Mostrando postagens com marcador Al Qaeda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Al Qaeda. Mostrar todas as postagens

domingo, dezembro 30, 2012

TORTURANDO A REALIDADE. OU: A SUPERIORIDADE MORAL DAS DEMOCRACIAS

 
Ando meio sem assunto nos últimos dias. Culpa, talvez, do clima "paz e amor" que toma conta de tudo e de todos nesta época do ano, e certamente também dos esquerdopatas - é tedioso refutar suas imposturas, admito. Mas vou quebrar a regra e dar um pouco de atenção a alguém, que se assina "E agora, José?" (ah, esses apelidos engraçadinhos... o que leva alguém a se identificar desse jeito? Freud explica). Pois o tal "E agora, José?" deu-se ao trabalho de enviar um comentário a meu texto "O BODE EXPIATÓRIO DO MUNDO", em que trato do antiamericanismo, essa doença infantil dos idiotas à esquerda e à direita. Eis o que diz o rapaz (ou a moça, sei lá):

Excelente matéria da revista "Veja" (19 de dezembro de 2012) sobre a Tortura. Matéria: "A volta dos Suplícios" p. 130-132, falando justamente sobre a prática de simulação de afogamento utilizada pelos EUA para torturar seus presos políticos.

Como diz a matéria no final: " É claro que a tortura, às vezes, é eficaz. Em outras, é ineficaz. Mas em qualquer situação é crime"!
 
Sei não... A se julgar pelo nome do(a) remetente, e do contexto em que o comentário está inserido, deduzo que se trata de (posso estar enganado, mas vamos lá) uma, digamos, "crítica" à minha visão sobre a enfermidade antiamericana, em especial sobre os, digamos, "argumentos" pretensamente humanistas brandidos pelos inimigos dos EUA (e da espécie humana) para enfrentar e derrotar a ameaça terrorista (em geral, os mesmos que fazem contorcionismos mentais para justificar os atentados terroristas como uma forma de "resistência"...). Mais especificamente, seria uma crítica aos métodos adotados pelas forças de segurança dos EUA e seus aliados contra os terroristas. Mais especificamente ainda (estou fazendo isso na base do chute), o alvo da crítica seria a controversa prática do waterboarding, de que já tratei aqui em outros textos.
 
Muito bem. Caso o que vem acima esteja certo, e o autor do comentário realmente esteja mirando nesse alvo, sinto dizer, mas ele(a) errou de endereço.
 
Concordo plenamente com a matéria da VEJA. Não uso de eufemismos. Waterboarding é tortura. E tortura é crime. Ponto final. Moral e politicamente, torturar um prisioneiro, seja por qual método for, é indefensável. Desafio qualquer um a mostrar algum trecho de qualquer post meu em que me afasto, por mínimo que seja, dessa afirmação. A tal ponto que até acho estranho alguém ter-se dado ao trabalho de mencionar a referida matéria.
 
Assim como tenho horror à tortura, chego a perder a paciência com quem insinua qualquer equivalência moral entre os Navy Seals e a Al Qaeda ou o Talibã (ou entre Israel e o Hamas). Comparar os métodos (e os objetivos) de uns e de outros, de forma a dizer que são todos iguais do ponto de vista da moralidade, é uma ofensa grave à razão e à inteligência.  Fico ainda mais convencido disso quando, ao ler o mesmo texto de autoria de André Petry, correspondente da revista em Nova York, deparo com um trecho que eu subscreveria tranquilamente. Por sorte (e, talvez, azar de quem mandou o comentário), tenho um exemplar da revista na minha frente. E lá está escrito, na mesma matéria, à página 132, segundo parágrafo:       
 
As democracias ocidentais - e os Estados Unidos entre elas, é claro - são moralmente superiores aos terroristas da Al Qaeda e seus protetores. Elas atuam sob o império da lei, sob a égide de uma Constituição, dão satisfação à opinião pública e, flagrados no erro, abrem investigações, punem os infratores e tentam corrigir o rumo. Soldados americanos torturaram guerrilheiros vietcongues. Foram processados e punidos. A França pagou um alto preço pelo uso da tortura na guerra da Argélia.  Nada disso, como se sabe, acontece no universo do terrorismo. [...]
 
Preciso dizer que assino embaixo?
 
(Talvez quem mandou o comentário seja uma dessas almas sensíveis que ficaram horrorizadas no ano passado com a morte de Osama Bin Laden, em particular com o fato de que as informações que levaram os EUA até ele foram obtidas por meio de waterboarding. Nesse caso, insisto em saber que outro meio, mais eficaz e menos doloroso, essas nobres almas propõem para obter tais informações e chegar ao megaterrorista. Aguardo resposta.)
 
Uma das características da parvoíce é disfarçar-se de sabedoria, fazendo uma leitura muito parcial e seletiva da realidade para defender imposturas e preconceitos. Isso se manifesta na tentativa, por exemplo, de acusar os que defendem a superioridade moral dos EUA e de Israel em relação a seus inimigos de "defensores da tortura", o que é uma clara demonstração de desonestidade intelectual e de fasificação da verdade. Que práticas como o waterboarding, que raramente deixam sequelas físicas, sejam consideradas uma forma de tortura nos EUA, sendo, inclusive, objeto de debate público (alguém consegue visualizar tal fato em Cuba ou na Coréia do Norte?), e que aqueles que a empregam em nome da segurança nacional sejam execrados e punidos, é uma prova mais que suficiente de que os EUA tratam seus prisioneiros de forma muito mais humana do que seus inimigos o fazem. Estes, ao contrário dos americanos, não possuem tais escrúpulos morais. Desafio qualquer um a refutar esse fato.
 
Em todos os textos que escrevi sobre o tema tentei deixar claro meu posicionamento contrário à tortura e a favor da democracia contra o terrorismo. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito de muitos que ficam "indignados" com o tratamento dado pelas autoridades americanas e israelenses aos terroristas da Al Qaeda ou do Hamas - os quais não têm, aliás, nenhum pudor no uso de métodos de interrogatório muito mais duros do que o waterboarding... Alguém tem alguma dúvida quanto a isso?
 
Mas querer que aqueles cujas mentes estão poluídas pelo veneno do antiamericanismo (e de seu complemento quase obrigatório, o antissemitismo, velado ou não) entendam esse fato fundamental talvez seja pedir-lhes demais. Para essas pessoas, nenhum fato ou argumento é suficiente para mostrar-lhes que a causa dos EUA e de Israel contra o terrorismo é, na verdade, a causa da civilização contra a barbárie. Para eles, os antiamericanos, analisar os fatos e enxergar o essencial é uma forma de... tortura. 
 
Em resumo, eu posso dormir com a consciência tranquila, pois me oponho à tortura e defendo a democracia.
 
E o autor do comentário, será que pode dizer o mesmo?
 
E agora, José?

quarta-feira, setembro 12, 2012

QUEM DERRUBOU AS TORRES GÊMEAS?

Creio que, pelo menos uma vez a cada geração, existe um fato histórico definidor, determinante. Para a de nossos pais, foi a chegada do homem à Lua, ou a contra-revolução de 64. Para a dos nossos avós, a Segunda Guerra Mundial, ou a invenção da penicilina. Datas que vivem na memória, com um poder simbólico tamanho que já estão entranhadas na memória coletiva, de modo que cada um lembra exatamente onde se encontrava e o que estava fazendo quando leu ou ouviu aquela notícia que “mudou o mundo”.

O 11 de setembro de 2001 é um desses momentos. Para mim, pelo menos, é a data mais significativa, até agora, que tive a oportunidade de acompanhar, ao vivo, pela TV e pela internet. Em alguns textos, rememoro aquela terça-feira fatídica, já intrinsecamente mesclada à minha trajetória pessoal, a exemplo de milhões de pessoas mundo afora.

Já virou um lugar-comum afirmar que o 11/09 foi o acontecimento mais importante da História mundial desde, pelo menos, o fim da URSS, exatos dez anos antes. Mas isso não impede de recordar alguns fatos desagradáveis.

Em primeiro lugar, acho que a esta altura está claro que não foi a Al-Qaeda que jogou os aviões contra as Torres Gêmeas e o Pentágono. (E antes que algum teórico da conspiração se anime: não, também não foi a CIA, ou o serviço secreto israelense, ou os maçons - aliás, gostaria de saber por que todas as teorias conspiratórias [todas!] miram nos EUA ou em Israel, deixando de lado seus inimigos.) Bin Laden e sua corja sequestraram as aeronaves e as utilizaram como mísseis, mas não foram eles, os terroristas islamitas, os únicos responsáveis, em última instância, pela barbaridade inominável. O ato em si, foram eles que cometeram, e inclusive se vangloriaram disso. Mas a cadeia de eventos que culminou no maior atentado terrorista da História é bem anterior à decisão de executá-lo.

Explico-me. Bin Laden e sua rede de assassinos alucinados não teriam feito o que fizeram se não fosse por uma cadeia de eventos, ou melhor, por um certo estado ideológico, gestado durante décadas, e que teve seu clímax na derrubada do WTC. Estou falando do antiamericanismo, essa doença mental do século XX, que entrou pelo XXI e que tem suas raízes nas duas extremas: direita e esquerda, fascismo e comunismo.

Desde pelo menos os anos 60, quando a Guerra Fria ameaçou tornar-se quente em conflitos como o do Vietnã (perdido pelos EUA em casa e na televisão, e não nos campos de batalha, mas essa é outra história), o realejo antiamericano não tem cessado de tocar, entrou definitivamente no mainstream.

Hipnotizadas por essa cantilena xenófoba, entorpecidas pela leitura (os que leram) de Gramsci e dos catataus impenetráveis dos teóricos da Escola de Frankfurt, e infantilizadas por um anticapitalismo geralmente arrotado por burgueses que não abrem mão das comodidades do capitalismo, gerações inteiras se acostumaram a enxergar nos EUA e na "sociedade tecnocapitalista" do qual este é a epítome a síntese do Mal, sinônimo de exploração, violência e alienação humana. A ex-URSS e a China, em contrapartida, seriam um antídoto à "unipolaridade" (o novo nome do "imperialismo"), vistos como alternativas ou, pelo menos, equivalentes ao Tio Sam – como se a Pátria da Democracia, o país de Thomas Jefferson e de Abraham Lincoln, fosse menos preferível ou equivalente a qualquer ditadura comunista... Em algum momento depois do desaparecimento da URSS, a utopia comunista ou comuno-socialista, com pitadas de niilismo "pós-moderno", aliou-se ao fanatismo religioso islamita em uma frente comum. Cedo ou tarde, o resultado disso seriam ataques terroristas como o de 11/09.

Foi esse estado mental, esse fenômeno de hipnose coletiva, fruto de décadas de doutrinação, que abriu o caminho e preparou os espíritos – coloquemos desse modo – para a tragédia de 11 de setembro. Primeiro, como justificativa e vanglória sobre uma montanha de cadáveres: eles, os americanos, "receberam o que mereciam" ou "colheram o que plantaram". Ou, então, como recusa a encarar a realidade, refletida na incapacidade psicológica de enxergar os EUA como vítimas de uma agressão covarde: a tragédia não foi cometida por terroristas islamitas, mas pelos próprios americanos, interessados em um pretexto para invadir o Afeganistão e se apossarem do petróleo do Oriente Médio etc. etc. (afinal, eles, uzamericânu, são os culpados por tudo de ruim que existe no mundo, não é mesmo?). Em tudo isso, o discurso do ódio mal disfarçado e o contentamento mórbido, que levaram alguns autoproclamados "humanistas" como o ex-frei e marxista Leonardo Boff a manifestações de regozijo ("queria que tivessem sido vinte e cinco aviões!"). Essa tara moral, essa perversão ideológica, serviu de justificativa para a derrubada das torres gêmeas e para o assassinato de quase 3 mil pessoas.

Hoje, 11 anos e duas guerras depois, Bin Laden está morto, enterrado no fundo do mar, e a Al-Qaeda, cada vez mais em frangalhos, é apenas uma sombra do que foi um dia. Mas a mentalidade antiamericana que chocou o ovo da serpente terrorista continua mais viva do que nunca, em governos populistas e autoritários geralmente apoiados por "movimentos" que, em nome das causas mais variadas (antiglobalização, ambientalistas, feministas, racialistas, gayzistas etc.), apontam suas baterias verbais contra o capitalismo e a democracia liberal, enquanto silenciam sobre, quando não aplaudem abertamente, regimes tirânicos e terroristas como o do Irã.

Há ainda os que, ingênua ou maliciosamente, procuram diminuir o impacto da catástrofe, lembrando "outros setembros", como se o 11/09 dissesse respeito somente aos EUA e, no final das contas, tragédias sem relação uma com a outra se excluíssem mutuamente. Foi essa mentalidade masoquista que esteve por trás da eleição em 2008 de Barack Hussein Obama, tido por muitos de seus apoiadores como um antídoto ao "imperialismo". Mas até Obama, o presidente "histórico", que já era "histórico" antes mesmo de ser presidente, rendeu-se à realidade, não tendo nada melhor a apresentar, após quatro anos, do que a continuação da "guerra ao terror" inaugurada por George W. Bush (embora, como todo demagogo, não o admita, nem jamais o fará).

Os antiamericanos de todos os tipos costumam repetir à exaustão o mantra de que os EUA são culpados por todo o mal que existe no mundo, e que o 11/09 foi, de certa forma, uma reação ao imperialismo ianque. Em sua cegueira ideológica, acreditam que os atentados terroristas de 11 anos atrás teriam sido provocados etc. Nesse ponto, tenho de admitir que os devotos da seita antiamericana têm alguma razão. Só esquecem de um fato fundamental: os que provocaram a atrocidade não estavam na Casa Branca ou no Pentágono, nem no Departamento de Estado. Tampouco foram o McDonald's ou a Coca-Cola.

Foi a ação insidiosa, tenaz, sistemática, de antiamericanos dentro e fora dos EUA,  por meio de uma campanha insistente e muito bem-articulada nos meios intelectuais e na mídia (inclusive em Hollywood), que provocou os ataques, ao ter criado o ambiente mental necessário à germinação do terrorismo islamita. Bin Laden foi o executor. Mas os verdadeiros mentores não falam árabe nem usam turbante. São, no mínimo, cúmplices morais de um dos maiores crimes contra a humanidade de todos os tempos.

terça-feira, novembro 01, 2011

KADAFI E BIN LADEN. OU: EXPLICANDO A DIFERENÇA ENTRE UM LINCHAMENTO E UMA OPERAÇÃO DE GUERRA.

Juro que não sabia que havia tanta viúvas do Bin Laden. Uma dessas criaturas piedosas, sensíveis e humanistas escreveu o seguinte sobre o texto em que esclareço a diferença entre a morte do saudita e a de Kadafi:

Absurdo! Assim como Bin Laden, Kadafi "foi o resultado de uma operação de guerra, não de um mandado judicial".Se defendemos a lei para um devemos defender para o outro. Usar o argumento de que nenhum tribunal o julgaria, no caso de Bin Laden, não é desculpa. Publicar Excluir Marcar como spam

Vamos lá, o mais didático possível:

Kadafi: estava preso e indefeso, sem chance de escapar. Sem falar que havia um mandado de prisão contra ele expedido pelo Tribunal Penal Internacional. Sua morte foi uma execução extra-judicial, portanto ilegal e injustificável, tanto do ponto de vista politico quanto militar e moral. Não foi uma “operação de guerra”: foi um linchamento.

Bin Laden: estava escondido em uma fortaleza em um país teoricamente aliado dos EUA, protegido por militares locais. Morreu de arma na mão. Seu julgamento seria uma impossibilidade prática – cada país atingido por atentado da Al-Qaeda poderia demandar uma ação judicial contra ele, criando um imbróglio jurídico internacional (só para ilustrar: havia uma sentença de morte esperando por ele na Arábia Saudita). Sem falar no óbvio risco à segurança que capturá-lo vivo implicaria (possibilidade de ataques mais intensos da Al-Qaeda etc.). Sua eliminação foi, portanto, uma necessidade militar, um ato de guerra legítimo.

De um lado, um ex-ditador capturado e indefeso, implorando pela vida. De outro, o terrorista mais procurado do mundo, encastelado em sua fortaleza e cercado de guarda-costas dispostos a se matar para impedí-lo de ser capturado. A morte de Bin Laden foi motivo de júbilo e celebração mundial. A de Kadafi, de vergonha. E ainda há quem não veja qualquer diferença. Cegueira ou burrice? Talvez as duas coisas.

As viúvas do megaterrorista podem chorar e lamentar à vontade por ele. Prefiro lamentar as milhares de vítimas que ele fez pelo caminho. E continuo a dizer que, pelo menos no caso de Bin Laden, a Justiça foi feita. Ao contrário do que houve com Kadafi.

Tá bom, né? Mais que isso, só desenhando com lápis de cor.

sábado, outubro 29, 2011

BOTANDO A TECLA "SAP" PRA FUNCIONAR...

Em um post anterior, tentei explicar o blog a um leitor, que se apresenta como "brasileiro". Pelo visto, ele ainda não entendeu. Tanto que me mandou o seguinte comentário, sobre meu texto EXPLICANDO O BLOG A UM LEITOR (o assunto é a morte de Kadafi):

Confesso que não li todos os seus textos, mas apenas alguns, em meses diferentes.Não concordo com alguns deles e não acho que todos se baseiem pela mesma linha de defesa da lei, como você defende.

Caro leitor: não é preciso que você leia todos os textos do blog, apenas os que dizem respeito à questão por você levantada (segundo a qual eu teria uma visão supostamente seletiva da aplicação da lei). Seu comentário me permite dizer que, infelizmente, você precisa pesquisar mais nos arquivos do blog antes de emitir qualquer opinião a respeito.

Isso fica claro como água na seguinte frase, em que o leitor parece querer confirmar que não entendeu mesmo patavina de nada:

Discutiu sobre uma "ditadura gayzista"?!? Não enxergo a liberdade sexual como uma imposição ditatorial, muito pelo contrário.

Se o leitor está se referindo à minha opinião sobre a PEC 122 (a chamada Lei da Mordaça Gay) ou à imposição de medidas ao arrepio da própria Constituição, e que VISAM A INSTALAR UMA DITADURA GAYZISTA no Brasil, é isso mesmo: sou totalmente contra. Preciso explicar por quê?

Esse tipo de medida, além de inconstitucional (lembra de algo chamado igualdade de todos perante a Lei?), não tem nada a ver com "liberdade sexual", mas com a imposição de um estilo de vida de uma minoria à maioria da população. A liberdade sexual, aliás, já é uma realidade no Brasil, o que é mais um motivo para considerar qualquer projeto de lei "anti-homofobia" como um contra-senso. A menos que a maior parada gay do mundo não seja a de São Paulo, mas a de Teerã, o Brasil não é um país "homofóbico".

O leitor acabou de comprovar que não leu mesmo os textos em que trato do assunto. Não gosto de me repetir, mas, nesse caso, vou ajudá-lo (clique aqui: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2011/05/o-golpe-do-stf-e-uma-pergunta-gays-nao.html).

(Supondo que o leitor leu o texto no link acima) Agora me responda: em que minha opinião sobre o tema estaria em contradição com a Lei? (Quanto à defesa do gayzismo, ao contrário, não sei se é possível dizer o mesmo.)

Brigou com aqueles que defendiam a lei para Bin Laden (mesmo que essa também fosse a pena de morte) e você defendeu que a execução de Bin Laden, mesmo desarmado e já rendido, fosse correta e bem feita.

Estou cada vez mais na dúvida se o leitor leu realmente algum texto meu sobre o assunto. O que seria "defender a lei para Bin Laden"? Sua morte, vamos lembrar, foi o resultado de uma operação de guerra, não de um mandado judicial. Desde o momento em que decidiu destruir o mundo civilizado, ele era um alvo militar legítimo. E quem disse que ele estava "desarmado e rendido"? Ainda que estivesse, continuaria sendo um inimigo mortal (que tribunal, por exemplo, o julgaria?) Já escrevi sobre tudo isso.

Para simplificar a coisa, desta vez nem vou me referir aos textos mais antigos; basta reler (se é que realmente leu) o seguinte trecho de meu texto sobre a morte de Kadafi (o mesmo sobre o qual o leitor diz que concordou comigo - vou colocar algumas frases em negrito para ajudar o leitor):

"Ah mas logo você, que aplaudiu a morte de Bin Laden, vem falar em direitos humanos no caso de Kadafi?", poderia perguntar um idiota da objetividade, achando que me pegou em contradição. Tive de responder a algumas viúvas do terrorista saudita que acharam um absurdo um comando norte-americano tê-lo despachado para os quintos dos infernos sem antes ter-lhe lido os direitos. Repito: a morte de Bin Laden foi uma necessidade militar, ditada pelas circunstâncias de uma guerra que ele mesmo começou. Kadafi, ao contrário, já estava capturado, não havia por que matá-lo sem julgamento. Do mesmo modo que Saddam Hussein, ele já não representava nenhum perigo quando foi apanhado. Bin Laden, pode-se dizer, morreu em combate; Kadafi, por sua vez, era um prisioneiro. Seus captores deveriam tê-lo tratado como tal. É isso o que distingue quem leva a sério direitos humanos de quem os despreza.

Não tenho nada a mudar no parágrafo acima. E o leitor, teria algo a dizer a respeito?

Assim como você defendeu a tortura de prisioneiros, que levou até a descoberta do terrorista.Portanto, não me parece que você defende a lei e o direito em todos os seus textos, mas somente em alguns, sendo estes os melhores.

Vou repetir aqui o desafio que lancei às viúvas do Bin Laden: apresente um método de interrogatório mais humano e menos ofensivo do que o waterboarding e eu engulo uma por uma todas as palavras que disse sobre a morte do megaterrorista saudita. Aproveite e diga como os EUA poderiam ter chegado a ele se não fosse do jeito que foi. Tenho certeza que, legalista que é, o leitor terá uma boa resposta.

Ah e o desafio continua: continuo esperando que me mostrem algum exemplo concreto de texto meu em que afirmo algo diferente da defesa dos princípios da Lei e da Civilização contra o arbítrio e a barbárie. Conheço vários exemplos (inclusive em comentários). Nenhum de minha lavra.

É isso, caro leitor, tentei ser didático. Mas nenhum didatismo é suficiente se não houver boa vontade em aprender. Para isso, um pouquinho mais de leitura seria bom, para começar. Depois, quem sabe, a gente conversa.

sexta-feira, setembro 16, 2011

A ESTUPIDEZ DOS "OUTROS SETEMBROS"

Já é uma tradição: todo 11 de setembro, enquanto a humanidade, compungida, lembra o horror indizível das Torres Gêmeas desabando e levando consigo milhares de seres humanos transformados em pó no maior ato terrorista da História, um bando de zé-manés, leitores de Noam Chomsky e Tariq Ali, aproveita a ocasião para lembrar "outros setembros". Certamente incomodados com as homenagens às vítimas de um ataque cruel e desumano, perpetrado por fanáticos, arranjam um jeito, mesmo assim, de destilar sua raiva contra a maior democracia do mundo, buscando contrapor, ao 11 de setembro "dos americanos", uma data "alternativa": o 11 de setembro de 1973 (queda do governo de Allende no Chile), ou o setembro de 1982 em Beirute (massacre dos refugiados palestinos em Sabra e Chatila). O objetivo é contrapor a memória de outros fatos ao 11 de setembro de 2001, a "data deles", a fim de minimizá-la e abafá-la, reduzindo-a à insignificância.

Trata-se de uma verdadeira obra-prima de desviacionismo e vigarice intelectual, digna dos manuais de desinformação e propaganda da época do antigo KGB, e que precisa ser denunciada com toda força. Em primeiro lugar, o 11 de setembro de 2001 não é "dos americanos" (alguns preferem dizer "estadunidenses"). É uma data da humanidade. Assim como Auschwitz e o Holocausto não dizem respeito somente aos judeus, e o genocidio em Ruanda não é um assunto apenas dos ruandeses. Morreram, no WTC e no Pentágono, além do vôo que se espatifou na Pensilvânia, cerca de 3 mil pessoas, de mais de 50 nacionalidades (inclusive brasileiros). Logo, o atentado terrorista não atingiu apenas um país, mas foi uma ofensa a todo o mundo civilizado. Mesmo que só tivessem morrido americanos, o ataque foi uma barbaridade sem precedentes, que só pode causar repulsa a pessoas decentes. Rotular o 11/09 como uma data "dos americanos", como se dissesse respeito tão-somente aos EUA ou ao governo de George W. Bush, além de ser uma obscenidade, não passa, portanto, do antiamericanismo mais bocó, sequer disfarçado.

Ao tentarem contrapor à lembrança dos ataques fatos como a queda de Allende e o massacre de Sabra e Chatila, como se fossem uma espécie de "anti-11/09", os antiamericanos de plantão incorrem na total delinquência e na completa cretinice. Isso porque tais memórias não são, em absoluto, excludentes. A menos que se considere as pessoas esmagadas e queimadas vivas nas Torres Gêmeas como diretamente responsáveis pelo golpe militar do general Pinochet, 28 anos antes, ou pela chacina de civis palestinos levada a cabo pelos milicianos falangistas libaneses da família Gemayel, não há qualquer razão lógica e, muito menos, moral, para qualquer tipo de associação entre um e outro fato. Todos foram tragédias - a de 2001, bem maior em dimensões e consequências. Eu poderia lembrar, por exemplo, o 5 de setembro de 1972 (data do massacre dos atletas israelenses nos Jogos Olímpicos de Munique, executado por um grupo terrorista palestino que se intitulava, não por acaso, Setembro Negro) e isso não mudaria absolutamente nada o que sinto em relação a outras tragédias do tipo, como a do Chile ou a do Líbano. Não sei se os que ficam mordidos com a lembrança do 11 de setembro "dos americanos" podem dizer o mesmo. Acho que não.

Além do fato de serem tragédias humanas, não há termo de comparação entre o que aconteceu nos EUA e o que houve nas ruas de Santiago ou de Beirute. O golpe de 11 de setembro de 1973 no Chile foi a culminação de um longo processo de radicalização política, iniciado três anos antes e instigado pelo próprio governo marxista de Salvador Allende. Por mais terrível que tenha sido o golpe (e foi terrível, com milhares de mortes, inclusive a do próprio Allende, morto dentro do palácio presidencial com seus guarda-costas), a verdade inegável é que ele esteve longe de ter sido não-provocado, ao contrário dos ataques da Al-Qaeda. Diferentemente destes, tratou-se do desfecho sangrento de uma quase guerra civil, em que ambos os lados – e não somente os militares – conspiravam contra a democracia e em favor de um golpe de Estado. No final, venceu a direita – e a esquerda, derrotada, desde então passou a se dizer democrata, como escreveu o cientista político Carlos Rangel. (E agora cobra equivalência entre os dois 11 de setembros, como se não tivesse sua parcela de culpa pelo ocorrido, eu diria.)

O golpe do Chile e o massacre de Sabra e Chatila foram episódios, respectivamente, da Guerra Fria e da Guerra Civil Libanesa. Evidentemente, nenhuma das vítimas merecia morrer. Terríveis como foram, com sua cota de vítimas inocentes, não se pode compará-los, contudo, ao 11 de setembro de 2001, quando milhares de pessoas foram trucidadas, sem saber por que, por um inimigo literalmente caído do céu. Pretender minimizar seu impacto, apelando para a lembrança de "outros setembros", é coisa de verdadeiros aleijões morais, de gente sem o menor escrúpulo e sem a menor consciência, que acredita que uma desgraça anula outra - ou pior: que uma justifica outra.

Na verdade, o que incomoda muita gente no 11 de setembro é que não podem dizer, como estão acostumados a fazer, que os EUA foram o lado agressor. É que têm que admitir, contra a vontade, que o grande satã imperialista foi vítima de uma agressão covarde e canalha. Essas pessoas se alimentam do ódio, pura e simplesmente, que sentem por aquilo que muitas delas invejam em segredo. Elas não dizem, e jamais vão admitir um dia, que se regozijaram com as cenas de morte e destruição em Manhattan dez anos atrás. São pessoas como o ex-frade Leonardo Boff, que lamentou – lamentou! – que tivessem sido "apenas" dois aviões os que atingiram o WTC: "quisera que tivessem sido 25"... Enfim, são uns verdadeiros humanistas, pessoas maravilhosas, gente do bem e preocupada com o bem-estar da humanidade.

domingo, setembro 11, 2011

MEU TEXTO SOBRE O 11 DE SETEMBRO

Se, depois deste texto, eu sair à rua e não for linchado por uma multidão de petistas enfurecidos e manifestantes anti-EUA, anti-sistema e anti-tudo, vou me dar por feliz. Mas a verdade é que não posso deixar de escrever o que se segue, por um dever de consciência. Como li outro dia: o segredo de aborrecer é dizer toda a verdade.

Hoje é dia 11 de setembro de 2011. Exatamente dez anos atrás, o mundo assistia a cenas que, já se tornou um clichê repetir, marcaram a História. Dez anos e milhares de mortos e palavras depois, o principal responsável pelos atentados às Torres Gêmeas e ao Pentágono está morto e o mundo, definitivamente, mudou. Muitos acham que para pior.

Discordo dessa conclusão. O mundo não ficou pior. Pelo contrário: pelo menos no item segurança, as melhoras foram consideráveis.

Graças aos EUA, a ameaça representada por grupos como a Al-Qaeda, embora ainda continue a existir, diminuiu bastante. Também graças aos EUA, milhões de afegãos e iraquianos podem, pela primeira vez em mais de 5 mil anos de História, respirar outros ares que não os da opressão mais brutal. Não dá para negar que isso foi uma mudança e tanto. Do mesmo modo, não é porque a consciência do perigo fosse menor antes do 11/09 que a segurança tenha diminuído. Na verdade, ocorreu o contrário.

Não é assim, porém, que entende grande parte do que se convencionou chamar de opinião pública mundial (que nada mais é do que uma invenção da grande imprensa). Se um marciano descesse hoje na Terra, e assistisse a alguns documentários e a reportagens especiais sobre os ataques, ou se lesse a pilha de livros e artigos na grande mídia que saíram sobre o assunto, ficaria com a nítida impressão de que o autor da atrocidade não foi Osama Bin Laden, mas... George W. Bush!

Todos contra Bush

Provavelmente, o marciano deixaria o planeta com a impressão de que o ex-presidente dos EUA, e não o fundamentalismo islamita, é o maior inimigo da humanidade desde o fim do comunismo soviético. Aliás, essa expressão - fundamentalismo islamita - raramente aparece no noticiário. Quando muito, os ataques são mostrados como obra de um bando de fanáticos, que não representariam de maneira alguma, longe disso, a maravilhosa religião islâmica. Em contrapartida, sobram acusações ao "imperialismo" dos EUA etc. Ao mesmo tempo, a reação norte-americana é considerada quase unanimemente como expressão de uma "cultura" - ocidental, cristã e majoritariamente "branca" - intrinsecamente intolerante, da qual Bush seria o maior expoente.

Há pouco, assisti a uma reportagem na Globonews sobre o 11 de setembro. O autor da matéria foi a Crawford, no Texas, onde Bush tem um rancho. Em dado momento, seu guia, um militante anti-republicano, parou em frente ao rancho e abriu uma faixa anti-Bush em que se lia: "O pior presidente da História dos EUA" ou algo assim.

Fiquei um tempo meditando sobre o significado daquilo. Não demorei para chegar à seguinte conclusão: Bush pode ter sido um péssimo presidente dos EUA. Pode até mesmo ter sido o pior presidente da história dos EUA. Mas uma coisa mesmo seus maiores detratores terão de admitir: ele foi o melhor presidente que o Iraque e o Afeganistão já tiveram. Alguém pode negar?

Não é preciso ser bushista ou membro do Tea Party para reconhecer que, como presidente, Bush foi um bom comandante militar. Ele foi um presidente de guerra, e deixou isso bem claro depois do 11 de setembro. Não seria fora de propósito compará-lo, nesse aspecto, a Franklin D. Roosevelt. Assim como Roosevelt, Bush liderou a reação do país depois deste ter sido atacado. Assim como Roosevelt, ele comandou os EUA e parte do mundo contra uma ameaça à democracia. E, assim como Roosevelt, ele derrubou dois ditadores. Mas FDR era do Partido Democrata, amigo e querido do New York Times e da esquerda chique da Costa Leste. Já Bush é um roceiro do Texas, e republicano da gema.

O curioso é que os detratores do Junior não chegaram ainda a um acordo sobre quem ele é. Vale tudo contra Bush, desde chamá-lo de despreparado e de negligente por ter ignorado informes do FBI de que Bin Laden estava planejando atacar os EUA até dizer que saiu da cabeça dele a idéia de derrubar as Torres Gêmeas e atacar o Pentágono para começar uma guerra para tomar o petróleo do Oriente Médio. Os documentários da escola Michael Moore de delinqüência intelectual gostam de focalizar a cara de paisagem de Bush ao ser informado dos ataques, com aquela expressão meio preocupada, meio apalermada num jardim-de-infância na Flórida. Querem com isso transmitir a imagem de um presidente fraco e idiota, que, no momento de maior perigo, não soube o que fazer. Ao mesmo tempo, antes mesmo das torres virem abaixo, teorias da conspiração pululavam na internet acusando - adivinhem só! - o governo Bush de ter planejado os ataques como um pretexto para iniciar uma guerra ao Islã e tomar os poços de petróleo do Oriente Médio...

(Da minha parte, se o motivo da guerra foi o petróleo, espero sinceramente que as multinacionais americanas ganhem muito dinheiro explorando as reservas do Iraque. Desejo que lucrem bastante, e que tragam benefícios para o país, ajudando a reconstruir sua infra-estrutura abalada por décadas de descalabro totalitário. O petróleo iraquiano está melhor nas mãos dos americanos do que nas de Saddam Hussein. Parece, porém, que isso vai demorar um pouco para acontecer - as empresas petrolíferas americanas só tiveram, até agora, prejuízo com a invasão do Iraque, e muitas foram mesmo contra a derrubada de Saddam.)

Tamanha era a raiva dos esquerdinhas contra o Bush Junior que muitos nem se deram conta da contradição em que acabaram caindo. Numa hora, Bush era apresentado como um boboca e inepto que ignorou relatórios de segurança e foi incapaz de defender seu país na hora mais necessária; noutra, era mostrado como um gênio maquiavélico, o mentor do maior ataque terrorista da História. Até hoje não sei se ele era um despreparado ou se foi ele, Bush, quem ordenou os ataques...

Tendo ficado claro, com a confissão de Bin Ladin, que foi ele, e não a CIA ou o Mossad israelense, quem planejou e executou os atentados, os devotos da seita antiamericana tiveram de buscar outra forma de acusar a vítima. Julgaram ter encontrado o argumento perfeito na idéia (essencialmente imoral) de que os EUA estavam, com os ataques,"colhendo o que plantaram", haja vista que Bin Laden tinha lutado contra os soviéticos no Afeganistão durante os anos 80. Esqueceram apenas de dizer que ele não foi o único: muitos outros guerrilheiros mujahedin que combateram o exército vermelho nas montanhas afegãs receberam dinheiro, armas e treinamento da CIA, e nem por isso se tornaram jihadistas e saíram atirando aviões contra prédios por aí.

Iraque: uma guerra necessária

Existe, claro, a guerra no Iraque. Aqui é que se abriu a verdadeira frente de batalha contra Bush. Os EUA invadiram o Iraque atrás das armas de destruição em massa que o país possuiria e porque Saddam Hussein patrocinava o terrorismo. Nenhum desses motivos, argumentam os críticos da guerra, mostrou-se verdadeiro. Tudo não teria passado, assim, de uma loucura, uma aventura dos neoconservadores que fizeram a cabeça do Bush.

Vamos devagar com o andor. Em primeiro lugar, quanto as armas de destruição em massa, vamos admitir que Bush mentiu ao dizer que sabia que o Iraque as tinha. Nesse caso, será forçoso reconhecer que os que se opuseram à guerra também mentiram, ao dizer que sabiam que Saddam não tinha as tais armas proibidas. Na verdade, ninguém sabia. E isso porque Saddam contava com o medo de que elas existissem, usando-o como instrumento de chantagem.

Na realidade, o que houve até março de 2003 foi o desfecho de um jogo perigoso, que durou mais de uma década, e no qual o ditador iraquiano brincou de gato-e-rato com a comunidade internacional, negando que tinha as tais armas, ao mesmo tempo em que impedia os inspetores da AIEA de fiscalizarem seus arsenais. De 1990 a 2003, foram 17 resoluções da ONU descumpridas sistematicamente pelo tirano de Bagdá, que comandava, portanto, um regime fora-da-lei. Mais do que isso: um regime que já utilizara armas químicas contra sua própria população (no caso, gás mostarda, usado para matar 5 mil curdos em 1988). Era, portanto, um tirano assassino que ameaçava o mundo e escarnecia do Direito e da ONU - mesma ONU que se recusou a levar adiante a intervenção no Iraque, com base, ironicamente, no "respeito à lei internacional". Saddam contava com a tática do medo para manter o mundo paralisado e garantir sua própria sobrevivência. Para seu azar, ele teve pela frente um presidente dos EUA que não aceitou mais fazer esse joguinho. Saddam e Bush se encararam para ver quem piscava primeiro. Bush não piscou. Saddam caiu.

Suponhamos que Saddam tivesse as tais armas proibidas e as usasse contra as forças invasoras. Nesse caso, ninguém poderia dizer que Bush não teve razão ao ordenar a intervenção, e ficaria claro que os inspetores da AIEA tinham sido feitos de tolos. Felizmente, isso não aconteceu, pois o resultado seria milhares ou milhões de mortes. Em vez disso, foi revelado que as armas eram um blefe de Saddam. E o mundo se livrou de um tirano que o chantageava.

A outra justificativa para intervir no Iraque - o apoio de Saddam ao terrorismo - também está longe de ter sido uma fantasia. É certo que Saddam Hussein não tinha relação com a Al-Qaeda, assim como Kadafi e Kim Jong-il também não tinham. Mas é um fato irrefutável que o regime iraquiano do partido Baath (o mesmo que governa a Síria do carrasco Bashar al-Assad) patrocinava diversos grupos terroristas palestinos, como o de Abu Nidal, simplesmente o terrorista mais procurado do mundo nos anos 80. Até pouco antes de cair, Saddam distribuía pacotes de dinheiro à família de cada homem-bomba palestino morto em ação, como uma forma de encorajar mais atentados.

Na esteira da guerra ao terrorismo islamita deflagrada após os atentados de 11 de setembro, permitir que um regime como o de Saddam Hussein sobrevivesse era mais que uma temeridade: era uma demonstração inaceitável de fraqueza. Derrubá-lo e instalar a democracia em Bagdá, além de um dever moral, era uma necessidade militar e psicológica. Uma questão de segurança. Algo necessário, enfim.

Na falta de algo mais consistente a favor da permanência do statu quo ante, sobra o argumento econômico. A guerra, além de "inútil" e "ilegal" (como se manter ditadores no poder, e não derrubá-los, fosse a coisa legal a fazer) custou uma fortuna etc. e tal. Estou curioso para saber a opinião de um iraquiano, que pela primeira vez na História pode falar o que quer sem o medo de ser preso, torturado e morto, sobre esse tipo de argumento dos pacifistas. Gostaria de saber o que ele pensa do fato de que derrubar Saddam Hussein foi um erro, pois afinal custou muito caro...

Aliás, é curioso: se os EUA só tiveram prejuízo com a guerra no Iraque, por que diabos a fizeram? Afinal, tudo não teria sido apenas um pretexto para lucrar com a exploração do petróleo etc.? Parece que esses americanos não são tão maus quanto dizem. Tanto que, vejam só, eles aceitam até perder dinheiro para livrar o mundo de um bandidão como Saddam Hussein...

"Ah mas eles foram aliados um dia; Washington inclusive apoiou o regime iraquiano na guerra Irã-Iraque" etc. Sim, e as democracias ocidentais se aliaram a Stálin durante a Segunda Guerra Mundial. Próximo!

Mentes colonizadas

Toda a gritaria contra a "guerra do Bush", na realidade, não passa de uma cortina de fumaça, de mero pretexto para atacar os EUA. Conforme já escrevi aqui várias vezes, a pátria de Jefferson e de Lincoln estará sempre na berlinda, não importa o que faça ou deixe de fazer - antes, era por apoiar ditaduras, como as da América Latina; hoje, é por as derrubar. Os que se opuseram à derrubada de Saddam são os mesmos que condenaram a derrubada do Taliban no Afeganistão. São os noams chomskys e os freis bettos da vida, aqueles que se regozijaram, em público ou intimamente, pelos ataques ao coração da democracia e que vivem de odiar os EUA e Israel. Desonestos até a medula, usam e abusam de imagens de crianças feridas e de fotos de prisioneiros torturados para denunciar a guerra "ilegal" e "imoral", quando defendem regimes que massacram civis inocentes e torturam até a morte prisioneiros políticos. Lobos em pele de cordeiro, estão se lixando para os direitos humanos.

"Mas, se os EUA estão mesmo interessados em democracia, por que não derrubam os regimes da Arábia Saudita ou do Paquistão?", é a pergunta, feita com ar meio cândido, meio malandro, pelo antiamericano de plantão. Há várias razões, mas vou me concentrar apenas nas mais óbvias: A Arábia Saudita é uma monarquia teocrática fundamentalista, mas, ao contrário do Iraque de Saddam Hussein, não chantageia o mundo com a carta das armas de destruição em massa, nem se dedica a patrocinar ataques terroristas contra os EUA (pelo contrário, Bin Laden, que era cidadão saudita, foi condenado à morte no país). O Paquistão, uma ditadura corrupta, é um balaio de gatos que sempre fez jogo duplo, oficialmente aliado dos EUA mas secretamente aliado do Talibã, com militares ligados ao terrorismo islamita (tanto que foi lá que Bin laden foi morto). Além do mais, o país possui armas nucleares, o que desencoraja qualquer intervenção. De qualquer maneira, são, pelo menos formalmente, aliados na luta contra o terrorismo islamita, e, exatamente por isso, existe a esperança de que venham um dia a ser estados seculares e democráticos. O mesmo não podia ser dito do Afeganistão sob o Talibã e do Iraque sob Saddam Hussein.

O que está aí em cima dá bem uma idéia de por quê, ou por quem, Bush é (até hoje) tão odiado e os EUA (desde sempre), tão vilipendiados. Afinal, Bush derrubou duas das piores ditaduras de todos os tempos - uma das quais, ex-aliada da URSS, cuja morte tantos orfãos ainda choram. Pior que isso: ele usou da força para combater os terroristas, quando os bem-pensantes da esquerda bocó prefeririam que ele os chamasse para beber uma cerveja. Mas o pior de tudo, o maior dos crimes de Bush, na opinião dessa gente, é o seguinte: ele é cristão, e fervoroso. Isso não, os militantes politicamente corretos não podem perdoar! Onde é que já se viu, um presidente dos EUA que reza? Só se for no Irã: aí sim, isso é algo correto e aceitável. (E quem disser que não, é um agente da dominação imperialista...)

Outra coisa que os esquerdinhas não conseguem nem vão conseguir um dia engolir: foi o cowboy simplório do Texas, com QI 81, e não algum intelectual refinado da Nova Inglaterra, como Kennedy, ou um produto de marketing multirracial e politicamente correto, como Barack Obama, quem fez o que ele fez na arena internacional. Aliás, Bush pode até ser um caipira abobalhado e idiota, mas tanto fez na área de seguranca que Obama, o queridinho da esquerda, segue seus passos... (E nem dá para usar o argumento do sujeito ignorante que violenta o idioma em seus discursos. Afinal, disso nós, brasileiros, entendemos bastante.)

Em resumo, em 11/09/2001 os EUA foram vítimas de uma agressão covarde e terrível, não-provocada, por parte de um inimigo que não respeita nenhuma noção de humanidade. E, desde então, reagiram valentemente, a fim de tornar o mundo mais seguro e livre, na medida do possível, de tiranos e terroristas. Graças à ação enérgica e desassombrada de Bush, Condoleeza Rice e Donald Rumsfeld, a humanidade não tem mais que conviver com tipos como Bin Laden e Saddam Hussein. Pela primeira vez em milênios, os afegãos e iraquianos têm a chance de conhecer a democracia. Somente esse motivo já justifica a intervenção. (E antes que alguém lembre de Abu Ghraib, seria interessante fazer um exercício de memória e recordar como era a prisão na época de Saddam. Posso garantir que é mais uma razão para louvar a mudança de regime.)

É... pensando bem, os esquerdiotas de lá e de cá têm razão em dizer que o governo Bush foi o pior da História. Afinal, a discurseira ideológica antiamericana e pró-terrorista é incompativel com a defesa intransigente de valores democráticos. O problema é que muita gente, por preguiça mental e mimetismo, transformou-se em um exército de autômatos, repetindo sem pensar esse discurso vigarista. Isso, sim, é ser uma mente colonizada.

sábado, maio 14, 2011

O DIREITO EXISTE PARA FAZER JUSTIÇA, NÃO PARA PROTEGER CRIMINOSOS CONTRA A HUMANIDADE



O título acima deveria ser óbvio. Mas nos últimos tempos as coisas andam tão esquisitas que até o óbvio tornou-se subversivo. É preciso repetir sempre para que todos entendam.

Quando vejo as viúvas de Bin Laden, reais e metafóricas, choramingando que a morte do megaterrorista foi uma “violação do Direito Internacional”, pergunto para mim mesmo: os companheiros são cínicos ou simplesmente idiotas?

A operação militar que resultou na eliminação do autor da barbaridade de 11 de setembro de 2001 foi uma ação de guerra. Bin Laden, e todos os que estavam com ele no prédio-fortaleza em Abottabad, era um alvo militar legítimo. Não há o que discutir. Ponto.

É assombrosa a quantidade de besteira que tenho lido na internet sobre a suposta ilegalidade da operação norte-americana.

Atacam os EUA por não terem avisado o governo do Paquistão, o que seria um desrespeito ao Direito Internacional. Ninguém lembrou que abrigar terroristas como Bin Laden – ele estava há cinco anos numa mansão na zona mais vigiada do Paquistão, ao lado da principal Academia Militar do país, e ninguém sabia? – é mandar o Direito Internacional (e qualquer noção de decência e de humanidade) para a lata de lixo.

Citar o Direito Internacional e a Declaração Universal dos Direitos do Homem para condenar a ação norte-americana que livrou o mundo de Bin Laden é uma obscenidade. Parece que muitos esqueceram que esses instrumentos surgiram para defender a humanidade de criminosos como Bin Laden, não para protegê-los.

Dois exemplos, um deles bem recente, encaixam-se perfeitamente no caso de Bin Laden:


• Em 1960, um comando israelense sequestrou em Buenos Aires o criminoso de guerra nazista Adolf Eichman, que lá vivia havia anos, levando-o para Jerusalém, onde foi julgado, condenado à morte e enforcado. Legalmente, a operação poderia ser caracterizada como uma violação da soberania da Argentina, já que foi realizada sem o conhecimento das autoridades locais (Eichman havia inclusive se naturalizado cidadão argentino). Eichmam foi um dos assassinos em massa mais frios de todos os tempos, responsável por milhares de mortes de judeus em campos de extermínio nas áreas ocupadas pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Quem violou o Direito Internacional: os israelenses, que o capturaram, ou o governo argentino de então, que dava abrigo e proteção a criminosos nazistas?


• Em março de 2008, um bombardeio do Exército colombiano matou vários membros das FARC, a narcoguerrilha comunista que atua há anos na Colômbia. Entre eles, o número dois da organização, Raúl Reyes. O bombardeio aconteceu em um acampamento das FARC localizado em território do Equador, cujo governo imediatamente reclamou de violação de sua soberania. Quem cometeu um atentado ao Direito Internacional: o governo da Colômbia, que eliminou Reyes, ou o governo do Equador, que, revelou-se então, abriga e protege narcoterroristas?


Se dependesse dos humanistas e legalistas da esquerda liberticida e americanófoba, Bin Laden ainda estaria vivo, solto e planejando ataques. Esses senhores não dão a mínima para os milhares de civis mortos em atentados terroristas pela Al Qaeda. Querem apenas um pretexto para atacar o “império”.


Mesmo com Barack Hussein Obama na presidência dos EUA, os esquerdopatas não podem dizer abertamente que morreu um aliado deles, e inventam desculpas jurídicas. Perfeitos fariseus, acham que caçar e eliminar terroristas e genocidas é ilegal, mas abrigá-los, não. Para eles, Adolf Eichman, Raúl Reyes e Osama Bin Laden são vitimas.


Para a parte da humanidade que presta, eles tiveram o que mereceram. O Direito existe para fazer Justiça. E a Justiça foi feita. Por isso não se conformam.

quinta-feira, maio 12, 2011

EU, A VERGONHA DA PÁTRIA

Se tem uma coisa que aprendi há tempos, e que a cada dia se reforça, é que nunca se deve subestimar a capacidade dos antiamericanos de achar sempre maneiras novas de odiar os EUA.

Por mais que o país faça, ou não faça, dá na mesma: o ódio continua, independentemente dos fatos.

Bastou o terrorista Osama Bin laden ter sido despachado para os quintos dos infernos pelos Navy Seals no Paquistão e a patota esquerdopata começou a berrar que a morte do terrorista foi “ilegal” e que ele deveria ter sido preso etc (como se ele não estivesse em guerra...).

Com a mesma tenacidade (eu ia dizendo: burrice) com que negam o fato de que não havia outro jeito de se livrar de Bin Laden (ei, é uma guerra, perceberam?), insistem em defender o demiurgo Barack Hussein Obama, que deu a ordem de mandar bala no terrorista (já desisti de tentar entender esse pessoal).

Vejam o que um desses valentes anônimos me mandou:

É bom que se diga que Obama provou sua nacionalidade, acredito que você ainda não a tenha por certa, e se una ao coro de Donald e Sara Pallin, em uma infundada questão como se nos EUA não houvessem [sic] negros, Jesse Jackson era de onde mesmo ???

Sério? Obama “provou” sua nacionalidade? Melhor: ele “provou” que é um natural born citizen, como manda a Constituição dos EUA?

Até agora, tudo que ele mostrou foi um documento – escondido por quase quatro anos! – que, supondo que seja verdadeiro (tudo é duvidoso em se tratando de Obama), atestaria que ele nasceu no Havaí. O mesmo documento, porém, deixa claro que o pai dele, como não era segredo para ninguém, era queniano e jamais se naturalizou norte-americano. Logo, pelo critério do natural born citizen, Obama tem tanto direito a ser presidente dos EUA quanto eu. O que estão vendendo como ponto final é, na verdade, o começo da encrenca.

Engraçado como houve até uma celeuma no início da campanha presidencial em 2008 com relação à nacionalidade do John McCain, porque ele nasceu no Panamá (o pai dele era comandante militar na Zona do Canal), o que o levou a mostrar o documento que prova que ele é, sim, cidadão natural norte-americano (e provou isso no Vietnã, como todos sabem). Já pedir que Obama faça o mesmo é "racismo" e maluquice. Por que será?

Outra coisa: o que tem a ver ser negro com ser ou não ser americano? Confesso que essa eu não entendi.

Obama representa a mudança na historia, representa um mundo plural e igualitário ; representa o fim da linha de " globalizantes e globalizados ".

Que bonitinho! Juro que, ao ler essas palavras, quase chorei. Obama, a “mudanca”, Obama, o “mundo plural e igualitário”... Só faltou dizer que o homem cura unha encravada e espinhela caída. Isso só não vale na hora de matar terroristas como Bin Laden, né? Aí o que conta mesmo é a tática do velho Bush.

Pelo menos numa coisa eu concordo com o autor da frase acima. Obama realmente "representa a mudança" etc. Aliás, como ele representa! O sujeito é mesmo um ator. Merece o Oscar!

Só um adendo: nem toda “mudança” é boa. Hitler era a mudança na Alemanha, assim como Fidel Castro era a mudança em Cuba e Hugo Chávez é a mudança na Venezuela. Às vezes é melhor conservar do que mudar.

Do mesmo modo, nem sempre um “mundo plural e igualitário” é sinônimo, necessariamente, de um mundo melhor. Um mundo em que ditaduras como as da Líbia e a da Síria tenham o mesmo peso e a mesma influência dos EUA ou do Canadá é um mundo melhor?

Bush iniciou esta guerra sem no entanto concluí-a, Bush com sua sede de petroleo invadiu o Iraque atrás de " armas químicas" que não encontrou. E por fim a maior das farsas, as familias Bush e Bin Laden são amigas a [sic] decadas, isso ja foi documentado por Michael Moore.

Duas coisas: 1) não foi Bush quem começou a guerra ao terrorismo islamita: foi a Al-Qaeda; e 2) Franklin Roosevelt também não viu o fim da II Guerra.

Ah, entendi! Bush invadiu o Iraque por causa da “sede de petróleo”... É mesmo? Digamos que tenha sido. Em que isso muda o fato de que hoje os iraquianos têm algo que parece uma democracia, algo inédito em 5 mil anos de história, enquanto na época de Saddam o que tinham era chicote?

"E as armas de destruição em massa?" etc. Já falei bastante sobre isso, mas vamos lá, de novo: Saddam se comportava como se as tivesse, e já as havia utilizado contra seu próprio povo antes. Quem sabe o melhor seria esperar que ele as usasse... (não, obrigado).

Agora, vejam só a “maior das farsas”, segundo o bravo que escreveu o comentário.

Estão prontos para ficarem escandalizados?

Atenção, tirem as crianças da sala, porque a coisa é mesmo forte!

Estão preparados? Então lá vai: a família Bush é amiga da família Bin Laden!

Claro, isso torna o Bush automaticamente co-autor dos atentados de 11 de setembro, não é mesmo? Lógico!

Além do mais – atenção para o detalhe – isso foi “documentado por Michael Moore”!

Desculpem, mas aqui não dá para evitar a risada: hahahahahahaha!

Se eu fosse bushista, como provavelmente o idiota acima acha que sou, não faria melhor para desmoralizar os bobalhões esquerdopatas. Escolheria para desmoralizá-los o "argumento" de que os Bush e os Bin Laden são amigos (a familia Bin Laden já havia renegado o terrorista há décadas, mas isso não tem importância para os teóricos da conspiração). Para coroar, eu apresentaria como modelo de autoridade jornalistica o balofo e delinquente intelectual Michael Moore. Esse pessoal não aprende mesmo.

Bush teve uma reeleição fraudulenta, ou você se esqueceu que ele também não foi eleito, AL Goore renunciou uma contagem de votos tão estranha que colocou em duvida todo o processo eleitoral.

Suponho que o leitor esteja falando da primeira eleição de Bush (em 2000) e não da reeleição, em 2004... Mas vamos lá: a primeira eleição foi tão fraudulenta que foi decidida pela Suprema Corte americana, o que só a torna fraudulenta na cabeça dos esquerdiotas. O problema foi o sistema de contagem eleitoral, como todos sabem. Al Gore não renunciou: reconheceu a derrota. Em que esse pessoal se baseia para dizer tanta asneira?

Já Obama foi eleito, e ninguém contesta a legitimidade de sua eleição. O que está em jogo é seu direito constitucional de ser presidente dos EUA. Em outras palavras, se ele é ou não um natural born citizen, como manda a Constituição. Até agora, há mais sombras do que luzes nessa questão.

O leitor é mesmo um sábio, pois em seguida escreveu o seguinte:

Mas para você isso tudo não tem importância, afinal você é um personagem.
Mais uma vez respeito que alguém assim representando meu país é uma vergonha para a diplomacia


Ele quis dizer "repito", e não "respeito", mas tudo bem. É... Realmente, sou um personagem, alem de ser uma vergonha para a diplomacia brasileira. Afinal, vejam que coisa, eu me atrevo a perguntar quem é Barack Hussein Obama! Pior: eu aplaudo a morte de um terrorista que matou milhares de pessoas!

Certamente se, em vez disso, eu resolvesse bajular ditadores e comparasse presos políticos a bandidos eu seria motivo de orgulho para a pátria. Talvez eu ganhasse até uma medalha.

Acho que o mesmo leitor despejou, em outro post, a seguinte pérola de sabedoria:

É uma vergonha alguém que trabalha no Itamaraty com uma cabeça como a sua, é uma vergonha para o país.

Sério: quando criei este blog, eu não era tão anti-esquerdista. Fiquei assim graças a comentários cretinos como o que está aí em cima.

quarta-feira, maio 11, 2011

UMA PERGUNTA INCÔMODA



Estou há dias matutando, atormentado por uma pergunta que não pára de me incomodar. É o seguinte:

POR QUE BARACK OBAMA ESTÁ SENDO LOUVADO COMO HERÓI POR TER MATADO BIN LADEN, JÁ QUE A MORTE DELE FOI, COMO DIZEM, ILEGAL, E GEORGE W. BUSH É ATÉ HOJE EXECRADO COMO UM BANDIDO, POR TER INVADIDO O IRAQUE E DERRUBADO SADDAM HUSSEIN, O QUE FOI TAMBÉM, DIZEM, ILEGAL?

Alguém teria uma resposta? (Nem precisa lembrar: só respostas inteligentes, por favor.)

AS VIÚVAS DO BIN LADEN. OU: MATAR TERRORISTAS NÃO PODE, MAS ABRIGAR TERRORISTAS PODE... OU: O DIREITO INTERNACIONAL A SERVIÇO DO TERROR

Ai, ai... Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde (confesso que acreditei que seria mais tarde) ia aparecer alguma viúva do Bin Laden chorando a morte de seu herói neste blog. A última dessa turma é reclamar que a operação que levou o saudita a pregar a jihad junto ao capiroto foi ilegal etc. e tal. Um anônimo fez mais, e encasquetou que, ao defender que os EUA fizeram muito bem em meter uma bala no cocoruto do terrorista, eu estaria sendo "incoerente". Ele quer brincar. Eu, claro, também.

Cara, você é realmente incoerente com suas afirmações. Primeiro vem igual uma freira carola falar que Obama desrespeita a constituição americana por não poder ser legalmente presidente. Ao mesmo tempo joga no lixo o Direito Internacional e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Primeiro: Freira carola (SIC - existe freira que não seja carola?) é o escambau! Obama precisa provar ainda que é um natural born citizen, e que tem, portanto, o direito legal a ser presidente dos EUA. Ou então a Constituição dos EUA - e todas as instituições da maior potência do planeta - não valem um dólar furado.

Segundo: o Direito Internacional estabelece que abrigar terroristas é crime. Bin Laden morava há cinco anos numa mansão numa das regiões mais vigiadas do Paquistão, a poucos quilômetros da maior Academia Militar do país. Alguém que não deseja passar por tolo sinceramente acredita que ele não teve a ajuda do governo local nesses anos todos?

Terceiro: A Declaração Universal dos Direitos Humanos condena o terrorismo. Preciso dizer mais alguma coisa?

Vejam só como sou incoerente: quero que Obama cumpra a Constituição de seu país, provando ter sido legal sua eleição para a presidência, e me regozijo com a morte de um terrorista. Talvez se eu fizesse o inverso eu fosse um legalista... Que tal?

É óbvio que nenhum terrorista respeita isso, afinal, são seres que nada respeitam. Mas defender que países respeitados internacionalmente, como os EUA e que são signatários e defensores abertos dos Direitos Humanos, é um contra senso.

Há uma coisa que terroristas como Bin Laden respeitam, além do Corão: gente que usa o Direito Internacional e a Declaração Universal dos Direitos Humanos como escudos para protegê-los da Justiça. Se comparam casos como o dele à polêmica do birth certificate do Obama, aí é que morrem de amores mesmo. O respeito vira paixão... Terroristas adoram gente sem senso de proporção e significado.

Você realmente acha que é correto os EUA agir [sic] sem respeitar o Direito e a Lei que defendem porque o alvo (terroristas) não respeita nenhuma lei?

Não, não acho. Apenas acredito que a Lei está a serviço da humanidade, e não o contrário. Até onde sei, não existe nada no Direito Internacional que determine que um país que está há dez anos caçando o terrorista mais procurado do mundo deve avisar, antes de lançar uma operação para matá-lo, os membros do governo que abriga esse terrorista. Nenhuma Lei, ao que eu saiba, obriga alguém a ser idiota (bom, no Brasil estão quase conseguindo...).

Aliás, faço questão de dizer: nesse caso do Bin Laden, foi cometida, sim, uma grave violação do Direito Internacional. Grave não: gravíssima. Quem a cometeu? O PAQUISTÃO! (os motivos estão aí em cima).

Parêntese: o curioso (ou nem tanto) é que um dos primeiros a levantar a questão da suposta ilegalidade da morte do Bin Laden foi um grande defensor dos direitos humanos e da legalidade: Hugo Chávez. Precisa comentar?

(Por falar em Chávez, ele tem motivos pessoais para estar preocupado. Que o digam seus amigos das FARC, que recebem armas e abrigo do governo venezulano. Mas Chávez, como o leitor que escreveu o comentário, é um legalista, não é mesmo?)

Agora, francamente: quem defende com tanto vigor o Direito Internacional no caso de Bin Laden tem o dever de dizer como os EUA, ou quem mais o seja, chegariam até o terrorista se não fosse do jeito que foi. Tem a obrigação, enfim, de apresentar um plano detalhado para apanhar o terrorista e fazer justiça.

Aguardo esse plano ansiosamente. Eu e todos os governos do mundo civilizado.

---

P.S.: Mal terminei de escrever este post, alguém cometeu o seguinte comentário sobre meu último texto. Transcrevo a parte que é possível ler:

Mas uma nação como os EUA que pregam tanto a democracia, agir desta maneira é se igualar aos terrorista islâmicos, usar tortura e matar dois homens desarmados foi no mínimo se igualar aos homens bomba que matam inocentes sim.


Pois é. Primeiro, a morte de Bin Laden foi ilegal. Agora, Bin Laden e os EUA nivelados... Precisa dizer mais alguma coisa?

A MAIS NOVA “CAUSA NOBRE” DOS ÓRFÃOS DE BIN LADEN

Ah as viúvas de Bin Laden... Acabaram de descobrir uma nova causa nobre para a qual se dedicar. Não se conformam que o megaterrorista Osama Bin Laden esteja agora junto a Alá. Precisam porque precisam de alguma coisa para continuar a atacar o “império”... Mais que isso: afirmam, como o senador Eduardo Suplicy, que a morte do assassino que não dava a mínima para o direito internacional foi uma violação do direito internacional etc.

Um desses humanistas retroativos postou um comentário sobre meu último texto, O LAMENTO DAS VIÚVAS DO TERRORISTA. Eis o que ele escreveu. Respondo a seguir.

Caro, mesmo sendo Bin Laden um terrível terrorista, o direito internacional deve ser respeitado!

Concordo plenamente. Sobretudo em tempo de guerra a um inimigo solerte, que não respeita qualquer regra ou convenção internacional. Seria interessante lidar com fanáticos assassinos que cultuam a morte (principalmente dos outros) de modo a não ferir o “direito internacional”, tal como o coloca o leitor... Só não sei se seria o meio mais seguro.

Por falar nisso, ao que me consta, abrigar terroristas também é uma violação da lei internacional, não é?

1) Os EUA declararam abertamente que se utilizaram de tortura para achar Bin Laden.

Não me diga! Então a morte do Osama foi ilegal porque, para chegar até ele, alguns militares norte-americanos brincaram de waterboarding com algum prisioneiro? "Olha aqui, vocês não podem ir lá pegar o Bin Laden porque fulano confessou sob pressão"...Talvez o autor do comentário tenha uma sugestão melhor de método de interrogatório. A propósito, citem o nome de algum terrorista preso em Guantánamo que tenha morrido por causa do waterboarding.

2) Bin Laden foi morto desarmado.

O governo Obama divulgou versões diferentes de como Bin Laden foi morto (já pensaram se tivesse sido o Bush? deixa pra lá...). Numa delas, Obama está com um fuzil AK-47 ao alcance da mão. Mesmo que estivesse desarmado, porém, os Navy Seals já tinham sido recebidos a tiros no prédio. O que deveriam fazer? Ler-lhe a Declaração Universal dos Direitos do Homem? (By the way, suponho que matar Hitler desarmado seria também um ato ilegal, não?)

3) O Paquistão, sendo um país reconhecido pelos EUA, deveria ter sua soberania respeitada. A invasão é ILEGAL!

Concordo em gênero, número e grau que se deve respeitar a soberania do Paquistão, como a de qualquer outro país. E a maior agressão que um país pode sofrer à sua soberania é permitir que terroristas se abriguem em seu território, com o apoio, ao que tudo indica, de funcionários do governo. Foi por causa disso que o Talibã foi enxotado do poder no Afeganistão.

4) A invasão do Paquistão sem o devido aviso é digna de uma declaração de guerra. Imagine se fosse o contrário? Caso o Paquistão invadisse os EUA, a resposta imediata destes seria, no mínimo, um bombardeio.

É mesmo, invadir o Paquistão para matar Bin Laden equivaleu a uma declaração de guerra dos EUA etc. Por que o governo paquistanês não declara guerra a Washington? Tenho um palpite: Osama estava no país há anos sem ser incomodado, praticamente ao lado de um quartel do Exército... Eu me surpreendo que os EUA não tenham declarado guerra ao Paquistão.

Respondendo a pergunta retórica: o que eu faria se o Paquistão, ou qualquer outro país, “invadisse” os EUA, em busca de um terrorista procurado, que se encontraria abrigado em solo americano, protegido e acobertado pelo governo americano? Eu aplaudiria! Claro! Agora, diga-me o nome de algum terrorista procurado abrigado em solo americano, protegido e acobertado pelo governo.

Toda essa lenga-lenga sobre soberania e direito internacional serve apenas para dar um verniz jurídico ao lamento das viúvas do terrorista islamita. Como já disse antes, tudo isso não passa de pretexto. Caso a operação que matou Osama tivesse sido planejada conjuntamente com o Paquistão, ou que ele tivesse sido preso, os inimigos dos EUA e da Liberdade iriam chiar do mesmo jeito (lembram da chadeira por causa do julgamento do Saddam Hussein no Iraque?).

Para finalizar, vou lembrar outro fato: em 1976, um comando israelense voou secretamente até o aeroporto de Entebbe, Uganda, onde resgatou um grupo de civis israelenses que estavam sendo mantidos como reféns por terroristas palestinos. O comando matou os sequestradores e os soldados ugandenses que guardavam o local. Pelas regras do direito internacional, a operação foi uma violação da soberania de Uganda, portanto ilegal. O que os reféns libertados achariam dessa interpretação?

Também sou a favor do direito e do justo, como sou a favor de todas as coisas boas, puras e belas que existem no mundo. Por isso gostaria muito que me dissessem que outro caminho havia para livrar o mundo de Bin Laden. Querem defender o terrorismo? Então o façam abertamente, sem apelar para desculpas jurídicas.

terça-feira, maio 10, 2011

O LAMENTO DAS VIÚVAS DO TERRORISTA

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) está preocupado. Humanista sensível, incansável defensor das causas sociais, em especial dos direitos humanos, o parlamentar-cantor da cueca vermelha achou muito feio o que os EUA fizeram, ao mandarem para o Além o megaterrorista Osama Bin Laden. Acredita que os Navy Seals norte-americanos (ele diria “estadunidenses”) não tinham nada que descer de helicóptero na casa-fortaleza de Bin Laden e despachá-lo a tiros. Nisso, conta com o apoio de outros companheiros da Casa do Espanto, como o ex-cara-pintada e atual cara-de-pau Lindbergh Farias (PT-RJ) e o “sábio” Cristóvam Buarque (PDT-DF), que acham a mesma coisa. (Cristóvam, aliás, parece que está meio decepcionado com Obama: onde já se viu, caçar e matar terroristas? Isso era para o Bush...)

Quando Eduardo suplicy fica preocupado, eu também fico. Mas não, necessariamente, pelos mesmos motivos. "Foi uma violação da soberania do Paquistão", disparou o senador-Mogadon, naquele seu jeito Suplicy de ser, talvez se esquecendo que o terrorismo não reconhece fronteiras, e que um país que abriga terroristas – Bin Laden estava há anos em seu cafofo no Paquistão e ninguém de lá sabia? – está, automaticamente, sujeito a raids do tipo. Talvez se os EUA avisassem os militares paquistaneses, sugere Suplicy, a operação poderia ser considerada legal. É, pode ser. E o risco de Bin Laden escapar seria muitíssmo maior. Vamos trocar a morte de Bin Laden pelas boas relações com um governo que o homizia?, devem ter perguntado as autoridades norte-americanas. Tenho uma sugestão: por que, na próxima vez, não chamar o senador Suplicy? Certamente ele convenceria Bin Laden a se entregar. Bastaria cantar, para ele, Blowin' in the Wind. Eu também me renderia.

"Ele deveria ter sido preso e julgado", choramingou o pai do Supla. É, deveria. Mas tem um pequeno detalhe aí: depois de prendê-lo, onde ele ficaria custodiado? Em Guantánamo? (mas a prisão não é ilegal, como afirmam os inimigos do "império"?). Na Arábia Saudita, onde já o esperava uma condenação à morte? Em Haia, cujo Tribunal Penal Internacional é motivo de controvérsia? Ou, quem sabe, na Papuda, em Brasília? Suplicy deve saber. Lindbergh também. Cristóvam idem. "Mas e os criminosos nazistas, como Goering e Hess, não foram julgados em Nuremberg?", perguntam os que se esquecem que Goering e Hess se renderam às tropas aliadas, encarando o julgamento que veio depois.

Todo esse chororô sobre Bin Laden, um dos maiores assassinos da História, que estava se lixando para soberania e direitos humanos, só é possível porque Eduardo Suplicy é possível. Desde 2001, os EUA estão em guerra. E, numa guerra, o inimigo é morto. Ao decretar guerra ao povo americano – ao mundo civilizado, na verdade –, tendo sido responsável por milhares de mortes de civis inocentes, Bin Laden tornou-se um alvo militar legíitimo. Não era um batedor de carteiras.

Pelo visto, as palavras "guerra" e "terrorismo" são completamente desconhecidas para Suplicy, o senador das boas causas. Também pudera. Humanista que é, ele já demonstrou seu amor pela legalidade e pelos direitos humanos ao posar para fotos na cadeia ao lado do terrorista italiano Cesare Battisti, promovido a refugiado político por Tarso Genro. Não me causa surpresa vê-lo agora chorar a morte de Bin Laden, cobrando para ele o mesmo tratamento que ele negou a suas vítimas. Tampouco me surpreenderia se o visse visitando seu novo amigo Osama em alguma prisão, se ele tivesse sido preso, posando para fotos, todo sorrisos, ao lado do chefe da Al-Qaeda. Aliás, nada que vier de Suplicy me surpreende.

Informa a imprensa que, ao livrar o mundo de sua presença, Obama deixou três viúvas. Esqueceram-se de suas três viúvas brasileras do Congresso Nacional. Pelo menos uma delas,
Eduardo Suplicy, tem razões particulares para lamentar a morte de Bin Laden. Afinal, ele perdeu a oportunidade de defender mais uma causa nobre.

P.S.: Já tinha terminado de escrever o post acima quando me deparei com o comentário abaixo, assinado por um certo Zé, um sujeito que, além de tudo, é meio distraído. Certos comentários dispensam comentários. Vejam e se espantem.

Engraçado você falar que o ato do STF para benefício dos gays foi inconstitucional, mas nada falar sobre a morte de Bin Laden, onde os EUA claramente desrespeitaram em mais de um ponto a "Declaração Universal dos Direitos Humanos", a qual os próprios EUA são signatarios. Além disso, invadiram um país legalmente constituído (Paquistão) sem sequer avisarem.

Quer dizer que se algo beneficía os gays, então, é inconstitucional, mas se for em benefício da guerra dos EUA, então tá tudo bem.


Precisa comentar?

segunda-feira, maio 09, 2011

MALÍCIA OU DISLEXIA?

Um leitor, o Gabriel, ao que parece não entendeu meu post SOBRE OBAMA. OU: DE COMO SER UM "BOM LíDER" SEM PRECISAR RESPEITAR A LEI. A certa altura, comentando uma observação minha sobre a necessidade de enquadrar melhor o fenômeno terrorista, ele escreveu o seguinte:

Desculpe, mas com a tua explicação não vi nenhuma diferença entre o terrorismo sionista e o terrorismo islamita. Ambos mataram inocentes pela causa que seguiam.

Quem lê o que está acima fica com a impressão de que sou a favor de alguns tipos de terrorismo, mas não de outros. Que faço uma distinção moral entre eles. Talvez tenha sido essa a intenção do Gabriel. Se foi o caso, lamento informar, mas não deu certo.

O texto a que o Gabriel se refere não pode ser entendido fora do contexto da minha resposta a outro leitor, que discorda da expressão "terrorismo islamita" (ele a acha preconceituosa contra o Islã). Eis o que o leitor escreveu, a respeito de meu texto SOBRE OBAMA E OSAMA: RESPOSTA AOS LEITORES:

2) O que você chama de "terrorismo islamita" é absurdo! Terrorismo é uma coisa, o Islã outra. Ser islamita não significa ser terrorista e nem o contrário. Não existe terrorismo islamita. Existe o Terrorismo!

Minha resposta ao comentário acima foi, resumidamente, a seguinte: a expressão terrorismo islamita é valida, e é a mais correta, pois falar simplesmente em Terrorismo (assim, com T maiúsculo), embora seja moralmente correto (todos os terrorismos são perversos) não acrescenta nada na luta contra os extremistas assassinos ("guerra ao terror" é uma fórmula vazia). A guerra que o mundo civilizado trava desde 2001 não é contra "o terror" em geral, o terror como algo abstrato, mas contra uma forma específica e bem concreta de terrorismo: o terrorismo islamita.

É preciso analisar o fenômeno terrorista não somente em termos do método (bombas, assassinatos, sequestros etc.), mas da causa, ou ideologia. Há terrorismo islamita, assim como há terrorismo sionista (e cristão, e budista etc.). Dei, a esse respeito, um exemplo histórico (o Grupo Stern, que atuou na década de 40 onde hoje é Israel), para ilustrar a existência de varios terrorismos com diversas causas e motivações.

Em outras palavras: se não for analisada a motivação última que leva os fanáticos da Al Qaeda ou do Hamas a se explodirem em atentados contra civis indefesos, não se dará jamais uma resposta definitiva ao terrorismo islamita. E isso não será alcançado, certamente, enquanto os governos que têm a obrigação de combatê-lo insistirem em não chamá-lo pelo nome, preferindo, em vez disso, expressões anódinas como "guerra ao terror" (que é o mesmo que "guerra à guerra"). Esta é a primeira regra para vencer uma guerra: saber quem é o inimigo.

É logico e evidente que, ao dizer o que está acima, não estou afirmando que o terrorismo X é "melhor" ou "menos mau" do que o terrorismo Y. Dizer isso é uma grande besteira, que só poderia sair de cérebros irremediavelmente prejudicados pela malícia ou pela dislexia. Sei não, e nesse ponto posso estar enganado, mas acho que leitores que escrevem comentários como o de acima estão mais para a segunda categoria.

sexta-feira, maio 06, 2011

O LUTO SINCERO DOS FANÁTICOS E O LUTO ENVERGONHADO DOS HIPÓCRITAS

Como era esperado, a morte de Osama Bin Laden por um comando de elite norte-americano criou mais um mártir da jihad. Em vários países islâmicos - Paquistão, Indonésia, Egito -, milhares de fanáticos islamitas saíram e sairão às ruas para protestar contra os EUA e prantear o "guerreiro sagrado", jurando vingança. A ponto de já se começar a ouvir, aqui e ali, este ou aquele comentarista mais assustadiço: talvez tivesse sido melhor não ter assassinado o chefe terrorista, para "não provocar" os muçulmanos...

Lorota de covardes ou de aliados do terrorismo. O fundamentalismo islamita não precisa de nenhuma provocação para se justificar. Ele alimenta-se a si mesmo, como todo fanatismo. Ou alguém acredita, sinceramente, que, se os Navy Seals não tivessem metido uma bala na cabeça de Bin Laden, os ataques terroristas cessariam e os islamitas se transformariam em democratas?

Entre os que choraram a morte de Bin Laden está o Hamas. O Hamas é uma organização islamita terrorista que jurou destruir Israel e que é apoiada pelo Irã. Assim como a Al Qaeda, o Hamas usa homens-bomba contra alvos civis e deseja instalar um Estado islâmico na Palestina. Há alguns dias, grande parte da imprensa internacional saudou, como uma "esperança de paz", a anunciada reconciliação entre o Hamas e o Fatah, o movimento palestino "moderado". Em 2007, o Hamas tomou o poder na faixa de Gaza e, após um banho de sangue contra seus rivais da Fatah, intensificou seus ataques terroristas contra alvos israelenses, provocando uma guerra com Israel. Porque uma frente unida do Hamas com o Fatah seria uma esperança de paz para o Oriente Médio é algo que desafia minha compreensão.

O lamento dos fanáticos assassinos do Hamas é odioso, mas pelo menos é sincero. Eles não escondem que consideravam Bin Laden um herói. Para eles, o chefe da Al Qaeda era um aliado na jihad contra os infiéis ocidentais etc. No mundo abjeto dos terroristas, seu lamento faz sentido. Outros lamentam a morte do assassino serial, mas por cinismo e dissimulação, não ousam fazê-lo abertamente, escondendo-se por trás de uma cortina de argumentos pretensamente jurídicos e até morais para justificar a cumplicidade com o mal.

"Foi um assassinato puro e simples", escuto aqui e acolá, com diferentes variações, que vão da ingenuidade lacrimosa ao cinismo descarado. Esses humanistas devem crer que um assassino de mais de 3 mil pessoas inocentes, e que viveu apenas para matar, poderia ter sido capturado vivo (tornando-se, assim, um ímã para atentados terroristas) e levado a julgamento (onde? em Wahington? em Haia? em Islamabad?). Multiculturalistas, e sempre preocupados com os pruridos islâmicos (mas, quase nunca, cristãos), consideram a decisão de atirar o cadáver ao mar uma ofensa ao Islã, e indagam se não teria sido preferível enterrar o corpo em algum lugar mais adequado (para que o túmulo se tornasse local de peregrinação para islamitas fanáticos? não, obrigado). Ao contrário desses senhores, acho que os EUA fizeram muito bem em despachar Bin Laden para o diabo que o carregue. O mundo ficou melhor sem ele.

Outros, como o ditador de ópera-bufa venezuelano Hugo Chávez, disfarçam melhor, e usam argumentos menos piegas. "Foi um atentado à soberania", zurrou o Napoleão de hospício, tentando cobrir com brios de nacionalismo ofendido a eliminação de um inimigo da humanidade. Como se o terrorismo da Al Qaeda respeitasse fronteiras nacionais, e como se o governo dos EUA devesse ter comprometido o sucesso da operação ao informar os militares locais, tão confiáveis na luta contra o terrorismo que Bin Laden morava a poucos quilômetros de um quartel do exército paquistanês (o Talibã, aliás, foi uma criação do serviço secreto do Paquistão). Além do mais, alguém duvida que, se a eliminação de Bin Laden fosse uma operação conjunta americano-paquistanesa, e não exclusivamente americana, os inimigos dos EUA iriam deixar de cacarejar do mesmo jeito?

Tipos como Chávez e Noam Chomsky - seu mentor intelectual, e também um dos autores de cabeceira de Bin Laden - estão se roendo por dentro, amargando a morte de um aliado. Do mesmo modo que o ex-frei e ex-cristão Leonardo Boff, que lamentou publicamente terem sido "só" dois, e não vinte e cinco, os aviões que destruíram as Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. Para eles, foi uma derrota. Mas falta-lhes a coragem e a sinceridade necessárias para admitir isso. Não têm a honestidade de reconhecer abertamente que estão com o coração partido pelo desaparecimento do terrorista de estimação. Para gente como eles, assim como para o PT, morreu um inimigo do inimigo. E o inimigo de meu inimigo é meu amigo, pensam. Pela lógica, Bin Laden era, portanto, seu amigo.

Tecnicamente, a morte de Bin Laden foi um assassinato seletivo. Foi algo moral? A meu ver, não só foi moral, como foi uma obrigação. Eliminá-lo fisicamente, assim como aniquilar a estrutura da Al Qaeda, era imprescindível para a eliminação da ameaça terrorista. Essa é a única maneira de combater um inimigo que não tem medo de morrer - ou de convencer outros a morrerem por ele - para levar a morte ao lado adversário (e o lado adversário, nesse caso, são civis). Os que choram a morte de Bin Laden estão cuspindo nas mais de 3 mil vítimas fatais que ele deixou para trás. Como um cão hidrófobo, só restava matá-lo.

Aqui entra uma questão interessante. Barack Hussein Obama está sendo louvado e glorificado por ter mandado o terrorista saudita para o encontro de Alá. Muitos que votaram em Obama o fizeram em oposição aos métodos empregados por George W. Bush na "guerra ao terror". Um desses métodos é a noção de ataque preventivo, que pressupõe táticas como o assassinato seletivo de inimigos. Agora Obama copia Bush, e ordena o assassinato seletivo de Bin Laden. Bush foi execrado, Obama é um herói. Gostaria de saber por quê.

Outro ponto importante: há dois anos, Israel foi execrado na mídia por ter lançado uma campanha para caçar e eliminar terroristas do Hamas na Faixa de Gaza. A condenação a Israel foi praticamente unânime. Um relatório da ONU chegou mesmo a acusar as forças israelenses de bombardearem deliberadamente alvos civis (o que se provou ser uma acusação falsa). Pois bem. O que o governo de Barack Hussein Obama fez que Israel não tem feito sistematicamente? Que diferença há entre matar Bin Laden no Paquistão e eliminar terroristas na Faixa de Gaza? Por que matar Bin Laden é prestar um serviço à humanidade - como de fato o foi - e fazer o mesmo com os membros do Hamas ou do Hezbollah é "genocídio"?

Tais perguntas, obviamente, ficarão sem resposta. Para odiar os EUA, e tudo que ele representa (a começar pela liberdade, artigo desconhecido no mundo árabe e muçulmano), assim como para odiar Israel, não é necessário nenhum fato, nenhum argumento. Basta ser fanático ou idiota. Por extremismo religioso ou por covardia moral, tanto faz. Os inimigos da humanidade perderam um herói. O mundo venceu.