Mostrando postagens com marcador Kadafi. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Kadafi. Mostrar todas as postagens

terça-feira, novembro 01, 2011

KADAFI E BIN LADEN. OU: EXPLICANDO A DIFERENÇA ENTRE UM LINCHAMENTO E UMA OPERAÇÃO DE GUERRA.

Juro que não sabia que havia tanta viúvas do Bin Laden. Uma dessas criaturas piedosas, sensíveis e humanistas escreveu o seguinte sobre o texto em que esclareço a diferença entre a morte do saudita e a de Kadafi:

Absurdo! Assim como Bin Laden, Kadafi "foi o resultado de uma operação de guerra, não de um mandado judicial".Se defendemos a lei para um devemos defender para o outro. Usar o argumento de que nenhum tribunal o julgaria, no caso de Bin Laden, não é desculpa. Publicar Excluir Marcar como spam

Vamos lá, o mais didático possível:

Kadafi: estava preso e indefeso, sem chance de escapar. Sem falar que havia um mandado de prisão contra ele expedido pelo Tribunal Penal Internacional. Sua morte foi uma execução extra-judicial, portanto ilegal e injustificável, tanto do ponto de vista politico quanto militar e moral. Não foi uma “operação de guerra”: foi um linchamento.

Bin Laden: estava escondido em uma fortaleza em um país teoricamente aliado dos EUA, protegido por militares locais. Morreu de arma na mão. Seu julgamento seria uma impossibilidade prática – cada país atingido por atentado da Al-Qaeda poderia demandar uma ação judicial contra ele, criando um imbróglio jurídico internacional (só para ilustrar: havia uma sentença de morte esperando por ele na Arábia Saudita). Sem falar no óbvio risco à segurança que capturá-lo vivo implicaria (possibilidade de ataques mais intensos da Al-Qaeda etc.). Sua eliminação foi, portanto, uma necessidade militar, um ato de guerra legítimo.

De um lado, um ex-ditador capturado e indefeso, implorando pela vida. De outro, o terrorista mais procurado do mundo, encastelado em sua fortaleza e cercado de guarda-costas dispostos a se matar para impedí-lo de ser capturado. A morte de Bin Laden foi motivo de júbilo e celebração mundial. A de Kadafi, de vergonha. E ainda há quem não veja qualquer diferença. Cegueira ou burrice? Talvez as duas coisas.

As viúvas do megaterrorista podem chorar e lamentar à vontade por ele. Prefiro lamentar as milhares de vítimas que ele fez pelo caminho. E continuo a dizer que, pelo menos no caso de Bin Laden, a Justiça foi feita. Ao contrário do que houve com Kadafi.

Tá bom, né? Mais que isso, só desenhando com lápis de cor.

sábado, outubro 29, 2011

BOTANDO A TECLA "SAP" PRA FUNCIONAR...

Em um post anterior, tentei explicar o blog a um leitor, que se apresenta como "brasileiro". Pelo visto, ele ainda não entendeu. Tanto que me mandou o seguinte comentário, sobre meu texto EXPLICANDO O BLOG A UM LEITOR (o assunto é a morte de Kadafi):

Confesso que não li todos os seus textos, mas apenas alguns, em meses diferentes.Não concordo com alguns deles e não acho que todos se baseiem pela mesma linha de defesa da lei, como você defende.

Caro leitor: não é preciso que você leia todos os textos do blog, apenas os que dizem respeito à questão por você levantada (segundo a qual eu teria uma visão supostamente seletiva da aplicação da lei). Seu comentário me permite dizer que, infelizmente, você precisa pesquisar mais nos arquivos do blog antes de emitir qualquer opinião a respeito.

Isso fica claro como água na seguinte frase, em que o leitor parece querer confirmar que não entendeu mesmo patavina de nada:

Discutiu sobre uma "ditadura gayzista"?!? Não enxergo a liberdade sexual como uma imposição ditatorial, muito pelo contrário.

Se o leitor está se referindo à minha opinião sobre a PEC 122 (a chamada Lei da Mordaça Gay) ou à imposição de medidas ao arrepio da própria Constituição, e que VISAM A INSTALAR UMA DITADURA GAYZISTA no Brasil, é isso mesmo: sou totalmente contra. Preciso explicar por quê?

Esse tipo de medida, além de inconstitucional (lembra de algo chamado igualdade de todos perante a Lei?), não tem nada a ver com "liberdade sexual", mas com a imposição de um estilo de vida de uma minoria à maioria da população. A liberdade sexual, aliás, já é uma realidade no Brasil, o que é mais um motivo para considerar qualquer projeto de lei "anti-homofobia" como um contra-senso. A menos que a maior parada gay do mundo não seja a de São Paulo, mas a de Teerã, o Brasil não é um país "homofóbico".

O leitor acabou de comprovar que não leu mesmo os textos em que trato do assunto. Não gosto de me repetir, mas, nesse caso, vou ajudá-lo (clique aqui: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2011/05/o-golpe-do-stf-e-uma-pergunta-gays-nao.html).

(Supondo que o leitor leu o texto no link acima) Agora me responda: em que minha opinião sobre o tema estaria em contradição com a Lei? (Quanto à defesa do gayzismo, ao contrário, não sei se é possível dizer o mesmo.)

Brigou com aqueles que defendiam a lei para Bin Laden (mesmo que essa também fosse a pena de morte) e você defendeu que a execução de Bin Laden, mesmo desarmado e já rendido, fosse correta e bem feita.

Estou cada vez mais na dúvida se o leitor leu realmente algum texto meu sobre o assunto. O que seria "defender a lei para Bin Laden"? Sua morte, vamos lembrar, foi o resultado de uma operação de guerra, não de um mandado judicial. Desde o momento em que decidiu destruir o mundo civilizado, ele era um alvo militar legítimo. E quem disse que ele estava "desarmado e rendido"? Ainda que estivesse, continuaria sendo um inimigo mortal (que tribunal, por exemplo, o julgaria?) Já escrevi sobre tudo isso.

Para simplificar a coisa, desta vez nem vou me referir aos textos mais antigos; basta reler (se é que realmente leu) o seguinte trecho de meu texto sobre a morte de Kadafi (o mesmo sobre o qual o leitor diz que concordou comigo - vou colocar algumas frases em negrito para ajudar o leitor):

"Ah mas logo você, que aplaudiu a morte de Bin Laden, vem falar em direitos humanos no caso de Kadafi?", poderia perguntar um idiota da objetividade, achando que me pegou em contradição. Tive de responder a algumas viúvas do terrorista saudita que acharam um absurdo um comando norte-americano tê-lo despachado para os quintos dos infernos sem antes ter-lhe lido os direitos. Repito: a morte de Bin Laden foi uma necessidade militar, ditada pelas circunstâncias de uma guerra que ele mesmo começou. Kadafi, ao contrário, já estava capturado, não havia por que matá-lo sem julgamento. Do mesmo modo que Saddam Hussein, ele já não representava nenhum perigo quando foi apanhado. Bin Laden, pode-se dizer, morreu em combate; Kadafi, por sua vez, era um prisioneiro. Seus captores deveriam tê-lo tratado como tal. É isso o que distingue quem leva a sério direitos humanos de quem os despreza.

Não tenho nada a mudar no parágrafo acima. E o leitor, teria algo a dizer a respeito?

Assim como você defendeu a tortura de prisioneiros, que levou até a descoberta do terrorista.Portanto, não me parece que você defende a lei e o direito em todos os seus textos, mas somente em alguns, sendo estes os melhores.

Vou repetir aqui o desafio que lancei às viúvas do Bin Laden: apresente um método de interrogatório mais humano e menos ofensivo do que o waterboarding e eu engulo uma por uma todas as palavras que disse sobre a morte do megaterrorista saudita. Aproveite e diga como os EUA poderiam ter chegado a ele se não fosse do jeito que foi. Tenho certeza que, legalista que é, o leitor terá uma boa resposta.

Ah e o desafio continua: continuo esperando que me mostrem algum exemplo concreto de texto meu em que afirmo algo diferente da defesa dos princípios da Lei e da Civilização contra o arbítrio e a barbárie. Conheço vários exemplos (inclusive em comentários). Nenhum de minha lavra.

É isso, caro leitor, tentei ser didático. Mas nenhum didatismo é suficiente se não houver boa vontade em aprender. Para isso, um pouquinho mais de leitura seria bom, para começar. Depois, quem sabe, a gente conversa.

terça-feira, outubro 25, 2011

EXPLICANDO O BLOG A UM LEITOR



Um leitor, que assina como "brasileiro", escreveu o seguinte comentário sobre meu último texto, em que falo da morte ignominiosa de Muamar Kadafi:

Pela primeira vez, acho, sou obrigado a concordar com o que você escreveu. Kadafi deveria ter sido levado a julgamente e recebido sua pena, mesmo que esta fosse a morte. Devemos respeitar as leis e não a barbárie.Tudo indica que a Líbia muito em breve terá um novo tirano!

Ok, brasileiro: mesmo não escrevendo para que concordem comigo, gosto quando o fazem, não vou mentir. Mas fiquei encafifado com uma coisa.

Por que esta seria "a primeira vez" que o leitor concorda com algo que escrevi? Pelo visto ele nao leu muitos textos meus. Falei da execução extrajudicial de Kadafi – seu assassinato puro e simples – e que esta foi um mau sinal e uma afronta à Justiça. Em que isso difere da minha opinião em todos os outros posts?

Desconfio que o leitor acima não entendeu ainda o que é o blog. Isso porque em todos – repito: todos – os meus textos procuro me guiar pela defesa da Lei e da Civilizacão contra o arbítrio e a barbárie. A julgar pelo seu comentário, pareceria que o post sobre Kadafi seria uma exceção, e não a regra.

Pergunto: onde, em que texto, eu digo algo que destoa do que eu disse em meu último post?

Não condenei o assassinato de Kadafi somente porque se tratou de um ato ilegal, ou por uma questão de humanitarismo (os comunas diriam "sentimentalismo burguês"), mas também por uma questão de lógica, de coerência. Vou dar alguns exemplos: em que minha opinião sobre a morte de Kadafi difere da minha opinião sobre a tentativa de golpe bolivariano em Honduras? Ou os desmandos totalitários de Hugo Chávez? Ou a ditadura castrocomunista em Cuba? Ou a roubalheira dos petralhas? Ou as tentativas deles de calar a liberdade de imprensa e de pensamento? Ou de impor uma ditadura gayzista e de oficializar o racismo sob o pretexto de defender minorias? Gostaria de saber.

Das duas uma: ou o leitor não leu nada do que escrevi antes ou acha que a Lei vale apenas para Kadafi. Nesse caso, deveria explicar por que esta não se aplicaria nos demais exemplos que citei.

Alguém aponte, por favor, onde eu me afastei, um milímetro que seja, da defesa da Lei e da Democracia. Podem procurar. Se acharem alguma frase minha destoante do que escrevi sobre Kadafi, prometo que fecho o blog e me filio ao PT.

sexta-feira, outubro 21, 2011

UM TIRANO A MENOS. E UM MOTIVO PARA SE PREOCUPAR

Muamar Kadafi foi pro saco. Morreu de maneira coerente com seu reinado de terror, que durou 42 anos: de forma ignominiosa, abatido a tiros, feito um animal, depois de ter sido descoberto dentro de um buraco em Sirte, sua cidade natal. Não lamento por ele, nem lhe tenho nenhuma piedade. É um ditador a menos para envergonhar a humanidade. Que a terra lhe seja pesada.

Apesar disso - aliás, justamente por isso -, ao ver o vídeo em que ele aparece ensanguentado, sendo espancado por um bando de rebeldes armados, implorando para não ser morto, fui tomado de dois sentimentos conflitantes: primeiro, de júbilo, pela rara oportunidade de ver um tirano sanguinário capturado; depois, de frustração, pois perdeu-se uma excelente oportunidade de se fazer Justiça.

Kadafi já estava dominado, sem chances de escapar. Deveria, portanto, ter sido conduzido sob custódia. Deveria ter tido sua integridade física preservada para ser levado a julgamento e responder por seus crimes. Deveria ter sido julgado e condenado a uma pena compatível com seus delitos – e isso inclui a morte, como no caso de seu colega Saddam Hussein no Iraque. Em vez disso, ele foi seviciado e linchado por uma turba sedenta de sangue e de vingança.

Não estou dizendo que Kadafi merecia um destino melhor do que aquele a que condenou milhares de pessoas, dentro e fora da Líbia. Ao contrário de muitos “humanistas” da esquerda pró-castrista, não tenho nenhuma lágrima a derramar por ditadores, seja de que lado estiverem. (Aliás, o que teria a dizer o auto-proclamado consultor-geral do mundo, Luiz Inácio Apedeuta da Silva, sobre a morte de seu “amigo e irmão”?) Mas sei diferenciar Justiça de vingança. A primeira faz parte da civilização; a segunda, da barbárie. Ao executarem Kadafi, capturado e indefeso, os rebeldes líbios se asssemelharam a ele. Pior: podem ter ajudado a criar um mártir.

"Ah mas logo você, que aplaudiu a morte de Bin Laden, vem falar em direitos humanos no caso de Kadafi?", poderia perguntar um idiota da objetividade, achando que me pegou em contradição. Tive de responder a algumas viúvas do terrorista saudita que acharam um absurdo um comando norte-americano tê-lo despachado para os quintos dos infernos sem antes ter-lhe lido os direitos. Repito: a morte de Bin Ladin foi uma necessidade militar, ditada pelas circunstâncias de uma guerra que ele mesmo começou. Kadafi, ao contrário, já estava capturado, não havia por que matá-lo sem julgamento. Do mesmo modo que Saddam Hussein, ele já não representava nenhum perigo quando foi apanhado. Bin Ladin, pode-se dizer, morreu em combate; Kadafi, por sua vez, era um prisioneiro. Seus captores deveriam tê-lo tratado como tal. É isso o que distingue quem leva a sério direitos humanos de quem os despreza.

À frustração por não ver Kadafi sentado no banco dos réus, onde certamente ajudaria a revelar importantes segredos politicos de nosso tempo – e quantos governantes, principalmente na Europa, devem estar aliviados por causa disso! – juntou-se a preocupação pelo futuro da Líbia. Desde que se iniciou a chamada "primavera árabe", no começo do ano, venho buscando alertar, junto com mais dois ou três blogueiros teimosos, que uma coisa é derrubar ditadores como Mubarak e, agora, Kadafi; outra coisa, muito mais difícil, é substuí-los por governos democráticos. No Egito e na Tunísia, os fundamentalistas islamitas estão ganhando espaço a cada dia – na semana passada, a polícia matou 25 cristãos coptas no Cairo, e não se ouviu quase nada a respeito na imprensa ocidental. Na Líbia, igualmente, há ex-membros da Al Qaeda no tal conselho nacional de transição, e quase ninguém parece estar muito preocupado com isso.


A primeira condição para a existência da democracia – o império da lei – acabou de ser jogada no lixo na Líbia. E justamente quando era mais necessária, para distinguir os novos donos do poder da tirania. Kadafi foi assassinado. É uma pena. O que virá depois, só Alá é quem sabe.

quinta-feira, agosto 25, 2011

KADAFI, OU A ATRAÇÃO DA ESQUERDA POR DITADURAS

Acabou a comédia de Muamar Kadafi. O ex-homem forte da Líbia, antigo inimigo público número um da humanidade nos anos 70 e 80, quando usou e abusou do dinheiro do petróleo para financiar grupos terroristas em todo o mundo, está acuado em Trípoli por uma rebelião armada, depois de ter cometido o erro de tantos outros tiranos: o massacre do próprio povo. Após 42 anos de ditadura brutal e absoluta, compartilhada com os filhos, o bizarro pai-de-santo e destaque de escola de samba, que tomou o poder num golpe militar aos 27 anos de idade, seguirá, ao que tudo indica, o mesmo destino de tantos outros déspotas com as mãos sujas de sangue, como Nicolae Ceaucescu, Slobodan Milosevic, Idi Amin e Erich Honecker: a morte, a prisão ou o exílio. A lata de lixo da História.

Nem vou discutir, aqui, se a intervenção da OTAN no conflito libio foi ou não juridicamente correta, e se Nicolas Sarkozy e o boboca Barack Obama fizeram ou não a coisa certa no âmbito da ONU e do direito internacional. Deixo essa questão para os juristas responderem. Da minha parte, lembro apenas que ninguém parece estar prestando muita atenção a esse detalhe, ao contrário do que ocorreu quando o demônio George W. Bush resolveu despachar Saddam Hussein em 2003. Na ocasião, difícil esquecer, houve o maior escarcéu por causa disso, e quase ninguém lembrou que Saddam era um dos piores tiranos e assassinos da História, que mereceu o destino que teve. Também não vou me debruçar, por ora, sobre as dúvidas e incertezas que cercam o cenário da Líbia pós-Kadafi, tendo em vista os riscos que acarreta um movimento armado que tem em suas fileiras elementos com óbvias conexões fundamentalistas islamitas (assim como no Egito e em outros países varridos pela “primavera árabe”). Embora seja algo com o que se preocupar, não é isso o que interessa aqui.

Kadafi pode até ser página virada, mas muitos que lamentam sua queda e que sempre o apoiaram não o são. Infelizmente. Muitos - sobretudo no governo Lula, digo, Dilma – estão hoje criticando, aberta ou veladamente, o que chamam de “forças contrarrevolucionárias a serviço do imperialismo” (ou seja: os rebeldes). Curiosamente, os mesmos que saíram às ruas e assinaram manifestos indignados contra a “invasão do Iraque”. A conclusão é que Kadafi (ou Saddam) seria assim uma espécie de líder popular e representante da “resistência dos oprimidos” etc. etc.

Não é difícil perceber de quem estou falando: é o mesmo tipo de gente que baba ao ouvir um discurso do “coma andante” Fidel Castro, ou de seu imitador Hugo Chávez, ou do índio de araque Evo Morales. São os mesmos que até outro dia viam na finada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas a “esperança da humanidade”, ignorando qualquer crítica que se fizesse a ela e ao comunismo como “propaganda burguesa”… É a esquerda, enfim.

(E aqui abro um parêntese: falo de esquerda no singular, e não no plural – “esquerdas” –, porque, em que pesem as diferenças programáticas entre as várias correntes e matizes esquerdistas, que não podem ser ignoradas, há mais a uni-las do que a separá-las – o desprezo à democracia, por exemplo, é um traço comum a todas elas, sendo apenas mais descarado em umas do que em outras.)

E antes que alguém me acuse de dizer que pró-ditaduras são apenas os esquerdistas: desconheço o nome de algum intelectual ou politico importante de direita que defenda abertamente e cante louvores a ditadores com a mesma desenvoltura e com a mesma falta de inibição que os intelectuais e politicos de esquerda. Que o diga Luiz Inácio Lula da Silva, o Apedeuta, que transformou a adulação de tiranos de estimação na marca registrada de sua política externa – seguida, agora, fielmente, por sua discípula. Figuras como Frei Betto, Oscar Niemeyer, Antonio Candido e Fernando Morais, para não falar em gurus do jet-set esquerdista internacional como Noam Chomsky e Tariq Ali e, obviamente, partidos como o PT e o PCdoB, não se constrangem em agir como porta-vozes de regimes como a ditadura cubana – ou líbia. E o fazem em nome da humanidade! É um acinte!

Não existe, hoje, um único ditador, em nenhuma parte do mundo, que não conte com o aplauso entusiasmado ou, pelo menos, com a simpatia ou o silêncio cúmplice e acabrunhado da esquerda. Pense em qualquer um deles – qualquer um! – e você esperará em vão alguma palavra mais dura, alguma crítica, por parte de algum esquerdista. Em contraste com essa passividade bovina, é grande a gritaria contra governos “de direita” democraticamente eleitos, como o do ex-presidente colombiano Alvaro Uribe e o de Sebastián Piñera, que enfrenta atualmente uma onda de vandalismo esquerdopata travestido de reinvindicação social no Chile. Se você pensou em duplo padrão moral e hipocrisia, acertou em cheio.

“Ah mas e as ditaduras de direita, como a de Pinochet no Chile, não tiveram também seus apologistas?”, perguntaria alguém da sinistra, para quem o “todos fazem igual” já se tornou uma espécie de álibi, uma licença para fazer o mal sem o inconveniente do peso na consciência. Na época, sim, certamente, a começar pelos próprios golpistas. Mas digam-me o nome de um, apenas um, intelectual direitista de renome que avalizou e bateu palmas para a censura e a tortura de presos politicos. (No caso do regime militar brasileiro, nem adianta procurar, pois se um dia houve por aqui intelectuais de direita, conservadores ou liberais, não sobrou nenhum.) Pode-se dizer o mesmo de gente como Chico Buarque ou Antonio Candido em relação a Cuba?

Foi a esquerda, não a direita, que inventou a teoria da ditadura “virtuosa”. Tem sido assim desde a Revolução Francesa e o Terror de Robespierre – há ditaduras “boas” e “más”, sendo as primeiras as que façam avançar a “causa do povo” (o socialismo, a ditadura do proletariado etc.) e as más, as que se oponham a esse objetivo. Do mesmo modo, haveria o terrorismo “do mal” (o de extrema-direita ou fascista) e o “do bem” (como no caso de Cesare Battisti e dos “guerrilheiros” que “lutaram contra a ditadura militar”).

No caso da "direita", ao contrário, inexiste essa justificação moral da ditadura e do terror: os governos dos EUA, por exemplo, sempre consideraram os ditadores com ele alinhados como escroques com os quais, por razões estratégicas, eram obrigados a lidar, e dos quais se livrariam na primeira oportunidade (“ele é um filho-da-puta, mas é nosso filho-da-puta”, é a frase famosa atribuída a Franklin Roosevelt sobre o ditador Anastasio Somoza da Nicarágua). O próprio Kadafi era visto, até meses atrás, como um “aliado” do Ocidente, e bajulado com rapapés pelos governos que hoje o execram. E não deixara de ser um filho-da-puta.

Mesmo um monstro moral como Henry Kissinger buscava justificar seu apoio a regimes como o de Pinochet em bases pragmáticas, em termos de realpolitik – eram os tempos da Guerra Fria –, e não morais, ignorando cinicamente as violações dos direitos humanos (o que fazia também em relação à URSS e à China, diga-se). Até mesmo os militares que tomaram o poder no Brasil e em vários outros países da América Latina nos anos 60 e 70 viam os regimes por eles instalados como de exceção, portanto provisórios, tanto que aceitaram devolver o poder à sociedade (a propósito: quando os Castro aceitarão fazer isso em Cuba?). A esquerda, contudo, vai além de tudo isso. Ela instituiu a glorificação de homicidas como algo inseparável de seu programa politico-ideológico. Em suma, considera as “suas” ditaduras não como um mal necessário, mas como algo somente necessário – na verdade, como o objetivo mesmo de sua ação. Nem sequer tapa o nariz. Isso porque ela é intrinsecamente antidemocrática e pró-autoritária.

Kadafi, Assad, Mubarak, Ben Ali, Ahmadinejad, Mugabe, Kim Jong-il, Castro, Chávez, Morales… Para qualquer pessoa decente e civilizada, que tenha algum respeito pela democracia e pelos direitos humanos, os nomes acima causam imediatamente asco e repulsa. Menos, claro, se você for de esquerda. Nesse caso, o tirano da Líbia, como disse Lula, é um “amigo e irmão”. Assim como todos os inimigos da humanidade.

terça-feira, março 22, 2011

UMA PERGUNTA INCONVENIENTE - E UMA RESPOSTA INACREDITÁVEL


Em meu último post fiz a seguinte pergunta: POR QUE BOMBARDEAR A LÍBIA E DERRUBAR KADAFI É UMA AÇÃO HUMANITÁRIA, E INVADIR O IRAQUE E DESTRONAR SADDAM HUSSEIN FOI UM CRIME?

Aí, apareceu alguém – anônimo, claro – e respondeu com a seguinte pérola (em vermelho):

Será porque Kadafi esta matando sua população, diferente de Saddam Hussein ? .

Como é que é????

Então Saddam Hussein, o açougueiro de Bagdá, NÃO matava sua população???

Eu poderia citar os curdos, os xiitas ou qualquer outro inimigo da ditadura. Mas acho que seria inútil. Quem fez esse tipo de comentário acharia que eu estou falando de seres extraterrestres.

Adianta dizer para uma criatura dessas que Saddam foi um dos maiores assassinos em massa e genocidas de todos os tempos? .

E só para lembrar: na Líbia, há uma guerra civil em andamento. No Iraque, não havia nem isso. Perto de Saddam, Kadafi é até bonzinho.

A primeira resposta já era. Vamos à outra.

Será porque apopulação da Líbia estava clamando por isso, diferente da população do Iraque.

Espera aí!

Então a população iraquiana estava feliz e contente com a ditadura do Saddam?

Sério? Foi isso mesmo que eu li?

Os curdos, assassinados em massa nos anos 80 com gás mostarda, estavam felizes da vida em ser massacrados?

E os xiitas – 60% da população iraquiana, e que haviam inclusive se revoltado nos anos 90, CLAMANDO POR UMA INTERVENÇÃO EXTERNA (como os curdos) –, oprimidos pela ditadura (sunita) de Saddam, também?

A segunda resposta também já foi pro saco. Assim como a inteligência de quem escreveu o que está acima.

Mas esperem! Tem mais:

Hoje o Iraque é um país em guerra, Bush deixou aquele lugar um caos urbano, muito diferente da epoca em que Saddam Hussein estava no poder.

A guerra no Iraque acabou faz uns três anos. Hoje, morre-se mais de tiro no Rio de Janeiro ou em Alagoas do que em Bagdá. Mas OK, vamos supor que o país esteja hoje numa situação de insegurança pior do que antes. Em quê isso retira a legitimidade da intervenção externa?

A invasão do Iraque foi uma vingança a queda das torres, ou antes disso Saddam não estava no poder ?

Não foi, não. Mas, se tivesse sido, qual teria sido o problema? Estaria mais do que justificado invadir o país e derrubar o tirano assassino do poder. Como esteve, aliás.

Pois é. Hoje, o Iraque tem algo parecido com uma democracia. Já sob o Saddam... O Iraque hoje tem uma pequena chance de dar certo. E nos tempos de Saddam, que chance tinha?

Mas deixa pra lá. O importante é que o Iraque, sob Saddam, era a Suiça do Oriente Médio. Abu Ghraib, por exemplo, era uma colônia de férias...

E para fechar com chave de ouro:

Só você mesmo para defender esse regime americano.

Pois é, né? Notem que o sujeito fala em “regime americano” (não falou em “governo de Obama”, ou em “governo de Bush”).

O problema dele, portanto, não é com Obama ou com Bush, mas com o REGIME, ou seja, com a DEMOCRACIA.

Se sou a favor desse regime? CLARO QUE SIM! O companheiro prefere os regimes de Saddam e de Kadafi?

O que leva esse pessoal a escrever tanta asneira? Burrice? Estupidez? Ignorância? Dano mental? Amnésia? Dislexia? Demência? Sonsice? Vai ver é tudo isso junto.

E, mais uma vez, a pergunta que não quer calar – e que continua sem resposta: POR QUE BOMBARDEAR A LÍBIA E DERRUBAR KADAFI É UMA AÇÃO HUMANITÁRIA, E INVADIR O IRAQUE E DESTRONAR SADDAM HUSSEIN FOI UM CRIME? Continuo aguardando resposta.

domingo, março 20, 2011

A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR


Há algumas horas, França, Reino Unido, EUA, Canadá e Itália, cumprindo resolução da ONU, iniciaram um ataque maciço às forças do ditador Muamar Kadafi da Líbia.
..
OK, Kadafi é um tirano, um déspota assassino etc. e tal. Por mim, quero mais é que ele se lasque e que vá montar sua tenda na casa do capeta. Mas a pergunta que não quer calar, e que até agora não vi ninguém responder, é a seguinte (vou repeti-la de um texto meu anterior):

POR QUE BOMBARDEAR A LÍBIA E DERRUBAR KADAFI É UMA AÇÃO HUMANITÁRIA E INVADIR O IRAQUE E DESTRONAR SADDAM HUSSEIN FOI UM CRIME?
.
Vou manter esta pergunta no alto do blog durante todo o tempo que durar o ataque das potências ocidentais à Líbia. Ou até alguém me responder.
.
Alguém se habilita?

sábado, março 12, 2011

SOBRE KADAFI, A LÍBIA, TIRANIAS ETC. - E ALGUMAS PERGUNTAS INCÔMODAS


Há algumas semanas, a Líbia mergulhou na guerra civil. O que virá daí, ninguém sabe. Até alguns dias atrás, parecia que as forças insurgentes, que tomaram a metade leste do país, iam ganhar a parada. O tal "comitê de transição" ganhou apoios importantes no campo diplomático, e foi mesmo reconhecido pelo governo da França. Agora, porém, já se admite que o ditador e destaque de escola de samba Muamar Kadafi - o "irmão e amigo" de Luiz Inácio, o Apedeuta - poderá manter-se no poder, esmagando a ferro e fogo a oposição. De qualquer maneira, é possível que, se os rebeldes marcharem sobre a capital e expulsarem Kadafi, o que surja daí seja algo até pior - o exemplo do Egito, onde os fanáticos da Irmandade Muçulmana ganham terreno a cada dia após a queda do regime de Hosni Mubarak, está aí para servir de aviso aos incautos, que acham que uma revolta popular contra uma ditadura é sinônimo de democracia (infelizmente não é, principalmente no Oriente Médio, principalmente nos países árabes).

Não tenho o menor apreço por Kadafi, um tirano assassino e terrorista, como já deixei claro em vários textos meus. Tenho-no na mesma categoria de outros tiranos assassinos e terroristas, como os mulás ensandecidos do Talibã e o finado Saddam Hussein do Iraque (ou seja: na mesma classe dos insetos pestilentos, como as baratas e os piolhos). Ficaria muito feliz de vê-lo no banco dos réus em Haia ou pendurado numa corda em Trípoli. É por esse motivo que não consigo entender o que tenho lido e ouvido na imprensa nos últimos dias sobre a guerra civil na Libia.

Ligo a TV e leio os jornais e vejo uma penca de jornalistas e comentaristas conclamando, indignadíssimos, as potências ocidentais a enviar os fuzileiros navais à Líbia e deporem o tirano Kadafi, em nome da liberdade, dos direitos humanos etc. Por coincidência ou não, trata-se das mesmas pessoas que passaram os últimos sete anos descendo o malho em Jorjibúxi por causa da invasão do Iraque, tais como, para ficar apenas no Brasil, Arnaldo Jabor. Tais jornalistas e comentaristas pintam a invasão e a ocupação anglo-americana como nada menos do que um desastre e uma catástrofe total, embora o Iraque tenha hoje algo parecido com uma democracia, quando jamais conhecera nada semelhante em 5 mil anos de história (também ninguém lembrou que Abu Ghraib era, nos tempos de Saddam, um matadouro humano). Muito bem. Também acho que intervir na Líbia e expulsar Kadafi seria prestar um serviço à humanidade. Mas uma pergunta incômoda me vem à mente: por que invadir o Iraque e derrubar Saddam Hussein foi um crime e fazer o mesmo na Líbia com Kadafi é um gesto humanitário? Alguém poderia me explicar ou só eu percebi a contradição?

Fui a favor da intervenção no Iraque, e não escondo isso de ninguém. Achei então, e continuo achando - e até agora ninguém conseguiu me mostrar um argumento convincente provando o contrário - que havia razões - éticas, morais, filosóficas, geopolíticas - mais que suficientes para que a ONU (que infelizmente declinou da missão para que foi criada), ou os EUA, ou o Reino Unido, enfim alguém, ocupasse o país e mandasse o regime e a pessoa de Saddam Hussein para os quintos dos infernos. Digo mais: havia muito mais motivos para derrubar Saddam do que há, hoje, para intervir na Líbia e destronar Kadafi.

Querem fatos e argumentos? OK, vamos lá. Os dois principais motivos pelos quais se criticou e continua a se criticar o envio de tropas à Bagdá - as tais armas de destruição em massa e o terrorismo - estavam presentes no Iraque, mas não na Líbia. Saddam não tinha as tais armas, mas se comportava como se as tivesse. Bravateou acerca das mesmas até não poder mais, brincando de gato-e-rato (melhor: de gato-e-sapato) com os inspetores da ONU durante doze anos e dezessete resoluções do Conselho de Segurança. Se tivesse mentido menos, e bravateado menos, é possível que ainda estivesse no poder. Mais que isso: ele havia usado as tais armas proibidas, como gases tóxicos, anos antes, contra o próprio povo iraquiano (curdos, principalmente). Era, portanto, comprovadamente um genocida sem qualquer escrúpulo em matar civis com armas como gás mostarda, e que se negava a permitir inspeções internacionais. E continuava, sim, a apoiar o terrorismo - por exemplo, abrigando chefes terroristas como Abu Nidal e dando dinheiro vivo a parentes de homens-bomba palestinos mortos em atentados contra cidadãos israelenses.

O mesmo não pode ser dito de Kadafi, que, apesar de ser um déspota asqueroso, fez um acordo com o mundo civilizado em 2003 - não por acaso, no mesmo ano da invasão do Iraque -, pelo qual renunciou formalmente a ter armas nucleares, e também, ao que se sabe, ao apoio ao terrorismo, que lhe tornara o maior inimigo dos EUA nos anos 70 e 80 e lhe custara um bombardeio norte-americano que quase o matou em 1986. Chegou mesmo, por esse motivo, a ser cortejado e adulado por muitos governos ocidentais, inclusive pelos EUA, que passaram a vê-lo, aliás burramente, como um "aliado" (Barack Obama só faltou pedir-lhe a bênção na reunião do G-8 em L'Aquila, na Itália - sem falar em genuflexões abjetas, como a do Apedeuta, que o chamou de "amigo e irmão"...). Kadafi é, portanto, um tirano sanguinário e certamente louco, mas nem de longe apresenta o mesmo grau de periculosidade do açougueiro de Bagdá (que Satanás o tenha).

Visto isso, o que sobra? Sobra o fato incontrastável de que Kadafi, assim como Saddam, é um tirano nojento, que oprime e mata seu próprio povo. Para mim, motivo suficiente para clamar por uma intervenção da comunidade internacional, ou de quem mais o possa, para livrar o mundo dessa escória. Mas e os que se encheram de indignação pela decisão de Bush e dos neocons de invadir o Iraque e livrar o mundo de Saddam, que justificativa têm para defender uma intervenção externa na Líbia hoje? O fato de Kadafi ser um tirano e um assassino? Mas Saddam também não era, e até pior? E por que ficaram em silêncio esses anos todos quanto ao genocídio em Darfur, por exemplo? Será que é porque o presidente dos EUA agora é Obama, e não Bush? Então uma invasão armada democrata é melhor do que uma invasão armada republicana? É mesmo? Por quê?
.
Das duas uma: ou os que condenaram a invasão do Iraque retiram tudo que disseram e pedem perdão a George W. Bush, ou deixam de lado essa conversa oportunista de defender uma intervenção na Líbia. No primeiro caso, admitem que derrubar Saddam foi a decisão certa, e que ficaram contra por pura babaquice antiamericana. No segundo caso, tornam-se cúmplices do ditador, mas pelo menos mantêm um mínimo de honestidade. No primeiro caso, fazem as pazes com a coerência e com a democracia. No segundo, apenas com a coerência. De qualquer modo, essas são as únicas atitudes honestas que podem tomar. Tudo o mais é duplo padrão moral e demagogia.
.
Parafraseando o que eu já disse sobre outros ditadores: eu posso defender uma intervenção estrangeira para retirar Kadafi do poder na Líbia, assim como defendi a intervenção estrangeira que retirou Saddam Hussein do poder no Iraque (e não me arrependo, muito pelo contrário). Posso dizer, sem medo de ser ou parecer contraditório, que odeio todos os ditadores, não somente uns, e que o caminho para lidar com eles é a força.
.
E Arnaldo Jabor, será que pode?

sábado, fevereiro 26, 2011

OBAMA E KADAFI: ALGUÉM LEMBRA?

Vocês deixam eu me gabar um pouquinho?

Publiquei o texto abaixo neste blog em 10 de julho de 2009. Vocês irão observar que eu estava sendo, como direi?, premonitório (ou será que era só lucidez mesmo?). Na época, o "mundo" babava por Obama e considerava seu gesto em relação ao ditador e pomba-gira líbio Muamar Kadafi uma mostra de que algo "bom", "histórico", estava acontecendo... Remando contra a maré global de babaquice obâmica, escrevi que o gesto mostrava apenas aquilo que mostrava: a rendição de um presidente dos EUA à tirania e ao terrorismo. Parece que agora, dois anos depois, o pessoal que incensava Obama por apertar a mão desse ditador louco e assassino descobriu que ele, Kadafi, é um ditador louco e assassino...

Pois é. Como dizia um velho conhecido meu: "É chato ter razão"...




A DOUTRINA OBAMA EM AÇÃO (OU: O SIGNIFICADO DE UM APERTO DE MÃO)


A foto acima já está circulando na internet. Ela mostra Barack Hussein apertando a mão do ditador líbio Muamar Kadafi, durante a Cúpula do G-8 que ora se celebra em L'Aquila, na Itália. Barack Hussein faz cara de contrição, como se estivesse confessando algum pecado a Kadafi. Este, por sua vez, não esconde o sorriso de satisfação, parecendo deliciar-se com o momento. Um observador menos atento poderia até achar que é um pai-de-santo atendendo um de seus "filhos" em busca de conselho e orientação espiritual.


Confesso que nem eu, em meus piores pesadelos, poderia imaginar que um dia veria cena tão degradante. O chefe da maior potência mundial, o líder do Mundo Livre, curvando-se ante o coronel Kadafi, o mesmo que Lula chamou de "meu amigo, meu irmão". Dessa vez Barack Hussein conseguiu superar até mesmo o Apedeuta.


Mais surpreendente do que o aperto de mão em si - outro momento "histórico" do governo "histórico" de Obama, como não se cansará de repetir a imprensa obamista - foi a circunstância em que ele ocorreu: a saudação foi dada por iniciativa de Barack Hussein, logo após Kadafi ter insultado os EUA, chamando o país de "terrorista" e comparando-o a Osama Bin Laden. A reação de Barack Hussein à ofensa foi ter corrido até Kadafi e apertado sua mão. Com isso, ele corroborou a afirmação de Kadafi, reconhecendo que os EUA são um país terrorista, comparável a Bin Laden.


Surpreendente, também, mas no pior sentido da palavra, é a forma como a imprensa mundial está tratando o episódio, derramando-se em elogios e rapapés à "atitude altiva" e ao gesto de "estadista" de Barack Hussein. Sim, isso mesmo: a imprensa está aplaudindo Obama por ele ter apertado a mão de um ditador por ele ter insultado seu país e o comparado ao maior terrorista da História...


A ofensa é ainda mais surrealista por ter vindo de quem veio: Kadafi, há 40 (quarenta!) anos no poder na Líbia, onde manda e desmanda com mão de ferro, não é somente um ditador: é um ditador terrorista. Em seu currículo, está uma ampla folha de serviços prestados ao terrorismo internacional, que vai de grupos extremistas palestinos como o Setembro Negro (massacre de Munique, 1972) até o IRA norte-irlandês nas décadas de 70 e 80. Sua obra-prima foi a explosão de um Jumbo da Pan Am sobre a cidade de Lockerbie, na Escócia, em 1988 (270 mortos). Mas, sejamos justos: de uns tempos para cá - mais especificamente, desde que os EUA perderam a paciência com ele e mandaram bomba em sua cabeça, e após o país ter sido ameaçado de pesadas sanções internacionais -, ele tem-se mostrado bastante moderado, até bondoso: imaginem só, ele até aceitou indenizar os parentes das vítimas de Lockerbie...


O aperto de mão entre Barack Hussein e o coronel Kadafi é um gesto significativo. Significa que Barack Hussein quer ficar amigo de ditadores. Significa que ele realmente acredita que o problema do mundo é os EUA, e não bandoleiros como Kadafi ou Bin Laden. Significa que o discurso antiamericano e pró-terrorista finalmente chegou à Casa Branca. Obama deve ter lido e levado a sério a maçaroca antiamericana que Hugo Chávez lhe deu de "presente" alguns meses atrás, "As Véias Abertas da América Latina", de Eduardo Galeano. Só isso explica tamanha complacência com tiranos e assassinos, tamanha inversão da realidade.


Qual será o próximo passo do grande estadista Barack Hussein? Talvez marcar uma partida de beisebol com Fidel Castro, como fez Jimmy Carter. Ou, quem sabe, uma rodada de biriba com Ahmadinejad, enquanto discute com o líder iraniano se o Holocausto existiu ou não. Melhor ainda: um tête-à-tête com Bin Laden nas montanhas do Afeganistão, com cobertura pela CNN e anúncio de mais um feito "histórico" da diplomacia obamista. Entre a decapitação de um infiel e o apedrejamento de uma adúltera, os dois líderes poderão trocar algumas idéias interessantes sobre respeito às diferenças e multiculturalismo.


Na foto em que aparece pedindo a bênção ao tirano Kadafi, Barack Hussein parece estar pedindo desculpas. De fato, é isso o que o gesto demonstra. Kadafi, por sua vez, deve ter pensado: "é, parece que décadas de antiamericanismo raivoso deram resultado; agora sou respeitado e o chefe do Satã imperialista em pessoa vem se rebaixar perante mim e me fazer reverência". Ahmadinejad e Kim Jong-Il podem se regozijar. Pelo visto, terrorism works: o terrorismo funciona. Principalmente se, do outro lado, estiver um governo que prefere capitular a enfrentá-lo.


Tragam o Bush de volta!

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

A LÍBIA É AQUI


Mais uma vez, Augusto Nunes, em seu blog, bota os pingos nos is e presta um serviço valioso à verdade. O titulo do texto já diz tudo. A foto aí em cima também.
---
Para que os brasileiros deixem a Líbia, basta um pedido de Lula ao amigo e irmão Kadafi

Desde domingo, centenas de brasileiros em perigo na Líbia aguardam o pouso do avião fretado pelo Itamaraty. Desde domingo, o chanceler Antonio Patriota espera sentado a autorização do governo local para o pouso em algum aeroporto. Desde domingo, Lula faz de conta que conhece só de vista o homem que há 42 anos manda e desmanda no país. O que espera Patriota para interromper a amnésia malandra e recordar ao ex-presidente os tempos em que entrava sem bater na tenda beduína onde Muammar Kadafi conversa, descansa e dorme escoltado pela guarda pessoal só de mulheres?

Há pouco mais de um ano e meio, na reunião da União Africana realizada em Sirte, na Líbia, Lula e Kadafi andaram protagonizando cenas que, infiltradas em qualquer dramalhão de cinema, fariam a plateia inteira chorar lágrimas de esguicho. “Meu amigo, meu irmão e líder”, derramou-se o convidado de honra, olhos nos olhos com o anfitrião, na abertura da discurseira. Kadafi pareceu especialmente comovido, naquele 1º de julho de 2009, ao ouvir o parceiro responsabilizar os países industrializados pelo “caráter perverso da ordem internacional”.

Em seguida, o orador acusou a imprensa em geral e os jornalistas brasileiros em particular de tratar com “preconceito premeditado” as relações amistosas entre os governos latino-americanos e as ditaduras da região. Só gente preconceituosa poderia fingir que não vê “a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos”, todos muito conscientes de que “consolidar a democracia é um processo evolutivo”. Kadafi ficou tão animado com o palavrório que no encontro seguinte, promovido na Venezuela, propôs uma aliança militar, “nos moldes da OTAN”, entre os liberticidas africanos e os companheiros cucarachas.

No momento, o terrorista vocacional não tem tempo para pensar nessas grandezas: está inteiramente absorvido pela guerra de extermínio movida contra o povo líbio. Mas atenderá imediatamente ao telefone se souber que é Lula quem está do outro lado da linha. E, se ouvir o pedido, não se negará a suspender por algumas horas o bombardeio aéreo da população civil para permitir que o avião do Itamaraty recolha os brasileiros. Ninguém recusa o que pede um amigo e irmão. (Se recusar, o Brasil colherá mais uma prova de que a política externa da cafajestagem, parida pelo que Ricardo Setti batizou de “lulalato”, serviu apenas para envergonhar o país governado por um megalomaníaco).

Além de acionar o ex-presidente, Antonio Patriota deve reforçar urgentemente o esquema de segurança da embaixada na Líbia. Assustado com a força da insurreição popular, Kadafi tem consultado o companheiro Hugo Chavez sobre planos de fuga e refúgios seguros. O último a tratar desses assuntos com o imaginoso venezuelano foi o hondurenho Manuel Zelaya. Os dois decidiram que um bom esconderijo seria a embaixada brasileira em Tegucigalpa. Kadafi avisou nesta terça-feira que prefere morrer a deixar o país. Se Patriota não abrir o olho, o bolívar-de-hospício e o ditador acuado tentarão abrir em Tripoli mais uma Pensão do Lula.

sexta-feira, julho 10, 2009

A DOUTRINA OBAMA EM AÇÃO (OU: O SIGNIFICADO DE UM APERTO DE MÃO)


A foto acima já está circulando na internet. Ela mostra Barack Hussein apertando a mão do ditador líbio Muamar Kadafi, durante a Cúpula do G-8 que ora se celebra em L'Aquila, na Itália. Barack Hussein faz cara de contrição, como se estivesse confessando algum pecado a Kadafi. Este, por sua vez, não esconde o sorriso de satisfação, parecendo deliciar-se com o momento. Um observador menos atento poderia até achar que é um pai-de-santo atendendo um de seus "filhos" em busca de conselho e orientação espiritual.

Confesso que nem eu, em meus piores pesadelos, poderia imaginar que um dia veria cena tão degradante. O chefe da maior potência mundial, o líder do Mundo Livre, curvando-se ante o coronel Kadafi, o mesmo que Lula chamou de "meu amigo, meu irmão". Dessa vez Barack Hussein conseguiu superar até mesmo o Apedeuta.

Mais surpreendente do que o aperto de mão em si - outro momento "histórico" do governo "histórico" de Obama, como não se cansará de repetir a imprensa obamista - foi a circunstância em que ele ocorreu: a saudação foi dada por iniciativa de Barack Hussein, logo após Kadafi ter insultado os EUA, chamando o país de "terrorista" e comparando-o a Osama Bin Laden. A reação de Barack Hussein à ofensa foi ter corrido até Kadafi e apertado sua mão. Com isso, ele corroborou a afirmação de Kadafi, reconhecendo que os EUA são um país terrorista, comparável a Bin Laden.

Surpreendente, também, mas no pior sentido da palavra, é a forma como a imprensa mundial está tratando o episódio, derramando-se em elogios e rapapés à "atitude altiva" e ao gesto de "estadista" de Barack Hussein. Sim, isso mesmo: a imprensa está aplaudindo Obama por ele ter apertado a mão de um ditador por ele ter insultado seu país e o comparado ao maior terrorista da História...

A ofensa é ainda mais surrealista por ter vindo de quem veio: Kadafi, há 40 (quarenta!) anos no poder na Líbia, onde manda e desmanda com mão de ferro, não é somente um ditador: é um ditador terrorista. Em seu currículo, está uma ampla folha de serviços prestados ao terrorismo internacional, que vai de grupos extremistas palestinos como o Setembro Negro (massacre de Munique, 1972) até o IRA norte-irlandês nas décadas de 70 e 80. Sua obra-prima foi a explosão de um Jumbo da Pan Am sobre a cidade de Lockerbie, na Escócia, em 1988 (270 mortos). Mas, sejamos justos: de uns tempos para cá - mais especificamente, desde que os EUA perderam a paciência com ele e mandaram bomba em sua cabeça, e após o país ter sido ameaçado de pesadas sanções internacionais -, ele tem-se mostrado bastante moderado, até bondoso: imaginem só, ele até aceitou indenizar os parentes das vítimas de Lockerbie...

O aperto de mão entre Barack Hussein e o coronel Kadafi é um gesto significativo. Significa que Barack Hussein quer ficar amigo de ditadores. Significa que ele realmente acredita que o problema do mundo é os EUA, e não bandoleiros como Kadafi ou Bin Laden. Significa que o discurso antiamericano e pró-terrorista finalmente chegou à Casa Branca. Obama deve ter lido e levado a sério a maçaroca antiamericana que Hugo Chávez lhe deu de "presente" alguns meses atrás, "As Véias Abertas da América Latina", de Eduardo Galeano. Só isso explica tamanha complacência com tiranos e assassinos, tamanha inversão da realidade.

Qual será o próximo passo do grande estadista Barack Hussein? Talvez marcar uma partida de beisebol com Fidel Castro, como fez Jimmy Carter. Ou, quem sabe, uma rodada de biriba com Ahmadinejad, enquanto discute com o líder iraniano se o Holocausto existiu ou não. Melhor ainda: um tête-à-tête com Bin Laden nas montanhas do Afeganistão, com cobertura pela CNN e anúncio de mais um feito "histórico" da diplomacia obamista. Entre a decapitação de um infiel e o apedrejamento de uma adúltera, os dois líderes poderão trocar algumas idéias interessantes sobre respeito às diferenças e multiculturalismo.

Na foto em que aparece pedindo a bênção ao tirano Kadafi, Barack Hussein parece estar pedindo desculpas. De fato, é isso o que o gesto demonstra. Kadafi, por sua vez, deve ter pensado: "é, parece que décadas de antiamericanismo raivoso deram resultado; agora sou respeitado e o chefe do Satã imperialista em pessoa vem se rebaixar perante mim e me fazer reverência". Ahmadinejad e Kim Jong-Il podem se regozijar. Pelo visto, terrorism works: o terrorismo funciona. Principalmente se, do outro lado, estiver um governo que prefere capitular a enfrentá-lo.

Tragam o Bush de volta!