Mostrando postagens com marcador culto da ignorancia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador culto da ignorancia. Mostrar todas as postagens

domingo, novembro 04, 2012

RECORDAR É VIVER

O que vai a seguir é uma seleção de vídeos sobre a maior farsa da História política do Brasil, um cidadão que há quase quatro décadas frequenta o noticiário. Trata-se de uma modesta contribuição minha à preservação da memória nacional. Nela, pretendo lembrar aos brasileiros desmemoriados o que dizia há alguns anos e quem é um estranho personagem que fez sua carreira denegrindo e atacando adversários e se dizendo o único verdadeiro representante do bom, do belo e do justo abaixo da linha do Equador.

Acometidos de estranha amnésia, muitos eleitores parecem ter esquecido completamente de quem se trata. Faço questão, portanto, de lembrar-lhes esse fato, mediante as próprias palavras do personagem. Aquele que Celso Amorim chama de "nosso guia" e que muitos consideram um "gênio".
 
Sobre o bolsa-família:
 

Sobre o Real (e Collor):

Sobre a prisão, em 1980 (ele recebeu uma indenização do Estado por isso):


Sobre o aquecimento global (uma aula de geografia):


Sobre o Mensalão:


Sobre os Sarney:


Sobre si mesmo (ao falar de outros políticos):

quarta-feira, setembro 26, 2012

LULA: O COMEÇO DO FIM

 
"Este não é o fim, e pode mesmo não ser o começo do fim, mas é, certamente, o fim do começo". - Winston Churchill
 
O Brasil está mudando. E para melhor.
 
Alguns fatos apontam para essa conclusão otimista. Primeiro, o julgamento do mensalão, que começou morno e que parecia caminhar para terminar em pizza, parece que é para valer. Apesar da ausência inexplicável no banco dos réus do capo di tutti cappi, e de algumas questões mal resolvidas (como os constantes arranca-rabos entre Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski), as condenações, bem ou mal, estão saindo. Caiu por terra, assim, de forma acachapante, a tese defendida há sete anos por Lula e seus asseclas, segundo a qual o mensalão não existiu (ou foi uma "conspiração das elites e da mídia golpista" etc.). É algo positivo, sem dúvida. Ao que parece, o Brasil está aproveitando a chance de deixar de ser o país da impunidade.
 
Outro fato positivo, e simbolicamente mais importante, foi a recusa de alguns partidos da base aliada do governo de referendar uma nota a favor do ex-presidente - e enfatizo aqui o "ex-presidente", porque parece que ele não entendeu que não é mais presidente da República - Luiz Inácio Lula da Silva contra as acusações de Marcos Valério, feitas à revista VEJA, de que ele, Lula, não só sabia, como foi o mentor e chefe do esquema do mensalão. A nota, denunciaram os líderes de alguns partidos aliados, foi-lhes arrancada à base da coação pelo presidente do PT, Rui Falcão.
 
Não sei se vocês perceberam, mas o que está descrito aí em cima é algo absolutamente inédito: pela primeira vez em dez anos, e mesmo antes, um grupo de políticos (ainda por cima, aliados) recusou-se a fazer o papel de aduladores do Apedeuta. Pela primeira vez desde que este apareceu na vida política nacional, há mais de trinta anos, políticos aliados se negaram a bajulá-lo. Depois de décadas sendo sistematicamente paparicado, incensado, endeusado por legiões de políticos, artistas e intelectuais, Luiz Inácio Lula da Silva teve de ouvir um "não" como resposta. Não é pouca coisa.
 
Não é segredo para ninguém que o culto da personalidade de Lula já atingiu níveis realmente stalinianos, superando mesmo o de Getúlio Vargas na época da ditadura estadonovista. Em vários textos, escrevi sobre isso. É algo inseparável da criação de seu mito político, que se alimenta tão-somente de um misto de esquerdismo inercial e complexo de culpa das elites (já falo sobre isso). Agora, ao que tudo indica esse mito começa a desbotar, gerações de vigaristas ou de idiotas bem-intencionados estão vendo, finalmente, que o ídolo tem pés de barro. O reizinho está ficando nu. 
 
De vez em quando ouço alguém dizer, como que justificando para si mesmo o fato de se ter deixado enganar por tanto tempo: "Lula é um gênio". Comparam-no, assim, a um Einstein, um Newton, um Galileu. Um gênio instintivo, um gênio da política etc. etc. Ora essa! Nada mais equivocado e, diria mesmo, nada mais cretino. Dizer que Lula é um gênio é uma forma de alimentar o culto da personalidade criado em torno do Filho do Barril. É um insulto aos verdadeiros gênios, e é uma maneira de isentar-se de culpa pela construção do mito, a maior farsa política da História do Brasil.

Não, Lula nunca foi um gênio. É, sim, um demagogo, um político esperto que se aproveitou da boa-fé de milhões de incautos para chegar onde chegou e fazer o que fez. Um populista espertalhão, de escassa cultura e igual inteligência, que teve a sorte - e que sorte! - de encontrar pela frente um povo despolitizado e uma elite intelectual sequiosa de endeusar mais uma figura "popular". Lula teve a fortuna (no sentido maquiavélico do termo, e também pecuniário) de contar com os préstimos involuntários de uma oposição abúlica, que desperdiçou a oportunidade de retirá-lo do poder por impeachment (oportunidade que ele, Lula, jamais desperdiçaria). Junte-se a isso a amnésia que caracteriza o eleitorado brasileiro, uma mídia simpática e um fugaz crescimento econômico - construído sobre bases anteriormente estabelecidas - e se terá um retrato fiel da "genialidade" de Lula.

Em vão se buscará em Lula, desde sua aparição no cenário político nacional, uma única palavra sábia, alguma frase inteligente ou uma análise mais aprofundada sobre qualquer assunto. Vejam os registros. Não há nada, absolutamente nada: apenas velhos chavões esquerdistas, quando na oposição, slogans soprados por algum intelectual marxista, repetidos e adaptados à situação do momento. Nem um resquício, por menor que seja, de pensamento próprio ou original. Sem falar nos seus adversários políticos de ontem, como Sarney, Collor ou Maluf, hoje seus fiéis aliados. Em tudo isso, um grande vazio de idéias, sem qualquer conteúdo, embalado numa imagem messiânica de "líder popular", vindo de baixo e semi-analfabeto (por vontade própria, mas lembrar esse fato não é "politicamente correto"...). Gênio? 

Até o tão propalado carisma de Lula tem muito de falso e de artificial. Lula tornou-se líder carismático em contraste com os políticos mais tradicionais, velhas raposas vindas das oligarquias ou tecnocratas insossos como José Serra, tendo sido incensado mais por seus defeitos do que por qualquer qualidade, aliás inexistente. Por exemplo, seus erros de português, inaceitáveis num político tradicional, e mesmo num cidadão comum razoavelmente instruído, nele se converteram numa virtude a ser explorada, uma prova de sua origem "do povo" - criticá-lo por isso seria "preconceito elitista" etc. (Aliás, criticá-lo por qualquer motivo foi, durante decênios, um delito de lesa-santidade.) Que Lula só fale errado por ter desprezado a própria educação, e que se desconheça um único livro que tenha lido em toda sua vida porque escolheu, por vontade própria, ser limítrofe, é algo que passou completamente despercebido, um fato omitido até hoje pelos devotos da seita lulopetista. Lula foi erguido às mais altas posições - messias, oráculo, Deus - sem que nada o qualificasse a tanto. Ao contrário, foi escolhido exatamente por não ter nenhuma qualidade.
 
Tanto Lula é um homem sem qualidades que o mito lulista precisa, para existir, reescrever constantemente a história. Lula já disse que a democracia brasileira é fruto da luta do PT, o que é mentira - o PT nem existia em 1979, quando a Lei de Anistia, que agora muitos querem revogar, foi aprovada, após intensa campanha popular e democrática. Nos anos seguintes, o partido da estrela vermelha dedicou-se a promover greves, muitas delas irresponsáveis e eleitoreiras, tendo expulsado três parlamentares que votaram em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985 (o candidato do regime militar, talvez profeticamente, era o hoje aliado Paulo Maluf) e se recusado a assinar a Constituição de 1988. Lula, aliás, foi deputado federal constituinte, mas quase ninguém se lembra disso. Uma vez no governo, Lula surfou na onda alheia da estabilidade econômica, a qual se opõs quando era oposição -, apropriou-se das conquistas de outros e registrou, em cartório, a fundação do Brasil. Se conseguiu safar-se do julgamento do mensalão (não sem antes tentar coagir e chantagear um ministro do STF), foi não por seus próprios méritos, que não os tem, mas por obra e graça de uma legião de áulicos e adoradores, dispostos a tudo para alimentar o culto à sua personalidade. Lula foi "blindado".  

O mais irônico de tudo é que Lula é uma criação das elites - as mesmas elites que ele adora achincalhar em seus discursos. Foram as elites, foi a burguesia brasileira, a intelligentisia da USP e da PUC, as marilenas chauí, os emir sader, os frei betto, além de um exército de artistas e jornalistas, que criaram o personagem. É nesses setores que se encontram seus devotos mais ardorosos. Celso Amorim, por exemplo, chama-o de "nosso guia". Marta Suplicy declarou recentemente que Lula é Deus. Isso mesmo: Deus. Nada menos. É a elite, mais do que o povão, que adora rir de suas piadas chulas, e que vê sabedoria e inteligência onde só há platitudes e frases desconexas.

Já em 1979, o grande dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues apontava para esse fenômeno de sabujice coletiva, ao dizer, em entrevista à revista Playboy: "Vocês [os jornalistas] acham que o Lula é um Napoleão, um Gêngis Khan. Mas a verdade é que ele, Lula, não fez nada, rigorosamente nada". Lula não precisou fazer nada para chegar onde chegou: sempre achou quem fizesse o serviço sujo por ele - e inclusive quem por ele se sacrificasse, como Delúbio Soares, que já declarou que encara a prisão como um "dever partidário".

Diante de tanta mediocridade, agora cada vez mais exposta sem os confetes e o brilho do poder, os que um dia acreditaram no Lula redentor da humanidade - os que mantêm um resquício de pudor, pelo menos - recolhem-se com vergonha, num silêncio acabrunhado. Silêncio que aumenta diante da continuação de Lula que é Dilma Vana Rousseff. Nada mais natural que Lula tenha escolhido, para sucedê-lo, uma nulidade como Dilma Rousseff. Nulidades atraem nulidades.
 
Triste do país que já teve um Lula no mais alto cargo da nação. Triste do país que entroniza a vulgaridade, a safadeza, a cupidez e a ignorância. Lula já vai tarde. Este pode não ser seu fim. Mas que seja, pelo menos, o começo do fim.

sexta-feira, junho 10, 2011

ELOGIO DA IGNORÂNCIA

Ainda sobre o livro do MEC que ensina que falar e escrever de acordo com a gramática é uma questão de escolha – dizer que dois mais dois são quatro ou não também seria –, deparei com o seguinte texto, que achei num site esquerdista. (O dono do site, para vocês verem, disse que resolveu espalhar o texto, recebido de um amigo, para “contextualizar” a questão... Sei.) A autora, uma tal Marlene Carvalho, apresenta-se como professora aposentada de várias universidades etc. e tal.

O texto, como se tornou praxe nesses casos, está sendo divulgado em uma “nota pública” por um conglomerado de sindicatos e de associações de professores, certamente receosos de perderem a boquinha que conseguiram no governo dos companheiros após a reação da parte da sociedade que pensa contra mais esse absurdo da era lulopetista (nessas horas, eles se apóiam, assinam manifestos, tudo em nome da "classe"). Tendo isso em mente, fica mais fácil explicar o que segue. Vai em vermelho. Comento em seguida.

A fala dos pobres: muito barulho por nada

Trabalho há mais de 20 anos com formação inicial e continuada de professores do ensino fundamental e tenho procurado discutir com eles sobre a legitimidade dos falares populares, a necessidade de reconhecer que a língua dos pobres tem regras próprias, expressividade e economia de recursos.

Notem que o texto começa com um argumento de autoridade (“Trabalho há mais de 20 anos na área” etc.). A idéia é dizer “eu sou especialista, você não; logo, eu sei mais do que você" - algo que poderia valer para alunos do jardim-de-infância, que desconhecem ainda a diferença entre um nome e um verbo. A questão não é sobre a legitimidade dos falares populares (seja lá o que isso significa), mas sobre gramática. Desconheço a existência de uma “língua dos pobres” - conheço apenas a língua portuguesa. Falar “nóis pega os peixe” não é “língua de pobre” - é língua de quem nunca ouviu falar em regras gramaticais. Pobre não é sinônimo de ignorante. Assim como rico não é o mesmo que intelectual. Preciso explicar por quê?


Repito: não existe língua de pobre. Existe pobreza de língua. E muita demagogia.

Não é prestigiada socialmente, não tem valor no mercado de empregos de colarinho branco, não é admitida na Academia, mas, do ponto de vista linguístico, é tão boa quanto o dialeto chamado padrão.

Essa é a base da teoria do “nóis pega os peixe”: a norma culta e a língua chamada popular estariam no mesmo nivel, têm o mesmo valor, e corrigir alguém por não concordar sujeito com verbo é “preconceito linguístico”. Só tem um problema: “tão boa” para quem? Só se for para professores de sociolinguística acometidos de delírio populista, que acham que Camões e Tiririca estão no mesmo patamar de igualdade.

A diferença maior é que os falantes do dialeto padrão têm o poder político, social e econômico que falta aos pobres.

Ah bom! Agora entendi tudo. A gramática é uma forma de dominação das elites... Só falta dizer que a Matemática e a Geometria são instrumentos da exploração da burguesia.

Só não entendi uma coisa: se a língua é um instrumento da dominação do homem pelo homem, como dizia Stálin, então qual o sentido de se ensinar Português nas escolas? Se falar errado é certo, para quê corrigir? Em vez de Machado de Assis, o modelo de bom uso do idioma deveria ser o Lula.

Não cabe à escola ignorar, ou censurar as variantes populares, mas sim respeitar a fala dos alunos e, ao mesmo tempo, ensinar a todos a empregar também a norma culta em ocasiões sociais que exigem um registro formal da língua e, principalmente, como usá-la na escrita.

Cabe às escolas ensinar, mostrar a diferença entre o certo e o errado, em primeiro lugar – coisa que as escolas brasileiras fazem mal e porcamente, diga-se –, e não deixar de fazê-lo sob o pretexto de que é “preconceito linguístico”. Respeitar a variedade linguistica é diferente de decretar a não-validade da gramática em certos casos. A variedade linguística não deve ser confundida com ausência de regras. Se não, teremos um preconceito... contra a gramática!

Sobre isso é que interessa discutir agora, e não dar continuidade a esta polêmica estéril sobre um livro destinado a jovens e adultos que reconhece a existência e a legitimidade de formas verbais típicas dos dialetos populares.

Repito: reconhecer a existência e a legitimidade de uma forma verbal “popular” não tem nada a ver com abolir a gramática. Dizer que existe uma língua de pobre (ou proletária) contra outra de rico (ou burguesa), então, não passa da mais pura demagogia. Isso não é Português: é propaganda ideológica. Ponto.

As pessoas que criticaram o livro em questão – que provavelmente não leram – devem ler o capítulo “Escrever é diferente de falar”, para constatar que a autora assume uma posição equilibrada e academicamente justificada em relação às variações dialetais. Além disso, o capítulo contém numerosos exercícios de concordância nominal e verbal e pontuação, rigorosamente de acordo com a gramática da norma culta. Uma ou duas frases, fora do contexto do capítulo, estão sendo utilizadas para condenar um livro e a posição da autora em favor da língua dos pobres.

Eu li a parte do livro que ensina que não há qualquer diferença entre dizer "nós pegamos" e "nós pega" (detalhe: não na fazenda ou na rua, mas na escola). Acredito também que muitos leram. Se ainda não o fizeram, vejam por si mesmos e tirem suas proprias conclusões (cliquem para ampliar):


Agora me digam, com toda franqueza: é ou não é apologia do erro?

Não se trata, como está claríssimo aí em cima, de uma ou duas frases, retiradas do contexto (argumento típico de quem não assina o que escreve). Isso aumenta ainda mais a estranheza: se o objetivo do livro é mostrar que as diferentes formas dialetais têm todas o mesmo valor, então por que fazer exercícios de concordância nominal e verbal e pontuação? Não faz o menor sentido.

Marlene Carvalho se diz professora. Professora de quê? Só se for de sociolinguística. Quanto à disciplina Língua Portuguesa, melhor não deixar que ela chegue perto de crianças.

terça-feira, maio 17, 2011

OS PETISTA ASTRAVANCA O POGREÇO



"A ignorância é o nosso grande patrimônio nacional".(Paulo Francis)


Quase não acreditei quando li nos jornais. Mesmo para os padrões da era da mediocridade lulopetista, a coisa parecia simplesmente extrapolar qualquer limite. Mas era verdade, infelizmente. Estava lá, estampada em letras garrafais, a manchete inacreditável: "Livro do MEC ensina Português errado".

Não é possível, pensei imediatamente com meus botões. Deve ser intriga da oposição, acreditei, esquecendo-me por um instante que, no Brasil de hoje, não existe oposição. Desconfiado, busquei averiguar se a coisa era mesmo verdade. Esgotei todas as possibilidades. A prova do crime é inegável: está lá, no livro “Por uma vida melhor” (gostaram do título?), da professora (?) Heloísa Ramos, distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático a 485 mil alunos, crianças e adultos.

Graças à obra da professora (!) Heloísa, aprendemos que falar "os livro mais interessante estão emprestado" e "nós pega o peixe", ao contrário do que me ensinaram desde pequeno, não é errado. Mais: ficamos sabendo que a norma culta da lingua e a linguagem, digamos, popular, estão ambas no mesmo nível de correção e aceitabilidade, o aluno pode escolher entre as duas que não tem problema. O “os” antes de “livro”, no singular, já aponta tratar-se de plural, ensina a cartilha do MEC. Por que se importar com concordância verbal, concordância nominal, essas coisas chatas? Lembrar tais regras, dizer que uma forma estâ correta e a outra não, é “preconceito linguístico”.

Agora que descobri que sou um preconceituoso por insistir em usar o plural e em concordar verbo e sujeito, assim como eram todos os meus professores de Português, fica a pergunta: se em Gramática não existem regras, se é tudo uma questão de escolher entre a norma culta e a dita linguagem "popular", se ambas as formas são legítimas, então para quê ir à escola? Para quê estudar?

Antes que a professora (de quê?) Heloísa Ramos ou algum doutor do MEC do companheiro Fernando Haddad me chame de preconceituoso e elitista por eu escrever (e falar) nós pegamos (e não “nós pega”) e nós vamos (em vez de "nóis vai"), gostaria de saber qual o sentido em ir à sala de aula aprender que tanto faz dizer uma coisa ou outra. Gostaria que me explicassem por que alguém gastaria anos de sua vida para aprender que o português que se fala na sarjeta é o correto.

Toda essa bobajada de "linguagem popular" versus "linguagem culta" (erradamente identificada como "da elite") não passa de culto marxista do pobrismo e da ignorância, de mero exercício de demagogia em sala de aula. Algo que, desgraçadamente, tem-se tornado a norma – ironicamente – de oito anos para cá. Dominar os rudimentos da Gramática, saber ler e escrever corretamente, decretaram os sábios do MEC, é coisa da elite burguesa. E os pobres que estudam? Com razão, vêem nisso um insulto.

Por que aprender a ler, escrever e contar (a tal “educação bancária”, como gostam de dizer os devotos de São Paulo Freire, o guru de gente como a professora Heloísa), se o mais importante é a tal “educação para a cidadania”? Proponho o seguinte: já que agora temos a Gramática não-normativa, que sejam ensinadas também a Matemática não-normativa (em que dois e dois sejam quatro ou cinco, dependendo de se é na periferia ou no Morumbi) e a Geografia não-normativa (aquela em que o Sul seja Norte e vice-versa). E por que não a Ciência não-normativa, em que a Terra passe a ser chata, e não esférica? Que tal? Não seria de espantar, já que em História, por exemplo, costuma-se ensinar que Cuba é um paraíso dos trabalhadores e que o governo do Apedeuta foi o melhor de todos os tempos.

Na verdade, não há por que se surpreender. Os lulopetistas, sob a liderança iluminada do Grande Guia, já decidiram que, no terreno da ética, o certo é errado e o errado é o certo. Por que não fazer o mesmo na Gramática? Se em política o que predomina há oito anos é a avacalhação oficial, por que não promover o emburrecimento nas escolas?

O livro que ensina que é certo falar errado chama-se “Por um Mundo Melhor”. Nem precisaria dizer, mas o mundo não vai ficar melhor com a proliferação da ignorância.

sexta-feira, abril 01, 2011

O País dos BBBobocas


Leio abismado a seguinte notícia, retirada da internet: “Brasil tem mais ex-BBBs do que arqueólogos”.

É mesmo um espanto!

Que alguém tenha tido a pachorra de contar quantos cretinos participaram, até agora, desse desfile de nulidades narcisísticas desesperadamente em busca da fama instantânea e descartável proporcionada por um dos programas mais imbecis de todos os tempos – e que acaba de completar sua 11ª (!) edição, meu deus do céu! –, é algo que talvez nem Freud explica. Agora, que esses candidatos a subcelebridades sejam mais numerosos do que os que se dedicam ao estudo da História e da Antiguidade, em um país de 190 milhões de habitantes, é simplesmente uma aberração, uma monstruosidade, um motivo de reflexão e – principalmente – de vergonha.

Um país que tem mais ex-integrantes de um reality show – que de "reality", aliás, não tem nada, sendo tão-somente uma gincana televisiva, e das mais estúpidas já concebidas, em que um bando de marmanjos sarados e gostosas, sem falar nos representantes das tais "minorias" (gays, lésbicas, transsexuais e o escambau), entre um merchandising e outro, fazem de tudo para aparecer e ficar ricos –, enfim, um país com mais isso aí do que arqueólogos ou professores de Arqueologia está passando recibo de Estado falido e de incompetência, está abaixo de merecer qualquer respeito. É algo que corresponde a uma confissão de inépcia, de incapacidade absoluta para produzir qualquer coisa boa e positiva para a humanidade. Outros países produzem cientistas, filósofos, escritores, historiadores e arqueólogos. O Brasil produz ex-BBBs às pencas. Sugiro exportá-los todos para a Antártida.

De certo modo, esse besteirol televisivo é mesmo um retrato perfeito do Brasil. Poucos programas conseguem mostrar, de forma tão eloquente, toda nossa indigência, toda nossa miséria cultural e intelectual. Um povo que não valoriza a educação – e não me venham dizer que é só o governo; é o povo mesmo, que elege analfabetos para a Presidência da República e a Câmara dos Deputados – merece, de fato, engolir esse lixo. Outros povos têm um Voltaire, um Shakespeare, um Cervantes, um Dostoiévski... O Brasil tem o BBB e o Pedro Bial.

Para que não digam que isso é só implicância e rabujice minhas, e que ignoro o fato de que essa bobajeira vem de programa similar na Holanda, terra que já deu ao mundo um Spinoza e um Rembrandt, aproveito para recordar que a TV é uma porcaria no mundo inteiro – e olhem que a TV brasileira, em que pesem seus BBBs, Datenas e Márcias Goldschmitts, nem está entre as piores... Mas em nenhum outro lugar do planeta a TV tem tanto poder de penetração e exerce tamanha influência ao ditar o comportamento da população quanto na Terra dos Papagaios. Sobretudo da molecada, que não sabe a diferença entre um gênio e um macaco.

Há mais aparelhos de TV per capita no Brasil do que geladeiras. Sem falar naqueles objetos esquecidos e desprezados: os livros. A maioria das cidades brasileiras não tem sequer biblioteca, e em cerca de 90% das casas será em vão buscar um único volume de Machado de Assis. (Aliás, a maioria dos brasileiros, tirando, talvez, o horóscopo e as placas de trânsito, jamais leu ou lerá nada em toda sua existência, seguindo o exemplo do Apedeuta, que elevou a ignorância a objeto de culto oficial.) E não digam, por favor, que a culpa é da pobreza – se fosse assim, cantores sertanejos e jogadores de futebol famosos seriam todos intelectuais. Além do mais, o que é mais caro: um livro ou um televisor?

A maioria dos brasileiros jamais ouviu falar de Goethe, mas aposto o que quiserem que quase todos sabem tudo que rolou e quem ganhou o último BBB. A propósito: quem, entre os que participam e os que perdem tempo assistindo a essa patacoada, tem a menor idéia de onde vem o nome do programa, retirado do romance 1984, de George Orwell – cuja estória se passa, justamente, numa sociedade totalitária, em que a liberdade individual deixara de existir, tendo dado lugar à vigilância onipresente e opressiva do “Big Brother” (o “grande irmão”)? Aliás, quem, entre esses, já ouviu falar em Orwell? Quem já leu algum livro dele – ou qualquer livro – na vida?

Uma das frases mais repetidas de Monteiro Lobato – tão repetida que já virou um lugar-comum – afirma que uma nação se faz com homens e livros. Se isso é verdade, o Brasil já deixou de ser uma nação faz tempo, se é que já foi um dia. Hoje, não passa de um gigantesco palco, um desfile infindável de nulidades que venderiam a mãe embalada para presente em troca de sucesso e grana. E que não fazem nada – absolutamente nada – para merecê-lo, além de aparecer e fazer micagens na frente das câmeras. E ainda vem o bobalhão do Pedro Bial e os chama de “heróis”... É triste. É o Brasil.

quinta-feira, março 03, 2011

O PAÍS DOS TIRIRICAS


O Brasil virou piada. E das mais sem graça (tipo Show do Tom).

Não bastou ter sido eleito – com 1 milhão e trezentos mil votos! –, Tiririca agora é membro da Comissão de Educação e Cultura (!) da Câmara dos Deputados!

Claro que fiquei abismado, assim como todo mundo. Quer dizer, todo mundo que ainda insiste em levar a sério a política nesta terra de lulas e dilmas.
.
Tiririca no Congresso já é uma anedota. Na Comissão de Educação e Cultura, então, é um deboche, é um escracho total. Coisa do "novo-velho Brasil" inaugurado pelo Apedeuta em 2003. É capaz de Tiririca chegar na comissão e dizer, em seu primeiro pronunciamento: "O que é que faz a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados? Na realidade, eu não sei"... É nisso que dá oito anos de culto oficial da ignorância e do analfabetismo.
.
Mas também, onde já se viu, o abestado ocupar um assento em tal comissão, quando a Comissão de Infra-Estrutura do Senado tem entre seus membros a figura ilustre de José Sarney, e a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional conta com a presença ínclita do probo e impoluto Fernando Collor de Mello? Sem falar no lídimo João Paulo Cunha, integrante da Comissão de Ética (de Ética!) da Câmara dos Deputados. Realmente, por que se espantar com coisa tão pouca, quando a Fundação Casa de Rui Barbosa quase foi tomada de assalto pelo sapientíssimo revolucionário da ortografia Emir Sader?...
.
Agora, para virar chanchada de vez, só falta chegar à Presidência da República alguém de passado nebuloso e incapaz de elaborar um raciocínio coerente, sem agredir as regras mais básicas da língua, única e simplesmente por indicação do chefe, que abusou da máquina estatal e mandou a Lei às favas para elegê-lo. Só falta mesmo alguém eleito para esquentar a cadeira e que vai em programa matinal de culinária falar "o" omelete e "pra mim cozinhar".

Epa! Peraí...

quinta-feira, agosto 20, 2009

O APEDEUTISMO DE LULA



Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!

Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

("Liberdade", Fernando Pessoa)
---
Apedeuta [Do gr. apaídeutos.] Adjetivo de dois gêneros. 1.Sem instrução, sem educação. Substantivo de dois gêneros. 2.Pessoa ignorante, sem instrução. - Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.


Lula disse em entrevista aquilo que todo mundo está calvo de saber, mas que reluta em dizer abertamente: não gosta de ler ("me dá sono"). Disse que até tentou folhear o novo livro de Chico Buarque, mas não conseguiu ir adiante (nesse caso, vai um desconto: como escritor, Chico Buarque é mesmo um excelente cantor, e o livro é mesmo um soporífero). Perguntado sobre o que gosta de ver na TV, nosso Guia Genial também foi claro quanto a seus interesses culturais: "quanto mais bobagem, melhor".

Uso o termo "apedeuta" para me referir a Lula faz algum tempo, e não sou o único a fazê-lo. Faço-o não por imitação, mas porque o termo, cujo significado no dicionário está aí em cima, é o mais adequado na Língua Portuguesa para classificar nosso companheiro-mor. Inclusive, já escrevi sobre o culto da ignorância que o rodeia, como poderá constatar quem tiver a curiosidade de pesquisar. Lula não é apenas alguém que não teve instrução: é o maior propagandista, entre nós, das virtudes da ignorância.

Claro, claro: sou um "preconceituoso" por dizer isso. Ainda há quem pense assim. Afinal, como é mesmo?, o homem veio da pobreza, não teve condições etc. etc. Seria verdade, não fosse por um pequeno detalhe, que repito aqui: desde que deixou o chão da fábrica, há uns trinta anos, Lula só não estudou porque não quis. Ou, como ele mesmo diz agora, porque é algo "que dá sono". Melhor assistir ao Ratinho.

Admito que esse é um aspecto, digamos, positivo, até simpático, em Lula. O fato de não ter tido instrução, de até um dia desses falar "menas" e ter problemas com o plural das palavras, é algo que certamente joga a favor de Lula, principalmente entre as classes mais baixas. É algo com que a maioria dos brasileiros se identifica com facilidade. Ainda mais no país dos "doutores" e dos "bacharéis", onde ter um diploma muitas vezes é confundido com sabedoria, isso não deixa de ser um diferencial. Confesso que entre um sujeito bonachão sem muita afinidade com as letras e um pernóstico e chato de galochas do tipo Rui Barbosa, prefiro o primeiro. Acho até que, se eu tivesse que optar entre tomar uns gorós e bater uma pelada com o Lula ou apreciar um Chadornay no Fasano com o Zé Serra, eu escolheria a primeira opção. Mas o problema é que Lula não foi eleito presidente do Clube dos Cervejeiros da Sexta-Feira ou do Arranca-Toco Futebol Clube, e sim presidente da República. Ser semi-analfabeto, quer se queira quer não, é um direito. Sentir orgulho de sê-lo, ainda por cima no posto mais alto do País, aí não. Aí já é demais.

Lula entrará para a História, se é que já não entrou, como o presidente que desmoralizou a ética, a esquerda, as instituições, a própria corrupção - e também a educação. Com ele, o Brasil regrediu uns cinqüenta anos, no mínimo. Ele é nosso índio de casaca, aplaudido e paparicado por uma legião de intelectuais embasbacados, tão ou mais ignorantes do que ele.

Lula diz que não gosta de ler. Ele tem razão. Ler não serve para nada. Principalmente, se você for Jesus Cristo, Tiradentes e São Francisco de Assis. Todos numa só pessoa.

quarta-feira, março 28, 2007

VÁ ESTUDAR, PRESIDENTE!


Peço desculpas por voltar a este assunto. Mas creio que se trata de algo da maior gravidade e importância para o Brasil. Na verdade, considero que é mesmo a coisa mais grave e importante a respeito deste governo que aí está. Mais do que o mensalão. Mais do que Marcos Valério. Mais do que o apagão aéreo. Mais do que os ataques do PCC em São Paulo. Mais do que a redução da maioridade penal. Mais do que as declarações racistas da Ministra da Igualdade Racial, para quem negro odiar branco não é racismo.

O Presidente Lula precisa voltar para a escola. Rápido. Urgente.

Antes que alguém diga que este é só mais um texto para malhar nosso Presidente, cujas poucas luzes são louvadas entre nós por intelectuais que acham bonito um Chefe de Estado proclamar as virtudes da própria ignorância, faço questão de deixar claro que não se trata de nada disso. Muito pelo contrário. O que desejo é ajudá-lo, fazê-lo abrir os olhos para algo preocupante. Algo que não diz respeito, enfim, a ele somente, mas a todos nós.

Não é segredo para ninguém que Lula estudou só até a 4a série primária. Também ninguém ignora que, por motivos materiais, teve de abandonar cedo a escola. Ele gosta de repetir isso em seus discursos. Até aí, sua trajetória é igual a de tantos brasileiros, migrantes pobres como um dia foi ele, cuja mãe, como ele disse certa vez, em mais uma de suas gafes lingüísticas, "nasceu analfabeta". Depois, virou Lula, o líder metalúrgico, e Lula, o dirigente do PT. Hoje é Sua Excelência, Luiz Inácio Lula da Silva, o Presidente da República. Até aí, nada de mais, todos conhecem essa história de cor. O problema é o que está no meio do caminho.

Entre o início de sua ascensão política como líder metalúrgico no ABC paulista, no final dos anos 70, e a eleição para a presidência em 2002, ou seja, durante cerca de 20 anos de sua existência neste planeta, Lula teve tempo e condições de sobra para correr atrás do tempo perdido e superar sua formação escolar deficiente. Em vez disso, preferiu a "escola da vida". Não estudou porque não quis. O motivo foi o seguinte: já uma celebridade nacional, o estudo para ele se tornou algo supérfluo, um artigo de luxo. Mais: cobrar dele um diploma, ou a pura e simples observância às regras da gramática, seria demonstração de "preconceito" e "elitismo" de quem não acreditava que um ex-metalúrgico sem instrução poderia um dia subir a rampa do Palácio do Planalto.

Agora, Lula é o Presidente da República. Como tal, não pode mais se dar ao luxo de desprezar o valor da educação, sobretudo a educação formal, bacharelesca. Mais que isso, como Presidente, ele tem o dever e a obrigação, política e moral, de dar o exemplo, pois cumpre também uma função didática. Isso significa deixar a preguiça de lado e, lápis e caderno na mão, voltar a estudar. Se retornasse aos bancos escolares, Lula estaria dando um exemplo de força de vontade e superação, semelhante ao de outros companheiros seus, como o deputado Vicentinho, que se formou em Direito depois dos 50 anos. Poderia demonstrar, assim, que aquela propaganda, "Sou brasileiro e não desisto nunca", era para valer, e não somente mais uma peça publicitária enganosa de Duda Mendonça e companhia. Com isso, nosso Presidente estaria dando também uma lição de humildade, algo caro para os brasileiros, pois estaria descendo do pedestal e se juntando a tantos milhares de cidadãos brasileiros, tão pobres quanto ele diz ter sido um dia, que, contra todas as adversidades, encaram uma sala de aula visando a ser alguém na vida. Para essas pessoas, ao contrário do Presidente, a educação não é artigo desnecessário, mas um direito inalienável; nem a ignorância é uma moeda política para fazer demagogia: é, isto sim, uma chaga social, uma indignidade.

Difícil imaginar maior incentivo à educação do que este simples gesto pessoal, num país de tantos analfabetos, voluntários ou não. Tenho certeza de que qualquer criança ou adolescente da periferia, ao ver o supremo mandatário da nação sentado no banco de uma sala de aula, se encheria de espírito cívico e seguiria seu exemplo, deixando de lado, como modelo de vida, os cantores sertanejos ou as celebridades instantâneas da TV ou, ainda, os traficantes de drogas. Valeria por muitos programas governamentais, com certeza. Além disso, se começasse por si mesmo, Lula teria muito mais cartaz quando tivesse de falar do assunto. Afinal, com que autoridade um Presidente pode defender, em discurso, a importância e o valor da educação se lhe foi oferecida durante anos a oportunidade de estudar, de se aprimorar intelectualmente, e ele a desprezou solenemente?

Outra coisa: ao voltar à escola, Lula estaria fazendo um grande favor a si mesmo. Além de poupar-se e aos outros de constrangimentos como dizer que o Brasil não faz fronteira com a Bolívia ou que Napoleão invadiu a China, nosso Presidente poderia tornar-se um excelente garoto-propaganda das vantagens da superação individual. Perceberia, com o tempo, que ler, afinal de contas, não é algo assim tão chato como andar de esteira, e que pode ser mesmo um prazer. Vencida a resistência inicial, Lula poderia perceber que a leitura, além de instrutiva, pode ser algo extremamente divertido. Mais interessante, certamente, do que os churrascos ou as peladas com os companheiros na Granja do Torto. Poderia, enfim, descobrir o deleite de ler e reler os clássicos, como Machado de Assis, aliás mulato, gago e epilético, filho de uma lavadeira e de um pintor de paredes. Se valesse o álibi utilizado por Lula de que sua ignorância decorre de sua infância pobre e sofrida, não existiria a Academia Brasileira de Letras.

Durante muito tempo se discutiu no Brasil o voto dos analfabetos. Os que se opunham a essa medida argumentavam que os mesmos não deveriam ter esse direito, pois careciam do discernimento necessário para fazer suas escolhas, sendo, portanto, facilmente manipuláveis por políticos demagogos e oportunistas. Era uma forma de dizer que o analfabetismo era um problema, e que não poderíamos atingir um certo nível de consciência política a menos que as pessoas tivessem acesso universal à educação. Tal argumento, por elitista, foi, como se sabe, derrubado, e hoje os analfabetos já podem votar. Já podem, inclusive, ser eleitos ao cargo mais alto da República. Lula derrubou esse tabu, assim como derrubou outro mito fortemente incrustado em nosso subconsciente: o de que a ignorância, no Brasil, decorre da pobreza e da falta de acesso à educação formal. Como se vê toda vez que ele abre a boca, a ignorância, no Brasil, pode muito bem ser voluntária.

O Presidente Lula está perdendo uma excelente oportunidade de calar a boca de seus críticos e prestar um serviço inestimável ao País. Está jogando no ralo uma chance de ouro de se redimir perante os milhões que votaram nele, e também perante os outros tantos milhões que, por um motivo ou outro, sempre torceram o nariz para o presidente-operário. Alguém precisa avisá-lo com urgência.

Portanto, correndo o risco de ficar repetitivo, é preciso dizer com todas as letras o seguinte: VÁ ESTUDAR, PRESIDENTE!

quarta-feira, março 07, 2007

LULA E O CULTO DA IGNORÂNCIA


Já sei, vão dizer que eu sou "preconceituoso", "elitista" etc., pois já virou moda tachar com essas adjetivos qualquer um que desafie o vocabulário "politicamente correto" e aponte para um fato óbvio: que nosso Presidente é, sim, um apedeuta. Isto é: alguém que, tendo tido a oportunidade de estudar, optou, conscientemente, pela ignorância, desprezando solenemente a educação e orgulhando-se, mesmo, da própria incultura. O que é, no mínimo, um dessserviço num País com tantos analfabetos como o Brasil, e, no máximo, uma demonstração de incrível arrogância, pois desconsidera o esforço de tantas pessoas que, vindas de origem até mais humilde do que o próprio Lula, esforçam-se para romper o círculo de mendacidade mental a que supostamente estariam condenadas por sua origem social e batalham para estudar e ser alguém na vida. Essas pessoas, que Lula diz representar, certamente não se identificam com o exemplo de nosso Presidente. Para demonstrar isso, vou apenas reproduzir aqui um texto anônimo que catei na internet, que achei bastante interessante:

"Lulestupidez

Minutos antes do começo da gravação do "Roda Viva" no Palácio do Planalto, o jornalista Paulo Markun aproximou-se do presidente Lula para combinar um derradeiro detalhe. Em meio às palavras de encerramento, o "âncora" diria que estava entregando a Lula uma trilogia com as melhores entrevistas ocorridas desde a estréia do programa da TV Cultura, 18 anos atrás.

Com expressão curiosa, Lula apanhou os livros. Antes que se sentisse logrado, Markun informou que só o primeiro volume fora concluído. Os outros, ainda em preparação, paravam na capa. As páginas estavam em branco. Lula devolveu o que estava pronto e folheou os desprovidos de palavras. "Isso é que é livro bom", comentou. "A gente nem precisa ler". O entrevistado parecia feliz. Os entrevistadores exibiam sorrisos constrangidos.

Ninguém no estúdio improvisado aparentou surpresa. Todos conheciam a aversão de Lula à leitura - qualquer tipo de leitura. "Ler é pior que fazer exercício em esteira", confessou, há tempos, o presidente de um país atulhado de analfabetos, com um sistema educacional em frangalhos, incapaz de absorver multidões de crianças traídas.

Milhões de meninos no Brasil, tão pobres quanto Lula foi (ou ainda mais miseráveis que o filho do agreste pernambucano), enfrentam fome crônica e carências inverossímeis para assimilar conhecimentos. Essas crianças valentes não merecem ouvir do presidente o elogio da ignorância.

Lula nunca leu um livro. Não escreve uma só frase sem derrapar em erros graves de português. Mas os chefes do PT, amparados por intelectuais demagogos, decidiram que um migrante nordestino promovido a líder de massas deve ser dispensado de cobranças elitistas. Lula foi diplomado pela escola da vida. Ganhou o direito de, impunemente, maltratar o idioma e dizer tolices sobre tudo. Pensar o contrário é coisa de conservador, mania de preconceituoso.

Sem trabalhar há quase 30 anos, o presidente teve tempo de sobra para jogar algumas peladas também no campo do conhecimento. Não estudou porque não quis. Não aprendeu lições básicas por pura preguiça. Poderia ter seguido o bom exemplo de companheiros como o deputado Vicentinho. O ex-presidente da CUT, formou-se em Direito já quarentão. Lula não precisa de canudos. É um doutor de nascença. A bordo do Aero-Lula, recusa-se a passear os olhos por duas ou três páginas produzidas (com letras gigantescas) por assessores teimosos. São informações elementares sobre o país onde vai pousar horas mais tarde. Lula despreza até esse punhado de registros históricos, geográficos e econômicos. "Leitura é pior que exercício em esteira".

Já fomos mais rigorosos com gente que enuncia sandices ou escreve besteiras. Rimos do general Charles de Gaulle ao ouvi-lo declarar que "a China é um grande país habitado por milhões de chineses". Acompanhamos com merecidas gargalhadas a performance de Dan Quayle, vice-presidente americano entre 1989 e 1993, quando George Bush pai foi inquilino da Casa Branca. "A perda de vidas é irreversível", disse Quayle. "Minha mãe nasceu analfabeta", empatou recentemente Lula. E completou com mais umas pérola de ignorância: "Fiz uma viagem à América Latina e só lamentei não ter estudado latim com mais dedicação para poder conversar com aquelas pessoas". Quayle derrapounas coisas do sia-a dia. Lula espancou a História ao inventar uma invasão da China por tropas de Napoleão Bonaparte.

Debochamos do presidente Ronald Reagan quando o ilustre forasteiro saudou, em Brasília, o povo da Bolívia. Reagimos com a fleuma de lorde inglês ao discurso em que Lula incluiu a Bolívia entre os países que não mantêm fronteiras com o Brasil. Se tivesse perdido cinco minutos consultando manuais de História, saberia que o Acre foi subtraído à Bolívia. Se tivesse pescado no Rio Paraguai, teria visto logo ali a pátria do amigo Evo Morales.

A carreira política de Quayle terminou numa sala de aula. Ao visitar uma escola, teve a má idéia de ensinar aos alunos como se escreve "batata" em bom inglês. O certo é "potato". O vice de Bush rabiscou um desconcertante "potatoe" no quadro negro. E consolidou a imagem de quem não está preparado para governar coisa alguma. Quando encerraremos a carreira do nosso burro?

Há semanas, Lula chegou para uma reunião sobraçando uma folha de papel com anotações manuscritas. Os garranchos denunciavam que o autor fora o próprio presidente quem escrevera aquilo. Os fotógrafos capturaram os rabiscos com penosa nitidez. Comprovou-se que Lula ignora a grafia de palavras escritas corretamente por crianças de jardim da infância. A maioria dos jornais passou ao largo do escorregão.

Uma boa formação intelectual não faz, necesariamente, um grande estadista. Mas ter um estadista que mal sabe ler e escrever... bem, convenhamos, isso já é demais!
"

---

P.S.: Agora, a pergunta que não quer calar: como um Presidente assim quer "destravar" o País, se é incapaz de destravar a própria língua?