sexta-feira, outubro 30, 2009

A DERROTA DOS BOLIVARIANOS EM HONDURAS


É incrível a cara-de-pau de alguns seres humanos. Mal saiu a notícia de que, em Honduras, chegou-se a um Acordo para pôr fim à crise política que já dura quatro meses, e a petralhada já saiu por aí gritando que alcançou uma importante vitória, quando os fatos mostram exatamente o contrário.

Não acreditem no que eles dizem. Essa gente é de uma desfaçatez sem limites. Eles não venceram coisa nenhuma! Foi exatamente o oposto: o Acordo que foi celebrado ontem, 29/10, foi um duro golpe sim, mas para os BOLIVARIANOS. É uma derrota para Hugo Chávez, Daniel Ortega e, também, Lula, que participou da pantomima. Vejam a Nota à Imprensa que o Itamaraty acabou de divulgar sobre o ocorrido. Leiam até o final. Comparem com os fatos. Depois me digam se é ou não é uma peça de manipulação e de desonestidade capaz de corar de vergonha até o maior dos mentirosos.

Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete

Nota à Imprensa nº 546
30 de outubro de 2009

Acordo em Honduras


O Governo brasileiro recebeu com satisfação a notícia do acordo alcançado ontem, dia 29, em Tegucigalpa, que cria as condições para o restabelecimento da ordem democrática em Honduras.

Por que, "com satisfação"??? A nota dá a impressão de que o Brasil saiu vencendo no final. Mentira!!! O governo Lula, assim como Chávez e a OEA, firmou posição desde o primeiro dia de que Zelaya deveria ser restabelecido na presidência COM TODOS OS PODERES. O Acordo prevê que ele vai voltar à presidência sim, mas com menos poder do que tem hoje na embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Ele não vai poder convocar o tal referendo, que foi o pivô de sua deposição em 28/06 pelo Judiciário e pelo Congresso, por ter violado o Artigo 239 da Constituição de Honduras. Além disso, as eleições de 29/11, que o Brasil e a OEA queriam ver adiadas, foram mantidas. As Forças Armadas do país ficarão sob controle do Congresso. Também não foi dada nenhuma anistia a ninguém, inclusive a Zelaya, que vai responder processo por sua tentativa de GOLPE contra a ordem institucional do país. Vale lembrar que, no auge da tensão, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, chegou a dizer que a organização lavaria as mãos em caso de guerra civil no país... O governo do Brasil, com Lula, Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia à frente, se recusava até mesmo a reconhecer os "golpistas" do governo "de facto" hondurenho. Este chegou a protocolar uma representação contra o Brasil na Corte Internacional de Justiça de Haia, por violação à sua soberania. Os bolivarianos perderam. O governo Lula perdeu. E agora este vem dizer que recebe o Acordo "com satisfação"??? A quem quer enganar?

O Brasil expressa a expectativa de que a normalidade institucional se restabeleça dentro do mais breve prazo em Honduras, com a volta da titularidade do Poder Executivo ao estado prévio ao golpe de estado de 28 de junho.

Por acaso a normalidade institucional foi quebrada em Honduras, para que seja restabelecida? O "golpe" de 28 de junho - repetirei aqui até que me provem o contrário - foi dado para PRESERVAR A LEI, ou seja, para GARANTIR A NORMALIDADE INSTITUCIONAL (ou seja: não foi golpe coisa nenhuma!). Se houve alguém que quebrou a normalidade institucional, foi Manuel Zelaya. Mas, entendo: o governo brasileiro quer que haja a "volta da titularidade do Poder Executivo ao estado prévio ao golpe de estado [sic] de 28 de junho".... O que isso significa? Que o Itamaraty quer que Manuel Zelaya volte ao poder com amplos poderes para novamente rasgar a Constituição. Só que vão ter de esperar: porque o atual Acordo não permite que ele tente novamente dar um golpe contra as instituições do país. Perdeu, bigodudo!

Ao congratular o povo hondurenho pelo desfecho pacífico da crise, o Brasil confia em que o acordo ontem alcançado permita a plena reintegração de Honduras ao sistema interamericano e internacional e a pronta normalização da situação de sua Embaixada em Tegucigalpa.

A situação da embaixada brasileira em Tegucigalpa poderia ter voltado ao normal há muito tempo: bastaria o governo Lula decidir o status de Zelaya, concedendo-lhe o asilo ou entregando-lhe para julgamento ao GOVERNO CONSTITUCIONAL de Honduras. Aliás, essa situação poderia ter sido evitada desde o início. Foi o governo Lula, foi o Itamaraty, que criou essa situação esdrúxula, não prevista em qualquer convenção ou tratado internacional, de tratar Zelaya como "hóspede" e permitir que ele transformasse a embaixada em seu quartel-general político para pregar a insurreição no país - uma clara violação de todos os princípios do direito internacional. SE O DESFECHO DA CRISE FOI PACÍFICO, ISSO SE DEVEU AO GOVERNO CONSTITUCIONAL DE HONDURAS, NÃO AO GOVERNO LULA.

Quanto à "plena reintegração de Honduras ao sistema interamericano e internacional", o Brasil esteve na linha de frente da tropa de choque que tentou isolar o país, para que Zelaya fosse reintronizado. Pois bem, petralhas: quebraram a cara! Honduras será reintegrada, sim, mas não por causa da boa vontade e dos bons ofícios do governo brasileiro, mas devido unicamente à coragem e à perseverança do GOVERNO CONSTITUCIONAL de Honduras, que, contra as pressões orquestradas da "comunidade internacional" e do golpismo chavista-bolivariano, resistiu e obrigou o governo dos EUA a negociar e chegar a um Acordo. A partir de agora, Manuel Zelaya terá as asinhas cortadas. Enquanto isso, o Brasil fez papel de bobo na história.

A Nota do Itamaraty não passa de uma tentativa mal-disfarçada de, como se diz no Oriente, "salvar a face" do governo brasileiro depois de ter patrocinado uma das maiores trapalhadas de sua história. Não há nela um pingo de verdade, assim como não há um pingo de verdade na idéia de que Manuel Zelaya foi vítima de golpe de estado em 28/06. Aliás, não há nada de verdade no governo Lula.

Parabéns ao bravo povo hondurenho, que resistiu heroicamente e defendeu com galhardia sua soberania contra o golpismo bolivariano!

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