quinta-feira, dezembro 30, 2010

O CLUBE DOS RESSENTIDOS


Quando eu era criança, no final dos anos 70, não perdia um episódio do Sítio do Pica-Pau Amarelo. O seriado da Rede Globo foi meu primeiro contato com a obra de Monteiro Lobato, o genial escritor paulista que encantou e alimentou a imaginação de gerações de brasileiros, com um universo abertamente anárquico (burros falantes e leitões como marqueses, entre outras transgressões ao gosto tradicional) e uma síntese ousada de folclore caipira e mitologia grega. Um oásis de vida inteligente em meio ao deserto de mediocridade imperante na televisão, o Sítio abriu as portas, para muita gente, da literatura clássica e para as delícias do conhecimento. Graças a ele e a seu autor, Teseu e o Minotauro, Dom Quixote e Cervantes, tornaram-se para mim personagens tão familiares quanto Dona Benta e o Visconde de Sabugosa, Emília e o Saci-Pererê. Graças a isso, minha infância não foi totalmente desperdiçada em peladas de várzea e em brincadeiras idiotas, tendo sido, em vez disso, povoada por uma chispa de inteligência. Na era pré-videogame e pré-internet, o Sítio era minha Disneyworld, e Lobato era meu Nintendo, era meu Playstation.

Pois não é que apareceu um burocrata (ou melhor: um burrocrata) no governo federal dizendo que Monteiro Lobato, o autor de Reinações de Narizinho, é um escritor perigoso, impróprio para crianças? Pior: era um "racista"? Isso por causa de algumas frases consideradas ofensivas (como é sensível esse pessoal!) pela patrulha politicamente correta incrustrada na máquina governamental desde há oito anos, sobre a empregada negra da Dona Benta, a simpática Tia Nastácia. Monteiro Lobato, o racista odioso, não deve ser lido nas escolas, decretaram os vigilantes da cultura e da correção politica. Monteiro Lobato, o membro da Ku Klux Klan, deve ser expulso da cultura brasileira, decidiram os sábios.

A censura à obra de Monteiro Lobato é uma dessas coisas só possíveis de acontecer em épocas de rebaixamento intelectual e embrutecimento mental como a que estamos atravessando. É o retrato de uma Era. Classificar Monteiro Lobato por supostas ofensas aos negros em seus livros - e querer bani-lo do ensino por isso - é algo tão estúpido e tão idiota quanto querer censurar a obra de Aristóteles, Shakespeare ou Mark Twain pelo mesmo motivo. É, enfim, tentar castrar a inteligência.

Assim como o criador de O Sítio do Pica-Pau Amarelo, também sou perigoso. Também sou impróprio para cérebros infantis. Não aceito, por exemplo, os argumentos usados para justificar a introdução de cotas raciais em concursos públicos. Não vejo justificativa para dar tratamento diferenciado a candidatos a uma vaga na Universidade ou no Itamaraty, por exemplo, com base na auto-proclamada "raça" ("negro" ou "afro-descendente"). Não consigo ver isso senão como a oficialização do contrário do que se alega combater: o racismo. Toda vez que alguém entra na UnB ou no Itamaraty por causa de algum programa de cotas raciais, o Brasil fica menos parecido com o Brasil, e mais parecido com o Mississípi dos anos 50 ou com a África do Sul dos tempos do apartheid. Além do mais, quem tem raça é cachorro, como bem definiu o mulato João Ubaldo Ribeiro.
.
Não vejo provas de que nós, brasileiros, somos racistas. Muito pelo contrário. Se há um país em que o conceito de raça – um conceito ideológico, não biológico, diga-se de passagem – tem pouca ou nenhuma importância, se tem um lugar em que a idéia de discriminação por raça ou pela cor da pele é algo completamente estranho à cultura nacional, é o Brasil. Se duvidam disso, leiam Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre (livro que muitos, principalmente os que não o leram, odeiam).
.
Há quem veja, na tentativa absurda – e burra – de atrelar Monteiro Lobato aos dogmas da militância racialista – esta, sim, racista, pois enxerga o Brasil dividido em raças, como se aqui não tivesse havido mistura racial -, um simples "excesso" de pessoas no fundo bem-intencionadas, uma distorção de uma causa justa. Nada mais falso. O Brasil é um país cheio de defeitos, mas, se tem um que, felizmente, ninguém, muito menos os brasileiros, pode dizer que temos é que seríamos racistas. Aqui, nunca houve (pelo menos até agora nunca houve) o que foi regra nos países anglo-saxões – a segregação racial, a separação total – física, jurídica, cultural – entre as raças. Pelo contrário, o colonizador português, ele mesmo muito pouco "puro" racialmente falando (era o produto de séculos de mistura entre europeus, judeus e africanos, via dominação muçulmana), entregou-se gostosamente e sem preconceitos ao esporte priápico do cruzamento com índias, negras, caboclas, mulatas e cafuzas, até não sobrar nem resquício do que seria "raça". Se houve algum "excesso", por essas bandas, não foi de racismo, mas do seu contrário, ou seja: a miscigenação.

"Ah, mas e a escravidão? Os 'brancos' não têm aqui uma dívida histórica a pagar?" etc. Essa tem sido uma frase-clichê repetida ad nauseam pelos militantes racialistas, e por muitos ingênuos que caíram na deles (sem falar nos espertalhões em busca de uma grana dos trouxas que pagam impostos). Respondo com outra pergunta: Que dívida, cara-pálida? Olhem a História: a escravidão já existia na África séculos antes de o primeiro navegador português botar os pés no continente, e continua a ser praticada em terras muçulmanas, com as bênçãos de Alá e do multiculturalismo (no Sudão ela segue sendo uma realidade, e na Arábia Saudita a prática de ter escravos só foi oficialmente abolida em 1964). Milhares de europeus loiros e de olhos azuis foram escravizados por sultões turcos morenos e de olhos azeitonados (a primeira guerra que os EUA fizeram fora de seu território, no começo do século XIX, foi contra os piratas e mercadores árabes de escravos que agiam no Norte da África). Sem falar que, no Brasil, até mesmo ex-escravos, como Zumbi – o maior símbolo da "resistência negra contra a escravidão" –, eram eles mesmos donos de escravos e exploravam o tráfico escravista. Este não teve nada a ver com "raça", no sentido em que o tomam os ativistas de ONGs e movimentos racialistas – ou seja: não eram brancos escravizando negros, até porque de "brancos" os escravizadores tinham muito pouco. Sem falar que o escravismo esteve longe de caracterizar toda a sociedade colonial. Qual a "dívida" a ser paga por um descendente da oligarquia do sertão cearense, onde a presença escrava foi ínfima, para nao dizer inexistente? E qual peso deve recair na consciência de um filho ou neto de imigrantes alemães ou italianos do Rio Grande do Sul ou de Santa Catarina pela escravidão africana (a maioria dos quais chegou ao Brasil depois da Lei Áurea)? Dívida histórica? Quem vai pagar a dívida dos faraós?

A verdade é que episódios bizarros como o da censura a Monteiro Lobato refletem um fenômeno maior. Vivemos, atualmente, uma verdadeira revolução na linguagem. Miscigenação, por exemplo, virou uma palavra proibida. "Afro-descendente", ao contrário, tornou-se uma espécie de senha, uma palavra mágica capaz de mudar a realidade. Mas o que raios vem a ser "afro-descendente"? A Ciência já comprovou que os primeiros humanos surgiram na África. Logo, toda a humanidade, até mesmo o mais alvo norueguês, é afro-descendente. Dizer que essa categoria se refere unicamente aos negros ou aos descendentes de escravos africanos trazidos, a partir do século XVI, para as Américas (muitos deles vendidos por chefes de tribos inimigas aos mercadores europeus) é, portanto, um contra-senso, um absurdo lógico, e uma mentira histórica. Dizer "afro-descendente" é o mesmo que dizer "descendente de Eva". Ou seja, todos nós.

A revolução lingüística a que estamos assistindo não se restringe ao campo racial. Do mesmo modo que os militantes racialistas em relação a termos como "afro-descendente" ou "afro-brasileiro" (outra expressão que não quer dizer rigorosamente nada), será que os militantes gayzistas, que querem impor uma lei que criminaliza piadas de bichinha (a PLC 122/06), sabem do que estão falando quando acusam alguém – geralmente, alguém que não concorda com eles – de "homofóbico"? Será que têm consciência que "homofobia" simplesmente não existe? Ora, fobia é sinônimo de medo. Conheço medo de avião, medo da morte, medo de barata, medo do escuro. Medo de quem é homossexual, não, nunca ouvi falar. Há quem não goste de gays e, inclusive, bata neles? Certamente que sim, principalmente garotões inseguros sobre sua própria sexualidade que tentam, com isso, provar que são "machos". Ou seja: morrem de medo de dar bandeira. Não são homossexuais também?

A mesma manipulação semântica ocorre com a palavra "homoafetivo". O que é isso? Qualquer relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo. Amizade, por exemplo, ou o amor de um irmão pelo irmão, ou de um filho pelo pai. Quem falou que "homoafetivo" se refere somente a amantes do mesmo sexo? Aqui o sequestro do vocabulário também é evidente.

Tudo isso aponta para o seguinte: a discriminação, no Brasil da Era da Mediocridade lulo-petista, não é contra negros, ou gays, ou índios, ou mulheres – é contra quem pensa diferente do resto da manada. Isso significa que o verdadeiro negro no Brasil, o judeu do Brasil de hoje, a verdadeira vítima de preconceito e perseguição, atende ao seguinte perfil: é homem, branco, de classe média (ou alta), cristão e heterossexual. E que acredita que todos são iguais perante a Lei, e não que a cor da pele ou o que se faz na cama dão a alguem direitos especiais – privilégios, em bom português.

Se os militantes de ONGs racialistas e gayzistas usassem um milésimo da sensibilidade que demonstram buscando racismo e homofobia onde isso não existe para denunciar a corrupção e as pilantragens da quadrilha lulo-petista no poder há oito anos, o governo do Capo di Tutti Capi ja teria virado poeira há muito tempo. Sem querer, os membros desse clube de ressentidos repetem outro personagem de Monteiro Lobato: o Jeca Tatu. Se estivesse vivo, o criador de Dona Benta certamente perceberia pouca diferença entre o Brasil de hoje e a Botocúndia.

terça-feira, dezembro 28, 2010

DIALOGANDO COM MUARES


Lá vou eu, correr o risco de fazer alguém se sentir importante e aparecer às minhas custas. Mas fazer o quê? Não resisto a dar umas boas chineladas num botocudo.

Um gaiato, que se assina "Chico Oliveira", resolveu fazer uma graça e zurrar neste blog. Ele escreveu, sobre meu post "SESSÃO COMÉDIA" (em que comento a ignorância gramatical de um coleguinha do dito-cujo):

Eu nem sabia o que era "fascismo" imagina saber escrever corretamente esse modismo! Não é com esse tipo de argumento que você vai convencer a maioria (inclusive eu) desprovida de capacidade intelectual das suas “certezas”?

O companheiro não sabe o que é fascismo? Então faça o que o outro também não fez: estude!

Quanto a ser um modismo, concordo inteiramente. Chamar alguém de "fascista" tem sido moda entre quem não tem a menor ideia do que é a coisa – ou de como se escreve.

Pelo menos uma de minhas "certezas" está mais forte do que nunca: esquerdiotas não sabem escrever. Está convencido agora?

A propósito: não quero "convencer a maioria". Contento-me em desmascarar imposturas. Não escrevo para maiorias. Escrevo para quem pensa. A maioria que se dane!

Aí, a alimária percebeu que meu blog possui um moderador de comentários. Ele achou isso estranho:

aprovação de comentário? é favorável a "censura"? eu pensei que só o Lula e o PT eram favoráveis a censura.

Meu filho, desde quando moderar comentário em blog pessoal é "censura"? O blog é meu, publico o que eu quiser. Se não gosta, tenha o seu próprio.

Censura, caro idiota, é quando o governo impede algo de ser divulgado, atentando contra a liberdade de expressão e de pensamento. O governo! Isso quer dizer Lula e o PT. Quer saber o que é censura? Pergunte ao Franklin Martins.

Mas, convenhamos: se tem alguém que certamente vai passar a ser favorável a censura a partir deste post, é o bocó que escreveu o comentário. Pelo menos ele não iria passar vergonha.

Até isso tenho que ensinar a esses energúmenos. Daqui a pouco vou ter que ensiná-los a parar de andar de quatro e a não comer capim.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

O BRASIL PIOROU


Detesto estragar esse clima de fim de ano, de congraçamento, Natal, Ano-Novo, essas coisas boas e bonitas. Mas aprendi muito cedo que a verdade precisa ser dita, ou não deve ser dita nunca. Fico com a primeira opção.

Nos últimos tempos, uma sensação anestésica de conformismo e satisfação generalizados, e mesmo de euforia, tomou conta de muita gente no Brasil. A propaganda oficial e oficiosa - ou seja: do governo e da imprensa chapa-branca - dedica-se diariamente a nos bombardear com frases ululantes como "o Brasil melhorou", ou "agora o País está no caminho certo" (como se antes estivesse à beira do caos). Tudo para enaltecer a ele, o Guia Genial, o pai da pátria, o Cara, o verdadeiro descobridor e inventor do Brasil. Um clima de ufanismo de dar inveja à ditadura militar na época do "milagre".

Pois bem. Tenho uma péssima notícia para os pachecos e pombas-lesas que se deixaram engabelar, de vontade própria ou não, por essa patacoada dos petralhas: sob os oito anos do mandarinato lulo-petista, o Brasil não melhorou coisa nenhuma. Muito pelo contrário: o balanço é negativo. O Brasil piorou. E muito.

Antes que parem por aqui achando que digo isso apenas porque sou do contra, faço um convite e um desafio: tentem refutar o que vem em seguida. Desafio qualquer um, qualquer intelectualzinho petista da USP ou da UnB, a provar que o que está nos próximos parágrafos é mentira.

Primeiro, estamos falando de política? Pois se estamos, os fatos não são nada abonadores para a turma da estrela vermelha. Nunca antes na história destepaiz houve um governo que desceu tão baixo e tão fundo nos porões e esgotos da corrupção, da ladroeira, da bandidagem. Nos últimos oito anos, tivemos uma média de um escândalo por semana. Coisa de deixar o governo Collor parecendo um convento de freiras. Nem vou desfilar aqui o rosário de roubalheiras envolvendo direta ou indiretamente o supremo chefe da nação, pois tudo isso é sabido de todos, e além disso o texto ficaria interminável. Verdade ou mentira?

(E antes que digam que tudo isso, ou seja, todas as denúncias, mensalões, dossiês etc., não passaram de "tentativa de golpe" e de "conspiração das elites e da mídia" - a última explicação arranjada pelo Apedeuta, que já inventou outras, como "não sei nada", "fui traído" e "todo mundo faz" -, eis aqui mais uma prova de que estamos mesmo indo de mal a pior: nos últimos oito anos, assistiu-se não apenas à deterioração da moralidade na política e ao achincalhe das instituições, mas também, e principalmente, ao aumento desbragado do cinismo, ao embrutecimento intelectual do País. Imaginem se, em vez de Lula, fosse FHC o mentor do mensalão: conseguem vislumbrar a gritaria que seria?.)

Segundo, é de economia que estamos falando? OK, não sou especialista na área, e vou admitir, aqui, que nesse campo houve alguma melhora. A economia voltou a crescer, a inflação está sob controle, os brasileiros estão melhorando de vida etc. Tudo isso é verdade. Mas aqui não dá para negar que Lula e seus cupinchas pegaram o bonde andando. Ou vão me dizer que o controle da inflação e a lei de responsabilidade fiscal, para citar apenas duas medidas que tornaram possível o que temos hoje, foram obra deles, os lulo-petistas? Pelo contrário: lembro bem de onde estava Lula em 1994, quando chamava o Plano Real de "estelionato eleitoral", e, alguns anos mais tarde, quando os petistas se opuseram, com todas as forças, à Lei de Responsabilidade Fiscal. Sem falar nas privatizações, como a das telecomunicações, que eles não engoliram até hoje, mas que, por alguma razão misteriosa, decidiram manter. (Aliás, é engraçado: se FHC deixou para seu sucessor uma "herança maldita" em economia, então por que raios Lula e sua equipe mantiveram a mesmíssima política econômica do antecessor? Deixa pra lá...) Não, se a economia vai bem, isso não é por causa de Lula e de sua turma: é apesar deles. Os mesmos resultados, e muito mais e melhor, poderiam ter sido alcançados sem eles. Quanto ao PAC, não passa de uma farsa, uma miragem feita de vários projetos desengavetados do governo anterior e reunidos numa sigla nova para ganhar eleições.

Além do mais, ainda que os índices econômicos do governo Lula fossem a maravilha que este diz ser, e que muita gente acredita - e notem que eu escrevi ainda que -, quem disse que a economia é um álibi para desmandos éticos e políticos? Quer dizer que se o governo Collor, por exemplo, tivesse sido um êxito econômico, e não o desastre que foi, com megainflação e confisco da poupança, ele estaria a salvo de ter sofrido impeachment? Alguém conhece argumento mais estúpido do que esse?

Mas e os "avanços sociais"? Suponho que quem faça essa pergunta esteja falando de coisas como o Bolsa-Família, carro-chefe do governo na área. Muito bem. Eu poderia dizer que, assim como a estabilização da moeda, o Bolsa-Família foi, na verdade, uma criação do governo anterior, de FHC. Que, assim como fizeram com o PAC, os lulo-petistas reuniram dois ou três programas com nome parecido e "reinauguraram" a coisa, com pompa e cerimônia, dizendo que foram eles os pais da criança. Mas prefiro lembrar os argumentos que o próprio Lula e sua corriola diziam até bem pouco tempo atrás: que programas do tipo não passam do mais crasso assistencialismo, um paliativo inventado pelas "elites" (as mesmas que ele de vez em quando ataca, sem dar nome aos bois) para que o povão votasse "com a barriga, não com o cérebro". Prefiro dizer, como o senador Jarbas Vasconcelos - o único político brasileiro com coragem para afirmar o óbvio (por favor, ergam uma estátua para ele, só por isso ele merece) - que o Bolsa-Cabresto é o maior programa de compra de votos do mundo, uma medida demagógica e eleitoreira que promove o conformismo e o clientelismo, e não a "igualdade social". Uma gigantesca compra de consciências, em troca de um prato de lentilhas. Prefiro lembrar que foi essa mesma prática que ajudou a perpetuar a miséria do povo e garantiu o poder dos coronéis e oligarcas dos grotões, gente como Fernando Collor e José Sarney, que Lula antes dizia abominar e que agora são seus novos amigos de infância. Coisas da política? Nada disso. Coisas da safadeza mesmo.
.
Ainda há quem diga, entre cínico e ingênuo: "E daí que ele seja corrupto e demagogo? O importante é que o povo está comendo três vezes ao dia" etc. Pois eu digo que esse é o raciocínio mais cretino e imbecil que alguém poderia usar para justificar o Bolsa-Cabresto. Equivale, na verdade, a uma confissão de culpa, à glorificação da demagogia. É o mesmo argumento usado na economia ("se a economia vai bem, por que se importar com a democracia?"), e um retrocesso de pelo menos cinquenta anos na política brasileira, um retorno do clássico "rouba, mas faz". É mais uma prova do abismo moral em que o Brasil foi atirado pelo lulo-petismo.
.
E a política externa? Deixei-a para o final, por dois motivos: primeiro, porque o assunto (infelizmente) não é muito popular no Brasil, não tira nem dá voto. E segundo, porque aqui o governo Lula deu vazão a tudo que tem de pior, eu diria mesmo que mostrou sua verdadeira cara.
.
Como tudo o mais, a propaganda chapa-branca mostra a diplomacia da era Lula como um exemplo de sucesso, e o Brasil, como um país finalmente respeitado entre os grandes etc. É mais uma mentira, talvez a maior de todas.
..
Seguindo fielmente a linha do Foro de São Paulo (por favor, não me façam explicar de novo o que é, há material abundante na internet, pesquisem se quiserem), e entregando os assuntos internacionais a gente do naipe de um Marco Aurélio Garcia, Lula deu apoio total a tiranetes ridículos como Hugo Chávez na Venezuela, justificou os rompantes demagógicos de Evo Morales, chamou dissidentes de criminosos em Cuba e meteu-se numa intervenção desastrada nos assuntos internos de Honduras (a primeira vez, até onde eu sei, que o Brasil se prestou a esse papel lamentável). O governo brasileiro notabilizou-se por dar guarida a terroristas condenados em seus países de origem, tendo expostas as relações de membros do alto escalão do poder em Brasília com os narcotraficantes colombianos das FARC. Ao mesmo tempo, absteve-se de condenar, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, tiranias genocidas como a do Sudão enquanto condenava, sem pestanejar, Israel e os EUA.
.
Mas o pior veio em maio deste ano: demonstrando que a megalomania é mesmo prima-irmã-gêmea-siamesa da ignorância, Lula deixou-se usar pelo louco nuclear e negador do Holocausto Mahmoud Ahmadinejad num acordo fajuto que foi logo torpedeado pela ONU, numa humilhação sem tamanho. Antes disso, o Apedeuta já tinha cometido a infâmia de justificar a fraude eleitoral e as barbaridades da polícia secreta iraniana contra manifestantes pela democracia no Irã, além de ter recebido, com rapapés, o "querido amigo" Ahmadinejad em Brasília. Uma cusparada na cara de quem ainda acredita em princípios como democracia e direitos humanos, sem falar na não-intervenção e no respeito à soberania e à autodeterminação dos povos (todos princípios, é bom que se diga, consagrados na Constituição Federal, que Lula e o PT não assinaram). Sob Lula, o Itamaraty entregou-se a uma orgia de antiamericanismo bocó e de caipirice megalomaníaca, que levaram o País a apoiar um antissemita e queimador de livros para a direção da... UNESCO (!). (Aliás, o Brasil colecionou fracassos retumbantes em todas - repito: todas - as candidaturas que lançou para a direção de órgãos internacionais.) Hoje, Lula virou piada em Israel.

Em suma: na área da política externa, assim como na política interna, não houve infâmia, baixeza, indecência e canalhice que Lula e sua corja não tenham cometido. E, o mais incrível: em todos os casos, puderam contar com quem os aplaudisse com entusiasmo.

Eu poderia me estender. Tem muito mais. O aparelhamento do Estado pela quadrilha petista e seus apaniguados. O desrespeito e o deboche do presidente da República em relação à Justiça Eleitoral. O apoio oficial (financeiro, inclusive) aos vândalos do MST e a seu projeto revolucionário maoísta. A derrama de dinheiro público para ONGs picaretas e movimentos pretensamente sociais. A propaganda mentirosa e caluniosa contra adversários políticos, a ponto da intimidação física (infelizmente, contra adversários covardes e incapazes de uma oposição decidida). A exploração demagógica das diferenças regionais. As declarações infelizes e cretinas sobre praticamente qualquer assunto. A desmoralização das instituições democráticas. A mistificação da História. A glorificação da ignorância. O caso Celso Daniel. A implantação do racismo oficial nas universidades e no serviço público. A entronização da mentira. O abastardamento da democracia. O ódio à divergência. As tentativas de revogar a Anistia e de censurar e tutelar a imprensa. Os atentados contra a liberdade de expressão e até mesmo religiosa, mediante a imposição do politicamente correto e da agenda da militância gayzista e abortista... E por aí vai. A lista é infindável.

A tudo isso, os pachecos e pelegos, cúmplices da cleptocracia petista, respondem com a frase ensaiada: "Ele é popular". E daí? Hitler, Mussolini e Saddam Hussein eram populares. O general Médici também era. Acho que até Nero, Calígula e Átila, o Huno foram populares. E isso não diminui um milímetro que seja a enormidade dos crimes que cometeram. Pelo contrário: aumenta ainda mais a perplexidade com o nível realmente soviético a que pode chegar a lavagem cerebral e o culto da personalidade, quando não há quem se oponha de verdade a isso. Anotem aí mais um legado da Era da Mediocridade: o anestesiamento de milhões de mentes. O crescimento assustador da burrice.

O que está acima seria suficiente para colocar Lula da Silva não em uma galeria de líderes respeitáveis, mas no rol dos maiores pilantras, vigaristas e picaretas que já governaram um país, em qualquer época, ou no banco dos réus. Mas Lula deixou para o final aquela que talvez seja sua maior ignomínia: não tendo conseguido impor um terceiro mandato presidencial, pinçou do meio da companheirada uma completa desconhecida, uma nulidade que seguirá até a morte suas ordens, para concorrer em seu lugar e ser eleita para a Presidência da República, usando e abusando da máquina estatal para garantir o continuísmo. Alguém de passado nebuloso, idéias idem e incapaz de elaborar um raciocínio simples em português, conhecida apenas pela obediência servil ao chefe. Podem ter certeza: sob a era Lula, o Brasil piorou; com Dilma Vana Rousseff, irá piorar ainda mais.

terça-feira, dezembro 21, 2010

DA IMPORTÂNCIA DE SER RADICAL


De todas as frases do farsante, racista, eurocêntrico, genocida em potencial e aproveitador de empregadas domésticas que foi Karl Marx ("leiam as cartas, as cartas", clamava em vão Nelson Rodrigues), há apenas uma com a qual concordo inteiramente, embora, claro, em um contexto completamente diferente daquele em que se movimentava o Papai Noel das esquerdas: "Ser radical é agarrar as coisas pela raiz; e a raiz do homem é o próprio homem".

Também já fui, em tempos idos, um radical. Mais precisamente, um radical de esquerda. Mais precisamente ainda, trotskista. Não me arrependo, nem me envergonho. Pelo contrário: considero a experiência válida, até mesmo - aliás, precisamente - didática. Hoje, quando alguém se surpreende com essa minha revelação sobre meu passado e, diante de minhas posições atuais abertamente antimarxistas e (já deixei de me importar com o rótulo) "de direita", indaga, com o olho arregalado, "Mas como é possível?", respondo com um sorriso: "Exatamente por isso". Vou me explicar melhor.

Da minha época de radicalismo trotskista guardo duas conclusões fundamentais, que a cada dia ficam mais fortes: 1) para se opor ao comunismo, ou simplesmente entendê-lo, é preciso, antes de tudo, ter sido comunista; e 2) não acredito em quem não é, ou nunca foi, radical.(Gosto de quente ou frio; morno, eu vomito.)

Ninguém pode entender o comunismo, e todas as suas variantes, sem ter estado um dia do lado de lá, ou seja, sem ter feito parte, ainda que como simpatizante, de algum partido ou grupo de ultra-esquerda. Os ingleses têm um ditado: "Only the wounded can be healed". Ou seja: Só os que foram feridos podem ser curados. Na mosca.

A participação em algum movimento radical de esquerda, seguida da muitas vezes dolorosa desilusão e da consequente queda na realidade, serve de vacina capaz de imunizar o cérebro contra as fantasias e imposturas esquerdistas. Somente quem já participou de alguma organização esquerdista - de preferência, de extrema-esquerda -, ou, então, estudou a fundo os escritos marxistas-leninistas e a história do comunismo (a ignorância do que realmente disseram e fizeram os comunas parece ser um pré-requisito obrigatório entre os militantes e simpatizantes desse credo genocida), somente esses, dizia eu, têm o discernimento e a capacidade cognitiva necessários para perceber o perigo que partidos como o PT e sua máquina pelega significam para a democracia. Somente assim para perceber que o lulo-petismo não é um fenômeno político qualquer. É, ao contrário, todo um sistema, feito de décadas de mistificação, herdeiro de todas as mentiras e falsificações engendradas pelos comunistas - e também de seus métodos.

Pelo menos nesse caso, não estou sozinho. A galeria de ex-marxistas e ex-esquerdistas que, uma vez desiludidos com a realidade comunista, tornaram-se ardentes anticomunistas e defensores da liberdade daria para lotar vários maracanãs: George Orwell, André Gide, Arthur Koestler, Viktor Kravchenko, Albert Camus, Mario Vargas Llosa, e, no Brasil, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Carlos Lacerda, Osvaldo Peralva, Hércules Corrêa, Paulo Francis, Ferreira Gullar, Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo... a lista é interminável. (Curiosamente, não conheço nenhum "ex-liberal" ou "ex-capitalista".) É curioso também que todos esses pertenceram, em algum momento de suas vidas, a alguma vertente radical ou extremista de esquerda. Os que, em vez de mergulharem fundo nos delírios revolucionários, optaram por uma posição mais light ou moderada, observando tudo a uma distância confortável, geralmente custam a se livrar de suas ilusões de juventude, ou se mantêm fiéis a elas (tornando-se, assim, figuras lamentáveis, como um Chico Buarque ou um Oscar Niemeyer). É que não se feriram o bastante, não se aproximaram o suficiente para perceberem a profundidade do abismo.

Eu dizia que deixei de ser trotskista, mas não de ser radical. Outro dia tive uma discussão com um intelectual esquerdista que insistia em que eu deveria enxergar Marx e o marxismo com menos paixão, e que afirmava, como se me conhecesse melhor do que eu mesmo, que eu poderia até ter deixado Trotsky de lado, mas estava imbuído do mesmo "preconceito totalitário", pois continuava a enxergar o mundo "com o olhar da guerra fria" e não seria capaz de ver as coisas com mais frieza etc. A mesma pessoa, que exala moderação, deixou-se trair, ao condenar veementemente ditaduras como a de Pinochet no Chile mas ao se recusar a dizer uma palavra de reprovação ao regime dos irmãos Castro em Cuba... (A mesma pessoa também disse que meu discurso, por apontar essa contradição gritante, era "proto-fascista"...) Percebi que estava diante de alguém que, sob um manto de aparente ambiguidade, e por trás da afetação de superioridade intelectual e moral, escondia suas próprias preferências ideológicas. Alguém que, exatamente por se declarar um "moderado", era incapaz de, ou não queria, desvencilhar-se do ranço esquerdista.

No Brasil, não é de bom-tom dizer-se radical. (Aliás, minto: no Brasil, não é de bom-tom dizer-se radical de direita; radical de esquerda, pode.) Isso significa o seguinte: pega mal ser honesto, é feio chamar as coisas pelo nome. Por estas bandas, cultiva-se não a clareza e a sinceridade, mas o bom-mocismo, o discurso duas-caras, o jogar para a platéia. Certamente uma herança cultural dos nossos ancestrais portugueses, que viveram por setecentos anos sem saber a que mestre - cristãos ou muçulmanos - deveriam prestar vassalagem no dia seguinte. Confunde-se leniência com moderação, conivência com sabedoria. Daí a pessoa intelectualmente honesta - o radical antimarxista - ser visto sempre como um inconveniente, um chato, alguém a ser excluído como um pária, um leproso, um pestilento. Quer se dar bem na política e ter uma multidão de amigos? Então esconda o que pensa e diga somente o que as pessoas querem ouvir. Esta é a Regra de Ouro das relações interpessoais no Brasil.

Seria somente uma demonstração de hipocrisia, se não fosse também um pacto com o maligno. Não exagero. Digam-me: é possível ter uma atitude morna ante um flagrante atentado à liberdade? Os últimos oito anos tiveram de tudo: mensalão, sanguessugas, tentativas de censurar a imprensa, dossiês, intimidação de adversários, apoio a ditadores... Não se indignar, não se revoltar, não insultar com as palavras mais duras quem ouse fazer isso é, na melhor das hipóteses, mostrar-se pusilânime e, na pior delas, uma confissão de culpa, de cumplicidade com o crime. Fazê-lo, ao contrário, é um dever cívico e um imperativo moral. Pode-se pedir "moderaçâo" e "neutralidade" diante do estupro e do assassinato?

Quando estamos às vésperas de mais um espetáculo grotesco, que irá inaugurar mais um período de cinismo e de desprezo pela inteligência com a eleição de um poste de saias, escolhido a dedo para esquentar a cadeira presidencial até a volta do chefe, nunca a palavra "moderado" combinou tanto com pusilanimidade e capitulação. Jamais a falta de uma oposição de verdade se fez mais sentida. Nunca foi tão necessário, tão importante, tão urgente ser radical.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

EIS COMO LULA MOSTRA SEU AMOR PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO


A notícia está no Estadão de hoje, 16/12. Vejam como Lula da Silva tem em alta conta a liberdade de expressão:

Por João Domingos, no Estadão:
O presidente Lula afirmou ontem que, à exceção da imprensa da China e de Cuba, em todo o mundo os meios de comunicação preferem deixar de noticiar realizações dos governos e buscar assuntos com apego junto à sociedade.A Presidência da República distribuiu um livro com 310 páginas sobre as realizações do governo Lula de 2003 a 2010. Os feitos, segundo Lula, foram muito mal cobertos pela imprensa.

Por isso, afirmou, decidiu enviar um exemplar para cada editor de Política e de Economia dos meios de comunicação. “Eu quero que todo mundo receba, para as pessoas perceberem o quanto perderam de (ao não) cobrir coisas boas do governo”.

No entanto, segundo Lula, isso não ocorre só no Brasil, mas no mundo inteiro - exceção para China e Cuba. “Se você for à Argentina e aos Estados Unidos, se for à Alemanha… Obviamente que a imprensa cobre aquilo que tem mais apego à sociedade”.


Comento
Ainda há quem se pergunte por que Lula e os petistas se queixam tanto da imprensa no Brasil, e planejam inclusive amordaçá-la, como demonstra o PNDH-3. Pois aí está a resposta. Para Lula, imprensa boa é a que existe em... Cuba e na China! Ou seja: para ele, imprensa boa é imprensa nenhuma! Não me recordo de ter visto confissão maior de amor ao totalitarismo do que essa.

Há dois dias, Lula da Silva fez um discurso em que se mostrou publicamente solidário com o dono do Wikileaks, Julian Assange. Disse que era um absurdo ninguém na imprensa brasileira estar defendendo o sujeito, que está preso por estupro, e considerou sua prisão um "atentado à liberdade de expressão". Escrevi um texto a respeito. Agora, o Apedeuta vem reforçar ainda mais meus argumentos.

Há oito anos o Brasil é governado por um comediante, um animador de auditório deslumbrado com o poder que acha que o fato de ser popular lhe dá o direito a fazer e dizer o que quiser. Ele é o comediante, mas os palhaços são os que o elegeram e o apóiam.

Termino com duas frases, que Lula certamente desconhece:

"Imprensa que se preze é sempre do contra; o resto não passa de armazém de secos e molhados" (Millôr Fernandes)

"Se me perguntarem se prefiro um governo sem imprensa livre ou imprensa livre sem governo, respondo que prefiro a segunda opção" (Thomas Jefferson)

Sem mais, meritíssimo.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

SOBRE A DIFICULDADE DE CERTOS CÉREBROS ENTENDEREM ANALOGIAS


Se tem uma coisa que nunca vai deixar de me surpreender, e que podem me acusar de subestimar, é a estupidez e ignorância dos esquerdiotas. Vejam o que escreveu um tal de “Arthur”, sobre meu texto “Lula, o Wikileaks e a Liberdade de Expressão: Uma Grande Palhaçada”:
.
Criticando o certo com palavras erradas, texto fraco. Que analogia infeliz essa do roubo do carro viu.
.
À parte o fato de que o leitor não explica o que seria o certo e o errado na questão – deve acreditar, como os pastores neopentocostais, que basta pronunciar um enunciado para que ele seja verdadeiro –, vou me concentrar na questão da analogia, que o leitor achou – novamente, sem dizer por quê – “fraca”.
.
Só para lembrar: Lula declarou que, no caso do Wikileaks, a culpa não é de quem vazou informações secretas de um governo, mas de quem produziu as informações. É o mesmo que culpar o dono do carro por ter sido roubado. Daí a analogia.
.
Escrevo para pessoas inteligentes, ou que, pelo menos, não saiam por aí relinchando e andando de quatro. Mas, em alguns casos, tenho que fazer uma concessão ao embrutecimento geral da sociedade, que vem se acelerando nos últimos anos, para me fazer entender por esses energúmenos. O sujeito achou a analogia “fraca”? Não a entendeu? Então aí vai outra, espero que desta vez entenda.
.
Digamos que você escreva um livro, cheio de fofocas picantes. As informações ali colhidas, por comprometedoras, não são para consumo público, você as guarda para publicá-las postumamente. Aí um belo dia aparece um sujeito e rouba suas anotações, que são publicadas. De quem é a culpa: sua ou do ladrão de documentos?
.
Julian Assange fez exatamente isso, com um agravante: as informações que ele roubou e divulgou são oficiais e podem colocar em risco a vida de milhares de pessoas mundo afora. Isso por si só já seria motivo para colocá-lo na cadeia em qualquer país civilizado, onde roubo de dados secretos do governo é crime, e não tem nada a ver com liberdade de expressão. Mas ele não está preso e respondendo a processo por isso, e sim por estupro.
.
Será que agora o distinto leitor se deu conta do que estou falando? Ou será que achou também essa analogia “fraca”? Mas aí eu teria que me rebaixar ao nível dos quadrúpedes.

terça-feira, dezembro 14, 2010

SESSÃO COMÉDIA


E aí, vamos rir um pouquinho?

Um bocó, que se apresenta como "Comandante" (eu, heim?), resolveu mostrar seu lado Tiririca. Vejam o que escreveu o coitado, na área de comentários de meu texto NARCOTRÁFICO: O QUE É PRECISO DIZER:

Acho que nessa você se deu mal, companheiro! Tratar pobre como bandido é facismo!

Como se não bastasse a frase em si, que nem merece resposta, o sujeito ainda precisa massacrar desse jeito a lingua portuguesa? Pô, "facismo" é demais!

Mas também, esperar o quê de um verdadeiro "Comediante", não é mesmo?

Por que os esquerdiotas são tão burros?

segunda-feira, dezembro 13, 2010

LULA É DE ESQUERDA


Ai, que tédio...

Poucos debates me fazem bocejar tanto quanto o que move alguns setores da esquerda brasileira (sempre ela...): “afinal, o governo Lula é ou não é de esquerda?” E tome blablablá...

O debate é totalmente ocioso, em primeiro lugar, porque essa questão interessa principalmente – na verdade, unicamente – a eles, os esquerdistas. São eles, os de ultra-esquerda, que “acusam” Lula et caterva de não serem de esquerda, ou seja, de não serem tão esquerdistas quanto gostariam que eles fossem (como se a única opção política legítima fosse ser de esquerda...). Morro de rir quando vejo os bestalhões do PSOL ou os porraloucas do PSTU ou do PCO berrando que o PT não é de esquerda, pois é um partido “reformista” e “social-democrata”, logo não-revolucionário etc. O fato de ser esse pessoal os defensores dessa tese oca por si só é suficiente para me afastar dessa discussão. Eles que são vermelhos que se entendam.

Mesmo assim, como não consigo resistir a uma boa polêmica, e como faço questão de botar os pingos nos “is”, vou dizer algumas palavras sobre o assunto.

Antes, porém, uma digressão.

Certo dia vi o Arnaldo Jabor falando na televisão sobre o governo Lula. Ele estava, como de hábito, baixando o pau no governo do Apedeuta, criticando sua corrupção, suas alianças espúrias, seu cinismo desbragado, sua safadeza, sua sem-vergonhice explícita etc. Até aí, nada extraordinário, nada que não seja sabido até dos moleques de rua. Mas então o cineasta saiu-se com algo assim: “Lula não é de esquerda coisa nenhuma; esquerda de verdade é o Serra, é o PSDB”...

Depois, lendo a Folha de S. Paulo, eis que me deparo com um artigo da lulo-petista Eliane Cantanhêde sobre recentes declarações de Dilma Rousseff sobre o apedrejamento de mulheres no Irã. Dilma havia afirmado que, “como mulher”, desaprova a lapidação como um método brutal de execução (talvez se fosse homem, portanto, não veria nada de mais em matar alguém a pedradas...). Mas o que chamou a atenção da colunista da Folha é que Dilma, aparentemente, estaria se distanciando da posição de seu mentor Lula, que em várias ocasiões cantou e andou para o que o regime de seu amigo Ahmadinejad faz com o povo iraniano. Para ela, Dilma Rousseff estaria dando sinais de que “seu” governo levaria em conta, pelo menos no Irã, a questão dos direitos humanos. E arrematou: com isso, ela, Dilma, estaria fazendo uma escolha clara por uma política externa mais “de esquerda”...

São duas as conclusões possíveis decorrentes dos dois exemplos acima:

- O governo Lula não é de esquerda, porque é corrupto e demagógico (Jabor); e

- A causa dos direitos humanos é de esquerda (Cantanhêde).
>
(Ou seja: 1) corrupção e demagogia são características "de direita" e 2) A "direita" é inimiga dos direitos humanos.)

Não mais do que dois neurônios são necessários para que se perceba que as duas teses acima são completamente mentirosas, eu diria mesmo ofensivas à inteligência e à História. Se tem uma coisa que esta última mostra à exaustão é que corrupção e demagogia, assim como o desprezo aos direitos humanos, andam lado a lado de regimes e ideologias esquerdistas. Se têm alguma dúvida, dêem uma olhada em certa ilha do Caribe ou na história da Europa Oriental nos últimos oitenta anos e tentem refutar que isso seja verdade. Está lançado o desafio.

À parte alguns fatos óbvios que a esquerda brasileira insiste em negar – que o PSDB do estatista e ex-presidente da UNE José Serra e do marxiano teórico da dependência FHC também é de esquerda –, as afirmações de Jabor e de Cantanhêde – dois “formadores de opinião” – apontam para um fato lastimável e incompreensível, que já demonstrei em vários textos meus anteriores: ser de “esquerda”, no Brasil, é ser o lado bom, inteligente e sexy da humanidade. Por dedução, ser de direita, ou declarar-se como tal, equivale a passar recibo de criminoso ou de mau-caráter. É como se Stálin e Mao Tsé-Tung, que eram de esquerda, não tivessem existido. Ou como se Winston Churchill, que era de direita, também não. Daí a política no Brasil ter-se reduzido a uma assembléia de esquerdistas, e as eleições, a um campeonato de esquerdismo – no qual, logicamente, sai vencedor o mais esquerdista. Enfim, uma ditadura mental, sem lugar para a pluralidade.

Feita essa digressão, voltemos à questão principal do texto: Lula é de esquerda?

Tenho uma péssima notícia para os esquerdiotas: Lula é um deles. É de esquerda. E isso não é assim porque eu quero que seja. É assim porque os fatos estão aí para mostrar. Ou então tentem refutar o que se segue, se puderem.

Lula é de esquerda, em primeiro lugar, porque é ele mesmo quem o diz. Assim como dez em cada dez políticos brasileiros, é bom dizer. Isso, se não serve em si de prova – não devemos julgar fulano pelo que ele diz de si mesmo, é verdade – forma um conjunto probatório irrefutavel à luz de outros elementos. Vou tentar ser mais claro.

Um bobalhão desses daí resolveu escrever o seguinte na área de comentários de meu blog (ele estava se referindo a alguns fatos óbvios citados por mim em outro texto):

“A política econômica do Lula é neoliberal. Lula promovedor de uma revolução maoísta?!? Você bebeu o que, companheiro? Lula não faz revolução nem aqui no Brasil, nem na China.”

Ai, ai... Pelo menos uma vez eu gostaria de ser acusado pelo que digo, não pelo que não digo. E me lembro bem do que eu não disse. Não afirmei, para comeco de conversa, que Lula promove uma revolução maoísta – quem faz isso é o MST. Basta ler qualquer texto produzido pela turma de João Pedro Stédile para constatar isso (recomendo A Democracia Ameaçada, de Denis Lerrer Rosenfeld, para quem quiser saber o que realmente querem os emessetistas). O que faz o governo dos companheiros? Dá dinheiro para o MST continuar com suas invasões (que eles chamam “ocupações”). Isso é promover a revolução? Não sei. Sei apenas que é promover a baderna. Agora, o MST não é de esquerda? Talvez para o autor da frase acima não seja de esquerda o bastante. Para mim, assim como para todos os que tiveram as propriedades invadidas e depredadas por esses extremistas farofeiros, é.

Além do mais, pode-se ser esquerdista sem ser revolucionário. Basta ser esperto. Basta ser cara-de-pau. E isso Lula é até demais. Preciso dizer por quê?

O mesmo idiota dá a entender, em outro comentário, que as FARC “não são de esquerda”. Pergunto-me o que elas devem fazer para que ele as considere como tal. Matar mais e sequestrar mais gente em nome da revolução comunista? É que ele deve achar que o narcotráfico é “de direita”... Entendi.

Mas querem saber como o governo Lula (e, agora, o de sua criatura) é, digamos, "pouco esquerdista"? Vejam a política externa. Nos últimos sete anos, a política externa brasileira não fez mais do que cortejar ditaduras como as de Cuba e tiranetes como Hugo Chávez da Venezuela, tudo para afrontar eles, uzamericânu. Um antiamericanismo tosco, da Idade da Pedra, pontuado por alianças saídas diretamente do Foro de São Paulo, criado por Lula e Fidel Castro para “restabelecer na América Latina o que se perdeu no Leste Europeu”... Digam-me que tirano antiamericano, que regime antiocidental, não foi paparicado pelo Itamaraty durante o governo Lula! Por que será que o Apedeuta se empenhou tanto nisso? Deve ter sido por excesso de direitismo, claro...

“Ah mas e a política econômica 'neoliberal'?”, perguntam os idiotas da objetividade. Esse é o principal “argumento” dos que pensam que Lula da Silva é um modelo de responsabilidade fiscal e de compromisso com o mercado. Tenho a dizer o seguinte (além de lamentar que, de liberal – ou “neoliberal”, como gostam de dizer os esquerdóides – a politica econômica de FHC, e muito menos a de Lula, tenha muito pouco, infelizmente):

Nada mais “neoliberal” do que a ditadura comunista da China. E nem por isso o regime de Pequim deixa de ser o que é: uma ditadura comunista. Alguma dúvida quanto a isso?

Além do mais, olha aí a História de novo que não me deixa mentir: em 1921, somente quatro anos após tomarem o poder na Rússia (no que foi, é bom dizer, um golpe de Estado), Lênin e os bolcheviques implementaram a Nova Política Econômica (NEP), que restabeleceu a propriedade privada e chamou de volta os capitalistas. Os comunistas russos decidiram agir desse modo assim que viram que não havia outro jeito de fazer a economia funcionar. Assim como os comunistas chineses ou vietnamitas de hoje, eles perceberam que não importa a cor do gato, desde que ele pegue o rato – ou seja: desde que a politica econômica adotada, seja qual for, conserve o poder político.

Na verdade, é perfeitamente possível conciliar um sistema econômico na prática capitalista com uma ditadura comunista brutal. É por não entenderem essa verdade evidente, e por não serem capazes de enxergar um milimetro além de seus lucros imediatos, que muitos empresários acham a China de hoje o máximo e acreditam, ou querem acreditar, que a própria economia irá levar o país a virar um dia uma democracia. Não caio nessa, até porque já estive lá.

Outra coisa fundamental: toda essa lengalenga de que Lula não seria de esquerda não tem nada de novo. Pelo contrário: historicamente, se há uma característica dos esquerdistas, é que eles sempre se acusaram mutuamente de não serem de esquerda o suficiente.

Anarquistas já “acusavam” Marx de “direitista” na época da I Internacional, fundada em 1864. Posteriormente, na II Internacional (1889-1914), marxistas de esquerda e de direita se digladiaram para saber quem era mais radical e mais anticapitalista. Trotsky tornou-se inimigo de Stalin não pelos crimes deste, mas porque, dizia, ele não era, segundo pensava, um marxista de verdade. Os trotskistas de hoje papagueiam esse discurso, afirmando que a URSS “não era socialista” e divergindo entre si, acusando-se – adivinhem – de não serem demasiado esquerdistas... E por aí vai, ad aeternum.
.
Em todos esses momentos, há pelo menos uns cento e trinta anos, o padrão é o mesmo: trata-se de um discurso para salvar a esquerda, pura e simplesmente. A mensagem é: “É diferente do que eu acho que deveria ser? Então não é socialismo”; “Não me agrada? Então não é de esquerda.” E assim, o ciclo continua, até que apareca alguém mais radical acusando os radicais de hoje de serem excessivamente moderados etc. etc. Que alguns milhões de pessoas pereçam nessa luta por algo que não se sabe exatamente o que seria, é algo que não tem importância.

Para ficar mais claro: se Lula resolvesse dissolver o Congresso e nacionalizar todas as empresas capitalistas, proclamando, sei, lá, a República Petista do Brasil, ainda assim haveria um grupo de extrema-esquerda dizendo que isso não é esquerdista ou revolucionário o suficiente.

Nada disso, claro, faz diferença para os devotos do culto esquerdista. Para eles, tudo se resume no seguinte esquema: a direita é reacionária; o centro é pragmático e a esquerda (ou seja, eles mesmos) é revolucionária. Minha experiência num grupo trotskista quando eu era adolescente me tornaram imune a esses argumentos simplistas e simplórios.

Tem gente que acha que o governo Lula não é de esquerda o suficiente. Devem achar que dar dinheiro ao MST, ter relacões com as FARC, querer censurar a imprensa, alinhar-se a Hugo Chavez e a Evo Morales, participar do Foro de São Paulo e apoiar tudo quanto é ditador antiamericano no planeta é excesso de direitismo. Como já disse antes, isso tudo é de esquerda o bastante para mim.

É chato ter de explicar aos esquerdiotas e esquerdopatas quem eles mesmos são. Mas é preciso fazê-lo. A burrice desse pessoal não tem limites.

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Lula, o Wikileaks e a Liberdade de Expressão: Uma Grande Palhaçada


Eu não sei se Julian Assange, o australiano dono do site Wikileaks, que está no olho do furacão de um imbroglio internacional pelo vazamento de milhares de informações secretas do Departamento de Estado norte-americano, é um santo, um espertalhão, um mártir ou um idiota. Sei apenas que Luiz Inácio Lula da Silva precisa beber menos antes de falar.

Isso ficou claro ontem, pela enésima vez, quando o Babalorixá de Banânia resolveu dar seu pitaco sobre o caso do Wikileaks (que ele deve pronunciar "Whiskeyleaks"...). Vejam o que ele disse, diante de uma platéia amestrada de áulicos. Está publicado num troço chamado "Blog do Planalto" (há um vídeo também, para tornar a coisa ainda mais constrangedora):

O presidente Lula prestou solidariedade nesta quinta-feira (9/12) ao fundador do Wikileaks, Julian Assange, preso esta semana após seu grupo ter divulgado mensagens produzidas pela diplomacia americana, e criticou a imprensa brasileira por não defender o ativista australiano e a liberdade de expressão. ”O rapaz foi preso e eu não estou vendo nenhum protesto contra a [o cerceamento à] liberdade de expressão. É engraçado, não tem nada”, afirmou o presidente, que fez questão de registar o seu:

Ô, Stuckinha (Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial da Presidência), pode colocar no Blog do Planalto o primeiro protesto, então, contra a [o cerceamento à] liberdade de expressão na internet, para a gente poder protestar, porque o rapaz estava apenas colocando aquilo que ele leu. E se ele leu porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu. Portanto, em vez de culpar quem divulgou, culpe quem escreveu a bobagem, porque senão não teria o escândalo que tem. Então, Wikileaks, minha solidariedade pela divulgação das coisas e meu protesto contra a [o cerceamento à] liberdade de expressão.

Lula, que participava do evento em que foi apresentado um balanço de quatro anos do PAC, realizado no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), disse ainda desconhecer se seus embaixadores também enviam esse tipo de mensagem, como os diplomatas americanos, e alertou a presidente eleita Dilma Rousseff para que avise seu ministro (das Relações Exteriores) que “se não tiver o que escrever, não escreva bobagem, passe em branco a mensagem”.

Muito bem. O que há de errado com as palavras do Guia Genial? Tudo. A começar pelo fato de que elas são – mais uma vez – uma agressão à verdade e uma ofensa à inteligência.

Em primeiro lugar, Assange não está preso "por ter divulgado mensagens produzidas pela diplomacia americana". Isso é simplesmente mentira. Ele está preso, isso sim, porque – faço questão de colocar em maiúsculas, para que fique claro - pesa contra ele uma acusação de ESTUPRO, a pedido da Justiça da Suécia. Nada a ver, portanto, com vazamentos de informações sigilosas de um governo (o que é, também, crime, como falo mais adiante).

Em segundo lugar, Lula, defendendo a liberdade de expressão?
.
É o mesmo Lula cujo Ministro da Supressão da Verdade, Franklin Martins, planeja obsessivamente TUTELAR e CENSURAR a imprensa, através do que ele chama de "controle social da midia", engendrando aberrações totalitárias como o Confecon, o PNDH-3 etc.?
..
É o mesmo Lula que baba por regimes em que não existe nem traço de imprensa livre, como Cuba, e que aplaudiu com entusiasmo o fechamento da maior emissora de TV da Venezuela, por se opor aos desmandos de seu amigo do peito Hugo Chávez?
.
É o mesmo Lula que já chegou a dizer, com a cara mais lavada do mundo, que o papel da imprensa não é fiscalizar, mas "informar" (ou seja: dar a versão do governo)?
.
É o mesmo Lula que, ainda na semana passada, chamou de "preconceituoso" e mandou "se tratar" um jornalista que ousou perguntar-lhe no Maranhão se iria agradecer à oligarquia Sarney pelo apoio à sua pupila nas eleições (esquecendo, assim, o quão "preconceituoso" era ele mesmo, Lula, quando falava cobras e lagartos do mesmo Sarney não faz assim tanto tempo...)? Só pode ser porre mesmo.

Assange está preso por estupro. Mas, se fosse preso por vazar informações secretas de um governo, ainda mais informações que podem colocar em risco a segurança de um país e a de seus cidadãos, não seria nenhuma surpresa. Em qualquer lugar do mundo, isso é crime. Feito da maneira como Assange fazia (num site por ele criado e inclusive com intenções de chantagem, como no caso do sistema bancário), é mais grave ainda. E isso não tem nada a ver com censura ou algo do gênero, mas com ética jornalística. Imaginem o que aconteceria se algum diplomata ou funcionário do Itamaraty resolvesse divulgar por aí o conteúdo de telegramas secretos e confidenciais... Há leis que condenam quem fizer isso (agora mesmo, na minha mesa, tenho um "Termo de Compromisso de Manutenção do Sigilo" referente a todas as informações a que eu tiver acesso). Então, se a culpa é de quem escreveu, não de quem vazou, como diz Lula, seria correto dizer que a culpa pelo roubo de um carro é do dono, não do ladrão? Ora, tenham santa paciência!

Sem falar que, se o Itamaraty seguir à risca a sugestão do Babalorixá, não se escreverá mais nenhuma linha sobre o Irã, Cuba, Venezuela ou Honduras. Todas as comunicações a respeito, por comprometedoras, deixariam de ser escritas, ou teriam de ser apagadas. Como queima de arquivo, para encobrir a cumplicidade do governo Lula com o crime.

Ao fazer mais essa declaração etílica, o Apedeuta está, além do mais, ofendendo dois governos estrangeiros – o dos EUA (surpresa) e o da Suécia, em cuja Justiça ele está dizendo não acreditar. Essa é postura de um presidente da República?

O mais engraçado é que os vazamentos do Wikileaks deixam o Brasil mal na fita – em uma das comunicações referentes ao País, os diplomatas americanos afirmam que Lula "cacareja" supostas conquistas na área ambiental... Não poderiam estar mais certos sobre o caráter megalomaníaco do Apedeuta.

Lula é a favor da liberdade de expressão. Menos no Brasil. E só se for para prejudicar eles, uzamericânu. Se fosse piada, não seria tão engraçado.

terça-feira, dezembro 07, 2010

A Redenção do Nobel


Já escrevi aqui e reafirmo: nunca dei muita bola para prêmios. Acho premiações, medalhas, condecorações, homenagens e coisas do tipo uma besteira sem tamanho. Podem ficar com tudo isso: é algo que não me interessa.

Não se trata de esnobismo de minha parte. Nem, como na fábula da raposa e das uvas, de despeito por não alcançar o que se almeja - ou seja: ser reconhecido (para mim, a qualidade de uma obra, assim como de um governo, não tem nada a ver com reconhecimento ou popularidade). Trata-se da simples constatação de um fato: esses prêmios, se conferem fama e dinheiro a quem os recebe, dificilmente, ou quase nunca, são pautados pelo mérito. Predominam, em vez disso, outros critérios, que variam do amiguismo puro e simples ao mercadológico e ao ideológico. Nada que tenha a ver, por mais mínimo que seja, com o reconhecimento dos “melhores”. Lima Barreto e Graciliano Ramos, por exemplo, jamais botaram os pés na Academia Brasileira de Letras, ao contrário dos “imortais” Ivo Pitanguy e Paulo Coelho... Digam-me que valor literário têm os livros de Chico Buarque de Holanda, ganhador de sei-lá-quantos prêmios literários, o último dos quais virou até motivo de piada, tamanha a avidez de alguns editores em prestigiar o compositor de A Banda e de livros soníferos como Leite Derramado. Além do mais, esse pendor para o elogio e a reverência, essa tendência a bancar o Rolando Lero, é uma das coisas mais chatas e ridículas que existem, o exato oposto do que se espera de um intelectual.

Prêmios, principalmente os literários, são uma panelinha, uma farsa. E o Nobel não é exceção. No ano passado, o ganhador do Nobel da Paz foi um tal de Barack Obama, escolhido 12 – doze – dias depois de ser eleito (!). Deve ter sido a primeira vez que tal prêmio foi dado a alguém não pelo que fez, mas pelo que se acreditava então que poderia um dia vir a fazer, em favor da paz mundial... Em 2007, quem levou o Prêmio foi outro marqueteiro de marca maior, o ex-vice de Bill Clinton, Al Gore, por causa, entre outras coisas, de uma peça de propaganda mentirosa, no estilo dos “documentários” de Michael Moore, sobre uma lenda urbana chamada “aquecimento global” (que agora começa a ser desmascarada). Os vencedores na categoria Literatura também são geralmente escolhidos segundo o mesmo padrão, que pouco ou nada tem a ver com Literatura. Basta ver os nomes de alguns ganhadores nos últimos anos: Doris Lessing, Harold Pinter, José Saramago... (Por sua vez, o maior escritor latino-americano do século XX, o argentino Jorge Luís Borges, jamais foi contemplado com o Nobel - algo devido, sem dúvida, a suas posições políticas fortemente anticomunistas.)

Mesmo assim, e mantendo meu desprezo por esse tipo de bobagem, sou forçado a admitir: neste ano o Comitê responsável pela escolha dos agraciados com o Nobel resolveu se redimir. Pelo menos no que diz respeito aos dois prêmios de maior visibilidade – o da Paz e o de Literatura –, os bambambãs da Academia Sueca que concedem o galardão decidiram corrigir-se dos deslizes do passado. Renderam-se à Razão, não à Ideologia ou ao marketing.

Desta vez, o Nobel da Paz não foi para nenhum político ungido o novo Messias pela imprensa hipnotizada por vagas promessas de “mudança” que não querem dizer abolutamente nada, como Obama. Tampouco foi – para frustração da legião de devotos lulo-petistas –, para um certo demagogo pançudo latino-americano com mania de grandeza e nenhum senso de ridículo. Foi, pela primeira vez em anos, para alguém que realmente tem algo a dizer – e, principalmente, a mostrar – sobre o assunto: o dissidente chinês Liu Xiaobo, que não poderá receber o prêmio a que tem direito porque é prisioneiro da ditadura comunista da China. (Trata-se de uma dupla derrota para o Reformador do Mundo: não somente ele não foi o escolhido, como o prêmio foi dado a alguém que simboliza algo que ele despreza, como demonstra sua política externa pró-ditaduras: os direitos humanos.)

Do mesmo modo, o prêmio de Literatura de 2010 não foi entregue a nenhum militante de esquerda travestido de literato, como se tornou comum em anos recentes, mas a quem de fato tem uma obra literária sólida – além, claro, de uma trajetória política que destoa do bom-mocismo politicamente correto que caracteriza a intelligentsia de lá e de cá: o escritor peruano Mario Vargas Llosa.

Se tem alguém que merecia receber o Nobel, a meu ver há pelo menos uns vinte anos, é Vargas Llosa. Não somente por sua obra – livros como Conversa na Catedral ou A Guerra do Fim do Mundo têm um lugar especial em minha estante –, mas também, e sobretudo, por aquilo que a Academia privilegia, mais até do que o talento literário: suas idéias políticas. Vargas Llosa é a antítese de um Gabriel García Márquez, o colombiano vencedor do Nobel em 1982 que maculou sua biografia com o apoio incondicional e irrestrito à tirania dos irmãos Castro em Cuba. Antes amigos, Vargas Llosa e García Márquez não se falam desde os anos 70, quando o primeiro, ao contrário do segundo, fez a única coisa que uma pessoa decente pode fazer diante da castradura cubana: rompeu com ela, passando a denunciar, em seus escritos, a falta de liberdade na ilha-prisão do Caribe.

Desde então, Vargas Llosa, além do talento como escritor, tem-se destacado como um incansável defensor da democracia e das ideias liberais, um inimigo ferrenho do populismo, tendo inclusive disputado a Presidência do Peru em 1990 (para azar dos peruanos e para sorte da Literatura, ele foi derrotado pelo demagogo e corrupto Alberto Fujimori). Há alguns meses, quando fazia uma palestra na Venezuela, ele foi hostilizado e agredido pelos esbirros de Hugo Chávez, que o expulsou do país (para mim, somente esse fato já lhe valeria um prêmio). Enfim, um caso raro entre os ganhadores do Nobel: um autor de talento e, ao mesmo tempo, um defensor de causas justas.

Até que enfim, o Nobel resolveu premiar quem merece. Os perfeitos idiotas latino-americanos devem estar se contorcendo de raiva.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

NARCOTRÁFICO: O QUE É PRECISO DIZER


O Rio de Janeiro está em guerra. De novo. O que tenho a dizer sobre o assunto? Tenho pouco a acrescentar ao que escrevi aqui: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2009/10/conexao-narcoesquerdista.html. Vou me concentrar, apenas, em duas idéias que sempre aparecem em momentos como este.

A primeira delas, bastante popular em certos círculos, é que o problema da criminalidade, e do narcotráfico em particular, "não se combate militarmente". É a velha noção (ou falta de) de que o problema é muito complexo para ser enfrentado com metralhadoras e fuzis, pois o buraco é mais embaixo etc.

A segunda idéia é tributária da primeira: como o problema não se resolve militarmente, seria preciso achar os "verdadeiros bandidos". Estes seriam sempre gente graúda, de terno e gravata, capitalistas, possivelmente banqueiros, que lucrariam com o tráfico nas favelas e periferias. Gente, enfim, sem nome e sem rosto, que estaria representada numa entidade igualmente misteriosa e inefável geralmente chamada de "o sistema".

Não é preciso ser muito inteligente para perceber que se está diante de mais uma tremenda empulhação, um verdadeiro crime de estelionato intelectual. As duas idéias acima são coisa de delinquentes, de gente que não se contenta com os milhares de mortos pelo crime organizado todos os anos no Brasil, mas faz questão de assassinar, também, a lógica e a verdade. Trata-se de uma construção ideológica, e, como toda construção ideológica, não passa de uma forma muito conveniente de esconder a verdade, substitundo-a por um sociologismo vigarista, pelo esquerdismo mais bocó e vagabundo. Vamos ao fatos.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar o óbvio: lugar de bandido é na cadeia, e o dever da Polícia é botá-los atrás das grades. Por que afirmo isso, correndo o risco de parecer acaciano? Porque é impressionante a resistência de nossos "intelequituais" em aceitarem essa verdade tão simples, tão elementar. É algo explicado por certo ranço ideológico, que vem do ressentimento pelos anos do regime militar, que acabou há quase trinta anos mas que para muita gente ainda continua (inclusive como fonte de renda). É coisa de quem cheirou toda a cocaína mental marxista na universidade e ainda não voltou de uma "bad trip". Simplesmente não conseguem, ou não querem, entender que o crime deve ser combatido, sim, pelas forças da ordem, que são a democracia fardada. (E antes que alguem diga que essa é uma idéia "fascista", passe em qualquer favela ou comunidade pobre da periferia e pergunte a qualquer cidadão de bem o que ele acha do assunto.)

O problema do narcotráfico é complexo? Claro que é. Isso significa que não se pode – ou pior: não se deve – combatê-lo pelas armas, militarmente? A resposta é um NÃO bem rotundo. O fato de o crime ser uma questão complexa, e ter várias causas – inclusive, vá lá, "sociais" – quer dizer que a Polícia deve renunciar a seu dever constiucional de prender bandido e proteger a sociedade? Deve fazer o que, então? Chamar uma ONG pacifista para organizar uma reunião com os chefes do Comando Vermelho e dos Amigos dos Amigos? Distribuir flores e panfletos informativos sobre os males do consumo e tráfico de drogas a esses respeitáveis senhores? Se o crime não se combate com cana e camburão (ou seja, militarmente), então para que serve a Polícia?

Além disso, a explicação de que é tudo culpa do "sistema" é uma daquelas invenções típicas de marxistas de galinheiro para justificar a continuidade, e não a solução, do problema. O que é "o sistema"? Ninguém sabe ao certo, mas tenho um palpite: seria aquilo que a esquerda abomina – o próprio capitalismo. Seria ele, o pérfido e cruel sistema capitalista, e não a bandidagem, o responsável pela existência do narcotráfico... (Aliás, os próprios bandidos, nessa visão desmiolada, seriam tambem "vítimas da sociedade" etc. etc.)

A explicação fácil de que a "solucão não é militar" e de que a culpa é do "sistema", além de diluir a responsabilidade, atribuindo-a, em vez de a seres de carne e osso, a uma abstração de ideólogos, serve apenas para retirá-la dos ombros dos que sempre sustentaram, com palavras e gestos, o que ocorre há décadas no RJ. Não duvido que, no momento em que escrevo estas palavras, alguns "pacifistas" e "intelectuais" de araque estejam destilando sua indignacão quanto à violência do BOPE e filosofando sobre o papel do "sistema" no narcotráfico internacional, enquanto curtem um baseado no conforto de suas coberturas na Barra...

Nenhuma das "explicações" dadas pelos "intelequituais" do complexo PUCUSP toca, nem de leve, em dois fatos fundamentais: 1) não haveria narcotráfico sem consumo de drogas; e 2) o usuário, portanto, é cúmplice e responsável pela violência. Nenhum deles toca sequer na questão básica da responsabilidade individual. Tampouco fazem qualquer menção, por menor que seja, aos fatos que aponto no link acima (refutem-nos, se puderem).

Sob o peso dos fatos, alguns até ensaiam uma certa autocrítica pela idealização da bandidagem, uma característica do sociologismo de botequim que vem, pelo menos, desde Lampião. Mas não se desapegam totalmente do mito esquerdóide, achando um novo culpado pelo que ocorre nos morros e favelas cariocas: não é o Marcinho VP da Vila Cruzeiro ou do Complexo do Alemão, tampouco é o usuário: são os banqueiros e capitalistas internacionais, o capitalismo, enfim "o sistema"... Ah, tá.

Quando você ouvir algum "intelequitual" de esquerda repetir, pela enésima vez, a conversa mole de que crime "não se combate militarmente" e que a culpa é do "sistema", pode ter certeza: você estará diante de um farsante e de um mistificador. Um cúmplice da criminalidade. Se mentir fosse crime, esse pessoal já estaria no xilindró até o ano 2139.

segunda-feira, novembro 29, 2010

ABAIXO O "SISTEMA"


Ainda não assisti à Tropa de Elite 2 - o inimigo agora é outro. Pelo que andei lendo por aí, a sequência é meio decepcionante. Parece que o capitão (agora, coronel) Nascimento, que no primeiro filme lavava a alma de milhões de brasileiros decentes ao jogar na cara de um maconheiro que ele sustentava, com seu vício, o tráfico de drogas nas favelas (uma verdade que demorou décadas para ser dita na tela dos cinemas brasileiros, e que por si já vale o filme), resolveu filiar-se ao PSOL e fazer ciências sociais na USP ou na UnB. Pediu para sair. Uma pena.

Como ainda não vi o filme, não posso dar meu juízo definitivo sobre a nova obra do diretor José Padilha. Mas, a ser verdade o que dizem as resenhas, ele se curvou às patrulhas politicamente corretas, fazendo um filme para ficar bem na fita e se desculpar pelos "excessos" do primeiro (como se não fossem esses mesmos "excessos" a razão para o estrondoso sucesso de público que o primeiro Tropa de Elite teve). Em Tropa de Elite (o 1, nao o 2), pela primeira vez bandidos eram mostrados como o que realmente são - bandidos (e não como "rebeldes sociais" ou "vítimas da sociedade", como até hoje prefere repetir no piloto automático muita gente da esquerda - sempre ela) -, ONGs picaretas eram mostradas sem retoques e os usuários de maconha e cocaína eram apresentados como cúmplices do crime (parece que foi esse último detalhe o que mais enfureceu os "intelequituais" esquerdistas do Leblon e de Ipanema, que, provavelmente vestindo a carapuça, logo lançaram sobre a película a pecha de "fascista"). O segundo, pelo visto, não tem nada disso. A começar pelo inimigo, que agora seriam as milícias e políticos corruptos. Até aí, tudo bem. Bandido é bandido, seja traficante ou miliciano, e ponto final. O problema é a mensagem que o filme parece querer transmitir: não importa quão honesto e implacável seja o policial, é inutil ir contra o "sistema".

Ô palavrinha destestável essa, "sistema"... Sempre tive uma antipatia profunda por ela, e pela maneira como é usada. Na boca de intelectuais esquerdistas e artistas deslumbrados, ela tem servido para justificar e até mesmo enobrecer a delinquência (contem quantas vezes os cantores de rap a repetem naquela glossolalia insuportável deles...). Fulano roubou, estuprou, traficou ou matou? A culpa não é dele, coitado, que é apenas uma vítima das circunstâncias, mas do "sistema"... É ele, o maldito "sistema", e não o próprio sujeito, o responsável por todos os males na sociedade, inclusive os males que ele, indivíduo, escolheu de livre e espontânea vontade cometer. Como naquela música do Legião Urbana: "O sistema é mau, mas minha turma é legal" etc. Abaixo o "sistema" etc. e tal.

Não é preciso ter mais de dois neurônios para perceber o caráter obviamente vigarista desse discurso. Ele atribui a culpa de tudo de ruim a um ente abstrato – eu diria mesmo sobrenatural –, que domina de forma absoluta e determinante a vida de todos, e contra o qual não vale a pena lutar. É um discurso que seria apenas vigarista, se não se prestasse também a legitimizar e a glorificar a delinquência.
.
Acontece que o "sistema", meus caros, simplesmente não existe. O que existe é a soma de vontades individuais. São os indivíduos, não uma abstracão qualquer, que fazem e sustentam o "sistema". Se o "sistema" é corrupto e podre, é porque as pessoas que o fazem, em primeiro lugar, são corruptas e podres, e precisam ser substituídas por outras, mais honestas. O resto – dizer que é tudo culpa do "sistema", e dar a coisa por isso mesmo – não passa de invenção de subintelectual marxistóide em busca de uma justificativa conveniente para o crime.

Estava pensando nesse assunto quando, por coincidência, vi um dia desses um documentário muito interessante, acho que no Discovery Channel, sobre a vida social dos animais. O filme mostrava várias espécies de mamíferos, como chimpanzés e elefantes, para expor a tese de que os animais superiores têm, sim, um senso de moralidade. Chimpanzés, por exemplo, costumam prantear seus mortos e conseguem, inclusive, identificar a si mesmos no espelho. Ou seja, pode-se dizer que possuem uma idéia da morte, o que denota algum tipo de sentido moral, e uma certa noção de "eu", de individualidade, distinta do simples pertencimento ao resto do bando. Também possuem uma ética rudimentar, baseada no castigo físico para certas condutas, o que demonstra também a existência do que poderia ser definido como livre-arbítrio – o começo da ética.

O documentário passa a focar então, por contraste, na vida dos insetos, como formigas e cupins. Aqui a realidade muda completamente. Insetos, ao contrário de chimpanzés e elefantes, não têm nada que se aproxime do que poderia ser definido como livre-arbítrio ou senso moral. Tudo na colônia ou na colméia é pré-determinado por uma única vontade soberana e ditatorial, a da rainha, que domina de maneira absoluta a vida das operárias e zangões. Estes não existem fora do grupo, não têm existência própria – tudo é geneticamente programado para que a rainha continue a pôr ovos e para que todos a obedeçam. Não há nenhum indício de liberdade, não há escolhas morais. Há apenas um senso automático de dever para com o coletivo, encarnado na rainha. É, enfim, um "sistema" perfeito.

Muitos que torceram o nariz para o primeiro Tropa de Elite consideram ideal um sistema como o dos insetos. Sua noção de sociedade perfeita é aquela do “novo homem” socialista, existente em lugares como Cuba ou a Coreia do Norte. Sob o pretexto de construir um "novo homem", o que ideologias totalitárias como o comunismo e o fascismo querem é aniquilar a própria nocão de humanidade, e nos transformar em formigas ou cupins.

Se Tropa de Elite 2 resolveu trocar a crítica ácida do primeiro filme, que apontava para a cumplicidade de ONGs e dos filhinhos de papai maconheiros com o narcotráfico, pelo velho e fácil trololó esquerdóide sobre o "sistema", então seus realizadores deram uma tremenda bola fora. Espero sinceramente que não tenha sido esse o caso. Até porque estou muito satisfeito com minha condição de ser humano. Não tenho a menor intenção de virar uma formiga ou um cupim.

CHAMEM O TRAFICANTE!


Olha ele aí de novo, o "Comandante". Ele aproveitou o espaço de comentários de meu texto "O DIA EM QUE LULA FOI APRESENTADO A UM FANTASMA" para destilar algumas idéias sobre a atual batalha no RJ entre a Polícia e a bandidagem:
.
O que você pensa da atuação da polícia no Rio de Janeiro contra os traficantes? Suponho que você deva concordar totalmente, já que a premissa é a mesma que você alega no caso israelense: Atacar onde for preciso, mesmo que haja inocentes!
.
Respondo: o que penso de a Polícia correr atrás de bandido e botá-los na cadeia? Sou a favor, claro. O companheiro não é?
.
Aliás, parece que foi isso - prender bandidos - o que a polícia de Sérgio Cabral menos fez nos últimos anos, tendo optado pela operação de marketing chamada UPPs - Unidades de Polícia Pacificadora (como se toda polícia, por definição, não fosse pacificadora). Para mim, polícia não tem que só "pacificar", não: tem que prender!
.
Mas entendi: o Comediante aí acima acha que a Polícia não deveria estar subindo morro para caçar a bandidagem, pois estaria agindo como os israelenses em Gaza etc. etc.
.
Já escrevi bastante sobre o que penso da luta de Israel contra o terrorismo islamita, e não quero me repetir. Digo apenas que o fato de haver pessoas inocentes nas áreas controladas pelo Hamas (assim como pelo Comando Vermelho ou pelo ADA) torna ainda mais necessário atuar de maneira firme contra esses criminosos. A presença de gente inocente é geralmente usada como tática pelos terroristas (chama-se "escudos humanos"). Assim eles transformam a população civil em seus reféns, enquanto Israel tem que arcar com um duplo ônus: combater os terroristas e tentar evitar, ao máximo possível, baixas entre os civis (quando elas ocorrem, são comemoradas pelos terroristas como um trunfo na guerra de propaganda). Perguntem-me: de que lado estou? De Israel, claro. Assim como estou do lado da Polícia contra os traficantes.
.
Por falar em comparações, imaginem se a polícia do RJ agisse em relação ao tráfico de drogas do mesmo modo que as Forças de Defesa de Israel fazem em relação aos terroristas islamitas: certamente, não haveria mais nem vestígio de bandidagem nos morros cariocas... Que pena que não é assim.
.
Trocando em miúdos: tem gente que pensa que, porque há pessoas inocentes vivendo nas áreas dominadas pelo terror ou pelo narcotráfico, as forças da ordem (e da democracia) nao deveriam ir lá. Outras pessoas, assim como eu, pensam um pouco diferente: o fato de civis viverem nessas áreas é mais um motivo para livrá-las desses tiranetes.
.
Como disse, entre os bandidos e a Polícia, ou entre o Hamas e Israel, fico com a Polícia e com Israel contra os bandidos e o Hamas. E o Comediante que fez o comentário ai em cima, será que pode dizer o mesmo?

EU E O CONSELHEIRO ACÁCIO


Recebi um comentário muito engraçado de alguém que se assina como “Paulo”, mas que tenho motivos para desconfiar que se trata da encarnação de um famoso personagem da literatura portuguesa. Eis o que ele escreveu (sobre meu texto “O DIA EM QUE LULA FOI APRESENTADO A UM FANTASMA”, mas poderia ser sobre qualquer outro texto meu):

Caro,

Todo governo (assim como seu governante) tem coisas boas e outras ruins. O que eu acho inacreditável nesse blog é que dentre tantas coisas boas que o governo Lula nos proporcionou você só consiga falar das ruins. Se você oculta as coisas boas acaba por também faltar com a verdade.

Outra coisa, o Lula não é de esquerda há muito tempo. Ele está mais que vinculado com as políticas neoliberais de direita.

GUSTAVO RESPONDE:

Caro Conselheiro Acácio,

Em primeiro lugar, é uma alegria poder trocar idéias com Vossa Senhoria. Faz tempo que não nos falamos. Desde, pelo menos, a última vez que li O Primo Basílio, de Eça de Queiroz.

Então todo governo tem coisas boas e coisas ruins etc? Jura? Por que será que nunca pensei nisso antes?
.
Vamos ver: o regime nazista acabou com o desemprego na Alemanha, e o regime fascista fez os trens chegarem na hora na Itália. Mas será que é por isso que esses regimes são lembrados?
.
Mas indo direto a seu comentário, que traz o peso de toda sua sapiência, tenho apenas duas coisas a dizer:

1 – Há um monte de blogues por aí que existem apenas para enaltecer o governo do maior governante das terras brasileiras desde Tomé de Souza. Muitos deles até ganham uma graninha dos cofres oficiais para isso. Acredito que lá V. Sa. se sentirá mais à vontade.

2 – Tentei, juro que tentei, achar alguma coisa boa no governo do reformador do mundo. Acabei achando uma coisa só: a política econômica. Mas aí me dei conta – minha memória não é das piores, modéstia à parte – de que as tais conquistas que ele alardeia terem sido obra dele foram, na verdade, garfadas do governo anterior. Fiquei ainda mais alarmado quando lembrei que, na época em que essas conquistas estavam sendo alcançadas, ele, o Guia Genial, estava do outro lado da cerca, berrando contra. Cheguei então à seguinte conclusão: o que há de bom no governo dele não é novo, e o que há de novo não é bom.

E o pior é que nem dá para dizer "é ruim, mas pelo menos acaba". Aí está a Dilma para provar que não é bem assim.
.
Outra coisa: gostaria de saber por que os que dizem que Noço Guia não é, ou não é mais, de esquerda são todos – sem exceção – de esquerda... Pelo visto pensam que um governo que dá dinheiro para o MST promover sua revolução maoísta e que tenta calar a imprensa à moda bolivariana, inclusive com o PNDH-3, ou que tem uma política externa totalmente alinhada com ditaduras antiamericanas, sem falar nos contatos com as FARC e o FORO DE SÃO PAULO, é um modelo de "neoliberalismo de direita"... Vai ver não consideram um governo desse naipe esquerdista o suficiente. Para mim, é esquerdista o bastante.

Mas só digo isso, claro, porque eu sou um reacionário, não é mesmo? Ou, como escreveu outro dia um da turma, um “proto-fascista”...

Até mais, Conselheiro. Lembranças minhas ao Eça, à Luísa, ao Jorge, ao Basílio e à Juliana.