terça-feira, agosto 12, 2014

O VÍRUS DO ANTISSEMITISMO

 
Sei que o assunto é tabu, mas... e daí? Quem disse que eu ligo pra tabus? Vamos lá.

Muito do que li e ouvi no último mês me fez acender o sinal de alerta para opiniões antissemitas. Não falo do antissemitismo escancarado, que sempre existiu e que também andou dando as caras por aí, mas principalmente de um antissemitismo disfarçado, polido, velado, "cool", "bem-pensante", que muitos não c
onsideram antissemitismo e que (infelizmente) parece ter virado moda. Trata-se de um antissemitsmo que não ousa dizer o nome, envergonhado, covarde, que usa e abusa do emocionalismo e de argumentos aparentemente "do bem", sendo, por isso, mais difícil de detectar. Alguns exemplos:

- "NÃO SOU ANTISSEMITA; SOU ANTI-SIONISTA": É a desculpa preferida dos que querem esconder o ódio por trás de um véu de retórica. Tanto que muitos já perceberam o tamanho da empulhação. Quem diz isso acha que, separando a religião judaica do Estado de Israel e do movimento que o criou (o sionismo), está sendo menos preconceituoso e intolerante (lembram, como se isso fizesse diferença, que há judeus anti-sionistas etc.). Acontece, senhores, que tal discurso - negar a Israel o direito de se defender, e até de existir - é exatamente o discurso antissemita. Um sujeito chegou a escrever um artigo na Folha de S. Paulo dizendo que não tinha nada contra os judeus, mas que Israel, um Estado criado e reconhecido pela ONU em 1947, era uma "aberração"... É o mesmo que dizer: "Não sou antiamericano; sou contra os EUA". Ou (para os mais nacionalistas): "Não sou antibrasileiro; sou contra o Brasil". Ou ainda: "Não tenho nada contra os americanos (ou os brasileiros), mas os EUA (ou o Brasil) são uma aberração". Lorota pura.

- "NÃO CONCORDO COM OS MÉTODOS DO HAMAS, MAS SUA LUTA É JUSTA": Os "métodos" do Hamas consistem em lançar foguetes a esmo contra Israel e usar crianças palestinas como escudos humanos em escolas e hospitais da ONU usados como depósitos de armas. Já seria o suficiente para qualquer pessoa decente denunciar com ardor esse grupo terrorista e querer que as Forças de Defesa de Israel mandem esses fanáticos inescrupulosos para o quinto dos infernos. Mas o pior é dizer que "a luta é justa" (!!!)... A "luta" do Hamas não é por terra, nem contra a "ocupação" (que em Gaza acabou em 2005), mas simplesmente pela destruição de Israel e pelo extermínio de toda a sua população. Não é uma luta pela Palestina, nem pelos palestinos, mas pelo Islã radical, do mesmo modo que grupos como o ISIS, o Al-Shabab e o Boko Haram. Ou seja: eles lutam por um genocídio dos judeus (e não somente dos judeus: dos cristãos também, e dos budistas, e dos ateus...). Uma reedição do Holocausto, exatamente o que querem os antissemitas. Luta justa, é?

- "NÃO SOU A FAVOR DO HAMAS, SOU CONTRA OS BOMBARDEIOS CONTRA A POPULAÇÃO CIVIL" etc. É a desculpa "pacifista", talvez a maior balela de todas. É óbvio que qualquer pessoa normal é contra bombardear cidadãos indefesos, e Israel faz o possivel para evitar essas baixas (o Exército israelense mira em alvos do Hamas e procura avisar a população antes dos ataques). O problema é que esse argumento simplesmente ignora que as mortes de civis palestinos decorre da prática do Hamas de usá-los como escudos humanos.  Ou seja: não leva em conta que a guerra de Israel não é contra os palestinos; é contra o Hamas, que faz uso dessa tática canalha, esperando exatamente causar o maior número de baixas entre civis inocentes, para com isso acusar... Israel de atacar e massacrar indiscriminadamente a população (!!!). O(a) sujeito(a) se diz contra, mas compra direitinho o discurso do Hamas...
 
A propósito: alguém conhece um meio melhor de enfrentar militarmente um inimigo que não reconhece seu direito de existir e que jurrou varrê-lo do mapa, que lança foguetes desde áreas civis, que se esconde entre a população e que não teme a morte (pelo contrário: busca a morte e arrasta a população para esse destino) do que ações como a Operação Margem Protetora? Mais: diante de um inimigo desse tipo, que usa homens-bomba e escudos humanos, alguém propõe abandonar o uso da força militar? Alguém acredita, em sã consciência, que é possível lidar com o Hamas sem buscar destruir sua infraestrutura terrorista? Quem oferecer uma resposta para essa questão merece o Nobel da Paz.

É claro que nem toda crítica a Israel (e eu, particularmente, tenho muito a criticar no atual governo israelense) é antissemitismo. Acho até que há um certo exagero, uma hipersensibilidade de alguns setores sionistas a qualquer crítica mais dura, que enxergam, invariavelmente, como antissemita, e que isso é instrumentalizado, muitas vezes, para justificar certas políticas israelenses (como, por exemplo, os assentamentos na Cisjordânia). Mas é inegável que os "argumentos" acima trazem embutidos uma dose não pequena de preconceito antijudaico. Assim como  a acusação, feita inclusive por governos, de que Israel estaria cometendo um "genocídio" em Gaza, a qual, de tão absurda e desconhecedora do verdadeiro significado da palavra "genocídio" (ou, numa versão mitigada, "massacre"), nem merece maior comentário e só traz vergonha a quem a pronuncia, como escreveu, num texto brilhante, o articulista do Miami Herald Andrés Oppenheimer (http://www.miamiherald.com/2014/08/06/4275217/andres-oppenheimer-claim-of-israel.html).


O mesmo vale para a esparrela de que Israel estaria usando "força desproporcional", o que não passa de uma desculpa pseudo-humanitária que mal esconde o desejo de que o número de israelenses mortos fosse maior (lembra algo?).

Nem menciono as tentativas de equiparar moralmente a ação militar israelense e a violência do Hamas, o que, sob a capa de "equanimidade", é um atentado ao bom-senso. Ou a tática calhorda (infelizmente, bastante comum) de tentar deslegitimar Israel impingindo-lhe os rótulos de "fascista" e mesmo "nazista", algo que só perde, em ignorância, para a estupidez e a safadeza ideológica - características, aliás, do nazifascismo. 

Resumindo: sim, é verdade que há um massacre em curso em Gaza. E não, não é Israel que o está perpetrando. E sim, é verdade que há genocidas em ação. E não, não é Israel. Preciso ser mais específico?
 
Todas as desculpas esfarrapadas apresentadas acima voltam à tona sempre que Israel resolve reagir a um ataque de inimigos como  o Hamas, o Jihad Islâmica ou o Hezbollah, que juraram varrer o país (e seu povo) do mapa. Tem sido assim desde 1948. E também antes, como sabe qualquer pessoa com o mínimo de interesse em História e de honestidade intelectual.

Enfim, os acontecimentos das últimas semanas no Oriente Médio comprovaram, pela enésima vez, que o antissemitismo existe, sim. De forma velada ou não, consciente ou inconscientemente, com bílis ou com açucar, com a suástica ou com o símbolo do "peace and love"... E esse sentimento, esse ódio ancestral, está mais forte do que nunca, dessa vez com uma roupagem nova, "progressista", "humanista", "do bem". O que o torna ainda mais lamentável e detestável. Negar que esse ódio existe, e que é bastante atuante no mundo de hoje, é parte da guerra de propaganda do Hamas contra Israel e contra a paz.

segunda-feira, agosto 11, 2014

Políticos de esquerda se oferecem como escudos humanos na Faixa de Gaza

Indignados com o que chamaram de “genocídio” de Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza, políticos de partidos de esquerda – PT, PCdoB, PSOL, PSTU e PCO – reuniram-se ontem em Brasília e declararam solenemente uma “jihad”(“guerra santa”) contra Israel, a quem classificaram como um “estado carniceiro nazista sionista imperialista racista segregacionista imperialista e de gente pão-dura”.
 
Segundo a declaração (“fatwa”) emitida após a reunião, os líderes das principais siglas esquerdistas do país decidiram unir forças com o Hamas, a quem chamaram de “amantes da paz e vítimas indefesas da máquina imperialista opressora”, oferecendo-se para ser escudos humanos em Gaza. O documento acusa Israel de “mirar intencionalmente em criancinhas por pura maldade e para provocar uma onda de indignação mundial contra si mesmo”. Por sugestão do PT, o documento finaliza com um desafio a Israel: “Anão diplomático é a mãe!”.
 
“É inadmissível o massacre brutal e genocida do povo palestino do Hamas pelas forças cruéis do judaísmo-sionismo-neoliberalismo-capitalismo”, bradou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). E acrescentou: “É um absurdo bombardear escolas e hospitais da ONU que estão sendo usados pelos bravos combatentes pacifistas do Hamas para estocar armas e lançar foguetes que, como todos sabemos, são usados apenas para fins pacíficos”. Afirmou que “nós, do partido do comunismo, de grandes benfeitores da humanidade como Marx, Lênin, Stálin, Mao Tsé-Tung e Kim Jong-Un, somos, acima de tudo, humanistas”. Feghali disse ainda que vai destinar 5% da renda diária de seu restaurante de luxo no Rio de Janeiro para ajudar a comprar mais armas para o Hamas.
 
Já o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) mostrou-se ainda mais indignado. “É preciso resistir a essa atitude homofóbica de Israel, com seus mísseis falocráticos”. Wyllys garantiu ter informações seguras de que os mísseis israelenses são projetados para matar apenas gays, lésbicas, travestis e transgêneros. “Li isso numa pesquisa do IPEA, está tudo lá”, assegurou.
 
Os políticos presentes ao evento garantiram: “Não somos antissemitas, somos apenas contra Israel, essa aberração. Todos sabem que os judeus criaram Israel como parte de um complô internacional pelo controle do mundo pelas multinacionais capitalistas, como está descrito naquele livro-texto do Hamas, Os Protocolos dos Sábios de Sião”, afirmou o presidenciável Zé Maria, do PSTU.
 
Quanto ao uso da população civil palestina como escudos humanos pelo Hamas, Jean Wyllys foi enfático: “É mentira! Isso não passa de uma teoria da conspiração. É coisa dos mesmos homofóbicos que derrubaram o avião da Malásia na Ucrânia porque levava mais de 100 cientistas holandeses que iam para um congresso sobre a AIDS, como escrevi no meu Facebook”.
 
Ao ser informado de que o Hamas e outros grupos fundamentalistas islâmicos não gostam muito de gays, Jean Wyllys declarou que precisava dar uma cagada e se escondeu no toilet.