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segunda-feira, junho 30, 2014

U.B.S.S.

 
 
Folha de S. Paulo, 16/06/2014
 
Por Luiz Felipe Pondé
 
 
União Brasileira Socialista Soviética.
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Piada de mau gosto mesmo, também acho, mas a pena mesmo é que a discussão política entre nós seja da idade da pedra e o socialismo ainda seja levado a sério. A piada de mau gosto mesmo é que estamos à beira de um golpe de Estado invisível no Brasil.
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O leitor e a leitora já estão a par do decreto do governo que institui a Política Nacional de Participação Social e o Sistema Nacional de Participação Social? Trata-se de decreto para aparelhar movimentos como o MST (gente que quer tomar a terra alheia), o MTST (gente que discorda da ideia de que se deve pagar pelo teto em que mora) e outros movimentos que englobam gente "sem algo" e acham que a sociedade deve dar pra eles. Esses grupos darão um golpe de Estado invisível. Tudo fruto, é claro, de setores do PT radical e os raivosos ex-PT, hoje em pequenos partidos.
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Esse decreto é um golpe de Estado sem dizer que é. Lentamente, os setores mais totalitários do país, amantes de ditaduras do proletariado (ou bolivarianas) voltam à cena no Brasil.
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Comitês como esses tornam os poderes da República reféns de gente que passa a vida sendo profissional militante. Quando você acordar, já era, leis serão passadas sem que você possa fazer algo porque estava ocupado ganhando a vida.
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Pergunte a si mesmo uma coisa: você tem tempo de ficar parando a cidade todo dia, acampando em ruas todo dia, discutindo todo dia? Provavelmente não, porque tem que trabalhar, pagar contas, levar filhos na escola, no hospital, e, acima de tudo, pagar impostos que em parte vão para as mãos desses movimentos sociais que se dizem representantes da "sociedade".
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Mas a verdade é que a maioria esmagadora de nós, a "sociedade", não pode participar desses comitês porque não é profissional da revolução. Tais movimentos que se dizem sociais, que afirmam que as ruas são deles, mentem sobre representarem a sociedade. Mesmo greves como a do metrô, capitaneada por uma filial do PSTU, não visa apenas aumentar salários. Visa instaurar a desordem para que o Brasil vire o que eles acham que o Brasil deve ser.
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Afinal, de onde vem a grana que sustenta essa moçada dos movimentos sociais? A dos sindicatos, sabemos, vem dos salários que são obrigatoriamente onerados para que quem trabalha sustente os profissionais dos sindicatos.
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Mas, até aí, estamos na legalidade de alguma forma. Mas e os "sem-Macs" ou "sem-iPhones", vivem do quê? Quando os vemos na rua, não parecem estar passando fome e frio como dizem que estão. Essa gente é motivada e sustentada de alguma forma. Por que não se exige entrar nas contas do MST e MTST e descobrir de onde vem a grana deles? Quem banca toda essa estrutura militante?
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Temo, caro leitor e cara leitora, que sejamos nós, os mesmos que eles consideram inimigos, a menos que concordemos com eles. Uma das grandes mentiras desses movimentos sociais é dizer que combatem a "elite econômica", que, aliás, em dia de greve, fica em casa porque não precisa de fato se virar pra ir trabalhar.
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Quem sofre com esses movimentos que arrebentam o cotidiano é gente que perde o emprego, perde o negócio, perde a vida se fica parada no trânsito ou na fila. É gente que, quando muito, anda de carro 1.0, não gente que anda de helicóptero. É diarista, empregada doméstica, porteiro de prédio, professor, estudante sem grana e que tem que pagar a faculdade, não riquinhos da zona oeste paulistana que fazem sociais para infernizar a vida dos colegas.
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É médico que tem três empregos, é dona de casa que cuida de filhos e trabalha fora, é trabalhador da construção civil, é gente "mortal", comum, que não pode se defender dos caras que fecham a cidade dizendo que fazem isso em nome do "povo". Os movimentos sociais têm demonstrado seu caráter autoritário. Pensam que as ruas são o quintal de seus comitês, que aparelharão os poderes da República.
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Se não bastasse isso tudo, vem aí o controle social da mídia. Dizer que será apenas para evitar monopólios é achar que somos idiotas.

Veja o que aconteceu na Argentina.
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Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo, religião, niilismo, ciência. Autor de vários títulos, entre eles, 'Contra um mundo melhor'.http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2014/06/1470848-ubss.shtml

domingo, dezembro 29, 2013

ESQUERDA E DIREITA: UM DEBATE NECESSÁRIO

 
O GloboNews Painel,  programa televisivo comandado por William Waack, promoveu um debate no dia 28 sobre os conceitos de "direita" e "esquerda" no Brasil contemporâneo. Não vi ainda o vídeo do programa, mas, a se julgar pela importância do tema e pelos convidados  - o jornalista Reinaldo Azevedo e os professores Luiz Felipe Pondé e Bolívar Lamounier - acredito ter sido um debate interessante e produtivo, no mais alto nível.
 
Trata-se de um tema por demais pertinente, sobretudo no Brasil, onde vigora a total confusão mental sobre quase tudo, devido a um certo culto da ambiguidade em todos os terrenos - ideológico, político, moral etc. Particularmente, não compartilho da visão confortável de que "esquerda e direita são conceitos ultrapassados", que teriam sido enterrados junto com os escombros  do Muro de Berlim. A meu ver, eles continuam válidos, até porque, ao que parece, o Muro ainda não caiu nas terras de Cabral. (Se alguém tem alguma dúvida, que veja os nomes ou, se tiver tempo, leia os programas de partidos como PT, PSDB, PDT, PCdoB e tutti quanti, ou leia a Constituição de 1988, e conte quantas vezes lá aparecem as palavras "igualdade" e "justiça social", em contraste com termos como "liberdade" e "propriedade privada"...) Nesse aspecto, estamos uns trinta anos atrasados. Daí que um debate desse tipo pode ser uma excelente oportunidade de tentar rever esse atraso e botar os pingos nos "is".  Reinaldo Azevedo, aliás, fez as perguntas certas em seu blog, as quais vou aproveitar para responder, dando assim meus pitacos sobre o assunto.  Creio que muito que foi dito no programa coincide com o que vou dizer aqui.
 
Pergunta: Existem direita e esquerda por aqui?
Minha resposta: Esquerda, certamente existe, e de todos os tipos: centro-esquerda (majoritária), extrema-esquerda, esquerda aguada, esquerda caviar etc. Temos esquerdas e esquerdistas de todos os tipos e para todos os gostos, desde a esquerda mais escancaradamente pragmática (o PT à frente) até os mais porraloucas seguidores de Lênin e Trotsky. O que não há é direita, ou pelo menos uma direita politicamente viável. Há, aqui e ali, um ou outro deputado, um ou outro jornalista (como o próprio Reinaldo Azevedo), um ou outro blogueiro ou professor, que não rezam segundo a cartilha das patrulhas esquerdistas, mas estes são a minoria da minoria, e não estão articulados politicamente (alguns, como o deputado Jair Bolsonaro, são figuras folclóricas, que fazem mais bem do que mal à esquerda, certamente sem saber). O que é, diga-se com todas as letras, uma anomalia, uma verdadeira jabuticaba: o Brasil é o único - repito: o ÚNICO - país democrático sem um partido de direita forte e competitivo. Daí, aliás, não haver praticamente oposição ao lulopetismo.

Pior que isso: não há, no Brasil, uma cultura de direita. E o mais grave: num país em que a população é majoritariamente, esmagadoramente, instintivamente conservadora e de direita, como já escrevi aqui. O que torna ainda mais dramática e necessária a missão de romper a camisa-de-força ideológica imposta ao país por décadas de propaganda sistemática e persistente, que separou o mundo político do mundo real. Não por acaso, a população saiu às ruas em junho passado gritando "eles não nos representam": de fato, nenhum partido representa o pensamento médio do brasileiro. Tanto que, sem lideranças, os protestos não tiveram um Norte definido, perdendo-se no generalismo de slogans "contra-tudo-isso-que-está-aí" e no "por-um-mundo-melhor", facilmente apropriados pela esquerda radical...
 
Pergunta: Por que todos os políticos e partidos se dizem de centro-esquerda?
Minha resposta: Porque vigora no Brasil há décadas a hegemonia cultural e política das ideias de esquerda, via gramscismo. Daí a política, no Brasil, ter-se transformado num sambinha de uma nota só, como o é também o discurso cultural e nas universidades, em que todos repetem, por um automatismo inconsciente, os chavões e slogans marxistas. No Brasil, existem partidos de esquerda e fisiológicos, e só. Não é de surpreender, portanto, que as eleições sejam, há décadas, um concurso de esquerdismo - onde ganha, obviamente, o mais esquerdista. 
 
A hegemonia de esquerda é tão forte que partidos como o PT e seus aliados e derivados de extrema-esquerda se dão ao luxo de criar a própria direita. Na ausência de uma sigla que possa ser considerada como tal, o papel recaiu sobre o PSDB, um partido social-democrata, logo de centro-esquerda por excelência. Houve até um idiota que disse, um dia desses no Roda Viva da TV Cultura que os black blocs, os comuno-anarquistas aliados de legendas como PSOL e PSTU,  são... "de direita"! (a explicação que ele deu: "eles usam máscaras"...). Vigora, enfim, a mais completa demonização, a satanização, da "direita", aliás inexistente no Brasil, algo perigoso para a democracia. Nessas circunstâncias, não é de se estranhar que todos no Brasil sejam de centro-esquerda, algo que não ocorre em nenhum outro lugar no mundo.   
 
(Um parêntese: existe sim, direita no Brasil, mas uma direita burra, politicamente desarticulada - ainda bem. Inclusive, há políticos de direita ou conservadores - no mau sentido da palavra, não no burkeano - entre os partidos aliados do governo, e no próprio PT. Mas não é dessa direita que estou falando: refiro-me a um certo sentimento difuso, que se alimenta, paradoxalmente, do vazio ideológico deixado pela hegemonia esquerdista. Esse sentimento é facilmente constatado nas redes sociais, onde reina a indignação imediatista e exortações demagógicas a favor da pena de morte, por exemplo, são comuns. É uma "direita" formada geralmente de nacionalistas nostálgicos do regime militar ou de devotos religiosos, para os quais a aniquilação de seus inimigos ou o reino dos céus é mais importante do que a defesa da liberdade. Apesar de professarem um anticomunismo retórico, "direitistas" assim se sentiriam à vontade em países como Cuba e Coreia do Norte. Uma direita laica, responsável e democrática - conservadora, enfim - seria o melhor antídoto contra essa "direita" de fancaria. Esta apenas dá munição aos esquerdistas.)  
 
Pergunta: Por que alguns grupos ideológicos reivindicam o monopólio da virtude?
Minha resposta: Porque se consideram, como no caso dos partidos comunistas, entes de razão, donos absolutos da Verdade Revelada e da chave da História. Essa é a essência, aliás, da ideologia marxista, totalmente vitoriosa entre nós (e pior: por W.O...). Em nome desse ideal de uma sociedade perfeita no futuro, tudo, absolutamente tudo - o extermínio de 100 milhões de pessoas, por exemplo - é permitido, e coisas como o Mensalão tornam-se facilmente compreensíveis. Nesse sentido, o PT é um partido fundamentalmente leninista: todos os meios são válidos, aos olhos dos companheiros petistas, para chegar ao poder e nele se manter - o assassinato, de reputações ou de fato (vide o caso Celso Daniel), é apenas um exemplo. Trata-se do herdeiro legítimo de uma tradição revolucionária que remonta à Revolução Francesa, passando pela Revolução bolchevique na Rússia e, mais recentemente, pelo castro-guevarismo e pelo gramscismo, sem jamais reconhecer o valor inerente da democracia.  
 
Além disso, o PT tem uma arma poderosa à sua disposição, que falta às demais agremiações e que o aproxima ainda mais de partidos totalitários: os chamados "movimentos sociais". É sobretudo nessa área que se revela seu caráter gramscista, de partido que faz de tudo para alcançar seus objetivos. Não importa se as causas que professa e suas políticas práticas sejam absolutamente contraditórias: não se espantem se a defesa dos direitos humanos feita por uma Maria do Rosário ou um Luiz Eduardo Greenhalg caminha lado a lado com a devoção fanática a ditaduras totalitárias como a dos Castro em Cuba, ou se a tentativa de criminalizar a "homofobia" anda de mãos dadas com a defesa do regime teocrático do Irã, onde se enforcam homossexuais, ou ainda se a implantação de cotas raciais no serviço público seja uma forma de institucionalizar o racismo, ou se militantes feministas calam-se covardemente ante a incitação ao estupro feita por um professor esquerdista contra uma jornalista - todas essas bandeiras de minorias não passam de instrumentos, de um meio para se chegar ao fim almejado. Não esqueçam: o compromisso do PT e assemelhados é com o poder, e nada mais. Para tanto, não hesitam em manipular as causas mais disparatadas, a fim de minar o "sistema" e semear o caos, valendo-se de idiotas úteis. Antes, eram os camisas negras e a Guarda Vermelha; hoje, são os "movimentos" negro, indígena, feminista, LGBTT etc.
 
Pergunta: O conservadorismo é necessariamente reacionário?
Minha resposta: Absolutamente não. A associação entre conservadorismo e reacionarismo é uma invenção da esquerda, sobretudo da esquerda marxista, que penetrou profundamente nos corações e mentes da população brasileira. O conservadorismo nasce da moderação, da busca por mitigar os horrores trazidos pelos jacobinos na Revolução Francesa, e conservar - daí o nome - princípios universais consagrados anteriormente, dos quais a liberdade é o principal. Não por acaso, sua matriz é anglo-saxônica, tendo como um dos maiores filósofos o britânico Edmund Burke (1729-1797), e fortemente alicerçada nas conquistas institucionais das "revoluções" inglesa (1688) e norte-americana (1776) - revoluções só no nome, pois visaram antes a conservar, e não a transformar, a propriedade privada e a liberdade individual diante da ameaça do Estado absolutista. Na França revolucionária e sobretudo na Rússia, ao contrário, a revolução foi feita para eliminar a propriedade e, com ela, a liberdade do indivíduo, resultando nas piores formas de opressão estatal conhecidas na História da humanidade. Se o critério é a democracia e a liberdade, portanto, reacionários são os socialistas e comunistas, não os conservadores. 
 
(Mais um parêntese: não que não exista uma direita reacionária, como escrevi acima. Mas é a parte da direita que abandonou o conservadorismo, preterindo-o em favor de soluções estatistas e socialistas. Isso mesmo: socialistas. Parece confuso? Então lembrem do criador do fascismo, o ditador italiano Benito Mussolini, que veio das fileiras do Partido Socialista italiano. Não que ele tenha abandonado o socialismo para mergulhar no delírio totalitário - ele apenas lhe deu um outro nome. Mussolini e Hitler consideravam o liberalismo seu maior inimigo, adotando políticas muitas vezes copiadas dos comunistas, a começar pelo controle total da sociedade pelo Partido-Estado. Quando virem um esquerdista chamar alguém de "fascista" - um de seus xingamentos preferidos -, pensem nisso.)
 
Pergunta: Direita liberal e extrema direita se confundem?
Minha resposta: De maneira nenhuma direita liberal e extrema-direita se confundem, pois não se pode confundir liberalismo político e econômico com a sua antítese, o dirigismo estatal, encarnado tanto pela extrema-direita quanto pela extrema-esquerda. Daí os conservadores serem inimigos irreconciliáveis do totalitarismo, seja de direita ou de esquerda, mantendo uma distância não somente política, mas sobretudo filosófica, dos fascistas. O mesmo não pode ser dito da esquerda "moderada", ou centro-esquerda, em relação à extrema esquerda: une-as um laço fundamental, que é a devoção ao Estado, laço este comum também aos extremistas de direita. Por isso é mais provável uma aliança entre a esquerda e a extrema-esquerda (como de fato ocorre, atualmente, no Brasil), ou entre os dois extremos ideológicos, do que entre liberais (ou liberais-conservadores) e a extrema-direita. Aliás, a aliança entre os extremos de cada lado já se realizou historicamente (o pacto "de não-agressão" entre Hitler e Stálin, que foi o catalisador imediato da Segunda Guerra Mundial, em 1939). Uma aliança assim jamais seria possível entre liberais e fascistas.
 
Portanto, só se pode entender a atual hegemonia ideológico-cultural esquerdista no Brasil, e a consequente vilanização da "direita", como o resultado de uma grosseira falsificação da História e das ideias. Falsificação que precisa ser denunciada com todas as forças por qualquer pessoa com um mínimo de honestidade intelectual. Do contrário, o Brasil continuará a ser um país em que a política se resume a petistas e tucanos, dilmas e aécios. Uma quase república soviética, governada por comissários de araque - e sem oposição digna desse nome.

sábado, julho 06, 2013

NOTAS SOBRE UMA "REVOLUÇÃO" IMAGINÁRIA (6)

 
Não acharam ainda o caminho. Mas valeu pela imagem.
 
 
Eu não sei o que admirar mais no governo (rá!) de Dilma Duchefe: o impressionante crescimento do PIB, a independência que demonstra em relação a seu criador, seus discursos sempre tão coerentes e feitos em um Português impecável ou a eficientíssima coordenação entre ela e os demais membros do governo (rará!). A ideia do plebiscito-que-foi-não-foi-mas-acabou-sendo é uma prova insofismável de que o atual governo (??!!) é mesmo a cara dela. Pena que incompetência não se resolve com penteado e botox...
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Conforme esperado, o tal plebiscito proposto por Dilma, Mercadante “et caterva” foi pro saco. E agora, o que o governo do Poste Sem Luz vai propor para tentar desviar a atenção dos brasileiros? Eis algumas sugestões:
 
- Convocar um plebiscito sobre a mudança do nome do País para "Bananalândia" ou "República Cumpanhêra (sic) do Brasil".
 
- Outro plebiscito para decidir o que fazer com os estádios/elefantes brancos superfaturados depois da Copa.
 
- Promover uma campanha para que Lula seja eleito para a Academia Brasileira de Letras.
 
- Convidar 6 mil especialistas em direitos humanos de Cuba e da Coréia do Norte.
 
- Realizar um referendo sobre o “controle social da mídia”.
 
- Criar uma Comissão da Verdade para investigar por que quem se gaba de ter resistido à tortura fugiu de uma vaia no Maracanã.
 
- Colocar a PF para tentar descobrir o paradeiro de Lula da Silva.
 
- Encomendar um estudo acadêmico, encabeçado por Emir Sader e Marilena Chauí, sobre o por quê do silêncio ensurdecedor do Apedeuta.
 
- Solicitar a Paulo Henrique Amorim, à TV do “Bispo” e ao pessoal da Carta Capital uma série de artigos e reportagens enaltecendo as conquistas do governo, como a ressurreição política de Collor e Maluf e a classe média de 500 reais, e “denunciando” os protestos como uma conspiração das elites e da mídia.
 
- Pedir ao povo para fazer uma vaquinha para ajudar o Eike Batista, com assessoria do vidente Guido Mantega e do BNDES.
 
- Um referendo para decidir sobre o "passe livre" nos aviões da FAB para parlamentares e seus parentes assistirem aos jogos da seleção.
 
- Conclamar os blogueiros progressistas pagos com dinheiro estatal para inundar as redes sociais com mensagens de louvor ao PT e ao Bolsa-Família e falando mal do FHC.
 
- Chamar o pessoal do MPL, da UNE, da CUT e do movimento LGBT para gritar "abaixo a cura gay" e "Fora Feliciano".
 
- Mudar o corte de cabelo.
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Do blog de Reinaldo Azevedo, que os esquerdinhas adoram odiar: "O governo está mais perdido do que cachorro caído de mudança no meio de um protesto contra… tudo isso que está aí!" Disse tudo!
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E o "passe livre" chegou aos avioes da FAB. Que o digam Henrique Alves e Renan Calheiros...
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Bastaram alguns dias de protesto para que o presidente do Egito, Mohammed Mursi, virasse suco. Já no Brasil, há mais de três semanas o povo sai às ruas e… nada. Por que a diferença? Tenho um palpite: é que, no Egito, a palavra de ordem era "Fora Mursi"; já em Banânia é "Por um Brasil melhor"... Fui muito sutil?
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Deixa eu ver se entendi...
 
- Em um movimento sem precedentes na História, milhões saem às ruas e páram o Brasil, protestando contra a corrupcão, os gastos na Copa, por melhores transportes públicos, mais saúde, mais educação, mais segurança etc.;
 
- Em vez de ouvir esses anseios, o governo de Dilma Duchefe propõe um plebiscito sobre "reforma política" que não estava na pauta de reivindicações, que ninguém entende e que, além de inviável, é claramente INCONSTITUCIONAL (ou seja: tem cara, jeito e cheiro de GOLPE);
 
- O que estão esperando para pedir o IMPEACHMENT? ...
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“Art. 3o Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do § 3o do art. 18 da Constituição Federal, o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional, de conformidade com esta Lei.” - Lei 9.709/98.
 
Alguma dúvida de que a proposta de dona Dilma de convocar um plebiscito é GOLPE?
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As últimas três semanas me deram mais motivos para assinar embaixo da frase:
 
- O único "movimento de massas" que me interessa é o de uma panela de macarrão. (Gustavo Bezerra)

domingo, junho 30, 2013

O FIM DE DILMA ROUSSEFF? (E ISSO NÃO É NECESSARIAMENTE UMA BOA NOTÍCIA...) OU: REFLEXÕES SOBRE UMA REVOLTA EM BUSCA DE UM OBJETIVO


Acredito que já é possível tirar algumas conclusões sobre o que está acontecendo. Aí vai minha análise. Vamos tentar botar alguma ordem nesse galinheiro.

Primeiro o lado bom:

- Os protestos que há três semanas sacodem o Brasil não têm nada a ver com outros movimentos no mundo atual ou no passado, tais como os que recentemente sacudiram Espanha, Portugal, Grécia, Turquia, Egito, “Occupy”, 1968 e
tc. Isso é bom, porque 1) todos esses movimentos tiveram como tônica o anticapitalismo ou o antiocidentalismo, enquanto as reivindicações no Brasil são muito mais difusas; 2) alguns desses movimentos, como no Egito e os de 68 no Brasil, se dirigiam contra regimes autoritários (não é o caso – ainda – do Brasil, embora muita gente no partido do governo trabalhe nesse sentido); e 3) sobretudo na Europa, tais movimentos se deram num contexto de crise econômica, o que também não é (ainda) o caso do Brasil (apesar do “pibinho” e da volta da inflação);

- O discurso governamental triunfalista, do tipo “Brasil Maravilha”, foi totalmente desmoralizado. As ruas mostraram que a propaganda lulo-petista, exaustivamente repetida nos últimos dez anos, é uma farsa. “Mais saúde e educação”, “mais hospitais e menos estádios”, “mais segurança”, “menos impostos” “chega de corrupção” etc. mostraram que os problemas cruciais do País continuam sem solução, e escancararam o abismo entre o discurso oficial e a realidade. Enfim, acabou o oba-oba. De agora em diante, será muito mais difícil para os marqueteiros do Planalto venderem a ideia ufanista de que vivemos no melhor dos mundos;

- Caiu a máscara de Dilma Rousseff. A “gerentona” supostamente ultra-competente revelou-se como aquilo que realmente é: inábil e despreparada, incapaz de gerir os destinos do País. Demorou para dar uma resposta às manifestações e, quando o fez, depois de se aconselhar com seu padrinho político (o que mostrou, mais uma vez, despreparo e falta de independência), agiu de forma desastrosa e destrambelhada, primeiro fingindo que os protestos não tinham qualquer relação com seu governo e, depois, com propostas inócuas e/ou alopradas como a importação de médicos cubanos e o plebiscito para convocar uma Constituinte exclusiva – medida que, além de cheirar a golpismo, revelou falta de coordenação dentro do próprio governo. Incompetente, à frente de um ministério de áulicos, Dilma demonstrou também falta de coragem ao desistir, por medo de vaias, de comparecer à decisão da Copa das Confederações no Maracanã – o que deveria ser a apoteose do “Brasil Maravilha” virou motivo de constrangimento;

- Acabou o monopólio esquerdista das ruas. Os protestos, até por não terem liderança e serem (aparentemente) espontâneos, tiveram como uma das marcas principais o caráter apartidário, dirigindo-se contra todos os partidos – inclusive os de esquerda. Sob as palavras de ordem “sem partidos” e “fora oportunistas”, bandeiras do PT e de outras legendas de esquerda foram rasgadas e militantes desses partidos que tentaram se infiltrar nas manifestações foram hostilizados e expulsos. Pela primeira vez em décadas não se viram bandeiras vermelhas dominando um movimento de massas no Brasil.

Esse foi o lado bom dos acontecimentos. Agora as más notícias:

- Os protestos, que começaram em SP como uma manobra eleitoreira do PT contra o governo estadual, a pretexto do aumento da tarifa de ônibus (manobra que deu errado e fugiu ao controle), não têm rumo, nem liderança. Nessas condições, acabaram se perdendo em slogans vazios e muitas vezes contraditórios, que expressam apenas um vago sentimento de insatisfação “por um Brasil melhor” ou “contra tudo isso que está aí”, sem clareza e sem dar nome aos bois. Resultado: grupos esquerdistas e o próprio governo vêm tentando se rearticular para sequestrar as manifestações, com as causas mais disparatadas (“Fora Feliciano”, “contra a ‘bolsa-estupro’” etc.). Assim, os protestos, sem objetivos claros, perdem-se no vazio ou degeneram em baderna e vandalismo – vândalos de lojas e de instituições;

- Mais uma vez, ficou claro que não há oposição no Brasil. Tão perplexos e desorientados pela marcha dos acontecimentos quanto o governo, os partidos soi-disant
 oposicionistas se limitaram a assistir ao povo na rua, perdendo mais uma chance de se colocarem à frente das reivindicações e dos protestos, preferindo continuar no rame-rame de declarações anódinas e/ou eleitoreiras (não se viu até agora, por exemplo, nenhum movimento parlamentar a favor de uma CPI da Copa). Tímida e vacilante, a “oposição” recusou-se a denunciar o governo, chegando mesmo a considerar válida a proposta bolivariana do plebiscito para a reforma política. Um vexame, talvez pior do que o de 2005, quando DEM e PSDB perderam a oportunidade de pedir o impeachment de Lula da Silva, envolvido até o pescoço no escândalo do Mensalão;

- A grande incógnita: Lula. Em silêncio há mais de 200 dias por causa do escândalo Rosemary Noronha (mais um!), o auto-proclamado maior líder mundial da História sumiu de circulação com o início dos protestos. A má notícia é que, com o esfarelamento de Dilma Rousseff e sua queda vertiginosa nas pesquisas, "ele" poderá retornar em 2014 (muita gente no PT torce para que isso ocorra, e quer ver Dilma longe da Presidência). Pode mesmo acontecer uma inflexão mais à esquerda do governo, como a ideia do plebiscito parece antever. Enfim, não há nada certo, e as coisas podem ficar ainda piores do que já estão. A ver.

NOTAS SOBRE UMA "REVOLUÇÃO" IMAGINÁRIA (5)

 
Pode ser que todo esse fuzuê no Brasil não dê em nada, como acho que vai ser o caso, e que no final leve mesmo a uma inflexão mais à esquerda e bolivariana do governo da Dilma Duchefe (por meio de “plebiscitos” etc.), mas somente pelo fato de ter sido um movimento sem bandeiras partidárias valeu a pena. Ver os petistas e esquerdinhas em geral atordoados por terem perdido o controle das ruas é algo que simplesmente não tem preço! Agora só falta a oposição tomar vergonha na cara e cumprir seu papel.
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PERGUNTAR NÃO OFENDE: Curioso como, ao mesmo tempo em que milhares saem às ruas no Brasil, muita gente resolveu tomar chá de sumiço e/ou fazer voto de silêncio nessas últimas três semanas. Em geral, gente que costuma ser bem eloquente e barulhenta. Por que será?
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"Contra a estatuto do nascituro", "contra a 'cura gay'" (sic), "fora Feliciano" etc... Conforme previsto, os protestos, sem rumo e sem clareza, viraram uma Terra do Nunca em que cabe de tudo, menos o essencial, e inclusive slogans contra inimigos imaginarios. Pena.
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ALIÁS, PERGUNTAR NÃO OFENDE... Se os protestos são realmente apartidários (como devem ser), o que fazem neles bandeiras do "movimento LGBT" (um dos braços do lulo-petismo) e o tal "Juntos" (ou seja: o PSOL)? Alguém poderia explicar?
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PROMETO solenemente que, até essa onda de protestos acabar, e também depois dela, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para infernizar a vida de você, que deu pulinhos de alegria quando foi anunciado que o Brasil iria sediar a Copa do Mundo e outros eventos megalomaníacos inúteis e sorvedores de dinheiro publico para os cofres da companheirada e da FIFA. Juro, com todas as minhas forças, que tudo farei para aporrinhar você, que durante dez anos achou que o Brasil tinha virado, por obra e graça do primeiro presidente operário (que não trabalha desde 1975) e maior líder mundial desde Moisés, uma terra maravilhosa, com serviços públicos de Primeiro Mundo e onde os pobres, em cada vez menor número (?), estariam todos felizes após ingressar, com 500 reais, na classe média (a mesma que Marxilena Chauí odeia e chama de “fascista” e “terrorista”). Não pouparei esforços para espezinhar você, que acreditou – e continua a acreditar! – que o Mensalão não existiu, que a corrupção é “de direita” e que Lula, Dilma e o PT são o supra-sumo da ética e da honestidade. Tudo farei para fazê-lo(a) corar de vergonha por ter acreditado nessa propaganda calhorda, a ponto de achar que o problema não são eles, os lulo-petistas, mas a “mídia conservadora”, o "sistema", o Marco Feliciano ou a polícia que não deixa os "manifestantes" saquearem à vontade, vejam que coisa! Darei o máximo de mim para constranger você, alma ingênua ou militonto, que caiu no conto do vigário do Brasil-Maravilha e bateu palmas para uma política externa ideológica alinhada ao Foro de São Paulo e ao que de pior existe na humanidade. Para você, lulopetista, simpatizante ou idiota útil, dedico este pequeno texto. Prometo que vou encher seu saco até você dizer chega. Ou então, tomar vergonha na cara e começar a pensar antes de embarcar de novo em mais uma roubada.
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Sabem o que apareceu ontem no meio de uma turba de vândalos que atirava pedras na PM em Fortaleza? Uma camiseta com a bandeira das FARC, os narcoterroristas colombianos (e amiguinhos do PT). Será que agora o Rui Falcão vai dizer que vandalismo é coisa da "direita"?
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Gilberto Carvalho disse no ano passado que em 2013 "o bicho vai pegar" (em antecipaçao às eleições no próximo ano). Pelo visto ele tentou fazer isso em SP com os companheiros do MPL, mas o tiro saiu pela culatra. O bicho está pegando, sim, mas é pro lado de Dilma Duchefe. "Nunca na história deste país" se viu um governo tão despreparado, tão incompetente, tão desorientado e desligado da realidade. Sorte dos "companheiros" que o Brasil só tem governo e aliados, e que a "oposição" (rarará) é uma papinha de alface sem sal, que há dez anos não assume seu papel.
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Que lindo os deputados terem aprovado o fim dos 14o e 15o salários para parlamentares. Quase fui às lágrimas de emoção com esse gesto tão magnânimo dos senhores congressistas. Parece que enfim ouviram o "clamor do povo" (nada a ver com as eleições no ano que vem, claro...). Mas uma pergunta não quer calar: a CPI DA COPA, sai ou não sai? E só pra aproveitar o gancho: o VERDADEIRO chefe do Mensalão, o líder mais importante da História da humanidade desde os faraós, o Grande Mudo desses dias, quando vai ver o sol nascer quadrado? Perguntar não ofende...
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Não dá pra resistir à piada... Dilma se antecipou ao juiz do jogo no Maracanã: para não ouvir mais uma vaia, resolveu dar a si mesma um cartão AMARELO...
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27 pontos de queda nas pesquisas... Parece que finalmente os brasileiros começaram a perceber que quem não conseguiu administrar uma loja de 1,99 em Porto Alegre não tem condições de administrar o Brasil... Antes tarde do que nunca.
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Título da biografia de Dilma Rousseff publicado em 2012: "A Vida Quer É Coragem". Não poderia ser mais irônico.
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Vejam o naipe da turma que se reuniu ontem com Dilma Duchefe em Brasília (muitos são sustentados pelo governo):
 
"Conselho Nacional de Juventude (Conjure), UBES, Movimento Sem-Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Marcha Mundial das Mulheres, Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Levante Popular da Juventude, Rede Fale, Hip Hop, Forum de Juventude de BH, União da Juventude Socialista (UJS), Juventude do PT (JPT), UPL, JSB, JSPDT, JPMDB, UNE, PJ, CTB, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Marcha das Vadias, Fora do Eixo e Agência Solano Trindade." (!!!???)
 
Só uma coisa a dizer, diante do que está aí em cima:
 
ELES NÃO ME REPRESENTAM!
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E a oposicinha, mais uma vez, está mostrando que está tão perdida quanto o governo. PLEBISCITO É GOLPE! CPI DA COPA JÁ! Cadê???...
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Caiu mais uma máscara de Dilma Duchefe: a valente ex-guerrilheira que diz orgulhar-se de ter enfrentado a ditadura não teve coragem de encarar o Maracanã. Suportou a tortura, mas fugiu de uma vaia...

domingo, junho 23, 2013

NOTAS SOBRE UMA "REVOLUÇÃO" IMAGINÁRIA (3)


OK, FORA DILMA e FORA PT pode parecer meio radical para algumas pessoas. Nesse caso, eu me contento com uma proposta mais modesta. É a seguinte: uma CPI para investigar os gastos da Copa. Que tal? O resultado, se a coisa for pra valer, será o mesmo...
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E a Rede Globo, tão acusada de "direitismo" (por quem fala em "controle social da mídia" e não sabe diferenciar um poste de um prego...), parece ter virado a maior aliada do governo Dilma nessas últimas duas semanas. Se depender da Platinada, os protestos ocorrem somente por causa do preço das passagens de ônibus e "por um Brasil melhor"... Quase nenhuma palavra sobre a indignação contra os gastos com a Copa (por que será, heim?)... Agora a emissora abriu suas câmeras e microfones para o pessoal do "Movimento Passe Livre" e para o PSOL (!!!!), como os representantes da "nova geração de manifestantes" e da "juventude que quer mudar o Brasil" etc... Desse jeito meu fígado não aguenta!
 
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Até o pessoal LGBT está pegando carona nos protestos. E ainda por cima contra algo que nem existe (o tal projeto de "cura gay", que não é nada disso que estão dizendo por aí). Pelo menos eles dão nome aos bois, e parecem saber o que querem. Ao contrário da maioria dos manifestantes, que até agora não ligaram lé com cré, ficando nas generalizações do "contra isso que está aí", "por um Brasil melhor" etc., repetindo discurso de Miss... O que mostra mais uma vez que a coisa virou mesmo um grande feirão onde cabe de tudo - menos o essencial.
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Perceberam como o tal "Movimento Passe Livre" de repente resolveu não mais chamar manifestação na rua? Decidiram que "tinham alcançado uma vitória importante" e que estavam satisfeitos, agora que a coisa tinha virado uma "revolta popular"... "Revolta popular", pra essa patota, é o que aconteceu em Brasília em frente ao Itamaraty (ou seja: vandalismo puro). Como os protestos no Brasil (a parte pacífica) viraram algo diferente do que pretende o MPL e a Marilena Chauí, estão tirando o corpo fora para não ter de gritar contra a corrupção etc. Típico de quem deu um tiro no próprio pé...
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Aliás, por falar em "passe livre", retransmito aqui uma proposta que considero o óbvio dos óbvios para abaixar os preços das passagens de ônibus e melhorar a qualidade do serviço. É do filósofo Olavo de Carvalho: basta acabar com essa estória de entregar o transporte público nas mãos de empresas queridinhas do governo e abrir para o LIVRE MERCADO. Que tal?
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O discurso de ontem de dona Dilma Duchef foi lulo-dilmismo em estado puro. Ou seja: uma enganação do começo ao fim. Pífio, vago, acaciano e cheio de platitudes. Um show de cinismo e de demagogia. Vejamos:
 
1) Disse condenar a violência nos protestos, mas não falou que o “Movimento Passe Livre” usou e abusou da provocação contra a PM em SP para tentar produzir um cadáver (o MPL é um interlocutor do governo federal, um dos “movimentos sociais” com os quais ela disse querer conversar);
 
2) Falou em um acordo com os governadores e prefeitos para melhorar os transportes públicos nas cidades, como se a questão fosse mesmo os tais 20 centavos (e de quebra dando ainda mais legitimidade ao MPL);
 
3) Tentou desviar a atenção do verdadeiro catalisador das manifestações Brasil afora: os quase 30 bilhões de reais do dinheiro público gastos na Copa (e ainda tentou dourar a pílula, dizendo que o desperdício não vai ser tão grande assim, pois será bancado em parte pelas empresas etc.);
 
4) Em vez de explicar essa gastança desnecessária de recursos públicos, apareceu com a proposta demagógica de transferir 100% dos royalties do petróleo para a educação, a) como se o problema da educação no Brasil se resumisse à falta de verbas (é mais do que isso), e b) jogando o problema no colo do Legislativo (trata-se de um projeto de lei a tramitar no Congresso);
 
5) Mencionou, como “solução” para o estado calamitoso da saúde, a importação de médicos estrangeiros, a) como se o problema fosse a falta de médicos no Brasil (há médicos suficientes: apenas estão concentrados geograficamente no Sul-Sudeste); e b) ignorou que essa medida está sendo duramente criticada pelo Conselho Federal de Medicina, que questiona a qualificação dos médicos importados (sobretudo cubanos) e o fato de tal medida obedecer a critérios político-eleitorais e ideológicos;
 
6) O que é “oxigenar o sistema político”? E “criar mecanismos mais transparentes que tornem as instituições mais permeáveis à influência da sociedade”? O que é isso? Do que ela estava falando exatamente?
 
Dessa vez o João Santana fez um serviço labrogeiro. Sorte do governo e do PT que os manifestantes não têm metas claras e não estão ligando os pontos. Ah, se houvesse oposição de verdade no Brasil...
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Curioso como só agora, depois que uma turba de delinquentes quase destruiu o prédio do Itamaraty em BSB, é que muita gente parece ter percebido que há vândalos e arruaceiros infiltrados nas manifestações. Venho dizendo isso desde o primeiro dia dos protestos em SP, quando os vândalos eram "ativistas" e "vítimas da violência policial"...
 
Aliás, prestem atenção nos slogans pichados pelos vagabundos no MRE: "Viva a revolução", "A farda é uma jaula" etc. Coisa de zé-manés esquerdóides e anarquistas, que querem causar tumulto e forçar um confronto sangrento com a PM em busca de um cadáver. Exatamente como o tal "Movimento Passe Livre" em SP...
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Por falar em vandalismo: as cenas de violência e de quebra-quebra nas manifestações são uma prova de que os protestos não têm nenhuma liderança, nenhum comando. Daí o movimento não apresentar nenhuma bandeira de luta clara e precisa, perdendo-se em generalidades. Os arruaceiros se aproveitam disso para fazer baderna. Isso é tão óbvio que fico perplexo de ninguém ter lembrado esse fato até agora.

quinta-feira, junho 20, 2013

NOTAS SOBRE UMA "REVOLUÇÃO" IMAGINÁRIA (2)


Voltando a como esse bafafá todo começou: concordo que a questão não se resume aos 20 centavos de aumento da passagem de ônibus em SP. Quem conhece o tal "Movimento Passe Livre" sabe muito bem que não é isso o que move esse pessoal. Eles estão se lixando pra esse tipo de coisa. Os objetivos deles, na verdade, são bem mais, digamos, revolucionários (e, portanto, inconfessáveis)... Só não vê quem não quer.
 
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Aposto o quanto quiserem que, dentro de alguns dias, algum "intelequitual" marxista/socialista/gramsciano de galinheiro, filiado ao PT ou ao PSOL e provavelmente da USP ou da PUC, vai aparecer com altas "análises" do que está acontecendo no Brasil, tentando provar por A mais B que os protestos constituem uma nova forma de expressão de revolta das massas exploradas/oprimidas contra o "neoliberalism...o", o "capitalismo selvagem", as "corporações", o FMI, o Marco Feliciano etc. Vão falar tudo, menos o essencial: que o povo está de saco cheio de Dilma e dos petralhas. Somente está confuso e não sabe direito o que quer e contra o quê está protestando, pois não tem quem o represente e o lidere numa hora dessas, já que o país não tem oposição. Vão se aproveitar disso e tentar usar as manifestações a favor das teses esquerdistas, como a própria Dilma tentou fazer em seu discurso surrealista de ontem. Querem apostar como isso vai acontecer?

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Meus parabéns aos manifestantes em SP que impediram ontem um grupo de militantes de um partideco comunista jurássico infiltrado no movimento de se apropriar do protesto, deixando claro que a manifestação era apartidária. É por aí. Não se pode deixar que esses bocós esquerdopatas sequestrem os protestos para suas agendas totalitárias. Agora só falta encontrarem um rumo para as manifestações, deixando claro que se trata de uma revolta contra O GOVERNO DE DILMA ROUSSEF e tudo que ele representa, como a impunidade de Lula e a farra com o dinheiro público na Copa. No momento em que aparecer uma faixa gigantesca dizendo FORA DILMA ou LULA NA CADEIA eu pego o primeiro avião e me junto aos protestos.
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Agora parece que todos acordaram para o fato de que a Copa do Mundo vai ser um desperdício monumental de dinheiro público. Não gosto de me gabar, mas se tivessem lido meu blog em 2007, teriam descoberto isso faz tempo.

Como os fatos não param de mostrar, eu estava certo. De novo. Infelizmente.

Taí a prova do crime: htt
p://gustavo-livrexpressao.blogspot.gr/2007/10/copa-do-mundo-para-qu.html
 
P.S.: No texto, eu estava sendo modesto: na época, falava-se que a brincadeira iria custar 6 bilhões de reais aos cofres públicos. A última estimativa bota a conta em 28 bilhões (e contando). Pois é...
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DA SÉRIE "PERGUNTAR NÃO OFENDE":

O que tem a dizer a filósofa (!) Marilena Chauí sobre os protestos no Brasil?
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Aí vem um bobinho e me escreve o seguinte:

" Fora Dilma" e quem vamos colocar lá? Aecio, Serra, Marina, Fernando Paes ? ; me desculpe mas se eles sequer são capazes de fazer uma oposição decente e mostrar um contraponto as ideias do PT, não merecem o meu voto."

Tirando a parte da oposição que nao honra as calças que veste - uma papinha de alface sem sal feita de aécios, serras e marinas -, o rapaz parece querer se fazer de besta. O FORA DILMA, assim como o LULA NA CADEIA, dariam um Norte aos protestos, que até o momento não passam de uma onda contra-tudo-e-contra-nada-ao-mesmo-tempo. Sem falar que seria a quebra de um tabu. Nem precisa ser impeachment.

A proposito, alguém lembrou "de quem colocar lá" no "Fora Collor"? E nos inúmeros "Fora FHC" dos anos 90, alguém lembrou desse detalhe?
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PERGUNTAR NAO OFENDE...
Se o tal "Movimento Passe Livre" é realmente um movimento "pacífico", como se apresenta e como diz parte da imprensa, então por que até agora não condenou o vandalismo em SP?
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O discurso ontem de dona Dilma elogiando (!?) os manifestantes (???!!!) deveria entrar pra História como uma dos mais surreais de todos os tempos. Ficou parecendo que o que está acontecendo nas ruas não tem nada a ver com o governo dela. E o pior é que tem gente na imprensa que achou o máximo (!!!).

Depois a Grande Vaiada foi se encontrar em reunião com - adivinhem quem! - LULA e o marqueteiro Joã
o Santana... Sobre o que conversaram? Será que foi sobre as tarifas de ônibus em SP?

E até agora não vi nenhuma faixa de FORA DILMA nos protestos. Somente vandalismo e slogans anódinos, que não querem dizer nada. Parece mesmo que as manifestações viraram uma grande Terra do Nunca. Muito calor e pouca luz. Que pena.
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A pergunta que não quer calar: cadê a UNE? Não são eles que gostam de protestos?

Aliás, alguém viu o Sérgio Cabral por ai? E Fernando Haddad, por onde anda? Tem político que só aparece no hora do aplauso...
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Jornalistas agredidos, lojas saqueadas, bancos depredados, carros incendiados... Não, isso não é manifestacao. É fascismo. Ponto.
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Não faltam motivos para protestar no Brasil, e inclusive para exigir a queda do governo, como a roubalheira petista e a gastança indecente com eventos inúteis e idiotas como a Copa do Mundo. Por isso é lamentável constatar que as manifestações estão sendo sequestradas por grupos radicais ultra-esquerdistas que orbitam em torno do PT e degeneraram numa onda de vandalismo sem sentido, que parece ter como único objetivo desviar a atenção do essencial e fazer quebra-quebra para provocar a reação da PM e depois posar de vítima da "violência policial" etc. O que aconteceu ontem em SP e no RJ deixou isso claro para quem ainda pensa.

Sinto-me muito à vontade pra dizer isso, pois desde o início desconfiei da sinceridade dos "manifestantes" em SP, que, divididos entre provocadores radicais e uma massa de idiotas úteis, queria o "passe livre" nos transportes públicos (?!). O resultado é que a coisa toda acabou virando uma onda de protestos confusos e sem foco, onde cabe literalmente de tudo, com reivindicações vagas e muitas vezes incoerentes e contraditórias ("contra a corrupção", "contra os políticos", "contra o capitalismo", "por um mundo melhor" etc.). Nessas condições, eu ficaria surpreso se seitas esquerdóides como o PSOL não tentassem se apropriar dos protestos
, como de fato está acontecendo.

Ainda há tempo, porém, para reverter essa situação: basta os manifestantes abandonarem os slogans abstratos e, de forma apartidária, isolarem os baderneiros infiltrados e se concentrarem no que realmente importa, dando nomes aos bois. Por exemplo: "LULA NA CADEIA", "FORA DILMA" (não necessariamente impeachment), "POR UMA OPOSIÇÃO DE VERDADE", "CHEGA DE PT" ou "CADEIA PARA OS MENSALEIROS". Aqui e ali, alguém timidamente e de forma individual lembra essas reivindicações, mas até agora não vi nenhuma delas se transformar em bandeira de luta capaz de arrastar multidões. Enquanto isso não acontecer, sinto dizer, a tendência é que os protestos virem uma oportunidade perdida.
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Sugestão de faixa para os protestos:

"LULA LÁ... NA CADEIA!"

Então? Bora pra rua?

domingo, fevereiro 24, 2013

YOANI SÁNCHEZ. OU: A HISTERIA DOS ESQUERDIOTAS


Imaginem o seguinte: um opositor de uma ditadura latino-americana está em visita a um país estrangeiro. Na chegada, é hostilizado por um bando de apoiadores dessa ditadura, que tentam calá-lo e impedir que divulgue sua mensagem pró-democracia. Xingam-no e insultam-no, cospem nele, atiram-no notas de dólares, acusando-o de espião e mercenário a serviço de uma potência estrangeira. Em todos os lugares aonde vai, depara com uma súcia que o insulta aos berros. Antes de sua chegada ao país, descobre-se que funcionários do governo, em conluio com o embaixador da ditadura, montam uma operação de espionagem para desacreditá-lo. O embaixador inclusive admite que agentes da ditadura atuam no país monitorando opositores – o que é uma clara violacão do princípio de não-ingerência.

Imaginaram? Agora pensem que a ditadura em questão é a ditadura militar do Brasil (1964-1985), e que o opositor é um exilado brasileiro.

A situação descrita acima aplica-se perfeitamente, apenas com o sinal ideológico trocado, à tumultuada visita ao Brasil da blogueira e dissidente cubana Yoani Sanchéz. Com algumas diferenças fundamentais: a ditadura militar acabou no Brasil há mais de vinte anos; a de Cuba, comandada pelos irmãos Castro desde 1959, ainda não acabou, nem dá sinais de que vai acabar um dia. Outra diferença é que a tirania cubana, um regime totalitário comunista, matou muito mais do que os generais brasileiros, e a censura do regime de 64 não chegou nem aos pés do controle total da informação pelo Partido-Estado na ilha-presídio.  

Mas a maior diferença é outra, e ficou explícita na visita de Yoani. Ao contrário dos militares brasileiros, uruguaios ou chilenos do passado, os gerontocratas cubanos contam com apoiadores fervorosos no Brasil. Mais que isso: prontos a usar a violência física contra quem ouse usar a palavra para criticar, por mínimo que seja, a ditadura mais antiga do Ocidente. Nenhuma outra ditadura latino-americana se equipara, nos quesitos repressão e longevidade, à gerontocracia cubana. E nenhuma tem tantos defensores apaixonados fora de suas fronteiras.

Desde o momento em que pisou em solo brasileiro, iniciando a primeira viagem para fora da ilha-cárcere em seis anos (e após 20 tentativas negadas pelas autoridades de Havana), Yoani foi constantemente hostilizada por uma turba de fanáticos e gorilas fascistóides pagos por partidos de esquerda que compõem o atual governo Dilma Rousseff. Foi ofendida e injuriada com slogans que a acusavam de ser espiã e mercenária da CIA (acreditem: há quem pense que ela é agente da ditadura castrista, e com os mesmos argumentos: ela bebe cerveja, vai à praia e come banana...). Tais bobocas impediram, na base do berro e de ameaças de agressão, a projeção de um documentário do qual Yoani participa. Perseguiram-na em quase todos os lugares, inclusive no Congresso Nacional, onde deputados do PT, do PCdoB e do PSOL comportaram-se de maneira semelhante às claques de militontos histéricos (caracterizando, aliás, o crime de constrangimento ilegal, tipificado no Código Penal brasileiro). Tamanha foi a fúria dos esquerdopatas inimigos da liberdade de expressão que até o senador Eduardo Suplicy, caprichando na pose de falso bobo alegre que é sua marca registrada, saiu em defesa de Yoani, esperando com isso que todos se esqueçam de décadas de conivência sua com a castradura cubana e ficar bem na fita. 

Pois bem. De nada adiantaria repetir aqui alguns fatos óbvios sobre a tirania dos Castro em Cuba. De nada adiantaria perguntar aos amantes da castroditadura, por exemplo, se eles topariam viver uma semana em um país onde faltam papel higiênico, sabão, pão, carne, leite, com apagões diários e vivendo (?) com 12 dólares por mês (detalhe: quem reclama termina no xilindró...). Tampouco seria de grande valia indagar aos parlamentares esquerdistas que tentaram calar Yoani se eles desejam para o Brasil o mesmo que defendem para Cuba, ou seja, uma ditadura eterna, com censura à imprensa, sem liberdade de expressão e de reunião, partido único, presos políticos etc. (muitos certamente  vão querer dizer "sim", mas não têm a coragem de dizer abertamente). Aduladores de ditaduras simplesmente estão além do alcance de qualquer racionalidade. O importante é que a visita de Yoani já é histórica.

A visita de Yoani é histórica porque ajudou a tirar a máscara de muita gente no Brasil, mostrando a verdadeira cara dos militontos de esquerda, muitos dos quais adoram posar de defensores da democracia e dos direitos humanos (quando lhes convém, claro). Bastou a vinda de uma blogueira que não dança conforme a música ditada por Raúl e Fidel, e cujas críticas à tirania são aliás bastante moderadas, para tirar essa gente do sério e fazê-los mover mundos e fundos (principalmente fundos, que são abundantes) para atacar o mensageiro. Bastou a visita de Yoani para revelar para quem quiser ver que, para essa patota, há ditaduras boas e ditaduras más - as boas são as que matam mais (e que duram mais tempo).  Poucas vezes a expressão FASCISMO DE ESQUERDA fez tanto sentido quanto nesses ultimos dias no Brasil.

O jeito mais rápido e fácil de desmascarar um hipócrita esquerdista (seja "hard" ou da esquerda aguada, do tipo que se enche de indignação contra os crimes da ditadura militar mas considera "extremismo de direita" pedir democracia em Cuba) é perguntar o que ele(a) acha do regime comunista da ilha da fantasia da esquerda. Se ele(a) se recusar a condená-lo, insistindo num tom "neutro" ou fazendo silêncio, pode ter certeza: trata-se de um farsante. A visita de Yoani Sánchez foi uma excelente oportunidade de mostrar o que essa gente realmenre pensa e o que realmente quer.

Eis mais uma invenção da era lulopetista: o "protesto pró-ditadura", o "protesto a favor".

Imaginem o barulho que haveria se um grupo de "manifestantes" recebesse com gritos de protesto e ameaças de linchamento os exilados brasileiros que voltaram ao Brasil em 1979, chamando-os de agentes da KGB (e muitos eram mesmo)...

Como eu já disse inúmeras vezes, o clube mais numeroso do mundo é o dos inimigos das ditaduras passadas, e amigos das ditaduras atuais. Aí está Yoani para provar.

***
Não me admira a raiva dos militontos petistas e assemelhados contra Yoani Sánchez. Afinal, além de tudo que está aí em cima, ela milita "do lado errado". Vejam só:

- Yoani não ergue bandeira nem grita slogans contra o capitalismo, a globalização ou as multinacionais (até porque ela sabe que capitalismo e democracia, duas coisas inexistentes em Cuba, são inseparáveis);

- Yoani não invade igreja pelada para "comemorar" a renúncia do papa (até porque a religião cristã sofreu dura perseguição por parte da ditadura castrista em Cuba);

- Yoani não bate tambor em defesa do "casamento gay" e por uma lei "contra a homofobia" (o que diabos seria isso?);

- Yoani não defende cotas raciais nas universidades "contra o racismo" (ela vem de um país racialmente miscigenado, como o Brasil);

- Yoani não pinta a cara nem adota nome indígena fake no Facebook, posando de índio de boutique e defendendo aldeias e quilombos de mentitinha para mamar nas tetas do Estado-babá;

- Yoani não sai por aí endossando teses fajutas de artistas da Globo para protestar contra a construção de uma usina hidrelétrica (de onde ela vem falta luz todo dia);

- Yoani não gasta seu tempo em causas da elite descolada como a legalização da maconha (até porque em Cuba também há drogas, como sabe qualquer um que ler seu blog);

- Yoani não justifica atentados terroristas perpetrados por fanáticos islamitas, nem protesta contra os EUA por derrubarem tiranos genocidas;

- Yoani não sai por aí em favor do "controle social da mídia" (não, obrigado: ela sabe o que é censura);

- Yoani não considera o Mensalão "uma conspiração das elites";

- Yoani não quer rever anistias para punir apenas um lado etc.

Em vez disso, Yoani defende uma outra causa, mais simples: Liberdade e Democracia para Cuba.

Em resumo, Yoani não é uma militonta anticapitalista, antiglobalização, antirreligiosa, feminista, gayzista, racialista, ecochata, maconhista, antiamericana, antiocidental, multiculturalista, antiliberal e antidemocrata.

Convenhamos, realmente Yoani é uma figura muita estranha, estranhíssima. Principalmente no Brasil.

domingo, fevereiro 17, 2013

PETISTAS OTÁRIOS

Este não é um blog de humor, embora às vezes alguns leitores se esforcem para que ele o seja. Um anônimo, por exemplo, ficou mordido por causa do que escrevi em meu post QUERO SER PETISTA. E acabou aumentando a lista das piadas que seguem a linha "humor involuntário" (também conhecido como "vergonha alheia").
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Vejam o que ele escreveu, na língua que desconfio ser o Português (língua de petista, enfim):
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É uma injustiça o que vocÊ postou, agride a todos os petistas, não foi um petistas que roubaram dinheiro foram pessoas que se aproveitaram do seu cargo, independente do partido. o que mais me anojou é vc dizer que ser petista é um bom negocio, eu sou petista pelos ideais aos quais luto e não por dinheiro porque nunca recebi R$1,00 do governo e nem quero. não somos todos iguais.
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Realmente, fico na dúvida sobre o que mais me enojou - e não "anojou", como está aí em cima, quero crer que num erro de digitação (estou sendo bonzinho...) -: se a idéia mixuruca de que foram "pessoas que se aproveitaram do seu cargo, independente do partido" (e o Mensalão existiria sem o PT?), ou se a insistência, quero crer que sincera, de que alguém seja petista "pelos ideais aos quais (sic) luto"... (que nobre ideal moveria o partido de Lula e Zé Dirceu? O enriquecimento próprio em nome dos trabalhadores? O apoio a figuras como Collor e Maluf em nome da ética na política?).
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Mas tudo bem, vou dar um desconto. Admito que cometi uma injustiça, como diz o caro leitor. É verdade, há petistas e petistas: há os espertalhões, como Lula e Zé Dirceu, e há os idiotas. Os primeiros estão na cúpula do partido, e se locupletaram nos últimos dez anos em todo tipo de negociata. Os segundos geralmente são os militantes da chamada "base", a arraia-miúda. Estes são perfeitos otários, pois continuam a acreditar que um partido que transformou a corrupção numa forma de arte ainda teria algum "ideal" pelo qual lutar. Em geral, até reconhecem que o Mensalão existiu - até porque o STF, diante da abundância de provas, já condenou os mensaleiros e a tese da "conspiração das elites e da mídia", por totalmente ridícula e ofensiva à inteligência, não colou -, mas vêem esse e outros escândalos como meros "desvios de conduta" de um partido que teria a marca original da pureza e da santidade. Como se o fato de TODA A CÚPULA do PT ter caído por causa das denúncias não fizesse qualquer diferença... É o caso do rapaz (ou da moça) aí em cima.
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Certa vez, Nelson Rodrigues escreveu que havia dois tipos de stalinista: o stalinista puro, que defendia abertamente o terror político, muitas vezes de forma cínica, por oportunismo, e o crente sincero no comunismo, que ele admitia que existisse. Não importa, ele dizia, este último também é stalinista, ainda que não o saiba. Talvez até mais stalinista do que Stálin, pois sua crença ideológica está alicerçada na mais completa ignorância, na idiotice mais escancarada.
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Assim ocorre também com os petistas. Nem todos se beneficiam da corrupção - um dos articuladores do esquema do Mensalão, José Genoíno, por exemplo, vangloria-se de morar numa casa modesta na periferia de São Paulo, e isso não o torna menos petralha. Pelo contrário: apenas confirma o padrão dos partidos de esquerda, mistos de máfia e seita religiosa. Do mesmo modo que fiéis incautos sustentam o fausto de pastores espertalhões, os militantes petistas bancam a farra dos delúbios e dirceus. Não é por acaso, aliás, que o PT se aliou à Igreja Universal do Reino de Deus: o PT é a Igreja Universal da política, assim como a Igreja Universal é o PT da religião. Ainda que não receba um Real dos cofres públicos, o militante petista é cúmplice do maior escândalo de corrupção da História do Brasil. Cumplicidade agravada pela completa estultice.
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Outro exemplo: o sujeito que, tendo militado durante anos no PT e dedicado a ele parte significativa de sua vida, decide romper com o partido, pois este, atolado na corrupção e em alianças espúrias, teria se afastado de seus ideais de origem e não seria mais, portanto, "de esquerda". Surge, assim, um outro partido, clamando pela "volta às origens" (que são também as da corrupção)... E assim o ciclo se renova e se repete, ad infinitum. É também uma forma de petismo.  O petismo é auto-renovável e imune aos fatos. Daí porque ser petista continua a ser um excelente negócio.
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Qualquer criança sabe que, para cada malandro, há milhares de otários. O PT é uma prova disso. Não é preciso ser um Lula ou um Zé Dirceu para avalizar a roubalheira dos petralhas. Para tanto, basta ser idiota. Basta ser petista.