terça-feira, fevereiro 21, 2012

BURRICE COMOVENTE

Pô, assim não dá!

Tudo bem que é Carnaval, época em que a inteligência, cuja média no resto do ano já não é lá grande coisa, sai de férias - basta tentar ouvir as "letras" das "músicas" que embalam o ziriguidum, principalmente a tal "axé music", para constatar -, mas não precisava exagerar...

Vejam o que uma mula anônima dessas que zurram na internet resolveu despejar aqui.  O coice foi por causa de um post em que parodio um panfleto que um petralha escreveu:

Gustavo é comovente toda sua militância pelo PSDB, chega a dar dó de ver todo esforço que você faz para provar aqui neste blog a honestidade do PSDB.

Só tenho uma coisa a dizer diante do que está aí em cima: cumé quié

Eu, militante do PSDB? Como se diz no popular: "me inclua fora dessa!"

Eu que não meto a colher nessa briguinha de casal que é a (falsa) disputa PT versus PSDB, em que parece se resume a atual política brasileira. Nem vou repetir aqui o que já cansei de escrever em outros posts (que a besta aí em cima não se deu ao trabalho de ler, para variar...): que essa (falsa, falsíssima) dicotomia entre petistas e tucanos é uma das maiores farsas de que já se teve notícia, um teatrinho para saber quem é mais esquerdista.  Não sou de esquerda; portanto, não me metam nessa rinha. 

Além de falsa como uma nota de 35 reais, essa questão de tucanos contra petistas é uma das coisas mais emburrecedoras que existem. O próprio comentário é uma prova do que estou dizendo. Basta alguém desmascarar as imposturas de um livreco mentiroso, escrito por encomenda por um militante que se apresenta como "jornalista", para vir um da turma, asinamente, com esse papo besta de "você está defendendo os tucanos" etc. Como se toda a Política se resumisse a ter de escolher entre mais ou menos esquerda... 

Não, idiota! Não defendo os tucanos, em primeiro lugar porque não sou da esquerda social-democrata uspiana - berço, aliás, de muitos petistas. Em segundo lugar, porque, por isso mesmo, acredito numa oposição de verdade, e não na "oposicinha" de serras e aécios, essa coisa sem gosto e sem sal que faz a alegria dos atuais ocupantes do poder. E que me leva a perguntar, todos os dias: com uma "oposição" dessas, para quê base alugada, digo, base aliada?
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Isso não me impede de apontar as mentiras e falsidades do tal panfleto petralha, uma imunda peça de propaganda saída diretamente da fábrica petista de calúnias, que vive de falsificar a realidade e assassinar reputações. Também não me impede de enxergar o fato óbvio de que nada na política brasileira se compara à corrupção petista - esta superou qualquer coisa que veio antes e que, provavelmente, virá depois, sendo uma forma muito mais entranhada, sistemática e deletéria de corrupção. E não me deixa cego para a realidade de que, ao contrário do PSDB, o PT sempre teve dificuldade em aceitar as regras da democracia, como a liberdade de expressão, por exemplo (a não ser que seja a seu favor). Mas estas considerações estão além da capacidade de compreensão de quem escreveu o comentário acima.

Aliás, querem que eu fale mal das privatizações realizadas no governo FHC? Pois aí vai: foram poucas! Os tucanos deveriam ter feito muito mais! Deram passos importantes, como a quebra do monopólio estatal do petróleo e a venda da Vale, mas faltou-lhes a coragem e a ousadia necessárias para livrar de vez o contribuinte do fardo de sustentar estatais falidas e uma burocracia parasitária e ineficiente. Perderam, assim, a chance de fazer uma verdadeira revolução no Brasil, enterrando toda uma cultura da estatolatria - que vem da colonização portuguesa e se consolidou com o estatismo varguista e com os militares. Certamente, o país não estaria ainda tão atrasado em algumas áreas. Pronto. Estão satisfeitos, petralhas?

Tão insuficientes foram as privatizações que o governo da companheira Dilma acabou de iniciar o processo de privatização dos aeroportos - que os cumpanhêru chamam de "concessão", para se diferenciarem dos colegas peessedebistas (como se o nome mudasse o significado da coisa, mas deixa pra lá). Percebeu que, se não abrisse o setor à iniciativa privada, o risco de  caos aéreo se tornaria realidade, ameaçando a Copa de 2014. É isso aí, petistas: sigam assim, que daqui a um tempo vocês conseguem se igualar aos tucanos. Afinal, o PT é o PSDB com 15 anos de atraso - e com muito mais cara de pau.

São mensagens como a que está aí em cima que me convencem que a ignorância no Brasil de hoje virou mesmo a regra. Chega a dar dó ver o esforço dos esquerdopatas em defender as pilantragens dos petralhas tentando desqualificar o mensageiro, inclusive apelando para a conversa mole de que "todos fazem igual" (depois de passarem décadas berrando que eram diferentes de todos...). E ainda há quem caia nas empulhações dessa gente. É tanta burrice que chega a ser, como direi? - comovente.

terça-feira, fevereiro 14, 2012

O LIVRO QUE PRECISA SER ESCRITO

E aí, "jornalistas" a soldo do cleptolulopetismo, quem se habilita?

Uma pequena resposta a um panfleto mentiroso, escrito por um farsante, que está circulando na praça.


UM TEXTO PRIMOROSO SOBRE UM ASSUNTO DE QUE MUITOS FALAM MAS QUE POUCOS CONHECEM

João Pereira Coutinho, colunista da Folha de S. Paulo, escreveu uma resposta primorosa a um militante esquerdista que se faz passar por "professor" sobre um tema a respeito do qual muitos opinam e que poucos conhecem: o conflito israelo-palestino. Uma verdadeira aula de História, com aquilo que os ativistas anti-Israel e pró-Hamas costumam ignorar solenemente, em sua fantasia maniqueísta dos "pobres palestinos lutando contra os cruéis opressores sionistas" etc. Vale a pena ler, reler, repassar e discutir. Nem parece que Coutinho escreve para a Folha.

Ah, e antes que me esqueça: é claro que o texto de Coutinho ficará sem resposta. É assim que os militontos esquerdopatas agem diante de fatos.

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RESPOSTA A VLADIMIR SAFATLE

João Pereira Coutinho

Folha de S. Paulo

Nada tenho contra a ignorância. Na melhor tradição socrática, sei que a ignorância é a base de qualquer conhecimento válido.

Coisa diferente é a ignorância atrevida; ou a má-fé intelectual de quem falsifica os factos para construir uma narrativa "apropriada".

Vladimir Safatle é um caso: dias atrás, escrevi nesta Folha que o seu texto sobre o conflito israelense-palestino revelava desconhecimento sobre aspectos básicos do problema, que qualquer um dos meus alunos aprende no 1º ano de faculdade.

Lendo a resposta de Safatle à minha resposta, vejo que me enganei --e devo um pedido de desculpa aos leitores.

Safatle não revela apenas desconhecimento; revela desconhecimento, desonestidade e um desagradável traço de grosseria.

Sobre a grosseria, digo apenas isto: no meu texto, em nenhum momento teço considerações pessoais sobre Safatle. Não há uma linha sobre a sua ascendência cultural; e nunca me passaria pela cabeça atribuir-lhe qualquer maleita psiquiátrica.

Que Safatle tenha evocado a minha condição de português para, alegadamente, eu não entender certas palavras (no fundo, um velho clichê racista) e levantado suspeitas sobre as minhas "alucinações negativas", eis uma postura que define a criatura.

Em condições normais, não haveria resposta ao texto de Safatle. Mas, por respeito aos leitores da Folha, gostaria de esclarecer alguns pontos sobre a "polêmica".

Em primeiro lugar, Safatle afirma que um "muro" é um muro e que eu, de forma demente, teria transformado o Muro (com maiúscula) em "barreira de segurança". Para que não restem dúvidas, mantenho o que disse: a parte em cimento da "barreira de segurança" da Cisjordânia constitui apenas 5% da totalidade dessa barreira (que, na verdade, é mais uma cerca que outra coisa).

Isto não é um pormenor; é uma forma de tratar as palavras (e a realidade) com um mínimo de decência. Bem sei que é mais dramático afirmar que Israel construiu um Muro ("o Muro da vergonha", "um novo Muro de Berlim" etc. etc.) para separar os israelenses dos palestinos. Lamento: Israel apenas construiu esse Muro quilométrico na retórica de Vladimir Safatle.

Uma vez estabelecidos os factos, convém lidar com as implicações: a "barreira de segurança" vai além das fronteiras pré-1967 e anexa território alocado aos palestinos? Verdade.Mas não é a "barreira de segurança" (ou os assentamentos na Cisjordânia, já agora) que impede uma solução para o conflito e a existência de um estado palestino que inclua a totalidade de Gaza e a (quase) totalidade da Cisjordânia (já lá iremos).

Israel retirou de Gaza em 2005 e, para o efeito, evacuou povoações inteiras (Netzarim, Morag, Dugit etc.). Aliás, a evacuação não se limitou a Gaza; incluiu também outras povoações na Cisjordânia, como Ganim ou Homesh.

Nenhuma novidade. O mesmo já sucedera depois dos acordos de Camp David (em 1979) quando a paz com o Egito levou Israel a desmantelar a totalidade dos assentamentos no Sinai.Dito de outra forma: nem os assentamentos, nem a "barreira de segurança", ambos removíveis por definição, são os verdadeiros obstáculos da paz.

E quando, mais acima, escrevi sobre a possibilidade de um estado palestino que inclua a totalidade de Gaza e a (quase) totalidade da Cisjordânia, nem esse "quase" é um obstáculo real: o Plano Clinton já previa que os 94%-96% da Cisjordânia palestina seriam completados por 6%-4% de território israelense anexado a Gaza. Mas nem isso levou Arafat a aceitar um acordo histórico para os palestinos.

E Arafat não aceitou o acordo porque exigiu o regresso dos 4 milhões de refugiados palestinos (tradução: o regresso dos filhos dos filhos dos filhos dos refugiados originais) a Israel, e não ao novo estado palestino, como seria lógico.
Com imensa bondade, Safatle concorda que esse regresso em massa seria um suicídio demográfico e cultural para Israel. Mas depois pergunta por que motivo não se tenta encontrar uma solução de compromisso que passe pela "absorção de uma parte e a compensação financeira dos demais".

Se Safatle tivesse lido alguma coisa a respeito, ele saberia que "absorção de uma parte" e "compensação financeira dos demais" foi precisamente o que foi proposto por Ehud Barak em Camp David.

Para sermos precisos, Barak propôs absorver uma parte dos refugiados palestinos ao abrigo de um programa de reunificação familiar; e propôs também compensações no valor de 30 bilhões de dólares. Arafat recusou na mesma.

Por último, Safatle horroriza-se com a minha frase: "a existência de um Estado autônomo e respeitoso das fronteiras de 1967 tem sido sucessivamente proposto pelas lideranças israelenses desde 1967".

Não entendo o horror. Se esquecermos que, antes da Guerra dos Seis Dias, foram sempre os árabes a recusar a existência de um estado palestino junto a um estado israelense (1917, 1937, 1948), o que dizer depois da Guerra?

Depois da Guerra, ainda em 1967, quando Israel estava disposto a trocar a terra conquistada por paz, reconhecimento e negociação, a resposta árabe ficou célebre na Cúpula de Cartum, que a história registou para a posteridade como a "Cúpula dos Três Nãos": não à paz com Israel; não ao reconhecimento de Israel; e não à negociação com Israel.

Apesar de tudo, um estado palestino respeitoso das fronteiras de 1967 (embora, como referi, implicando "trocas de terra" em que Israel cederia parcelas do seu território para compensar perdas na Cisjordânia) voltou a ser oferecido em 2000, em Camp David; e retomado por Ehud Olmert, em 2008. A resposta árabe foi sempre a mesma: não, não e não.

É pena. Os palestinos, que Safatle me acusa de ignorar em tom melodramático, mereciam melhor destino.

Mereciam, por exemplo, que as lideranças palestinas não tivessem desperdiçado as várias oportunidades de alcançarem um estado palestino independente depois de 1967.

E mereciam que, antes de 1967, quando Gaza e a Cisjordânia estavam sob domínio egípcio e jordano, respectivamente, os "irmãos árabes" tivessem integrado os refugiados palestinos nas suas sociedades.

Exatamente como Israel integrou os milhares de refugiados judeus que, durante a Guerra da Independência de 1948, partiram ou foram expulsos dos países árabes da região.

Discutir o conflito israelense-palestino, ao contrário do que pensa Vladimir Safatle, é um pouco mais complexo do que soltar umas interjeições adolescentes ("um muro é um muro!", "há situações inaceitáveis sob quaisquer circunstâncias!" etc.) que talvez impressionem alguns alunos pós-púberes.

Infelizmente, senhor professor Safatle, não me impressionam a mim.

domingo, fevereiro 12, 2012

LIÇÕES DE UMA GREVE (OU: POR QUE PETISTAS E A VERDADE SÃO INCOMPATÍVEIS)

Jaques Wagner, à direita, ao lado do irmão-ditador de Cuba Raúl Castro e de uma sua (dos Castro) admiradora incondicional, em recente viagem à ilha-presídio: vai ver ele foi lá aprender como se lida com grevistas de forma democrática...

Se tem uma coisa que a greve dos policiais militares da Bahia, que acabou recentemente depois de ameaçar espalhar-se para outros estados, provou por A mais B, é que os lulopetistas são um perigo à segurança pública.

Antes de tudo: este blog considera ilegítima e ilegal greve em serviços como saúde, educação e transportes. Greve com gente armada, então, é mais do que isso: é crime contra o Estado Democrático de Direito. Há muitas outras maneiras até mais eficazes de lutar por um maior salário ou por melhores condições de trabalho do que a greve, que deve ser vista como o úlimo recurso para atingir esses objetivos, e não como o primeiro, como geralmente acontece. Quem paralisa serviços públicos essenciais, seja por que motivo for, está prejudicando a população e merece, portanto, cadeia. Piquete armado é terrorismo. Ponto final.

Feita essa observação inicial - que espero ter ficado clara ao leitor -, voltemos ao ponto do primeiro parágrafo. Como afirmei, petistas são um perigo, uma ameaça à segurança do cidadão. Na Bahia, estado governado pelo petista Jaques Wagner desde 2006, a greve da PM - de fato, um motim, com ocupação da Assembléia Legislativa e ações de vandalismo que só podem ser descritas como terroristas - deixou um saldo de 150 cidadãos mortos pela bandidagem em 12 dias em Salvador. Os índices de violência na capital baiana, já alarmantes, triplicaram.

Aí vem alguém e pergunta: e o PT com isso? Respondo com as seguintes palavras. Leiam com atenção:

Em primeiro lugar solidarizo-me com nossos conterrâneos da Polícia Militar do Estado da Bahia, que há aproximadamente dez dias vêm se movimentando juntamente com seus familiares, particularmente as esposas, numa justa reivindicação por melhorias salariais. Infelizmente, a impermeabilidade do Governador do Estado fez com que o Comando da Polícia Militar punisse cerca de 110 militares. (…) Acho um absurdo o atual vencimento dos agentes da Polícia Militar da Bahia, bem como o dos oficiais. Entendo que aqueles que têm por tarefa a manutenção da ordem pública precisam ter uma remuneração condizente com o risco de vida a que se expõem todos os dias. (...)

Gostaram do discurso? São palavras do então deputado federal Jaques Wagner, do PT da Bahia. Ele mesmo, o atual governador. O discurso acima foi pronunciado em 18 de setembro de 1992, e está registrado no Diário do Congresso Nacional. Governava a Bahia na época Antônio Carlos Magalhâes, do PFL, adversário do PT. Entenderam?

E aí? Mudou Jaques Wagner? Mudou o PT? Na verdade, nenhum deles.

O Brasil mudou, mas eles não mudaram. Continuam os mesmos demagogos de sempre, os mesmos irresponsáveis. Estão sempre prontos para mentir e enganar um pouco mais, num vale-tudo para chegar ao poder.

Alguém poderia dizer: mas não é assim que fazem todos? não faz parte da política esse jogo?

Não! A metamorfose do discurso petista não é um simples expediente comum a todos os políticos. É, na verdade, algo muito mais sistemático. Trata-se de um método. Assim como, para os cumpanhêru, a corrupção não é algo simplesmente circunstancial, mas está no próprio sangue, no DNA, é da natureza do lulopetismo adaptar o discurso aos interesses do momento, escarnecendo de qualquer coerência. O que chamam de pragmatismo eu chamo do que verdadeiramente é: picaretagem pura, demagogia barata.

Do mesmo jeito que, na oposição, apresentavam-se como defensores da moral e da ética contra as bandalheiras (a Poderosa diria "malfeitos") dos outros, apenas para revelarem-se, uma vez no governo, os campeões da ladroagem, os petralhas sempre instrumentalizaram as greves para fazer politicagem e chegar ao poder, em prejuízo da população que diziam defender. E para isso sempre contaram com os sindicatos, a CUT etc. Diferente dos demais políticos.

Sem falar que, em matéria de estímulo à desordem, ninguém supera os petralhas. Existe claramente um abuso do direito de greve no Brasil, e os grandes responsáveis por isso são eles, os lulopetistas. Cansei de ver movimentos inconseqüentes e radicais puxados pela companheirada - quase sempre em época eleitoral. Greves estúpidas e inúteis de professores, médicos etc., com o único objetivo de indispor a população com o governo de plantão e fazer proselitismo vagabundo a favor deste ou daquele candidato do partido. Quase sempre os resultados eram pífios e o efeito era o oposto, com o povo se voltando contra os grevistas. Mas, para estes isso não importava: sendo funcionários públicos, não poderiam ser mandados embora - e havia a expectativa de vitória eleitoral, que tudo compensaria. Com a paralisação dos policiais na Bahia, o petista Jaques Wagner está provando do próprio veneno. E confirma-se o seguinte: no estranho mundo mental em que habitam lulopetistas, seus aliados e simpatizantes, greve feita por eles é sempre boa; greve contra eles é vandalismo (e, no caso da greve da PM da Bahia, é mesmo).

E o pior é que os mesmos que descem o cacete nos PMs amotinados de Salvador e em qualquer um que ousar contestar o "jeito petista de governar" acham o cúmulo da arbitrariedade o governo de São Paulo aplicar a lei para desocupar a cracolândia e restituir aos donos de direito um terreno invadido. Teve até um assessor de Gilberto Carvalho posando para as câmeras, todo pimpão e sorridente, dizendo ter sido atingido por uma bala de borracha da polícia tucana na desocupação do Pinheirinho. Na hora de condenar a violência contra os grevistas baianos, porém, esse pessoal some. Tudo que fazem é demagogia eleitoreira, safadeza política da pior espécie. Nojento.

Dois pesos e duas medidas. É assim que boa parte da imprensa se acostumou a tratar as malandragens dos petistas. E é por isso que eles se sentem tão à vontade em mudar de discurso como quem muda de camisa. Os 150 mortos durante a paralisação do policiamento em Salvador foram vítimas da irresponsabilidade e da demagogia sem limites dos que hoje governam a Bahia (e o Brasil). Se incitamento à greve na PM fosse considerado crime no Brasil, Jaques Wagner já estaria na cadeia há muito tempo. Assim como metade dos lulopetistas.

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P.S.: Faço aqui um mea culpa. Escrevi que, com a greve da PM na Bahia, Jaques Wagner estaria provando do próprio veneno. Creio que me equivoquei. Na realidade, quem está provando o veneno do modelo petista de segurança pública é o povo da Bahia. Aí estão 150 mortos em 12 dias para mostrar.

terça-feira, fevereiro 07, 2012

A mulher, o bebê e o intelectual

por LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 30/01/12

Os comunistas mataram muito mais gente no século 20 do que o nazismo, o que é óbvio para qualquer pessoa minimamente alfabetizada em história contemporânea. Disse isso recentemente num programa de televisão. Alguns telespectadores indignados (hoje em dia ficar indignado facilmente é quase índice de mau-caratismo) se revoltaram contra o que eu disse.

Claro, a maior parte dos intelectuais de esquerda mente sobre isso para continuar sua pregação evangélica (no mau sentido) e fazer a cabeça dos coitados dos alunos. Junto com eles, também estão os partidos políticos como os que se aproveitam, por exemplo, do caso Pinheirinho para "armar" a população.

O desespero da esquerda no Brasil se dá pelo fato de que, depois da melhoria econômica do país, fica ainda mais claro que as pessoas não gostam de vagabundos, ladrões e drogados travestidos de revolucionários. Bandido bom é bandido preso. A esquerda torce para o mundo dar errado e assim poder exercer seu terror de sempre.

Mas voltemos ao fato histórico sobre o qual os intelectuais de esquerda mentem: os comunistas (Stálin, Lênin, Trótski, Mao Tse-tung, Pol Pot e caterva) mataram mais do que Hitler e em nome das mesmas coisas que nossos intelectuais/políticos radicais de esquerda hoje pregam.

Caro leitor, peço licença para pedir a você que leia com atenção o trecho abaixo e depois explico o que é. Peço principalmente para as meninas que respirem fundo.

"(...) um novo interrogador, um que eu não tinha visto antes, descia a alameda das árvores segurando uma faca longa e afiada. Eu não conseguia ouvir suas palavras, mas ele falava com uma mulher grávida e ela respondia pra ele. O que aconteceu em seguida me dá náuseas só em pensar.

(...): Ele tira as roupas dela, abre seu estômago, e arranca o bebê. Eu fugi, mas era impossível escapar do som de sua agonia, os gritos que lentamente deram lugar a gemidos e depois caíram no piedoso silêncio da morte. O assassino passou por mim calmamente segurando o feto pelo pescoço. Quando ele chegou à prisão, (...), amarrou um cordão ao redor do feto e o pendurou junto com outros, que estavam secos e negros e encolhidos."

Este trecho é citado pelo psiquiatra inglês Theodore Dalrymple em seu livro "Anything Goes - The Death of Honesty", Londres, Monday Books, 2011. Trata-se de um relato contido na coletânea organizada pelo "scholar" Paul Hollander, "From Gulag to the Killing Fields", que trata dos massacres cometidos pela esquerda na União Soviética, Leste Europeu, China, Vietnã, Camboja (este relato citado está na parte dedicada a este país), Cuba e Etiópia.

Dalrymple devia ser leitura obrigatória para todo mundo que tem um professor ou segue um guru de esquerda que fala como o mundo é mau e que devemos transformá-lo a todo custo. Ou que a sociedade devia ser "gerida" por filósofos e cientistas sociais.

Pol Pot, o assassino de esquerda e líder responsável por este interrogador descrito no trecho ao lado, estudou na França com filósofos e cientistas sociais (que fizeram sua cabeça) antes de fazer sua revolução, e provavelmente tinha como professor um desses intelectuais (do tipo Alain Badiou e Slavoj Zizek) que tomam vinho chique num ambiente burguês seguro, mas que falam para seus alunos e seguidores que devem "mudar o mundo".

De início, se mostram amantes da "democracia e da liberdade", mas logo, quando podem, revelam que sua democracia ("real", como dizem) não passa de matar quem não concorda com eles ou destruir toda oposição a sua utopia. O século 20 é a prova cabal deste fato.

Escondem isso dos jovens a fim de não ter que enfrentar sua ascendência histórica criminosa, como qualquer idiota nazista careca racista tem que enfrentar seu parentesco com Auschwitz.

Proponho uma "comissão da verdade" para todas as escolas e universidades (trata-se apenas de uma ironia de minha parte), onde se mente dizendo que Stálin foi um louco raro na horda de revolucionários da esquerda no século 20. Não, ele foi a regra.

Com a crise do euro e a Primavera Árabe, o "coro das utopias" está de volta.

quinta-feira, fevereiro 02, 2012

VICIADOS EM DITADURA

Quando Dilma Vana Rousseff assumiu a Presidência da República, muitas almas ingênuas se deixaram levar pela esperança de que, ao menos na política externa, haveria alguma mudança. A postura canhestramente antiamericana e desavergonhadamente pró-ditaduras do governo anterior, responsável por alguns dos maiores vexames da história do Itamaraty (como o apoio descarado a um político golpista em Honduras, as relações mal-explicadas com os narcoterroristas das FARC e um acordo fajuto para permitir à teocracia islâmica do Irã ganhar tempo para ter a bomba atômica, entre outras enormidades), seria substituída por uma atitude mais sensata e discreta, como convém a democratas. Aparentemente, o governo Dilma estaria se afastando de regimes que apedrejam mulheres e enforcam opositores para se colocar, finalmente, do lado bom e decente da humanidade, o lado da civilização contra a barbárie. Não mais piscadelas e salamaleques para ditadores e violadores contumazes dos direitos humanos, acreditou-se, mas um pouco de compostura e decência - pelo menos isso.
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Durou pouco a ilusão. Se ainda havia alguma dúvida de que o governo Dilma Rousseff nada mais é do que o governo Lula requentado (apenas com um pouco menos de verborragia e sem tantos fogos de artifício), essa foi para o beleléu no começo desta semana, com a visita da ex-camarada Estela à ilha de Cuba, o fetiche supremo dos esquerdistas.
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O que ocorreu em Havana foi o fim de mais um mito criado em torno de Dilma Rousseff, cuja biografia oficial, graças à aura de ex-guerrilheira que ninguém sabe direito o que fez, já começa a adquirir contornos de hagiografia (escrevo sobre isso em outro texto). A viagem foi precedida de alguns gestos que pareceram a muitos um sinal de "mudança", como a concessão de visto, por parte do governo brasileiro, para que a blogueira Yoani Sánchez visite o Brasil para um festival de cinema (se virá ou não, é outra questão, pois o governo cubano já negou seu pedido de saída do pais 18 vezes, e tudo indica que não o fará novamente), assim como as recentes "reformas" anunciadas pela ditadura, como a permissão para vender carros e o limite de dez anos (depois de 53 anos!) para a permanência de governantes em cargos de mando. Tudo, porém, não passou de fogo de palha, de muito confete para pouca música.
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Não se repetiu, dessa vez, a cena escabrosa de um Lula da Silva posando, sorridente, ao lado da múmia Fidel Castro no momento em que um preso de consciência, Orlando Zapata Tamayo, morria de fome em um calabouço da ditadura. Seria dificil ultrapassar nível tão abissal de abjeção. Mas a visita de Dilma não esteve longe no desprezo aos direitos humanos. Poucos dias antes de ela chegar à ilha e encontrar-se em segredo com Fidel Castro, outro dissidente, William Vilar, morreu em uma greve de fome em protesto contra a repressão política e a falta de liberdades na ilha-prisão. O que disse Dilma, a ex-torturada, sobre o fato? Nada. Nem uma só palavra.
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Em vez disso, na única ocasião em que tocou no assunto dos direitos humanos quando esteve na ilha, a digníssima tratou de comprovar, pela enésima vez, sua pouca familiaridade com as formas mais elementares de expressão e, de quebra, cometeu uma gafe que só não faria corar de vergonha seu antecessor. Perante os jornalistas, naquela língua estranha e quase ininteligível que é o dilmês, ela criticou o tratamento cruel dispensado aos presos... em Guantánamo! Sim, para a presidente do Brasil, só há tortura, só há presos de consciência, na prisão norte-americana! Ou melhor: no quesito desrespeito aos direitos humanos, todos têm culpa no cartório, exceto... a ditadura cubana! Na visão geopolítica muito peculiar de Dilma Rousseff, Marco Aurélio Garcia e companhia, não há qualquer diferença entre Cuba e os EUA, assim como não há diferença alguma entre os presos em Boniato ou Kilo 7 e os detidos em Guantánamo. (Corrigindo: para eles há diferença, sim - Cuba seria uma democracia, e os EUA, uma ditadura...)
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Com mais essa declaração infeliz, Dilma se aproximou um pouco mais de Lula, que talvez na frase mais estúpida já pronunciada por um chefe de Estado em todos os tempos, comparou em 2010 os presos políticos cubanos aos bandidos do PCC... Dilma não chegou a tanto – seria demais até para ela –, mas colocou dissidentes como Orlando Zapata e William Vilar na mesma vala comum dos terroristas presos na prisão norte-americana, como Khaled Sheik Mohammed, o mentor dos atentados de 11/09/2001.
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Por falar em Guantánamo, lembrei agora de um fato interessante: no auge do clamor mundial contra o tratamento dispensado pelos EUA aos prisioneiros, o jornalista e provocador intelectual Christopher Hitchens, falecido no final do ano passado, defendeu o fechamento da prisão norte-americana, pelo seguinte motivo: os EUA estavam ajudando a criar uma ameaça à sua seguranca, ao permitir que o local se transformasse numa grande madraçal. Em Guantánamo, os terroristas presos possuem direitos raramente respeitados em muitos países. Por exemplo, eles têm direito a rezar quantas vezes quiserem e a ler o Corão. Comparativamente a outros prisioneiros, têm mesmo um tratamento cinco estrelas. Será que se pode dizer o mesmo dos presos políticos em Cuba?
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Seria demais esperar de Dilma Rousseff, que nos anos 60 pegou em armas para transformar o Brasil numa nova Cuba, que, em sua visita à ilha, se encontrasse com dissidentes. Mas poderia, pelo menos, ficar calada. Assim, além de evitar o vexame de maltratar os ouvidos alheios com seus solecismos e anacolutos, poderia vender mais facilmente a lorota de que a visita foi apenas "de negócios", como repetiu sua assessoria. Com sua declaração inacreditável sobre Guantánamo, a musa de Arnaldo Jabor deixou claro que sua ida a Havana não visou apenas a interesses comerciais, mas, sobretudo, a prestigiar a ditadura.
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Essa é a postura do governo Dilma: para a ditadura comunista dos irmãos Castro, silêncio cúmplice e solidariedade; para os EUA, críticas – e em Cuba. Ou seja: fala grosso com os EUA, mas afina com tiranos de sua predileção. E ainda há quem fale em "mudança" na política externa brasileira... Aí está a própria Dilma para desmentir esse wishful thinking.
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Claro, haverá quem diga que não cabe a um chefe de Estado em visita a outro pais fazer declarações sobre direitos humanos ou liberdade de imprensa, pois isto seria, além de uma quebra do protocolo diplomático, imiscuir-se nos assuntos do país anfitrião etc. Já conheço essa conversa.
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Pois eu digo que, para além desse palavrório afetado, defender os direitos humanos, em lugares como Cuba, mais do que cabível, é uma obrigação política e moral. Ainda mais em se tratando do Brasil, país que é, atualmente, o maior parceiro comercial de Cuba - o que significa que é, junto com a Venezuela do bufão Hugo Chávez, o principal sustentáculo do regime. Em 2011, o saldo comercial entre Brasil e Cuba chegou a US$ 642 milhões, um recorde; empresas brasileiras participam diretamente de importantes projetos de infraestrutura na ilha, como a ampliação do porto de Mariel (de onde saíram, em 1980, milhares de cubanos fugindo do paraíso socialista). Justamente por isso, o Brasil deveria usar o poder e influência que supostamente tem para conseguir avanços democráticos na ilha dos Castro. Mas não o faz. O que leva à pergunta: se o poder não serve para influenciar outros e construir um mundo melhor, como gostam de dizer os companheiros petistas, então para quê serve?
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E não me venham dizer que as intenções, nesse caso, esbarram na realidade: poucas vezes houve condições mais favoráveis para usar o poder dos cifrões para influir nos rumos de outro país. Graças a décadas de incompetência do regime comunista, Cuba é hoje uma ruína econômica, e não tem qualquer produto de interesse para o Brasil, necessitando desesperadamente dos investimentos brasileiros para sobreviver. Já o Brasil não precisa de Cuba, exceto nos corações dos militantes mais empedernidos.
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(Não faltará, também, quem fale num tal embargo norte-americano - que alguns insistem em chamar, por ignorância ou má-fé, de “bloqueio” -, o qual na prática não embarga nada, como se tivesse alguma coisa a ver com o fato de o regime mandar prender e fuzilar pessoas.)
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Cai por terra, assim, outro mito, sistematicamente repetido pelos marqueteiros do lulo-dilmismo: o da nova potência mundial, respeitada e influente nos assuntos internacionais. No mesmo momento em que a combalida União Européia e até a Liga Árabe pressionam as tiranias do Irã e da Síria, a presidente do Brasil Maravilha, que enche a boca para falar mal dos EUA e do FMI, não tem nada a dizer sobre direitos humanos na ilha subjugada há mais de cinquenta anos pelos Castro. Não vacila em condenar os crimes passados da ditabranda militar brasileira, mas amolece quando se trata da ditadura de verdade cubana. Ditadura, só se for a dos EUA...
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Não é somente nos inumeráveis escândalos de corrupção e nas trapalhadas administrativas que o governo Dilma é um monótono déjà vu. Na política externa, também, infelizmente, é clara a continuidade. Em Cuba, caiu a máscara de Dilma. Que tanta gente se recuse a ver isso e insista que ela é diferente de quem a inventou (alimentando o mito, ainda por cima, da gerente eficaz e rigorosa com "malfeitos" de seus subordinados), é algo que só se explica por motivos ideológicos - ou psicológicos. Não tem jeito. Com ou sem Lula, petralhas são viciados em ditadura.
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PS.: Já tinha escrito este texto quando leio na imprensa que a blogueira Yoani Sánchez teve o visto negado para viajar ao Brasil. Foi a 19a vez que a ditadura castrista a proibiu de sair da ilha-presídio, e a terceira tentativa frustrada de ir ao país de Dilma Rousseff. Certamente, os baba-ovos da castradura cubana dirão que foi culpa da CIA ou do embargo imposto pelos EUA à Cuba… São assim as coisas no universo mental dos devotos de ditaduras decrépitas e assassinas.