Caramba! Vocês viram aquele texto-resposta do Reinaldo de Carvalho ao embaixador Róni Parejas, que o havia contestado sobre a questão da Martinica? Ele destrói um a um os argumentos do embaixador, provando por A mais B que o Brasil está totalmente errado na questão. Ele não deixa pedra sobre pedra, deu até pena do embaixador, coitado. Vou mandar um link do debate para um amigo meu diplomata para ele me dizer o que acha.
(mando o link).
- E aí, o que achou da resposta do Reinaldo de Carvalho ao embaixador Róni Parejas?
- Não mordi a isca.
- Como assim, "não mordi a isca"?!
- Você quer que eu entre num debate interminável com você, e eu não quero isso.
- Mas eu também não quero entrar num debate interminável! Aliás, depois da chinelada que o Reinaldo de Carvalho deu no Róni Parejas, acho que o debate está encerrado. Quero apenas saber sua opinião, já que você trabalha diretamente na área.
- Não gosto do Reinaldo de Carvalho, nem leio a revista em que ele escreve, a tal "Olha".
- OK, mas o que você acha do que ele disse?
- Não acho nada. Aliás, aí vai um link para um site sobre essa sua "referência": veja lá, o cara é um reacionário, um pau-mandado. Além disso, é um gay enrustido, tem merda na cabeça... e é feio que dói!
- Sim, sim, mas o que você tem a dizer sobre o que ele afirma no texto?
- Concordo plenamente com meu chefe.
- Por quê?
- (silêncio)
(Escrevo um texto em meu blog sobre o assunto. Mando um link para meu amigo. Ele me manda um e-mail).
- Não gostei. Peço que você retire as referências a minha pessoa. Por uma questão de ética.
- Mas eu não cito seu nome em nenhum momento! E se eu fizer as mudanças que você me pede, o texto vai perder o sentido. Além do mais, o texto é sobre idéias, não sobre pessoas...
- Mesmo assim não gostei. Quero que você retire qualquer referência que possa me ligar a essa questão, como Posto, chefe e cidade. Em vez de "um amigo que trabalha com o embaixador", ou "um amigo que trabalha em tal lugar", diga "um amigo diplomata". Não quero ser envolvido nesse assunto. Se você não fizer isso, vou ser forçado a pedir que você delete seu texto...
- Isso é censura! Mas, OK: como sou muito seu amigo, vou abrir uma exceção. O texto vai perder um pouco em coerência, mas faço isso para não ferir sua suscetibilidade. Nem Sherlock Holmes será capaz de dizer que é de você que eu estou falando.
- Obrigado.
- De nada. A propósito, só uma perguntinha...
- Qual?
- Por que você concorda plenamente com seu chefe nessa questão?
- (silêncio)
Esse é o Itamaraty: um lugar estranho, de gente esquisita.
P.S.: Certa vez, o poeta Carlos Drummond de Andrade foi perguntado porque, sendo ele um ferrenho antiautoritário e antivarguista, aceitou trabalhar como chefe de gabinete do ministro da Educação de Vargas durante a ditadura do Estado Novo, Gustavo Capanema. Ele respondeu assim: "Eu trabalhei no Estado Novo, não para o Estado Novo". Pena que muita gente não faz a mesma distinção entre governo e Estado hoje em dia.
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