domingo, dezembro 29, 2013

ESQUERDA E DIREITA: UM DEBATE NECESSÁRIO

 
O GloboNews Painel,  programa televisivo comandado por William Waack, promoveu um debate no dia 28 sobre os conceitos de "direita" e "esquerda" no Brasil contemporâneo. Não vi ainda o vídeo do programa, mas, a se julgar pela importância do tema e pelos convidados  - o jornalista Reinaldo Azevedo e os professores Luiz Felipe Pondé e Bolívar Lamounier - acredito ter sido um debate interessante e produtivo, no mais alto nível.
 
Trata-se de um tema por demais pertinente, sobretudo no Brasil, onde vigora a total confusão mental sobre quase tudo, devido a um certo culto da ambiguidade em todos os terrenos - ideológico, político, moral etc. Particularmente, não compartilho da visão confortável de que "esquerda e direita são conceitos ultrapassados", que teriam sido enterrados junto com os escombros  do Muro de Berlim. A meu ver, eles continuam válidos, até porque, ao que parece, o Muro ainda não caiu nas terras de Cabral. (Se alguém tem alguma dúvida, que veja os nomes ou, se tiver tempo, leia os programas de partidos como PT, PSDB, PDT, PCdoB e tutti quanti, ou leia a Constituição de 1988, e conte quantas vezes lá aparecem as palavras "igualdade" e "justiça social", em contraste com termos como "liberdade" e "propriedade privada"...) Nesse aspecto, estamos uns trinta anos atrasados. Daí que um debate desse tipo pode ser uma excelente oportunidade de tentar rever esse atraso e botar os pingos nos "is".  Reinaldo Azevedo, aliás, fez as perguntas certas em seu blog, as quais vou aproveitar para responder, dando assim meus pitacos sobre o assunto.  Creio que muito que foi dito no programa coincide com o que vou dizer aqui.
 
Pergunta: Existem direita e esquerda por aqui?
Minha resposta: Esquerda, certamente existe, e de todos os tipos: centro-esquerda (majoritária), extrema-esquerda, esquerda aguada, esquerda caviar etc. Temos esquerdas e esquerdistas de todos os tipos e para todos os gostos, desde a esquerda mais escancaradamente pragmática (o PT à frente) até os mais porraloucas seguidores de Lênin e Trotsky. O que não há é direita, ou pelo menos uma direita politicamente viável. Há, aqui e ali, um ou outro deputado, um ou outro jornalista (como o próprio Reinaldo Azevedo), um ou outro blogueiro ou professor, que não rezam segundo a cartilha das patrulhas esquerdistas, mas estes são a minoria da minoria, e não estão articulados politicamente (alguns, como o deputado Jair Bolsonaro, são figuras folclóricas, que fazem mais bem do que mal à esquerda, certamente sem saber). O que é, diga-se com todas as letras, uma anomalia, uma verdadeira jabuticaba: o Brasil é o único - repito: o ÚNICO - país democrático sem um partido de direita forte e competitivo. Daí, aliás, não haver praticamente oposição ao lulopetismo.

Pior que isso: não há, no Brasil, uma cultura de direita. E o mais grave: num país em que a população é majoritariamente, esmagadoramente, instintivamente conservadora e de direita, como já escrevi aqui. O que torna ainda mais dramática e necessária a missão de romper a camisa-de-força ideológica imposta ao país por décadas de propaganda sistemática e persistente, que separou o mundo político do mundo real. Não por acaso, a população saiu às ruas em junho passado gritando "eles não nos representam": de fato, nenhum partido representa o pensamento médio do brasileiro. Tanto que, sem lideranças, os protestos não tiveram um Norte definido, perdendo-se no generalismo de slogans "contra-tudo-isso-que-está-aí" e no "por-um-mundo-melhor", facilmente apropriados pela esquerda radical...
 
Pergunta: Por que todos os políticos e partidos se dizem de centro-esquerda?
Minha resposta: Porque vigora no Brasil há décadas a hegemonia cultural e política das ideias de esquerda, via gramscismo. Daí a política, no Brasil, ter-se transformado num sambinha de uma nota só, como o é também o discurso cultural e nas universidades, em que todos repetem, por um automatismo inconsciente, os chavões e slogans marxistas. No Brasil, existem partidos de esquerda e fisiológicos, e só. Não é de surpreender, portanto, que as eleições sejam, há décadas, um concurso de esquerdismo - onde ganha, obviamente, o mais esquerdista. 
 
A hegemonia de esquerda é tão forte que partidos como o PT e seus aliados e derivados de extrema-esquerda se dão ao luxo de criar a própria direita. Na ausência de uma sigla que possa ser considerada como tal, o papel recaiu sobre o PSDB, um partido social-democrata, logo de centro-esquerda por excelência. Houve até um idiota que disse, um dia desses no Roda Viva da TV Cultura que os black blocs, os comuno-anarquistas aliados de legendas como PSOL e PSTU,  são... "de direita"! (a explicação que ele deu: "eles usam máscaras"...). Vigora, enfim, a mais completa demonização, a satanização, da "direita", aliás inexistente no Brasil, algo perigoso para a democracia. Nessas circunstâncias, não é de se estranhar que todos no Brasil sejam de centro-esquerda, algo que não ocorre em nenhum outro lugar no mundo.   
 
(Um parêntese: existe sim, direita no Brasil, mas uma direita burra, politicamente desarticulada - ainda bem. Inclusive, há políticos de direita ou conservadores - no mau sentido da palavra, não no burkeano - entre os partidos aliados do governo, e no próprio PT. Mas não é dessa direita que estou falando: refiro-me a um certo sentimento difuso, que se alimenta, paradoxalmente, do vazio ideológico deixado pela hegemonia esquerdista. Esse sentimento é facilmente constatado nas redes sociais, onde reina a indignação imediatista e exortações demagógicas a favor da pena de morte, por exemplo, são comuns. É uma "direita" formada geralmente de nacionalistas nostálgicos do regime militar ou de devotos religiosos, para os quais a aniquilação de seus inimigos ou o reino dos céus é mais importante do que a defesa da liberdade. Apesar de professarem um anticomunismo retórico, "direitistas" assim se sentiriam à vontade em países como Cuba e Coreia do Norte. Uma direita laica, responsável e democrática - conservadora, enfim - seria o melhor antídoto contra essa "direita" de fancaria. Esta apenas dá munição aos esquerdistas.)  
 
Pergunta: Por que alguns grupos ideológicos reivindicam o monopólio da virtude?
Minha resposta: Porque se consideram, como no caso dos partidos comunistas, entes de razão, donos absolutos da Verdade Revelada e da chave da História. Essa é a essência, aliás, da ideologia marxista, totalmente vitoriosa entre nós (e pior: por W.O...). Em nome desse ideal de uma sociedade perfeita no futuro, tudo, absolutamente tudo - o extermínio de 100 milhões de pessoas, por exemplo - é permitido, e coisas como o Mensalão tornam-se facilmente compreensíveis. Nesse sentido, o PT é um partido fundamentalmente leninista: todos os meios são válidos, aos olhos dos companheiros petistas, para chegar ao poder e nele se manter - o assassinato, de reputações ou de fato (vide o caso Celso Daniel), é apenas um exemplo. Trata-se do herdeiro legítimo de uma tradição revolucionária que remonta à Revolução Francesa, passando pela Revolução bolchevique na Rússia e, mais recentemente, pelo castro-guevarismo e pelo gramscismo, sem jamais reconhecer o valor inerente da democracia.  
 
Além disso, o PT tem uma arma poderosa à sua disposição, que falta às demais agremiações e que o aproxima ainda mais de partidos totalitários: os chamados "movimentos sociais". É sobretudo nessa área que se revela seu caráter gramscista, de partido que faz de tudo para alcançar seus objetivos. Não importa se as causas que professa e suas políticas práticas sejam absolutamente contraditórias: não se espantem se a defesa dos direitos humanos feita por uma Maria do Rosário ou um Luiz Eduardo Greenhalg caminha lado a lado com a devoção fanática a ditaduras totalitárias como a dos Castro em Cuba, ou se a tentativa de criminalizar a "homofobia" anda de mãos dadas com a defesa do regime teocrático do Irã, onde se enforcam homossexuais, ou ainda se a implantação de cotas raciais no serviço público seja uma forma de institucionalizar o racismo, ou se militantes feministas calam-se covardemente ante a incitação ao estupro feita por um professor esquerdista contra uma jornalista - todas essas bandeiras de minorias não passam de instrumentos, de um meio para se chegar ao fim almejado. Não esqueçam: o compromisso do PT e assemelhados é com o poder, e nada mais. Para tanto, não hesitam em manipular as causas mais disparatadas, a fim de minar o "sistema" e semear o caos, valendo-se de idiotas úteis. Antes, eram os camisas negras e a Guarda Vermelha; hoje, são os "movimentos" negro, indígena, feminista, LGBTT etc.
 
Pergunta: O conservadorismo é necessariamente reacionário?
Minha resposta: Absolutamente não. A associação entre conservadorismo e reacionarismo é uma invenção da esquerda, sobretudo da esquerda marxista, que penetrou profundamente nos corações e mentes da população brasileira. O conservadorismo nasce da moderação, da busca por mitigar os horrores trazidos pelos jacobinos na Revolução Francesa, e conservar - daí o nome - princípios universais consagrados anteriormente, dos quais a liberdade é o principal. Não por acaso, sua matriz é anglo-saxônica, tendo como um dos maiores filósofos o britânico Edmund Burke (1729-1797), e fortemente alicerçada nas conquistas institucionais das "revoluções" inglesa (1688) e norte-americana (1776) - revoluções só no nome, pois visaram antes a conservar, e não a transformar, a propriedade privada e a liberdade individual diante da ameaça do Estado absolutista. Na França revolucionária e sobretudo na Rússia, ao contrário, a revolução foi feita para eliminar a propriedade e, com ela, a liberdade do indivíduo, resultando nas piores formas de opressão estatal conhecidas na História da humanidade. Se o critério é a democracia e a liberdade, portanto, reacionários são os socialistas e comunistas, não os conservadores. 
 
(Mais um parêntese: não que não exista uma direita reacionária, como escrevi acima. Mas é a parte da direita que abandonou o conservadorismo, preterindo-o em favor de soluções estatistas e socialistas. Isso mesmo: socialistas. Parece confuso? Então lembrem do criador do fascismo, o ditador italiano Benito Mussolini, que veio das fileiras do Partido Socialista italiano. Não que ele tenha abandonado o socialismo para mergulhar no delírio totalitário - ele apenas lhe deu um outro nome. Mussolini e Hitler consideravam o liberalismo seu maior inimigo, adotando políticas muitas vezes copiadas dos comunistas, a começar pelo controle total da sociedade pelo Partido-Estado. Quando virem um esquerdista chamar alguém de "fascista" - um de seus xingamentos preferidos -, pensem nisso.)
 
Pergunta: Direita liberal e extrema direita se confundem?
Minha resposta: De maneira nenhuma direita liberal e extrema-direita se confundem, pois não se pode confundir liberalismo político e econômico com a sua antítese, o dirigismo estatal, encarnado tanto pela extrema-direita quanto pela extrema-esquerda. Daí os conservadores serem inimigos irreconciliáveis do totalitarismo, seja de direita ou de esquerda, mantendo uma distância não somente política, mas sobretudo filosófica, dos fascistas. O mesmo não pode ser dito da esquerda "moderada", ou centro-esquerda, em relação à extrema esquerda: une-as um laço fundamental, que é a devoção ao Estado, laço este comum também aos extremistas de direita. Por isso é mais provável uma aliança entre a esquerda e a extrema-esquerda (como de fato ocorre, atualmente, no Brasil), ou entre os dois extremos ideológicos, do que entre liberais (ou liberais-conservadores) e a extrema-direita. Aliás, a aliança entre os extremos de cada lado já se realizou historicamente (o pacto "de não-agressão" entre Hitler e Stálin, que foi o catalisador imediato da Segunda Guerra Mundial, em 1939). Uma aliança assim jamais seria possível entre liberais e fascistas.
 
Portanto, só se pode entender a atual hegemonia ideológico-cultural esquerdista no Brasil, e a consequente vilanização da "direita", como o resultado de uma grosseira falsificação da História e das ideias. Falsificação que precisa ser denunciada com todas as forças por qualquer pessoa com um mínimo de honestidade intelectual. Do contrário, o Brasil continuará a ser um país em que a política se resume a petistas e tucanos, dilmas e aécios. Uma quase república soviética, governada por comissários de araque - e sem oposição digna desse nome.

domingo, dezembro 15, 2013

ABAIXO OS PAIS DA PÁTRIA

A imagem da semana. Deveria ser a de todos os dias.
 
Três fatos da semana que passou merecem ser comentados. São os seguintes:
 
1 - a morte do líder anti-apartheid sul-africano Nelson Mandela ou, mais precisamente, a onda de mistificação histórica que se lhe seguiu, com contornos necrofílicos e de verdadeiro culto da personalidade, assunto de que tratei aqui em vários textos;
 
2 - a derrubada de uma estátua de Lênin, o líder da Revolução bolchevique de 1917 na Rússia e fundador da finada URSS, por um grupo de manifestantes que protestavam contra o governo pró-russo de Viktor Yanukovich, em Kiev, Ucrânia, e
 
3 - as revelações bombásticas do ex-secretário nacional de Justiça, o delegado da Polícia Federal Romeu Tuma Júnior, em livro recém-lançado (Assassinato de Reputações), entre as quais a existência de uma fábrica de dossiês no governo petista contra adversários políticos e o fato espantoso de que Luiz Inácio Lula da Silva foi um informante do DOPS, a polícia política do regime militar, nos anos 70 e 80 - o que o transforma, provavelmente, na maior farsa da História política do Brasil (além de testemunha indispensável a ser ouvida na "comissão da verdade" criada ironicamente para denunciar os crimes da ditadura militar).
 
Não escolhi as três notícias por acaso. Elas estão intimamente relacionadas, assim como os personagens em questão. Não obstante as diferenças óbvias existentes entre os três, Mandela, Lênin e Lula foram ou são líderes populares e carismáticos, com legiões de seguidores devotos e fanáticos. No caso de Mandela, as imagens do funeral não deixam qualquer margem à dúvida de que o personagem transformou-se, graças a um eficiente trabalho de endeusamento e desinformação, num semideus, sem qualquer relação com a realidade. O mesmo no que diz respeito a Lênin durante os anos da URSS. Quanto a Lula, partilha com os outros dois a aura de líder popular e ídolo da esquerda, apesar (ou, talvez, por causa) da montanha de denúncias de corrupção, que não param de se acumular. Enfim, os três são, cada um a seu modo, "pais da pátria". (Essa foi uma das expressões mais usadas na imprensa para se referir a Mandela, o "pai da nação sul-africana" etc.)
 
Aí está mais um bom motivo para destoar da multidão e não deixar de lado o senso crítico, que parece ter sido abandonado por grande parte da imprensa nesses dias. Tirando talvez os founding fathers, os pais fundadores dos EUA (que, mais do que um país, é uma ideia), desconfio de qualquer político (aliás, desconfio dos políticos em geral) que se apresentem, e que sejam considerados como, "pais da pátria". Por motivos que acredito serem óbvios.

Em primeiro lugar, o pai da pátria, o líder carismático e personalista, está sempre acima e à frente da população, colocando-se, assim, acima da própria democracia. Não deve ser por acaso que todos os países em que se cultuam líderes desse tipo - Bolívar na Venezuela; Gandhi na Índia; Jinah no Paquistão; Mao na China; Ho Chi Mihn no Vietnã; Nasser no Egito; Ataturk na Turquia; Perón na Argentina; Getúlio Vargas (ou, mais recentemente, Lula) no Brasil - têm problemas sérios com a democracia, ou ainda estão engatinhando no terreno democrático. Em geral, regimes totalitários ou países subdesenvolvidos ou do Terceiro Mundo (como eram chamados antigamente). É que a democracia é um sistema político essencialmente impessoal, baseado no império da lei e nas instituições, e não em homens fortes, do tipo caudilhos iluminados, que combinam mais com ditaduras.

Mesmo que o líder seja associado a causas irrepreensíveis como a luta contra o racismo, pela paz e pela democracia (o que não era bem o caso de Mandela, como procurei mostrar em meus textos anteriores), o fato é que a democracia, como forma de governar e filosofia política, é incompatível com o caudilhismo e o culto da personalidade, sob qualquer de suas formas. A democracia não combina com pais da pátria.

Em segundo lugar, o culto a caudilhos políticos, assim como a pop stars, é sempre algo irracional, baseado no emocionalismo e não nos fatos. A idolatria a Mandela - para ficarmos apenas no assunto que dominou as manchetes - não foge à regra, ancorando-se em doses cavalares de paternalismo e na infantilização das massas, que choram a morte do "paizinho" Madiba até com mais fervor do que se fosse alguém da família. Nos últimos anos, depois que deixou o governo em 1999, Mandela não fez mais do que estimular, mesmo indiretamente, esse tipo de comportamento irracional e infantilizado, ao qual não falta mesmo certo elemento erótico (vi um comentarista da Globo derramar-se melosamente em elogios ao sorriso de Mandela, "o mais bonito que já vi"...). Não há como negar o elemento de farsa nesse fenômeno. (Farsa bem ilustrada pelo episódio cômico-surreal do impostor que se fez passar por intérprete de sinais na cerimônia em homenagem a Mandela. Este, na verdade um esquizofrênico, tentou depois se justificar, dizendo que viu "anjos" no estádio de futebol... Um fenômeno de alucinação coletiva, na verdade.)  
 
Ao contrário do cada vez mais desacreditado Lênin, nem Mandela nem Lula foram derrubados do pedestal em que foram colocados por décadas de propaganda e bajulação por setores da política e da imprensa. É provável que a verdade sobre Mandela continue obscurecida durante muitos anos, pelo menos enquanto houver políticos e celebridades dispostos a continuar sustentando a mentira do líder pacifista e democrata (que comandou uma organização terrorista e era amigo de ditadores, é bom lembrar). Já Lula, o maior ícone da esquerda brasileira nas últimas quatro décadas, tem sua máscara retirada um pouco a cada dia, e as revelações de Tuma Júnior são uma marretada a mais no muro de mistificação erguido em torno do "maior líder operário da História do Brasil".

(E que marretada! O que torna ainda mais inexplicável que, com exceção da Veja, nenhum outro órgão da "mídia conservadora e capitalista" tenha dado publicidade às denúncias, as mais graves desde o mensalão, e que mereceriam, por isso, pelo menos uma edição especial do Fantástico... Até o momento em que escrevo estas linhas, reina um silêncio ensurdecedor sobre o assunto.)

Finalmente, como o segredo de aborrecer é dizer tudo (houve até um bobalhão que me chamou de "ressentido" por ter exposto fatos sobre Mandela...), aí vai uma história interessante, que a meu ver ilustra bem o mecanismo psicológico por trás do culto da personalidade, e que vale para os três casos citados acima.

Conta-se que, logo após a revelação dos crimes de Stálin (até então, o Mandela da esquerda mundial), em 1956, um velho militante comunista brasileiro, adaptado aos novos ventos de mudança que sopravam de Moscou, assim definiu o culto à personalidade do "camarada" Stálin, o paradigma de todos os cultos da personalidade, e que era chamado geralmente de "pai" pelos comunistas do mundo inteiro até ser desmascarado como o tirano sanguinário que era: "- Em minha cidade, quando alguém chama outro homem de pai sem que seja seu pai biológico ou adotivo, damos um nome a isso: filho da puta"

Definição que cabe bem a quem esconde fatos para edulcorar biografias. 

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Com este texto, completo mais de MIL posts publicados no blog. A maioria, de minha própria lavra. Espero ter contribuído, de alguma maneira, para romper o muro de silêncio e de estupidez que cerca os assuntos que abordei. Acho que vou dar um tempo no blog. Tenho outros projetos a que quero me dedicar. Assim, deixo já aqui meus votos de boas festas e de um bom ano, com mais lucidez e menos assuntos para comentar (embora saiba que isso será difícil; afinal, "eles" não param...). A todos que me acompanharam até aqui, UM FELIZ NATAL E UM EXCELENTE 2014!    

sexta-feira, dezembro 13, 2013

PRÊMIO IDIOTA DA SEMANA


E o prêmio Idiota da Semana, concedido pela Academia Brasileira de Investigadores de Débeis Mentais, Bocós e Assemelhados, vai para o Giovane Martins, o rapaz que conseguiu a incrível proeza de cometer dois textos em seu blog sem refutar nada do que escrevi sobre Nelson Mandela.  Mais que isso: negou-se a refutar o que quer que seja e ainda disse que está se lixando para os fatos. Parabéns! Ele merece!

Segue o comentário que enderecei ao moço. Tentei ser o mais claro possível:
 
Giovânus,

1 - Só li seus textos porque você colocou o link.

2 - Só lhe respondi porque você me citou.

3 - Vá à merda.
 
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013 14:11:00 BRT
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quarta-feira, dezembro 11, 2013

UMA CONFISSÃO ASSUSTADORA

Não crianças, esse senhor no video acima não está cantando uma canção de ninar...


Recebi um comentário muito curioso e revelador do Giovane Martins, o rapaz que acha que sou um ressentido/ofendido/vingativo/contra-todo-mundo-o-tempo-todo porque citei aqui alguns fatos pouco lembrados sobre Nelson Mandela, o novo santo dos politicamente corretos. Ele - mais uma vez! - não rebate nada que escrevi, mas mesmo assim se acha no direito de postar em minha area de comentários. E ainda faz uma revelação estarrecedora sobre si mesmo.
 
Pensei em não publicar, em parte porque não merece resposta, como tudo que ele escreveu, e em parte por piedade. Sim, piedade. Afinal, o Mandela-boy mostra em seu comentário um lado bastante funesto de sua personalidade. Ele praticamente confessa não estar nem aí para coisas como paz, liberdade, democracia e direitos humanos (e isso porque ele se diz uma pessoa muito sensível, uma boa alma, o moço...). Fico compadecido diante de quem se detona dessa maneira. Mas acho que vale a pena responder, para mostrar o nível de certos pseudo-filósofos da internet. 
 
Não é todo dia que alguém escreve algo tão desabonador sobre si mesmo. Para azar do Giovane, eu prestei atenção ao que ele disse. Vamos lá.
 
Gustavo,

Você parece escrever partindo do princípio de que seus leitores não sabem história. Eu não. Todo mundo sabe da história do Mandela, e eu nunca a neguei. Meu texto não analisa isso.
 
Não sei quanto a quem lê o blog, mas a maioria ignora História, sim. Sobretudo a história da África do Sul (a de Mandela então, nem se fala). Basta ver a mistificação em torno da figura do "pai da nação sul-africana", que os textos do rapaz apenas reforçam.
 
Querem exemplos? Vamos lá, didaticamente:

- Quantos que estão entoando cânticos de louvor ao "pacifista" Mandela sabem que ele foi comandante de uma organização terrorista?
 
- Quantos sabem que foi pelo motivo acima, e não "por se opor ao apartheid", que ele foi preso e condenado? 

- Quantos sabem de atentados como o de Church Street? 

- Quantos sabem dos milhares de assassinatos cometidos pelo CNA contra brancos e negros?

- Quantos sabem o que era necklacing?
 
- Quantos sabem que o "democrata" Mandela era amigo de tiranos (e aplaudia tiranias)?
 
- Quantos sabem que ele foi comunista?
 
- Quantos sabem que o CNA virou uma máfia, e que os herdeiros de Mandela, como o estuprador Jacob Zuma, são bandidos?
 
- Quantos sabem que a desigualdade social na África do Sul só aumentou depois do fim do apartheid? (e não, não estou defendendo o regime do apartheid, por favor...)
 
Enfim, quantos conhecem os fatos acima? (um artigo interessante é esse aqui: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1758)
 
Giovane, pelo que ele mesmo diz, não está nessa categoria. Pelo contrário: ele diz que não nega a história do Mandela. E AQUI ESTÁ A PARTE MAIS ESCANDALOSA DO QUE ELE ESCREVEU. Se ignorasse os fatos sobre a vida de Mandela, ou se os negasse, seria melhor para ele, ele sairia melhor na fita. O problema é que o sujeito confessa que sabe dos fatos e NÃO SE IMPORTA. Como ele mesmo disse no primeiro texto: "Pouco me importa se o ex-presidente da África do Sul foi amigo do Fidel Castro, se os políticos que o sucederam fracassaram ou não, ou se o CNA (Congresso Nacional Africano) tornou-se uma máfia." Lembra disso, Giovane? Foi você que escreveu.
 
Ou seja: o camarada conhece as atrocidades do CNA, as relações de Mandela com ditadores assassinos, sua filiação ao comunismo, seu legado desastroso... e não dá a minima! Vê as pessoas louvando Mandela como um pacifista e um democrata, sabe que isso não é verdade, mas está se lixando!

Confesso que poucas vezes vi alguém se rebaixar desse jeito. É assustador!

Devo deduzir, das palavras acima, que o problema do moço é pior do que eu imaginava. Se ele desconhecesse os fatos que citei, teria pelo menos uma desculpa. Poderia alegar ignorância. Como não é o caso, não tem esse álibi.
 
Meu texto analisa quem procura se colocar contra a sociedade o tempo todo, mostrando uma atitude infantil de quem precisa chamar a atenção. Mais do que infantil, é, sim, uma atitude ressentida diante da sociedade e uma atitude de autoafirmação. Por que ficar contra todo mundo o tempo todo?

Que curioso. Eu achava que tinha escrito um texto sobre o Mandela, mas Giovane parece estar mais preocupado com minhas "intenções"... (eu, heim? da última vez que me perguntaram isso engatei um namoro sério...) Só isso para explicar essa lengalenga de ter escrito um texto (em que cita um texto meu) para "analisar" quem fica "contra a sociedade o tempo todo" etc. 

Então  lembrar fatos ignorados pela maioria e denunciar um culto da personalidade é "ficar contra a sociedade o tempo todo"? Isso é mostrar "uma atitude infantil de quem precisa chamar a atenção"? É ter "uma atitude ressentida diante da sociedade"? uma "atitude de autoafirmação"? Pensei que estava apenas lembrando fatos. Historiadores e biógrafos, portanto, são todos ressentidos e attention-seekers...

Outra coisa: quem está "contra todo mundo o tempo todo"? Não sou niilista. Defendo, sim, o que a maioria, infelizmente, despreza ou desconhece, e faço isso com base em fatos e argumentos (para os quais o jovem está se lixando). E o faço por amor à VERDADE (o que ele também despreza, como admite). Nietzsche (que está longe de ser meu filósofo favorito) dizia que somente sabe admirar quem sabe desprezar. Desprezo cultos à personalidade porque admiro e prezo a inteligência (Giovane, pelo que escreveu, pensa exatamente o oposto). Isso é "ficar contra todo mundo o tempo todo"? 

Em seguida, o pobre rapaz repete que está cantando e andando para a História. E defende uma teoria no mínimo curiosa:
 
Por este motivo, não vou refutar o que você diz, pois eu já conheço a história do Mandela. E sei que quem "endeusa" o Mandela como você diz, procura seguir o exemplo bom dele. O lado ruim que se foda, todo mundo já conhece e todo mundo sabe que foi um erro. É muito difícil, pra você, entender isso?
 
OK, Giovane. Já percebi que você não vai refutar nada que eu escrevi. Já vi que você não se dá bem com os fatos e a lógica. Já conhece a história e não dá a mínima para ela... Tanto que não vê nenhum problema em endeusar (sem aspas) um personagem politico desdenhando fatos pouco edificantes de sua biografia. Devo deduzir, então, que, como os devotos de Santo Mandela só enxergam o lado bom dele, e que o lado ruim que se foda, eu poderia seguir esse exemplo e só enxergar o "lado bom" de figuras como Hitler ou Stálin, já que eles também teriam tido um "lado bom"... Sim, porque fodam-se os fatos, como você disse. E vejam que Mandela tinha sim, virtudes, que não nego. Mas desprezar fatos pouco convenientes em nome de um culto da personalidade me parece coisa de gente deslumbrada e descerebrada. E pedir que se aceite isso é algo difícil de entender. Difícil, não: impossível. 
 
Por favor, não me diga para refutar fatos. Eu já te expliquei a mesma coisa várias vezes e é só isso que você soube responder. O próprio texto que você postou agora, diz a mesma coisa o tempo inteiro, ler ele [SIC] foi um tédio. Não fique agindo como um burro, por favor.
 
terça-feira, 10 de dezembro de 2013 10:47:00 BRT
 
Meu caro, quando se escreve um texto sobre um personagem público (ou sobre qualquer outro assunto), o mínimo que se espera é que tal análise se baseie em fatos. Mas OK, já que Giovane não se dá bem com fatos, e que acha que lembrar fatos é coisa de gente burra, gostaria de saber por que se meteu a escrever sobre esse assunto. Sim, pois o assunto é Mandela, certo? Pelo menos esse é o tema de meus textos. O rapaz me citou, e somente por isso respondi. E lhe desafiei a refutar o que escrevi. Sim, sei que isso é um tédio. Fatos são tediosos. Mais divertido é mandar o senso crítico às favas e seguir a onda de oba-oba necrofílica. Ignorance is a bliss, como se diz por aí. Mas estou em outra. Prefiro pensar. 
 
ExcluirEu ia pedir para o tal do Giovane deixar de agir como um idiota. Mas desconfio que seria inútil. Quem não liga para a verdade não merece sequer esse tipo de conselho. Nem merece mais atenção.
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P.S.: Em tempo: quem estava ontem na cerimônia em homenagem a Mandela era alguém que também procura seguir somente o lado bom dele, sem dar bola para outros fatos menos luminosos de sua vida. Estou falando de Raúl Castro, o hermano-en-jefe da ilha-prisão de Cuba. Ele também quer que os fatos se fodam. Não somente os fatos, mas o povo que ele tiraniza há mais de cinco décadas juntamente com o irmão, outro amigão do peito de Mandela. Eles querem todos que a História se foda. Mas, para o azar deles, estou aqui para defendê-la.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

AINDA SOBRE MANDELA. OU: O INCRÍVEL CASO DO MENINO MUITO SENSÍVEL QUE NÃO GOSTA DE FATOS. OU: EU, O "RESSENTIDO"


Não crianças, aquele símbolo ali atrás não é o do "paz e amor"...

Ai Que tédio!
 
Lá vou eu dar um pouco mais de atenção ao tal de Giovane e rebater o que ele escreveu mais uma vez sobre mim. Giovane é admirador/fã/tiete/devoto de Nelson Mandela. Não do Mandela real, do Mandela-homem, de carne e osso, que comandou o CNA e que foi amigo de ditadores, como mencionei anteriormente. Mas do Mandela-mito, o Mandela Nobel da Paz, o Mandela da música, das celebridades, da Madonna e do Bono Vox. É sobre esse Mandela, o da propaganda, que Giovane quer falar, e dele somente. Eu estou em outra, como vocês sabem.
 
Giovane tem um blog. O Blog do Giovane. Rebati, ponto a ponto, um texto que ele escreveu, em que cita meu blog. Achei que o rapaz já tinha entendido o recado. Uma pessoa honesta ou, pelo menos, minimamente inteligente, teria percebido a gafe, pediria desculpas pelas besteiras que disse, prometeria estudar um pouco mais e colocaria a viola no saco. Ou então, passaria ao contra-ataque, tentando achar algum erro factual ou lógico em minha argumentação. Mas não o Giovane. Ele está acima desse tipo de coisa mundana. Em lugar de rebater meu texto, com fatos e lógica, ele comete mais um, no qual prefere insistir em me citar sem me refutar. Pior: insiste em me chamar de "ressentido" e outros adjetivos por essa minha mania de colocar fatos à frente de cultos à personalidade (algo que exala um indisfarçável odor de totalitarismo, e o caso de Mandela não é exceção). Vamos lá, mais uma vez. Já que o Mandela-boy não se emenda, espero que pelo menos os leitores do blog tirem algum proveito.
 
Giovane não gosta de fatos sobre Nelson Mandela. Ele acha que isso é coisa de gente ressentida, invejosa. Tanto que só escreve a palavra entre aspas ("fatos"). Tem, portanto, a obrigação de refutá-los, mostrar que são falsos, mas não é isso que faz. Para ele, não importa que os fatos sejam verdadeiros ou não (aliás, ainda espero provarem que os fatos que mencionei são falsos). Ele também não gosta de refutar argumentos. Tanto que novamente não o faz, e reconhece isso abertamente. Em vez disso, menciona meu blog. Cita meu texto, diz que ele é um amontado de clichês, mas não refuta NADA que está lá escrito... Simplesmente me chama de "ressentido", e pronto. E ainda diz que não faz "argumentação ad hominem". (!!!!)

Giovane não gosta da razão (ou do "culto da racionalidade", como ele escreveu no primeiro texto). Diz isso, e alega um suposto "princípio ético" ao ter postado um comentário aqui. Princípio ético que pelo visto esqueceu na hora de escrever seus dois textos inacreditáveis, já que cita meus textos sem refutá-los e, de quebra, ainda me brinda com um modelo de argumentação ad hominem, como vocês verão adiante. Rebati tudo que ele escreveu, mas ele acha pouco. Mais: ele não está nem aí. Tanto que, em vez de dizer onde eu errei ou faltei com a verdade, ele se limita a dizer que eu "não entendi" o que ele escreveu. De fato, não entendi até agora. Se eu tivesse de apostar, diria que ele escreveu o que escreveu para negar fatos inegáveis sobre seu ícone/deus/pai. É a hipótese mais provável. E ainda faz o que deve achar uma ironia sofisticadíssima: "não sou professor de pré-primário". Não duvido. Para ser professor, mesmo que de criancinhas, tem de ter algum apreço pela inteligência. Não parece ser seu caso.
 
Giovane acha que fiquei "visivelmente ofendido" com o que ele escreveu a meu respeito (tolinho: estou rindo até agora). Ele diz isso porque me dei ao trabalho de responder a seu texto, e publiquei alguns comentários no seu blog. Eu achava que, ao fazer isso, eu estava sendo apenas honesto. Ele também acha que sou "vingativo" e duvida de minha racionalidade (que ele despreza, diga-se), entre outras coisas, porque eu disse "quem escreve o que quer, lê o que não quer" (uma grande "ameaça", como se pode ver...). Fico me perguntando por que eu quereria me vingar de alguém que me faz rir tanto com essas pérolas... 
 
Giovane não dá o braço a torcer, e logo após recordar que não refutou nada que escrevi em meu blog, diz que respondeu meu comentário "de forma mais racional" (logo ele, que diz desprezar a racionalidade e os fatos...). E escreveu uma joia de sintaxe estropiada: "(logo vou deixar um link para a resposta dele, onde sou chamado de "emotivo"), dizendo, resumidamente, que a intenção do meu texto não era a que ele esperava, e que se ele ficou ofendido, era melhor repensar sobre [SIC] meu objetivo." Oi???
.
Giovane é um emotivo, uma alma muito sensível, como já escrevi. Tão sensível e tão emotivo em relação a Mandela que, além de desdenhar a lógica e os fatos, como ele mesmo admite, adivinha intenções ocultas atrás de minhas palavras, como se fosse dotado de dons telepáticos "(considero um elogio, mas sei que a intenção não era essa)". E se atrapalha com as próprias palavras, como um bebê com um brinquedo que não sabe usar. Ele diz, por exemplo, que procuro atacar sua "argumentação lógica" (como se fosse possível atacar algo que não existe... o rapaz não entende ironia) e que "tentei refutar" cada trecho de seu texto (não "tentei": REFUTEI, ponto a ponto, seu texto, que transcrevi integralmente). Volta a colocar os fatos que citei sobre Mandela entre aspas (mais uma vez: ele não refuta nenhum deles). E ainda solta a seguinte barrigada: "Disse que não vale a pena responder a textos como o meu, mas mesmo assim, o fez: querendo ou não, é coisa de gente ressentida." Respondi e respondo de novo, como estou fazendo agora, e pelo mesmo motivo: porque me citou. Pelo teor, realmente não vale a pena responder. "Ressentido", é? Agora é assim que se chama quem se baseia em fatos e não embarca em babações de ovo coletivas? Querendo ou não, é coisa de gente deslumbrada.

Não para por aí. Giovane não somente desconhece lógica elementar, como também tem dificuldades sérias com interpretação de textos. Ele diz que eu insinuo, por exemplo, que ele seria "chavista, esquerdista, comunista e que meu texto é [SIC] um culto à personalidade, que não condiz com os fatos sobre Mandela." Isso porque lembrei que o culto à personalidade de Mandela é comparável ao do cadáver de Hugo Chávez, inclusive na cafonice ("Ele não morreu, vive em nossos corações" etc.). Ou seja: ele não sabe a diferença entre uma comparação, uma figura de linguagem, e uma insinuação de fato. E ainda diz que eu "não sei ler"...

A única parte mais ou menos honesta do novo texto de Giovane é quando ele repete que não vai refutar nada que eu disse. À essa confissão de inépcia argumentativa ele acrescenta que o que escrevi "mostra que ele (ou seja: eu) não sabe ler nem escrever com a cabeça livre". Fico pensando o que seria "ler e escrever com a cabeça livre"... Seria escrever livre de fatos e da razão? Vai ver é isso... Se for esse o caso, então realmente não consigo. 
 
Em seguida, o jovem cheerleader mandelista diz que, por mais "brochante" [SIC] que pareça, vai tentar explicar seu texto. Eu me contentaria que ele explicasse por que não leva nenhum dos fatos que citei sobre Mandela em consideração. Porque o texto dele é inexplicável. Aliás, quem se propõe a explicar a si mesmo num texto sobre outra pessoa já está dizendo que está fora do alcance de qualquer explicação racional. E isso, realmente, é algo bem broxante (além de desonesto e um bocado egocêntrico).
 
Giovane diz que não está preocupado com política o tempo todo (deve achar que é o meu caso: minha maior preocupação é com a honestidade moral e intelectual). Na verdade, ele parece não se preocupar com política em tempo nenhum, pelo menos no caso de Mandela.  Também diz que não tem ideologia política alguma [SIC] (a exceção deve ser a ideologia mandelista...). E sai com essa: "A direita e a esquerda incultas fazem o que o autor do Blog do Contra fez: analisam as coisas de acordo com suas ideologias políticas." Não conheço nenhum autor, filósofo, historiador ou cientista político, de esquerda, direita ou centro, culto ou inculto, que não tente basear suas análises em alguma forma de ideologia política. Giovane deve ser um caso único. E ainda compara quem se interessa por política a um "amigo chato que só fala em futebol, que não consegue pensar em algo novo e que vai morrer fracassado, com uma bandeira comunista ou anti-comunista -- não interessa se o comunismo ainda existe ou não, viver no passado "é o que há" para um fracassado." etc. A conclusão, pelo contexto da frase, é que "viver no passado" é lembrar fatos omitidos em torno de um personagem por aqueles que o erigiram em objeto de culto quase religioso. Segundo essa linha de raciocínio, historiadores e biógrafos, por exemplo, são todos uns fracassados...

Giovane diz que não está "interessado em ideologias políticas" (nem na Política, nem em História, nem na biografia de Mandela) e que por isso fez um texto "que não tem como tema central, de forma alguma, a política", mas sim uma "análise sobre o Nelson Mandela que derrotou o Apartheid apenas com a conversa" (como se o apartheid tivesse caído apenas pela lábia do Madiba... como já afirmei antes, o fim do regime foi o resultado de uma série de fatos históricos e políticos, que Giovane ignora por completo). Mais uma vez, fica claro o problema de tentar fazer uma "análise", como ele diz, de uma figura histórica e política ignorando a História e a política.  
 
Mais Giovane: "citei o Blog do Contra, já que nele estavam todos os argumentos dos quais queria utilizar como exemplo do que não fazer, expondo o pensamento ideológico e, logo depois, teorizando, mesmo que em poucas linhas, sobre onde se encaixa o "ressentimento", que é um conceito filosófico, ao contrário do que foi citado no texto-resposta (o autor do contra acredita que é psicanalítico)." A sintaxe, assim como a lógica, realmente não é o forte do rapaz...

(By the way, não ignoro que o ressentimento seja um conceito filosófico, e não psicanalítico. Apenas o rapaz não sabe manejar o conceito, como não sabe manejar a lógica: se soubesse, não atribuiria minha crítica ao culto à personalidade de Mandela ao "ressentimento". Seu ressentimento com fatos que destoem do oba-oba, porém, está bem caracterizado, e desconfio que tenha um fundo psicológico.)

Mais adiante, Giovane diz usar "mais argumentos da filosofia" (quais? de que corrente ou escola filosófica?) para entoar o cântico necrofílico de que "Mandela morreu apenas simbolicamente e que ele está vivo em nossos corações" (lembram dos chavistas? pois é... pelo visto ele não os conhece). E repete, usando o plural majestático, que "não precisamos nos preocupar com a ausência do Mandela, pois já absorvemos o que admiramos dele, assim como os ressentidos absorveram apenas o lado ruim de Nelson Mandela". E tome blábláblá e panegírico. Diz que "o sujeito" (ou seja: eu) "não entendeu que o que eu quis dizer, é que podemos aprender muito com Mandela, inclusive com seus erros. É preciso ser forte para sofrer humilhações morais e físicas durante a vida inteira, e conseguir dar a volta por cima, abdicando da violência, e utilizando a Comissão da Verdade não para a vingança, e sim para o exemplo." E logo na frase seguinte se contradiz flagrantemente (ei, ele mandou a razão às cucuias, lembram?): "Essa grandeza não foi negada pelo administrador do Blog do Contra." Exatamente! Lembrei o papel importante de Mandela na transição para o fim do apartheid, e no apaziguamento entre brancos e negros após sua saída da prisão. Lembrei também diversos fatos pouco lisonjeiros de sua biografia. Enfim, citei os dois lados do Mandela, o rapaz apenas um lado. Ele absorveu apenas o Mandela da propaganda, o Mandela pop. Para ele Mandela é uma figura unidimensional, todo amor e pureza. Para mim, existe o Mandela dos fatos, o Mandela da História. Por esse motivo eu seria um "ressentido", alguém que "preferiu ficar apenas no campo da política e não no da inteligência." Como se política e inteligência, nesse caso específico, fossem coisas distintas! Mais: como se negar ou ignorar (vamos lá, mais uma vez) FATOS fosse uma atitude de gente inteligente!
 
Apesar de tudo isso, Giovane não volta atrás no que escreve (REPITO: SOBRE MINHA PESSOA, MEU BLOG E MEU TEXTO, E NÃO SOBRE MEUS ARGUMENTOS A RESPEITO DE MANDELA, O QUE ELE IGNORA TOTALMENTE). Ainda por cima, ele se diz um incompreendido ("Sei que quem leu meu texto de cabeça fria conseguiu entendê-lo além do que escrevi" e "Quem leu de forma inteligente, não estava procurando uma cartilha sobre o comportamento do Mandela" etc.). Tudo para tentar justificar o fato de não mencionar, em nenhum momento, nada que escrevi SOBRE MANDELA. E ainda força a mão para defender o indefensável: "Também acreditei, por um momento, que a resposta ao meu texto seria uma reflexão, mesmo que oposta a minha, e não apenas outra publicação cheia de "fatos"" (novamente, entre aspas). Ou seja: quer uma "reflexão" sobre um personagem histórico que dispense os fatos... Reflexão sem fatos. Pois é.
 
A torrente de besteira pseudo-filosófica não cessa. Ele ainda finge ter "errado" por topar um debate (achei que era um debate) comigo: "Errei novamente, e reconheço isso. Foi ingenuidade acreditar que alguém que preza tanto pela racionalismo, como se ainda estivesse no iluminismo, fosse ter sensibilidade de fazer uma análise diferente da que fez anteriormente, sem conseguir ultrapassar o cunho político." Ou seja: como eu viveria, segundo ele, no Século XVIII (enquanto ele vive num mundo atemporal e metafísico só dele, como os nerds que cultuam a série O Senhor dos Anéis), eu não seria capaz de apreender sua argumentação tão elevada e sofisticada pois, sendo eu uma máquina totalmente racional, faltar-me-ia a sensibilidade necessária para falar de Mandela e "ultrapassar o cunho político"... (Ou seja: os fatos).  

Depois, tomando-me como arquétipo do que seria a "direita" (gente como ele, apesar da pose "pós-ideológica", só consegue "pensar" em bloco), Giovane diz "A direita e a esquerda olham para Mandela e só o enxergam abraçado com Fidel Castro." Bom, olho para as homenagens póstumas a Mandela (e aí incluo os textos do Giovane) e vejo ali o culto da personalidade. O rapaz olha para Mandela e vê um santo, um semideus ou um herói sem manchas. Ou seja: não vê os fatos. E, tentando parecer acima das ideologias (na verdade, acima da realidade, como o Barão de Munchausen), afirma o seguinte: "Dos dois lados, o abraço transforma Mandela em um comunista, o que é apoiado pela extrema esquerda e condenado pela extrema direita." (Como se somente houvesse esses extremos em política.) Se tivesse pesquisado um pouquinho, teria percebido que Mandela não se tornou comunista por ter abraçado Fidel Castro. Isso porque Mandela ERA MEMBRO DO PARTIDO COMUNISTA DA ÁFRICA DO SUL (vejam o link abaixo)! Em 1961, inclusive, ele impôs ao CNA uma aliança com os comunistas, que transferiram know-how ao CNA em técnicas de conspiração e sabotagem. Mas isso, claro, é um fato, e Giovane já demonstrou que não dá a mínima para fatos. Fatos são para gente burra, sentenciou. Ele é sensível demais para se preocupar com isso... 

Tem mais: "Não conseguem perceber que Nelson Mandela não abdicou só da violência, mas também das posições políticas" (Mandela abdicou das posições políticas? De qualquer posição política? Virou um ser completamente apolítico? uma criatura etérea, acima da humanidade, sentado à direita de Deus-Pai Todo-Poderoso, talvez?) "Esteve acima de esquerda e direita quando pôs fim ao Apartheid." (Sempre esteve à esquerda do espectro político, tanto que jamais criticou seu amigo Fidel Castro. E mais uma vez: não, não foi ele, Mandela, que "pôs fim ao apartheid". Foi a pressão internacional, o fim da Guerra Fria, o bom senso do De Klerk etc. Enfim, foi uma obra coletiva. Estude História, meu jovem!) E essa: "Governou seu país e começou a construir uma democracia livre de qualquer ideologia senão a da igualdade social, o que é difícil em países como a África do Sul." "Igualdade social" é uma ideologia?
 
No final, o menino acha que encontrou um argumento definitivo para me desacreditar: "Acreditei que meu último erro, ao escrever o texto anterior e também esse, foi o de dar atenção para um cara que lê Olavo de Carvalho e Magnoli." Quem escreveu isso foi o mesmo cara que disse negar usar da argumentação ad hominem, típico expediente de quem quer fugir do debate. (Eu ia perguntar se ele já leu algum livro ou artigo de Olavo de Carvalho ou de Demétrio Magnoli, mas nem precisa perguntar...).
 
E mais essa: "Eu já suspeitava dos seus argumentos tão veementes contra o comunismo. Achei, no entanto, que suas referências literárias viessem de intelectuais de direita de verdade, como o Pondé, que consegue ir além do comunismo, mas não tinha visto os livros que são recomendados em seu blog." Além do ato falho ("suspeitava" de argumentos contra o comunismo... o que há de "suspeito" na oposição a uma ideologia totalitária e genocida?), o bocó revela falta de atenção, um sintoma de dislexia. Um dos livros que recomendo e cuja capa está bem visível no blog é Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, do Pondé. Outro é Por Que Virei à Direita, que tem entre seus autores o mesmo Luiz Felipe Pondé... O idiota não é só desonesto e vive no mundo da lua: é disléxico.
 
Prosseguindo no vexame, diz ainda: "No entanto, eu não estava errado: minha intenção, desde o início, é expor argumentos e usá-los como exemplo." Até agora espero esses argumentos. E finaliza, tirando o corpo fora, com ar de quem está realmente sendo sincero ao acreditar nas próprias palavras: "Peço desculpas ao autor do Blog do Contra por não ficar aqui refutando argumentos. A internet está aí para quem quiser rebater os argumentos da esquerda ou da direita, é só pesquisar. No meu caso, já passei dessa fase." Caro Giovane: não peça desculpas a mim. Peça desculpas aos fatos, à História, por tê-los desprezado tão acintosamente. Peça desculpas à verdade. Quanto ao "já passei dessa fase", não duvido. Do "Massinha Nível I", deve ter ido para o "Massinha Nível II". Vai demorar um tempinho até você aprender a tomar sorvete sem molhar a nuca. Mas acredito que, com algum esforço, um dia você consegue.
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Escrevi tudo isso acima mas o fato é que não estou aqui para falar do Giovane, nem de mim. Estou aqui para falar de Mandela, ou melhor: do mito Mandela. E os fatos que mencionei sobre Mandela ainda esperam ser refutados. Ei-los:
 
- Mandela, a pomba da paz, comandou o braço armado do Congresso Nacional Africano (CNA), responsável por dezenas de atos terroristas, muitos dos quais vitimaram inocentes;
 
- Mandela, o defensor dos direitos humanos, foi amigo de tiranos e ditadores assassinos como Fidel Castro, Muamar Kadafi e Robert Mugabe;
 
 
- Seus sucessores e herdeiros políticos são notórios ladrões e corruptos, e a África do Sul de hoje, sob a tutela do CNA, tornou-se um antro de corrupção, desigualdade, AIDS e violência.
 
Enfim, são fatos, nada mais do que fatos. Tem gente que prefere ignorá-los. Fazer o quê? Que se danem. Não os fatos, mas os que os desprezam. Estes desprezam a própria inteligência.  

UM POUCO MAIS SOBRE MANDELA (PARA QUEM SE IMPORTA COM FATOS)

Ainda sobre a onda de mistificação midiática em torno da figura cultuada de Nelson Mandela, segue o link para uma notícia antiga, de 20 de maio de 1983. Vejam as fotos, se tiverem estômago (aviso logo que é coisa pesada). Vale a pena lembrar um pouco do que fazia o braço armado do Congresso Nacional Africano (CNA), criado por Mandela. Vejam como então atuava a organização liderada pelo "pacifista" Mandela...
 
Em tempo: Mandela renunciou à luta armada, após sair da cadeia, e crimes como esse foram expostos pela Comissão da Verdade e Reconciliação criada na África do Sul após o fim do apartheid. Tratou-se de uma comissão para expor os crimes cometidos por ambos os lados e promover a reconciliação nacional no país. Nisso, deve-se reconhecer o mérito de Mandela. Nessa tarefa, repito, ele foi um gigante. Mas fatos são fatos, por mais desagradáveis que sejam. Os crimes do CNA, como os do apartheid, pertencem ao passado. Mas é exatamente por seu passado supostamente imaculado que Mandela está sendo endeusado. Esconder fatos pouco edificantes para edulcorar a biografia de alguém é uma forma de culto da personalidade. Ponto. 

Toda vez que algum Bono Vox da vida lembrar como Mandela foi uma pomba da paz e um santo, lembrem de notícias como essa. Porque a verdade precisa ser dita.
 
Agradeço ao João José Horta Nobre pela dica.
 

P.S.: O link acima é recomendado para quem tem um mínimo de honestidade intelectual. Não deve ser acessado, portanto, por tipos como o rapaz que respondo em meu último post. Além de ser um tipo muito sensível, que coloca a emoção acima da razão, o jovem ainda disse que, no tocante a seu ídolo Mandela, ele não dá bola para os fatos. Ou seja: está se lixando para a verdade. Pois é...   

sábado, dezembro 07, 2013

OS RESSENTIDOS COM OS FATOS (RESPOSTA A UMA ALMA MUITO SENSÍVEL...)

Não crianças, esse velhinho de barba à esquerda na foto não é o Papai Noel...

Como previsto, meu último texto, "Mandela, o avesso do mito", deixou algumas pessoas chateadas. Algumas delas escreveram comentários em meu blog, acusando-me de (vejam só) racista, nazista etc. "Boa gente mesmo era o Hitler", escreveu um leitor anônimo, talvez acreditando estar fazendo com isso uma ironia. Outro, menos sardônico, mas nem por isso menos obtuso, comentou que o blog deveria ter parte com a Opus Dei, a CIA ou o que seja... Enfim, os xingamentos de praxe. Nada de novo no front, cavalheiros.
 
Um que ficou mordido pelo que escrevi foi um certo Giovane Martins. Ele enviou um link para um texto que escreveu no blog dele, o Blog do Giovane. Levado pela curiosidade, fui lá ler o texto. E quê! Lá pelas tantas, tive uma surpresa. Pois não é que o rapaz, em seu artigo, cita o meu texto (e meu blog)? Mais surpreso ainda fiquei ao ver que o autor não refuta absolutamente NADA do que escrevi. Isso mesmo: ele se referiu a um texto de minha autoria, de forma crítica (o tom é crítico), mas se isenta de dizer por quê. Praticamente diz que escrevi um monte de bobagem, mas não explica. Afirma, e pronto. Mais: ele despreza solenemente os fatos que mencionei sobre Mandela. Não só os despreza, como proclama isso abertamente! É que o Giovane é uma alma sensível, um rapaz que coloca as emoções acima da razão, como ele mesmo diz. Já eu, ao contrário, sou uma pessoa de coração duro, um brutamontes insensível, que ainda se apega aos fatos, vejam só... Entenderam? Eu também não.
 
Mesmo sabendo que textos desse tipo não merecem resposta, pois lhes falta um mínimo de honestidade intelectual (ao acusador recai o ônus da prova, como se diz em juridiquês), faço questão de compartilhar com vocês meus comentários sobre o que o tal Giovane escreveu. Vocês perceberão que ele se omite de analisar o teor de meu artigo, e se concentra, em vez disso, numa argumentação, digamos, emotiva... Fazendo jus ao nome deste blog, vou na direção contrária, e analiso seu texto racionalmente, linha a linha, ponto a ponto, reproduzindo-o aqui na íntegra (vai em vermelho, meus comentários vão em seguida).
 
Vejam que "maravilha", que peça impecável de argumentação lógica:
 
Os ressentidos contra Nelson Mandela
Os problemas começam já com o título escolhido, "Os ressentidos contra Nelson Mandela". Além do uso meio esquisito do adjetivo mais complemento ("ressentidos contra" é pleonasmo dos mais grosseiros...), fica a pergunta: "ressentidos" por quê, cara-pálida? Tirando os defensores mais empedernidos do apartheid, a quem o autor estaria se referindo? Por que alguém estaria "ressentido" com a morte do ex-líder do CNA?

Aliás, é inútil buscar no texto do Giovane alguma pista a respeito de quem ele está falando exatamente. Ele não explica. Aliás, ele não explica nada.     

Nelson Mandela morreu. O homem que pôs fim ao Apartheid, um dos regimes mais violentos e preconceituosos da história humana, sem provocar o derramamento de sequer uma gota de sangue de qualquer indivíduo, morreu*.
Em três linhas, duas afirmações equivocadas. Vamos lembrar:
 
1) Quem pôs fim ao apartheid não foi um ser iluminado chamado Nelson Rolihlahla Mandela. Foi, sim, um conjunto de fatores históricos, dentre os quais a libertação de Mandela da prisão, em 1990. Pode-se citar, aí, a intensa pressão internacional sobre o regime da minoria branca (até boicote esportivo houve), o fim da Guerra Fria, a visão de governo do presidente Frederik de Klerk, que teve a grandeza de libertar Mandela (e foi por isso agraciado com o Prêmio Nobel da Paz junto com ele, em 1993) etc. Enfim, o regime acabou por vários fatores, não pela ação de um homem (ou super-homem, como muitos parecem querer crer).  
 
2) Da libertação de Mandela, em 1990, até pouco depois de sua eleição para a presidência, em 1994, foram assassinadas dezenas de pessoas na África do Sul por motivos raciais e políticos, tanto por parte de racistas brancos quanto de militantes do CNA (que jamais renunciou oficialmente à luta armada até sua libertação). Nesse período, o país esteve à beira de uma guerra racial. Tanto que Mandela apelou a seus correligionários e buscou promover a reconciliação entre brancos e negros. E nisso, é preciso reconhecer, ele foi realmente grande. Portanto, não foi um processo totalmente pacífico, "sem o derramamento de sequer uma gota de sangue de qualquer indivíduo".

O que está acima são fatos, eu não os inventei. Mas Giovane não quer saber de fatos.

O homem que foi preso político por 27 anos, e que durante esse tempo, ficou 18 anos em uma cela de cinco metros quadrados, faleceu. Acho que já deixei claro que Nelson Mandela se foi. Porém, isso é uma mentira: o ex-presidente da África do Sul está mais vivo do que nunca, não fisicamente, mas simbolicamente. 
Dizer que líder A ou B "não morreu", pois está "vivo simbolicamente" etc. soa desagradavelmente semelhante ao culto da personalidade - nesse caso, uma forma de necrofilia. Os chavistas, por exemplo, sempre que se referem a Hugo Chávez, falam não em morte, mas na "desaparição física" do "comandante supremo"... Se eu acho isso bom? Preciso mesmo responder?

Toda a comoção gerada em torno da morte do líder sul-africano o torna mais vivo ainda, já que nesse momento, suas ideias, sua força de vontade, seu exemplo de vida e toda sua inteligência estão dentro do coração de pessoas do mundo inteiro.
Isso é culto da personalidade em sua forma mais pura. Já podem pedir sua canonização.
 
O que eu acabei de escrever vai causar raiva em algumas pessoas de coração mais duro, as que se dizem "racionais", que colocam a razão à frente da emoção o tempo todo e que, provavelmente, se dão mal diante da arte, como a dança a poesia, o teatro etc.
Não sei quanto aos outros, mas a mim afirmações como a que está acima causam não raiva, mas espanto. A vida e morte de Mandela não são assunto da arte, da dança, da poesia ou do teatro (bom, talvez do teatro...), mas da política. E Mandela, meus senhores, era um político, quer queiram quer não. Não era um pintor, um bailarino, um poeta ou um ator (bom, talvez ator sim...). Era um político. Po-lí-ti-co. Quem morreu foi Nelson Mandela, não Brad Pitt ou Roberto Carlos.   
 
Ao contrário do que pensam estes indivíduos, a capacidade de limitar as emoções em relação a razão não os deixa em uma posição favorável diante das pessoas que são mais sensíveis.
???? Quem escreveu isso, Zíbia Gasparetto?
 
Pelo contrário: as emoções podem nos dizer mais do que a própria razão.
Hummm... é mesmo? Não em política. No terreno da política, as emoções são uma péssima conselheira. Quando se abandona a razão em política e se dá lugar à emoção, aos instintos, o resultado geralmente é o aparecimento de líderes populistas e demagogos. E quando isso acontece, pior para a democracia. Assistam aos filmes dos comícios nazistas, por exemplo: não há ali um pingo de razão, somente emoção. Emoção pura, à flor da pele. Certamente, se as multidões alemãs que idolatravam Hitler tivessem deixado um pouco de lado as emoções e parado para pensar, a humanidade teria sido poupada do que veio depois. Não me peçam para jogar a razão no lixo, por favor.

(E antes que digam: por favor, não pensem que estou comparando Mandela a Hitler. Isso é um insulto à inteligência. Estou lembrando o papel da manipulação das emoções no culto à personalidade. Não me façam apertar a tecla SAP, OK?)
 
Vou dar um exemplo fácil e recorrente: uma pessoa adora comer carne e sua razão lhe dá vários motivos para continuar fazendo isso; mas quando essa pessoa visita um matadouro, nunca mais consegue comer carne, por mais que seu lado racional lhe diga que comer animais não vai lhe fazer mal. Agora essa pessoa está diante de um problema ético, não de saúde, e quem lhe diz isso são seus sentimentos. Em outras palavras, as emoções podem ensinar o que a razão achava que já sabia. 
Exemplo estranho, esse. Primeiro, porque não conheço ninguém, a começar por eu mesmo, que adora comer carne movido pela razão, mas pela fome, pelo apetite, que não tem nada de racional. Pelo contrário: trata-se de um instinto, um sentimento literalmente visceral, portanto alheio à razão. Aliás, se formos usar a razão nesse caso, evitaríamos comer carne, devido aos danos que daí podem advir para a saúde (colesterol etc.), como não param de repetir os médicos e os programas de TV. Segundo, porque quem come carne sabe muito bem como ela é produzida, tanto que há casos incontáveis de pessoas que não perderam em nada o apetite por um bom churrasco após visitar um matadouro (quem já morou em fazenda sabe disso). E isso não tem nada a ver com insensibilidade para com os pobres bois e carneiros, mas com a fome, pura e simplesmente. Em outras palavras, esses exemplos não esclarecem nada. O que não é de se estranhar, já que o autor afirma desprezar a racionalidade, como afirma adiante.
 
Agora se preparem, pois vem a parte que cita o texto que publiquei, e que pretende ser uma "crítica" a ele.
 
Após o falecimento de Nelson Mandela, percebi várias pessoas gritando contra aqueles que estão "o endeusando", sempre com a justificativa de que não se deve ser tomado pelas emoções. Uma publicação que me chamou a atenção vem do Blog do Contra, de caráter conservador, que deve ser conhecido por apenas uma meia dúzia de pessoas (assim como o meu), mas que expôs, em um post intitulado "Mandela, o avesso do mito", toda a bobagem que é o culto à racionalidade.
Quanto aos outros, não tenho o que dizer, só falo por mim e por minhas palavras. Critico o endeusamento de Mandela, agora elevado à condição de santo após a morte, pelos motivos que expus no meu texto. Ou seja: não somente pelo emocionalismo do momento, mas, principalmente, porque esse culto da personalidade não condiz com os FATOS. Assim como todos os demais, o de Mandela se baseia na mentira e na manipulação ou omissão da verdade.
 
O autor diz que o "culto à racionalidade" que ele identifica em meu texto é uma "bobagem". Devo concluir, então, que a sabedoria está com o culto à irracionalidade? 
 
(Nem tudo no texto dele é irracional, justiça seja feita. Pelo menos ele acerta ao dizer que meu blog tem caráter conservador - embora duvide que ele saiba o significado dessa palavra. Quanto a ser conhecido por apenas meia dúzia de pessoas, nunca parei para contar. Nem dou a mínima para isso.) 
 
Não vou fazer qualquer resenha ou análise dos "fatos sobre o Mandela" que o autor do texto descreveu.
Como assim? Não vai analisar o que eu disse? Então por que citou o texto (inclusive dando o título etc.)? Não vai refutar nada do que eu escrevi mas ainda assim critica? Confesso que agora fiquei confuso. Deve ser a primeira vez que alguém fala mal de um texto sem o refutar.
 
Pouco me importa se o ex-presidente da África do Sul foi amigo do Fidel Castro, se os políticos que o sucederam fracassaram ou não, ou se o CNA (Congresso Nacional Africano) tornou-se uma máfia.
Giovane pouco se importa, mas EU me importo. Eu e qualquer outra pessoa com um mínimo de respeito aos fatos e à lógica. Mandela está sendo louvado e endeusado como um herói da liberdade e da democracia. Como tal, espera-se de um tal personagem um mínimo de coerência. Ser amigo pessoal de tiranos como Fidel Castro, Muamar Kadafi e Robert Mugabe (o ditador mais antigo da África na atualidade) é não apenas falta de coerência, mas de decência, de respeito pelos milhares de vítimas das ditaduras comandadas por esses canalhas. Mandela jamais disse um "ai" em defesa dos direitos humanos nos países tiranizados por esses carniceiros. Pelo contrário: sempre os defendeu com ardor, chamando-os inclusive de "irmãos" e atacando os que condenavam seus abusos (postei inclusive um vídeo mostrando isso). Se Giovane acha fraco um argumento baseado na razão, use as emoções então: impossível não ficar com o coração apertado diante dos mais de 100 mil mortos pela ditadura comunista cubana, muitos fuzilados ou devorados por tubarões ao tentar fugir da ilha-prisão. Ou com um nó na garganta ao lembrar as famílias de brancos que tiveram seus membros assassinados e suas propriedades roubadas ou destruídas por turbas insufladas por Mugabe no vizinho Zimbábue. Ou os incontáveis torturados e assassinados pelo regime e as meninas violentadas no harém particular do "amigo e irmão" coronel Kadafi (este último, deve estar esperando por Mandela no além). 
 
Outra coisa: Thabo Mbeki e Jacob Zuma, os desastrosos sucessores de Mandela, não são apenas seus sucessores: são seus herdeiros, seus afilhados políticos. Foi graças a ele, Mandela, que eles chegaram ao poder e transformaram o país num paraíso da corrupção, da AIDS e do banditismo político. O mesmo vale para o CNA, essa gangue que há duas décadas vive de sugar o Estado. O autor pode estar se lixando para isso, mas eu não.  

Os artifícios e os argumentos utilizados contra o Nelson Mandela são idênticos aos que estão sendo adotados contra outras figuras que também estão ganhando visibilidade como o Ministro Joaquim Barbosa: fala-se do que pessoas ligadas a ele fizeram, ou do que ele fez dentro da lei e que possa parecer imoral, como se isso o tornasse um terrorista. O que foi dito no blog em questão também não é novidade, todo mundo já viu ou ouviu algo parecido nas últimas 24 horas, ou em outras ocasiões semelhantes. 
Confesso que poucas vezes vi tamanha imaginação num texto que deveria ser sobre uma figura política recém-falecida. O que, meu Deus do céu, tem a ver as minhas críticas ao endeusamento de Mandela com os ataques dos petralhas ao Joaquim Barbosa? Vai saber...
 
Posso estar enganado, devido ao estilo um tanto quanto evasivo do texto, mas se o autor está se referindo ao que Mandela fez no passado, antes de ser preso ("fala-se do que pessoas ligadas a ele fizeram, ou do que ele fez dentro da lei e que possa parecer imoral, como se isso o tornasse um terrorista"), então aproveito para repetir: ele foi preso por ter organizado atos TERRORISTAS (atentados à bomba, assassinatos etc.) à frente da organização Umkhonto we Siwe (Lança da Nação), o braço armado do CNA, do qual ele foi comandante.  Trata-se de um fato. Mas o autor despreza os fatos.

Portanto, a novidade argumentativa não existe neste texto. Já aturamos estes [SIC] sujeitos por muito tempo, sempre lutando contra o pensamento "das massas", sempre procurando uma posição de rebeldia social, mas incessantemente dizendo a mesma coisa. Porém, o que eles ainda não perceberam, é que  a rebeldia das ideias está em pensar criticamente, caso a caso, ao invés de pensar e falar de acordo com suas ideologias políticas. Quem se diz "de esquerda" ou "de direita" torna-se mais previsível e entediante do que um jogo da velha. 
Outro parágrafo estranho, típico de um texto cujo autor mandou a razão às cucuias. Primeiro, não pretendi apresentar nenhuma "novidade argumentativa" em meu texto, apenas recuperar fatos em geral omitidos. Fatos, aliás, que não têm nada de novo, muito pelo contrário. Não sei o que o autor quer dizer com "rebeldia social" - esse termo, para mim, tem mais a ver com os esquerdistas de botequim e marxistas de galinheiro, gente que usa o sobrenome "Guarani-Kaiowá" no Faceboook e que considera Mandela um santo. Estou em outra. Se a tal "rebeldia das ideias", como ele diz, está em "pensar criticamente", então devo concluir que o autor não é nada rebelde, pois deixou o pensamento crítico completamente de lado em seu texto/ode/louvor a Mandela, renunciando a analisar o caso em questão... Quanto a se dizer "de esquerda" ou "de direita" ser algo previsível ou entediante, concordo, tanto que prefiro que digam o que sou ideologicamente. Acho mais chato, porém, quem foge de definições, insistindo no nenhumladismo e no encimadomurismo militante (que, no Brasil, não passa de uma forma de esquerdismo envergonhado). A propósito, qual a ideologia do autor: radical de centro?   

Não citei o texto do Blog do Contra só para dar minha opinião sobre posições políticas. Também não sai da minha cabeça que se a educação fosse melhor, não passaríamos por isso, teríamos mais intelectuais de verdade, que sabem modificar o mundo com suas palavras. Citei o texto porque além da má qualidade na educação e das posições políticas tortas, estamos sendo atingidos por um furacão de pessoas ressentidas. Mas ressentidas com o que, ou quem?
Boa pergunta: ressentido com o quê? com quem? Fiz a mesma pergunta no começo deste texto. Giovane cita levianamente meu texto para fazer uma ilação, segundo a qual eu faria parte do "furacão de pessoas ressentidas". Escrevi minha crítica aos adoradores de Mandela por honestidade intelectual, movido pelo desejo de defender a verdade histórica, que a meu ver está sendo omitida para dar lugar a uma mistificação. Que alguém veja nisso algum traço de "ressentimento" é algo que só pode ser explicado por... bem, escolham a explicação.
 
Deixando de lado o blablablá paulofreiriano sobre educação (!?), que parece tirado de alguma cartilha do MEC (quais seriam "intelectuais de verdade" para o autor: Emir Sader? Marilena Chauí? Frei Betto?), gostaria de voltar ao motivo que me levou a escrever esta resposta: por que o autor citou criticamente o meu texto, se não embasa nenhuma de suas críticas a ele? (Estou quase indagando se seria por "ressentimento", mas deixa pra lá...). Enfim, por que alguém se daria ao trabalho de mencionar um texto de um blog, diz que não concorda com o que o texto diz e logo em seguida afirma que não irá fazer qualquer análise sobre o teor do texto em questão? Alô? 
 
O ressentimento também deve ser analisado caso a caso. O mundo dá motivos para que fiquemos ressentidos o tempo todo. Mas o que é interessante, é que os ressentidos geralmente se deram mal em algum campo da vida e resolvem descontar nos outros; assim, o ressentimento também tem uma pitada de inveja. 
OK, admito: escrevi que Mandela foi amigo de ditadores porque sou um ressentido. Afirmei que ele foi terrorista na juventude porque sou um invejoso. Só fiz isso porque não ganhei aquele carrinho de controle remoto que o Juquinha ganhou quando eu tinha sete anos. Por isso desconto no Madiba. Agora espero ver os fatos que citei serem refutados. Vou ter de esperar muito?
 
Nelson Mandela ficou preso por quase um terço de sua vida, em condições precárias. Sofreu com o preconceito, com a violência e o autoritarismo dos brancos racistas, e mesmo assim, saiu da prisão e não ficou ressentido. Conseguiu pensar em um meio de começar a promover a igualdade na África do Sul sem partir para a guerrilha, reconhecendo o próprio erro que cometeu no passado. Colocou seu plano em prática, e fez revolução sem sangue. Virou presidente, fez da África do Sul uma democracia e comandou o país por cinco anos, resistindo ao impulso natural de qualquer líder revolucionário, de tomar o poder e não sair mais, tornando-se um novo ditador. Não fracassou em nenhum ponto. Nem na própria saúde ele fracassou: viveu 95 anos, mais do que muita gente que lava as mãos sempre que encosta em um cachorro. 
Esse é o único parágrafo que fez alusão a fatos (que o autor desdenha, aliás). Fatos, aliás, que cito em meu texto sobre Mandela. Sim, ele foi encarcerado por 27 anos. Sim, ele teve o bom senso e a sabedoria de renunciar ao terrorismo e de promover a reconciliação nacional na África do Sul. Sim, ele soube reconhecer os erros (na verdade, os crimes) do passado, e criou até uma comissão da verdade para expor as atrocidades cometidas pelos dois lados do conflito.  Sim, ele ajudou a transformar a África do Sul numa democracia. Tudo isso é verdade. A pergunta é: e o resto que escrevi em meu texto, não é verdade? Só uma parte da verdade é o que conta? 
 
A propósito: Oscar Niemeyer morreu com 105 anos de idade, dez a mais do que Mandela. E morreu um completo idiota em política, louvando as glórias do camarada Stálin... É mais uma prova de que nem sempre a idade traz sabedoria. Às vezes viver mais significa ter mais tempo para errar mais. Mandela viveu 95 anos. Teve tempo de sobra para reconhecer seus erros e se desculpar por eles. Mas preferiu não fazê-lo. Poderia ter morrido maior do que foi. Pena.
 
Por isso, a morte de alguém como o Mandela gera tanta comoção. Gera comoção porque não o teremos mais providenciando mudanças tão importantes; gera comoção porque o mundo perdeu um herói (sim, ele é um herói), um ser humano que serve de exemplo para todos nós. Por outro lado, é essa comoção que provoca o ressentimento daqueles que não querem ver ninguém por cima.
 
Eles esperam que a sociedade haja [SIC] de forma indiferente diante da morte de quem tem poucos defeitos, como o Nelson Mandela. Um fracassado só elogia outros fracassados, e espera que todos façam a mesma coisa. É insuportável, para ele, ver tanta gente emocionada por uma única pessoa.
A morte de Mandela gerou comoção porque ele era um símbolo, e pouco mais do que isso. Um símbolo de uma causa - a luta por "liberdade", "paz" ou "democracia" - com a qual nem sempre ele foi coerente. Quanto a gerar mudanças importantes, desde 1999 que ele não fazia mais nada na área. Desde então, acomodou-se ao papel de ícone de celebridades, recebendo gente do showbiz e roqueiros deslumbrados. Servia de "exemplo para todos nós"? Na oposição a um regime racista e na defesa da reconciliação nacional, sem dúvida nenhuma. Nisso, ele foi herói. Na amizade com ditadores e na herança política? Difícil.
 
Então, meu caro Giovane, "é essa comoção que provoca o ressentimento daqueles que não querem ver ninguém por cima"? Teoria interessante. Quer dizer que apontar um lado obscuro da biografia de alguém, ainda mais alguém transformado em santo e herói sem mácula pela esquerda mundial e pela maior parte da imprensa, é simplesmente ter ressentimento? Vai ver é por isso que alguns artistas no Brasil querem proibir biografias não-autorizadas. Os biógrafos devem ser todos uns fracassados, uns ressentidos, que não podem ver ninguém "por cima"... 
 
Por isso, pregam pela [SIC] racionalidade. Dizem "sejamos racionais", e logo depois propagam uma série de bobagens sem sentido.
Acabei de descobrir que defender a racionalidade e propagar bobagens sem sentido são coisas semelhantes. Em tempo: quando o Giovane vai apontar as bobagens que eu digo em meu texto?  (Notem que ele diz "racionalidade", e não "racionalismo", que é algo diferente.)
 
Tentam racionalizar suas emoções, mas também fracassam nisso, já que o ressentimento, que é uma mistura de raiva, inveja e outros sentimentos ruins, sempre acaba se sobressaindo.
"Racionalizar as emoções"... Entramos agora no reino das considerações psicanalíticas. Só assim para tentar explicar por que alguém escreve um texto atribuindo a crítica ao culto da personalidade de um líder morto a "uma mistura de raiva, inveja e outros sentimentos ruins"... Freud explica (ou não). 
 
Felizmente, como escrevi no começo do texto, Mandela não morreu. Ele é um imortal, e hoje somos milhares de Mandelas no mundo todo. Não precisamos nos preocupar com sua ausência, pois já absorvemos o Mandela que admiramos, assim como os ressentidos absorveram o "lado ruim" do Mandela. 
Nossa! Agora quase fiquei emocionado. "Mandela não morreu, é imortal" ou "Somos todos Mandela" bem que poderiam virar slogans da moda. Aliás, acho que vi um cartaz na TV dizendo mais ou menos isso. O mesmo disseram os chavistas quando morreu o caudilho Hugo Chávez. É um motivo a mais para manter o senso crítico em relação a endeusamentos do tipo.
 
Sempre que alguém pedir para que você não haja [SIC] com os sentimentos, fuja desse ressentido. O iluminismo já acabou, e faz tempo. 
Vou terminar imitando o Giovane: Sempre que alguém pedir que você AJA com os pés e não com a cabeça, fuja desse desmiolado. O totalitarismo e o culto da personalidade já acabaram, e faz tempo. Pelo menos, deveriam ter acabado. 
 
Agora chega, né? Melhor parar por aqui. Afinal, ao contrário do que pensa o Giovane, tenho coração mole.