERROR absoluto, mediante a CENSURA, a POLÍCIA POLÍTICA (que em Cuba atende pelo nome de G2, sem falar nos CDRs - "Comitês de Defesa da Revolução") etc. Quer mesmo que eu explique em detalhes como isso acontece? Ou prefere que a "famigerada" Yoani Sánchez o faça?
.
Terceiro: Por que vizinhos denunciam vizinhos em Cuba? Ora, meu caro, você não sabe? Sério? Então preste atenção, vou responder: porque Cuba é um regime TOTALITÁRIO, e em sistemas assim, a vigilância e a delação são constantes. Lembra da URSS? Da Alemanha Oriental e de sua polícia política, a Stasi, que chegou a ter como espiões 20% da população? Pois é, Cuba está no mesmo clube.
.
Ficou claro? Por favor, não me faça explicar de novo.
.
A transformação de vizinhos em alcagüetes de vizinhos, e até filhos em delatores dos pais, é uma das formas mais cruéis encontradas por tiranias totalitárias para exercerem controle total sobre a população. Elas o fazem mediante a chantagem, decorrente da vigilância constante, ou pela propaganda ideológica, a lavagem cerebral (facilitada grandemente pela censura). Foi assim em TODOS - sem exceção - regimes comunistas. (Só lembrando: Cuba é um regime comunista.)
.
Quarto: Quanto a existir uma parcela da população cubana que apóia os Castro, é preciso lembrar o seguinte: na ex-URSS e na Alemanha nazista, também havia uma parcela da população - nomeadamente os membros graúdos do partido e seus apaniguados, sem falar nos agentes da repressão -, que apoiava ardentemente o regime, como há quem apóie, certamente, a ditadura no Irã ou na Coréia do Norte. Deduzo que isso não dá legitimidade a esses regimes. Ou será que dá?
.
Ainda assim - atenção para esse fato -, é IMPOSSÍVEL, em uma ditadura como a cubana, averiguar quantos exatamente a apóiam. Por que isso acontece? Novamente, preste atenção, não me faça escrever de novo: porque não há como fazer isso num regime TOTALITÁRIO, sem liberdade de expressão e de imprensa, com partido único no poder, no qual as eleições são uma farsa para homologar a ditadura.
.
Não entendeu ainda? Vou dar um exemplo. Lembre do Iraque sob Saddam Hussein. Sabe qual era a porcentagem de votos que o ditador recebia nas "eleições"? CEM POR CENTO - isso mesmo: 100% - dos votos. Isso prova que os iraquianos amavam Saddam? Nada disso! Prova apenas que não havia liberdade de dissentir. Isso porque o regime era uma DITADURA.
.
Mas, se você está mesmo interessado em saber quantos cubanos apóiam a ditadura castrista, há um jeito muito fácil de verificar isso: basta os Castro permitirem a realização de eleições livres, com outros partidos além do Partido Comunista. Aí saberemos, certamente, quantos aprovam e quantos desaprovam o regime. Enquanto isso, dois milhões de cubanos - numa população de 11 milhões - já disseram sua opinião sobre a ditadura, e outros tantos o fazem todos os dias, VOTANDO COM OS REMOS! Fui muito sutil?
.
Resumindo: os cubanos não têm LIBERDADE até mesmo para dizer se são a favor da ditadura (admitindo-se que existam os que o são, claro). Eles não podem fazê-lo de livre vontade, ao contrário de Lula, que se presta de bom grado a ser lambe-lambe(botas) do Coma Andante no dia mesmo em que um dissidente foi ASSASSINADO pela ditadura que ele, Lula, idolatra.
.
Quinto (sobre a última frase do comentário): Eis um pensamento inteligente! Para que se preocupar com a tirania castrista e com seu lambe-botas Lula da Silva, já que Fidel está com o pé na cova e Lula vai deixar a presidência daqui a alguns meses? Por que se importar, não é mesmo? Que sabedoria política!
.
Pois é, meu caro, você só se esquece de um detalhe: a tirania em Cuba, como a regência de Raúl Castro está tratando de deixar bem claro, não irá chegar ao fim com a simples a morte de seu fundador. Do mesmo modo que o comunismo não acabou imediatamente após a morte de Lênin ou de Stálin. Certamente que mudanças virão, pois afinal se trata de uma tirania pessoal e caudilhesca, mas duvido que Cuba vire uma democracia no dia seguinte à morte de Fidel. Era isso que muitos esperavam quando ele se afastou da presidência, em 2006. Já se passaram três anos e não há nenhum sinal de que seu irmão, Raúl, irá realizar algum tipo de abertura política. Pelo contrário: graças ao apoio incondicional de sabujos como Lula, a repressão em Cuba só fez aumentar, como demonstra a morte de Orlando Zapata Tamayo.
.
Além do mais, sua questão sobre Lula é de uma obtusidade sem tamanho. Alguém imagina realmente que o Apedeuta irá pendurar as chuteiras e se retirar da política depois que deixar a presidência? Esqueceu que Dilma Rousseff é o terceiro mandato que ele não conseguiu? Sem falar que, como já disse aqui, Lula não é uma pessoa: é uma idéia. O lulismo sobreviverá a ele, assim como o esquerdismo e o comunismo sobreviveram à morte de seus pais fundadores, como demonstra o Foro de São Paulo. Bem que eu gostaria de deixar de pensar em Lula e em tiranos como os Castro e ir cuidar de assuntos mais agradáveis. Mas, infelizmente, eles fazem parte de algo maior do que si mesmos: fazem parte de um movimento, por assim dizer, que tem a democracia e as liberdades individuais como principais inimigas, e que faz tudo para miná-las. E isso é motivo mais do que suficiente para não baixar a guarda.
.
Não, meu caro leitor anônimo: há muito, muito mesmo com que se preocupar. Agora, talvez mais do que nunca. Seu comentário é uma prova disso.