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terça-feira, agosto 12, 2014

O VÍRUS DO ANTISSEMITISMO

 
Sei que o assunto é tabu, mas... e daí? Quem disse que eu ligo pra tabus? Vamos lá.

Muito do que li e ouvi no último mês me fez acender o sinal de alerta para opiniões antissemitas. Não falo do antissemitismo escancarado, que sempre existiu e que também andou dando as caras por aí, mas principalmente de um antissemitismo disfarçado, polido, velado, "cool", "bem-pensante", que muitos não c
onsideram antissemitismo e que (infelizmente) parece ter virado moda. Trata-se de um antissemitsmo que não ousa dizer o nome, envergonhado, covarde, que usa e abusa do emocionalismo e de argumentos aparentemente "do bem", sendo, por isso, mais difícil de detectar. Alguns exemplos:

- "NÃO SOU ANTISSEMITA; SOU ANTI-SIONISTA": É a desculpa preferida dos que querem esconder o ódio por trás de um véu de retórica. Tanto que muitos já perceberam o tamanho da empulhação. Quem diz isso acha que, separando a religião judaica do Estado de Israel e do movimento que o criou (o sionismo), está sendo menos preconceituoso e intolerante (lembram, como se isso fizesse diferença, que há judeus anti-sionistas etc.). Acontece, senhores, que tal discurso - negar a Israel o direito de se defender, e até de existir - é exatamente o discurso antissemita. Um sujeito chegou a escrever um artigo na Folha de S. Paulo dizendo que não tinha nada contra os judeus, mas que Israel, um Estado criado e reconhecido pela ONU em 1947, era uma "aberração"... É o mesmo que dizer: "Não sou antiamericano; sou contra os EUA". Ou (para os mais nacionalistas): "Não sou antibrasileiro; sou contra o Brasil". Ou ainda: "Não tenho nada contra os americanos (ou os brasileiros), mas os EUA (ou o Brasil) são uma aberração". Lorota pura.

- "NÃO CONCORDO COM OS MÉTODOS DO HAMAS, MAS SUA LUTA É JUSTA": Os "métodos" do Hamas consistem em lançar foguetes a esmo contra Israel e usar crianças palestinas como escudos humanos em escolas e hospitais da ONU usados como depósitos de armas. Já seria o suficiente para qualquer pessoa decente denunciar com ardor esse grupo terrorista e querer que as Forças de Defesa de Israel mandem esses fanáticos inescrupulosos para o quinto dos infernos. Mas o pior é dizer que "a luta é justa" (!!!)... A "luta" do Hamas não é por terra, nem contra a "ocupação" (que em Gaza acabou em 2005), mas simplesmente pela destruição de Israel e pelo extermínio de toda a sua população. Não é uma luta pela Palestina, nem pelos palestinos, mas pelo Islã radical, do mesmo modo que grupos como o ISIS, o Al-Shabab e o Boko Haram. Ou seja: eles lutam por um genocídio dos judeus (e não somente dos judeus: dos cristãos também, e dos budistas, e dos ateus...). Uma reedição do Holocausto, exatamente o que querem os antissemitas. Luta justa, é?

- "NÃO SOU A FAVOR DO HAMAS, SOU CONTRA OS BOMBARDEIOS CONTRA A POPULAÇÃO CIVIL" etc. É a desculpa "pacifista", talvez a maior balela de todas. É óbvio que qualquer pessoa normal é contra bombardear cidadãos indefesos, e Israel faz o possivel para evitar essas baixas (o Exército israelense mira em alvos do Hamas e procura avisar a população antes dos ataques). O problema é que esse argumento simplesmente ignora que as mortes de civis palestinos decorre da prática do Hamas de usá-los como escudos humanos.  Ou seja: não leva em conta que a guerra de Israel não é contra os palestinos; é contra o Hamas, que faz uso dessa tática canalha, esperando exatamente causar o maior número de baixas entre civis inocentes, para com isso acusar... Israel de atacar e massacrar indiscriminadamente a população (!!!). O(a) sujeito(a) se diz contra, mas compra direitinho o discurso do Hamas...
 
A propósito: alguém conhece um meio melhor de enfrentar militarmente um inimigo que não reconhece seu direito de existir e que jurrou varrê-lo do mapa, que lança foguetes desde áreas civis, que se esconde entre a população e que não teme a morte (pelo contrário: busca a morte e arrasta a população para esse destino) do que ações como a Operação Margem Protetora? Mais: diante de um inimigo desse tipo, que usa homens-bomba e escudos humanos, alguém propõe abandonar o uso da força militar? Alguém acredita, em sã consciência, que é possível lidar com o Hamas sem buscar destruir sua infraestrutura terrorista? Quem oferecer uma resposta para essa questão merece o Nobel da Paz.

É claro que nem toda crítica a Israel (e eu, particularmente, tenho muito a criticar no atual governo israelense) é antissemitismo. Acho até que há um certo exagero, uma hipersensibilidade de alguns setores sionistas a qualquer crítica mais dura, que enxergam, invariavelmente, como antissemita, e que isso é instrumentalizado, muitas vezes, para justificar certas políticas israelenses (como, por exemplo, os assentamentos na Cisjordânia). Mas é inegável que os "argumentos" acima trazem embutidos uma dose não pequena de preconceito antijudaico. Assim como  a acusação, feita inclusive por governos, de que Israel estaria cometendo um "genocídio" em Gaza, a qual, de tão absurda e desconhecedora do verdadeiro significado da palavra "genocídio" (ou, numa versão mitigada, "massacre"), nem merece maior comentário e só traz vergonha a quem a pronuncia, como escreveu, num texto brilhante, o articulista do Miami Herald Andrés Oppenheimer (http://www.miamiherald.com/2014/08/06/4275217/andres-oppenheimer-claim-of-israel.html).


O mesmo vale para a esparrela de que Israel estaria usando "força desproporcional", o que não passa de uma desculpa pseudo-humanitária que mal esconde o desejo de que o número de israelenses mortos fosse maior (lembra algo?).

Nem menciono as tentativas de equiparar moralmente a ação militar israelense e a violência do Hamas, o que, sob a capa de "equanimidade", é um atentado ao bom-senso. Ou a tática calhorda (infelizmente, bastante comum) de tentar deslegitimar Israel impingindo-lhe os rótulos de "fascista" e mesmo "nazista", algo que só perde, em ignorância, para a estupidez e a safadeza ideológica - características, aliás, do nazifascismo. 

Resumindo: sim, é verdade que há um massacre em curso em Gaza. E não, não é Israel que o está perpetrando. E sim, é verdade que há genocidas em ação. E não, não é Israel. Preciso ser mais específico?
 
Todas as desculpas esfarrapadas apresentadas acima voltam à tona sempre que Israel resolve reagir a um ataque de inimigos como  o Hamas, o Jihad Islâmica ou o Hezbollah, que juraram varrer o país (e seu povo) do mapa. Tem sido assim desde 1948. E também antes, como sabe qualquer pessoa com o mínimo de interesse em História e de honestidade intelectual.

Enfim, os acontecimentos das últimas semanas no Oriente Médio comprovaram, pela enésima vez, que o antissemitismo existe, sim. De forma velada ou não, consciente ou inconscientemente, com bílis ou com açucar, com a suástica ou com o símbolo do "peace and love"... E esse sentimento, esse ódio ancestral, está mais forte do que nunca, dessa vez com uma roupagem nova, "progressista", "humanista", "do bem". O que o torna ainda mais lamentável e detestável. Negar que esse ódio existe, e que é bastante atuante no mundo de hoje, é parte da guerra de propaganda do Hamas contra Israel e contra a paz.

segunda-feira, julho 21, 2014

OS ADORADORES DA MORTE

 
Dizem que blogs são para textos curtos. Se for assim, paciência. Segue um pouco de História (para quem dá valor a FATOS, não à propaganda):

Durante muitos anos, o chamado "conflito israelo-palestino" foi travado entre dois lados - o Estado de Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), criada em 1964 mas que tem raízes na Fatah, que hoje administra a Cisjordânia - que não se recon...
heciam nem admitiam a existência um do outro. Nem um nem outro aceitavam que o outro lado deveria existir e tudo faziam para destruir-se mutuamente.

Em 1993, finalmente Israel e a OLP se cansaram da matança sem fim e concordaram com a criação de dois Estados, um israelense e outro, palestino. Até chegarem aí, muito sangue foi derramado de parte à parte, com inúmeros atentados terroristas de organizações palestinas, seguidos de represálias israelenses etc. Israel só aceitou negociar com a OLP de Yasser Arafat depois que esta renunciou ao terrorismo e reconheceu o direito de Israel existir. Por causa desse gesto ousado e corajoso de ambos os lados, tanto Arafat quanto os líderes israelenses Yitzhak Rabin e Shimon Peres (atual presidente de Israel) ganharam (merecidamente) o Prêmio Nobel da Paz (por causa desse acordo de paz, aliás, Rabin foi assassinado por um extremista judeu, em 1995).

De lá para cá, a chamada "questão palestina", na prática (ou seja: como uma disputa pela criação do Estado palestino), deixou de existir. Hoje se resume à demarcação das fronteiras dos dois estados (concordou-se inicialmente que seriam as mesmas de antes de 1967) e à questão sobre o status de Jerusalém. O premiê israelense Benjamin Netanyahu e o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, discordam em muitos pontos, e certamente não se gostam, mas tanto um quanto o outro concordam com a solução de dois estados (e mesmo que não concordassem, há um acordo de paz entre ambas as partes, que deve ser respeitado etc.).

Acontece que de lá para cá, também, um novo ator entrou em cena: o HAMAS (Movimento de Resistência Islâmica), surgido em 1988 - mesmo ano em que a OLP abandonou o terrorismo e reconheceu Israel -, apoiado pelo Irã (que jurou varrer Israel do mapa) e derivado da Irmandade Muçulmana (a mesma organização fundamentalista islamita que foi há pouco expulsa do poder no Egito).

O que quer o Hamas? Vejamos:

1) NÃO reconhece a existência de Israel, nem os Acordos de 1993, e se recusa a participar de qualquer negociação de paz;

2) NÃO aceita renunciar ao terrorismo contra Israel (que teve de construir um muro para evitar a entrada de terroristas em seu território - medida, aliás, que atingiu seu objetivo);

3) considera a Autoridade Palestina, presidida pela Fatah,
como "traidores"e "inimigos"; e

4) tem por objetivo nada menos do que DESTRUIR ISRAEL, MATAR OS JUDEUS (está no seu Estatuto: http://www.beth-shalom.com.br/artigos/estatuto_hamas.html
), e implantar em seu lugar um Estado islâmico governado pela "sharia", a lei do Alcorão.

Pois bem. Em 2005, o então primeiro-ministro israelense Ariel Sharon (ele mesmo) ordenou a retirada de TODOS os colonos judeus que ocupavam a Faixa de Gaza desde a guerra de 1967. Fez isso de forma unilateral, sem pedir nada em troca. No ano seguinte, ocorreram eleições em Gaza, as primeiras da História na região, vencidas pelo Hamas. Em 2007, logo depois de mais uma guerra contra Israel, o Hamas se livrou de seus rivais do Fatah, passando-os (literalmente) a fio de espada. Milhares morreram - palestinos mortos por palestinos, mas pouco se falou disso à época, e quase ninguém lembra.

Desde então, a Faixa de Gaza é controlada pelo Hamas, que ali instaurou um mini-Estado islamita. O Hamas usa Gaza como cabeça de ponte para lançar ataques com mísseis contra a população de Israel (lembrem: Israel se retirou da região em 2005, logo não é uma disputa por território). Pior: faz isso usando a própria população civil palestina de Gaza como escudos humanos e incitando-a a morrer por Alá (e a ser usados como troféus - cada palestino morto por um míssil israelense é uma bênção para o Hamas - vejam aqui: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/chefao-do-hamas-confessa-grupo-terrorista-usa-sim-escudos-humanos-e-ainda-convoca-populacao-a-morrer/). Do mesmo modo que o Hamas envia homens-bomba em atentados terroristas, incita a população civil palestina (homens, mulheres, crianças) a se exporem aos contra-ataques israelenses, para morrerem como "mártires" e servirem como carne de canhão e instrumento na guerra de propaganda. Ou seja: o Hamas ataca civis dos dois lados: israelense e palestino.

Muito bem. Para qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento e de boa vontade, não é difícil perceber que o HAMAS é, hoje, o MAIOR OBSTÁCULO E O MAIOR INIMIGO DA PAZ NA REGIÃO. É o principal empecilho, inclusive, ao pleno reconhecimento do Estado palestino (é isso, e não os assentamentos judeus na Cisjordânia, ou a política linha-dura de Netanyahu, o que impede a plena resolução da questão). Se ainda há guerra na região, se os dois lados não terminam de acertar os ponteiros, não é por causa de Netanyahu, nem de Shimon Peres, nem do muro na Cisjordânia, nem do Mossad: é por causa do HAMAS.

Resumindo: Israel reconheceu a solução de dois Estados, assim como a Fatah. O Hamas, não. O Hamas não quer dois estados convivendo lado a lado. Não quer a paz entre palestinos e israelenses. Pelo contrário: quer a guerra. Quer a destruição de Israel e a "extinção dos judeus" (lembra algo?).

Diante disso, uma pessoa sincera e amante da paz concordaria que qualquer solução para a região passa antes, necessariamente, pela neutralização dos loucos assassinos do Hamas, em primeiro lugar. Pela prisão e/ou morte de seus chefes e pela destruição de sua infraestrutura terrorista. Mesmo assim, o que mais se vê e se ouve, quando Israel responde aos incessantes ataques e provocações do Hamas, são críticas e condenações furibundas a... Israel (!!!!). Qualquer pessoa minimamente honesta percebe que tem algo muito errado nisso aí.

Portanto, qualquer crítica a Israel que não leve em consideração o que está escrito aí acima NÃO merece um minuto de atenção. Qualquer menção a "bombardeios ilegais" ou à "reação militar desproporcional" de Israel que não mencione o terrorismo do Hamas não vale a pena sequer ser respondida. Nem vou perder tempo retrucando o uso de palavras como "fascismo" e "genocídio" (???!!!) usadas para tentar atacar Israel. Vou considerar esse tipo de coisa uma ofensa à inteligência.

Enfim, o que me impressiona não é o cinismo canalha e o culto genocida de grupos terroristas como o Hamas. É como tanta gente dita inteligente, ilustrada e "pacifista" se deixa enganar por essa forma de propaganda calhorda, prestando-se ao papel de idiotas úteis dos adoradores da morte.

sábado, abril 28, 2012

JENIN: DEZ ANOS DO MASSACRE QUE NÃO HOUVE

Há exatamente dez anos, o mundo se ergueu, horrorizado, contra mais uma atrocidade no Oriente Médio. Tomados de sagrados ódio e indignação, a grande mídia, entidades de direitos humanos, a intelectualidade bem-pensante, a maioria dos governos e o que se convencionou chamar de opinião pública não hesitaram em condenar, de forma praticamente unânime e coordenada, um crime contra a humanidade. A vítima? Os palestinos. O algoz? Israel. O local do crime? A cidade de Jenin, nos territórios palestinos ocupados.
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De 1 a 11 de abril de 2002 - período em que ocorreu a operação israelense em Jenin -, e durante as semanas seguintes, não passou um único dia sem que os jornais do mundo inteiro, reproduzindo as declarações dos líderes políticos palestinos, narrassem, com riqueza de pormenores, cenas de morticínio dantescas, nas quais sádicos soldados israelenses se divertiam massacrando civis palestinos inocentes. Casas estavam sendo implodidas e derrubadas com famílias ainda dentro, em uma verdadeira operação de limpeza étnica como poucas vezes visto na História. Crianças, mulheres e velhos estavam sendo exterminados como baratas. Centenas, milhares de pessoas estavam sendo chacinadas num banho de sangue de fazer inveja aos carrascos nazistas. Logo a palavra "genocídio" apareceu nos noticiários para descrever a ação israelense, e foi usada ainda por muito tempo após o encerramento das operações. Enquanto isso, o então líder da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, entrincheirado numa igreja, era mostrado como um herói da resistência disposto ao martírio contra um inimigo cruel e desumano.
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Naquela ocasião, assim como ocorrera inúmeras vezes antes e ocorreria outras tantas vezes depois, Israel foi demonizado até o limite do possível, enquanto o lado palestino foi enaltecido como vítima de uma agressão. E, como é costume há mais de sessenta anos, optou-se por ignorar o essencial: os fatos.
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Sabe você, caro leitor, quantos morreram do lado palestino naquilo que foi descrito como o "massacre de Jenin"?
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Resposta: 52. Cinquenta e dois.
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A quase totalidade, membros da organização de Arafat, a Fatah (principalmente de seu braço armado, as "Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa").
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Sabe também, gentil leitor, quantos militares israelenses perderam a vida na tarefa de aniquilar os indefesos palestinos? 23 (vinte e três).
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Pois é. 52 a 23. Um "massacre" terrível, não? Faz Ruanda e Srebrenica parecerem uma briga de rua.
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De onde eu tirei esses números? Da própria Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgou, algum tempo depois, um relatório sobre o ocorrido. A números semelhantes chegaram organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch.
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Todas essas entidades, insuspeitas de qualquer simpatia em relação a Israel - muito pelo contrário: no caso da ONU, a hostilidade ao Estado judaico é notória -, chegaram à idêntica conclusão: não houve massacre algum em Jenin, a não ser o da verdade. Este continua no tocante ao conflito israelo-palestino.
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A menos que se considere a hipótese extremamente implausível de que os 23 militares israelenses que pereceram em combate com as forças de Arafat tenham cometido suicídio ou sido mortos por fogo amigo, ou, ainda, ao trocarem deliberadamente tiros entre si (provavelmente indignados contra os companheiros que se deliciavam metralhando impunemente os 52 palestinos mortos), o que ocorreu em Jenin foi uma batalha, não um massacre. Uma batalha vencida militarmente pelos israelenses, mas perdida por estes no terreno da propaganda, como ocorre desde a criação de Israel, em 1948.
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Na ânsia condenatória a Israel que tomou conta dos "fazedores de opinião" no mundo inteiro, pouca ou nenhuma atenção foi dada ao fato de que a ação israelense em Jenin foi uma resposta de Israel à retomada dos ataques terroristas estimulados por Arafat - a chamada "segunda intifada" -, decorrente da recusa, por parte deste, do plano de paz apresentado em 2000 pelo então primeiro-ministro israelense Ehud Barak. Barak concordou em devolver 97% das terras ocupadas por Israel desde 1967 na Cisjordânia. Arafat rejeitou a oferta. Hoje, a Fatah se arrepende amargamente de não tê-la aceito (atualmente, o governo da Fatah na Cisjordânia disputa com os fanáticos islamitas do Hamas a hegemonia nos territórios palestinos).
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Pensa você, prezado leitor, que, passados dez anos, algum órgão da grande imprensa, algum intelectual, algum governante dentre os que condenaram tão energicamente o "massacre" em Jenin se preocupou em divulgar um desmentido, reconhecendo que errou e que ignorou os fatos acima?
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Não, nenhum fez isso. Ninguém retirou o que disse. Nem mesmo um simples pedido de desculpas.
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Pelo contrário: de lá para cá, a propaganda antiisraelense só se intensificou, fazendo uso de novos e renovados pretextos (os últimos deles, a questão dos assentamentos judaicos e a cerca construída por Israel para evitar ataques terroristas). E assim Israel foi mais uma vez pichado como um Estado agressor e "genocida"...
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Convém lembrar o caso de Jenin diante de opiniões como a do escritor alemão Günther Grass, que há algumas semanas publicou um artigo num jornal  de seu país denunciando Israel como uma ameaça à paz no Oriente Médio. Grass escreveu isso  enquanto silenciava, entre outras coisas, sobre o regime teocrático islamita do Irã, que quer ter a bomba atômica para - como não esconde seu presidente, Mahmoud Ahmadinejad - varrer Israel do mapa. Também vale recordar esse episódio nem tão distante diante de orquestrações como a do navio turco Mavi Marmara, que em 2010 levou adiante uma bem-sucedida operação de propaganda anti-israelense em conluio com o Hamas (ainda lembro da reação indignada de um colega de trabalho quando tentei argumentar que a coisa toda fora uma provocação contra Israel...).
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Hoje, como ontem e certamente também amanhã, a mentira é o método utilizado pelos antiisraelenses de todos os matizes, da extrema esquerda à extrema direita, que se dedicam a apresentar o conflito do Oriente Médio com tintas simplistas e maniqueístas, satanizando a única democracia da região como o lado "mau" e "perverso", enquanto "esquecem" que do outro lado encontram-se criminosos e terroristas. E, assim como em tantos outros momentos da História, jamais haverá quem admita que, por trás de muitas das críticas - algumas delas, plenamente justificáveis - está tão-somente o desejo irreprimido de completar o serviço deixado inconcluso em Auschwitz e em Treblinka.
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Exemplos como o de Jenin provam que falsear a realidade para acusar Israel de crimes inexistentes não é visto como uma atitude desonesta e inaceitável. Defender o direito de Israel se defender, por sua vez, causa reações apaixonadas de repúdio. Propugnar sua destruição, por outro lado, não provoca tantos protestos. E quem quer que enxergue nisso um laivo de antissemitismo é invariavelmente tachado de mentiroso, racista e assassino. Difícil imaginar inversão maior da realidade.  

segunda-feira, março 26, 2012

OS ANTISSEMITAS - UM TEXTO PRIMOROSO

Eu ia escrever sobre este assunto. Mas aí deparei com este texto estupendo do João Pereira Coutinho. Resumiu perfeitamente a cumplicidade dos "intelectuais" ocidentais com o que de pior existe na humanidade. Coutinho é uma ilha de lucidez em meio a um oceano de boçalidade. Só não entendo como a Folha de S. Paulo ainda não mandou o gajo embora.
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OS ANTISSEMITAS

A polícia francesa abateu Mohamed Merah, autor do massacre de sete pessoas em França. Sabemos pelos jornais que este jovem "extremista" (adoro eufemismos) não morreu descansado: ele gostaria de ter morto mais crianças judias. Atenção ao adjetivo: "judias". As três que ele assassinou em Toulouse não foram suficientes.

A Europa está horrorizada com o caso. E eu, horrorizado com a Europa, apenas pergunto: mas que caso? O do regresso do antissemitismo assassino ao continente, dessa vez servido por fanáticos islamitas?

Não vale a pena tanto espanto. E, para os interessados, aconselho leitura a respeito: o livro de Gabriel Schoenfeld, "The Return of Anti-Semitism" (Encounter Books, 193 págs.), publicado em 2004. O terceiro capítulo da obra, sobre o regresso da besta antissemita à Europa depois dos horrores da Segunda Guerra Mundial, vale o livro inteiro.

Sim, a extrema-direita tem tido um papel relevante no assunto, sobretudo em países como a Rússia ou a Ucrânia.

Mas em países ocidentais como o Reino Unido, a Alemanha ou a França, são os jihadistas caseiros que levam vantagem.

Só na Alemanha, conta o autor, a polícia acredita que 60 mil "estrangeiros" (outro eufemismo para muçulmanos radicais) pertencem a 65 grupos terroristas com ligações à Al Qaeda ou organizações semelhantes. O que significa que, em momentos de particular tensão entre o Ocidente e o Islã (os atentados de 11 de setembro; a "segunda intifada" em Israel etc.) as coisas, digamos, sobem de tom.

O leitor quer números? Voilá: quando rebentou a "segunda intifada" em setembro de 2000, registaram-se na Europa ocidental 250 crimes antissemitas nas primeiras semanas do mês - da violência física contra judeus à profanação de cemitérios, sem esquecer o desporto comum de destruir sinagogas.

Em 2002, nas primeiras duas semanas de abril, a fasquia subiu para 360 crimes contra judeus ou instituições judaicas --e só estamos a falar da França. A queima de sinagogas, e em particular a redução a cinzas de uma sinagoga em Marselha, continuou vibrante.

Não admira que, só nesse ano, 2.500 judeus tenham optado por abandonar o país. Muitos mais seguiram o exemplo na primeira década do século 21. O êxodo, agora, promete continuar.

Moral da história? Os crimes de Mohamed Merah não são uma anormalidade na escalada antissemita que a Europa tem permitido dentro das suas fronteiras. Pelo contrário: são a conclusão lógica de uma cultura de ódio reinante.

E o pior de tudo é que essa cultura nem sequer é exclusividade de terroristas ou marginais. Ela é produzida e, pior que isso, legitimada pela "intelligentsia" europeia em suas colocações grosseiras sobre o conflito israelense-palestino.
Lemos o "pensamento" do criminoso de Toulouse sobre esse conflito e ele não é substancialmente diferente de livros ou editoriais "respeitáveis" onde a Faixa de Gaza é apresentada como um novo Auschwitz; os israelenses como os novos nazistas; e os judeus como os eternos conspiradores para dominar o mundo (de preferência, manipulando a política de Washington).

Não vale a pena explicar o que existe de paranóia e abuso nessas colocações. Exceto para dizer que elas excedem em muito qualquer crítica legítima --repito: legítima-- que se possa fazer aos governos israelenses democraticamente eleitos.

Aplicar aos judeus de hoje e ao seu estado categorias próprias da desumanidade nazista é o pretexto ideal para que os fanáticos se sintam autorizados a atuar em nome dessa repulsa.

Mohamed Merah, no fundo, limitou-se a apertar o gatilho. Mas o veneno que existia na sua cabeça é plantado diariamente na Europa por insuspeitos humanistas. 

terça-feira, fevereiro 14, 2012

UM TEXTO PRIMOROSO SOBRE UM ASSUNTO DE QUE MUITOS FALAM MAS QUE POUCOS CONHECEM

João Pereira Coutinho, colunista da Folha de S. Paulo, escreveu uma resposta primorosa a um militante esquerdista que se faz passar por "professor" sobre um tema a respeito do qual muitos opinam e que poucos conhecem: o conflito israelo-palestino. Uma verdadeira aula de História, com aquilo que os ativistas anti-Israel e pró-Hamas costumam ignorar solenemente, em sua fantasia maniqueísta dos "pobres palestinos lutando contra os cruéis opressores sionistas" etc. Vale a pena ler, reler, repassar e discutir. Nem parece que Coutinho escreve para a Folha.

Ah, e antes que me esqueça: é claro que o texto de Coutinho ficará sem resposta. É assim que os militontos esquerdopatas agem diante de fatos.

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RESPOSTA A VLADIMIR SAFATLE

João Pereira Coutinho

Folha de S. Paulo

Nada tenho contra a ignorância. Na melhor tradição socrática, sei que a ignorância é a base de qualquer conhecimento válido.

Coisa diferente é a ignorância atrevida; ou a má-fé intelectual de quem falsifica os factos para construir uma narrativa "apropriada".

Vladimir Safatle é um caso: dias atrás, escrevi nesta Folha que o seu texto sobre o conflito israelense-palestino revelava desconhecimento sobre aspectos básicos do problema, que qualquer um dos meus alunos aprende no 1º ano de faculdade.

Lendo a resposta de Safatle à minha resposta, vejo que me enganei --e devo um pedido de desculpa aos leitores.

Safatle não revela apenas desconhecimento; revela desconhecimento, desonestidade e um desagradável traço de grosseria.

Sobre a grosseria, digo apenas isto: no meu texto, em nenhum momento teço considerações pessoais sobre Safatle. Não há uma linha sobre a sua ascendência cultural; e nunca me passaria pela cabeça atribuir-lhe qualquer maleita psiquiátrica.

Que Safatle tenha evocado a minha condição de português para, alegadamente, eu não entender certas palavras (no fundo, um velho clichê racista) e levantado suspeitas sobre as minhas "alucinações negativas", eis uma postura que define a criatura.

Em condições normais, não haveria resposta ao texto de Safatle. Mas, por respeito aos leitores da Folha, gostaria de esclarecer alguns pontos sobre a "polêmica".

Em primeiro lugar, Safatle afirma que um "muro" é um muro e que eu, de forma demente, teria transformado o Muro (com maiúscula) em "barreira de segurança". Para que não restem dúvidas, mantenho o que disse: a parte em cimento da "barreira de segurança" da Cisjordânia constitui apenas 5% da totalidade dessa barreira (que, na verdade, é mais uma cerca que outra coisa).

Isto não é um pormenor; é uma forma de tratar as palavras (e a realidade) com um mínimo de decência. Bem sei que é mais dramático afirmar que Israel construiu um Muro ("o Muro da vergonha", "um novo Muro de Berlim" etc. etc.) para separar os israelenses dos palestinos. Lamento: Israel apenas construiu esse Muro quilométrico na retórica de Vladimir Safatle.

Uma vez estabelecidos os factos, convém lidar com as implicações: a "barreira de segurança" vai além das fronteiras pré-1967 e anexa território alocado aos palestinos? Verdade.Mas não é a "barreira de segurança" (ou os assentamentos na Cisjordânia, já agora) que impede uma solução para o conflito e a existência de um estado palestino que inclua a totalidade de Gaza e a (quase) totalidade da Cisjordânia (já lá iremos).

Israel retirou de Gaza em 2005 e, para o efeito, evacuou povoações inteiras (Netzarim, Morag, Dugit etc.). Aliás, a evacuação não se limitou a Gaza; incluiu também outras povoações na Cisjordânia, como Ganim ou Homesh.

Nenhuma novidade. O mesmo já sucedera depois dos acordos de Camp David (em 1979) quando a paz com o Egito levou Israel a desmantelar a totalidade dos assentamentos no Sinai.Dito de outra forma: nem os assentamentos, nem a "barreira de segurança", ambos removíveis por definição, são os verdadeiros obstáculos da paz.

E quando, mais acima, escrevi sobre a possibilidade de um estado palestino que inclua a totalidade de Gaza e a (quase) totalidade da Cisjordânia, nem esse "quase" é um obstáculo real: o Plano Clinton já previa que os 94%-96% da Cisjordânia palestina seriam completados por 6%-4% de território israelense anexado a Gaza. Mas nem isso levou Arafat a aceitar um acordo histórico para os palestinos.

E Arafat não aceitou o acordo porque exigiu o regresso dos 4 milhões de refugiados palestinos (tradução: o regresso dos filhos dos filhos dos filhos dos refugiados originais) a Israel, e não ao novo estado palestino, como seria lógico.
Com imensa bondade, Safatle concorda que esse regresso em massa seria um suicídio demográfico e cultural para Israel. Mas depois pergunta por que motivo não se tenta encontrar uma solução de compromisso que passe pela "absorção de uma parte e a compensação financeira dos demais".

Se Safatle tivesse lido alguma coisa a respeito, ele saberia que "absorção de uma parte" e "compensação financeira dos demais" foi precisamente o que foi proposto por Ehud Barak em Camp David.

Para sermos precisos, Barak propôs absorver uma parte dos refugiados palestinos ao abrigo de um programa de reunificação familiar; e propôs também compensações no valor de 30 bilhões de dólares. Arafat recusou na mesma.

Por último, Safatle horroriza-se com a minha frase: "a existência de um Estado autônomo e respeitoso das fronteiras de 1967 tem sido sucessivamente proposto pelas lideranças israelenses desde 1967".

Não entendo o horror. Se esquecermos que, antes da Guerra dos Seis Dias, foram sempre os árabes a recusar a existência de um estado palestino junto a um estado israelense (1917, 1937, 1948), o que dizer depois da Guerra?

Depois da Guerra, ainda em 1967, quando Israel estava disposto a trocar a terra conquistada por paz, reconhecimento e negociação, a resposta árabe ficou célebre na Cúpula de Cartum, que a história registou para a posteridade como a "Cúpula dos Três Nãos": não à paz com Israel; não ao reconhecimento de Israel; e não à negociação com Israel.

Apesar de tudo, um estado palestino respeitoso das fronteiras de 1967 (embora, como referi, implicando "trocas de terra" em que Israel cederia parcelas do seu território para compensar perdas na Cisjordânia) voltou a ser oferecido em 2000, em Camp David; e retomado por Ehud Olmert, em 2008. A resposta árabe foi sempre a mesma: não, não e não.

É pena. Os palestinos, que Safatle me acusa de ignorar em tom melodramático, mereciam melhor destino.

Mereciam, por exemplo, que as lideranças palestinas não tivessem desperdiçado as várias oportunidades de alcançarem um estado palestino independente depois de 1967.

E mereciam que, antes de 1967, quando Gaza e a Cisjordânia estavam sob domínio egípcio e jordano, respectivamente, os "irmãos árabes" tivessem integrado os refugiados palestinos nas suas sociedades.

Exatamente como Israel integrou os milhares de refugiados judeus que, durante a Guerra da Independência de 1948, partiram ou foram expulsos dos países árabes da região.

Discutir o conflito israelense-palestino, ao contrário do que pensa Vladimir Safatle, é um pouco mais complexo do que soltar umas interjeições adolescentes ("um muro é um muro!", "há situações inaceitáveis sob quaisquer circunstâncias!" etc.) que talvez impressionem alguns alunos pós-púberes.

Infelizmente, senhor professor Safatle, não me impressionam a mim.

sábado, setembro 17, 2011

É POR ESTAS E OUTRAS QUE DEFENDO ISRAEL

Juro que um dia ainda vou descobrir que estranho mecanismo psíquico leva algumas pessoas a, voluntariamente, passarem vergonha. Por exemplo, entrando em blogs alheios para postar cretinices as mais absurdas na área de comentários, mostrando-se em toda sua empáfia e ignorância.

Um bestalhão desses aí achou que poderia responder a meu post "UM ANO DEPOIS, O DESMONTE DE UMA FARSA", sobre a patuscada monumental, desmascarada agora por um relatório da própria ONU, montada no ano passado por uma ONG "humanitária" mancomunada com os fanáticos terroristas do Hamas para provocar uma cena de sangue que deixasse Israel mal na fita. Do texto mesmo, o dito-cujo não diz uma palavra. Em vez disso, repete um punhado de clichês antiisraelenses e acaba revelando seu ódio - atenção - contra um povo. Vejam o que despejou aqui o energúmeno, que se esconde no anonimato:

Mais uma vez entra em cena um personagem, que ignora historia e que despeja impropérios os quais ignora seu contexto.

Imagino que o tal "personagem" a que se refere o autor da frase acima seja eu. Digo "imagino" porque a construção torturada da oração ("despeja impropérios os quais ignora seu contexto"...) permite diferentes interpretações. O autor do enunciado diz que ignoro a História, mas se mostra totalmente ignorante em análise sintática. Tanto que desconhece a expressão "cujo" (dica: "impropérios cujo contexto ignora" fica melhor).

O que os palestinos tem ?? nada... um povo que foi tirado de sua terra,de sua historia por decisão de terceiros ( ONU ).

Eu vou dizer o que os palestinos têm (e não "tem", a menos que o verbo venha no singular): uma liderança irresponsável e demagógica na Cisjordânia, que já recusou várias ofertas de paz desde o tempo de Arafat, e um governo terrorista na Faixa de Gaza (o Hamas), que se recusa a reconhecer o direito de Israel existir e faz de tudo para sabotar o processo de paz na região. Para tanto, opõe-se à criação do Estado palestino, conforme os acordos de Oslo de 1993 (surpreso?).

Outra coisa: gostaria de saber que decisão recente da ONU foi favorável aos israelenses e contrária aos palestinos. Digamos, nos últimos quinze anos. Estou curioso.

Se o leitor está se referindo à decisão da ONU que criou o Estado de Israel, em 1947, a idéia de Estado palestino (e mesmo de "povo palestino") era inexistente à época, só se impondo depois da derrota árabe na Guerra dos Seis Dias (1967). Até lá, e mesmo depois, adivinhe de onde partiu a maior oposição à idéia de um Estado palestino: dos países... árabes (Egito e Síria, principalmente).

Por que estou dizendo isso? Porque ignoro a História do Oriente Médio, claro.

Uma nação sem território, se isso não fosse o bastante, um povo privado dos mais básicos direitos como alimentação e remédios.

O território já está definido desde 93. Falta apenas o Hamas concordar com a existência dos dois estados, convivendo lado a lado. Para isso, só precisa fazer duas coisas: reconhecer a existência do outro lado e renunciar ao terrorismo (assim como fez a Fatah de Arafat). Quando farão isso?

Quanto ao povo palestino estar privado dos direitos à alimentação, remédios etc., Israel se ofereceu para fazer chegar a "ajuda humanitária" que a ONG IHH afirmava trazer aos palestinos em Gaza. O bloqueio também existia pelo lado egípcio, mas jamais se leu ou ouviu um pio sobre isso. Por que será?

Diante do terrorismo de Israel o terrorismo do Hamas é como um sussurro que responde a um grito.

Nem sei se vale a pena comentar isso... Mas vamos lá, didaticamente: o Hamas prometeu destruir Israel, varrer o país do mapa, e só não mata mais civis por causa da vigilância israelense. Seu objetivo é instalar um Estado teocrático islâmico, à semelhança do Irã. Em 2007, o grupo deu um golpe em Gaza e massacrou seus rivais da Fatah. Dezenas foram mortos a tiros e degolados. Parece um sussuro?

Israel sim é uma nação terrorista.

Há governos que praticam o terrorismo. Há, inclusive, Estados terroristas. Mas não existe "nação terrorista". O Irã, por exemplo, é um Estado patrocinador do terrorismo, mas a nação iraniana, o povo iraniano, não. Nação é uma coisa; Estado, é outra. A identificação entre os dois como se fosse uma coisa só é algo típico de fascistas, como os criminosos do Hamas e do Hezbollah. Aqui o autor da frase acima revelou sua verdadeira face antissemita - considera uma nação inteira, no caso o povo judeu, como "terrorista" (o qual, portanto, deve ser eliminado).

Sem falar que a frase acima, no contexto em que está colocada, dá a entender que o Hamas não seria terrorista, e que esse epíteto caberia, em vez disso, a Israel. Algo assim como dizer que a Al-Qaeda é um clube de caridade, e os EUA, um império totalitário e fundamentalista... Se alguém conhece algo mais cretino do que isso, por favor escreva para o blog.

Páro por aqui. Mais não digo, para poupar o anônimo autor do comentário de maior humilhação. Mas é só pedir de novo, e terei prazer em expô-lo.

terça-feira, março 24, 2009

POR QUE DEFENDO ISRAEL

Como esperado, Israel está novamente sob fogo cerrado. Desta vez, não dos homens-bomba e dos mísseis do Hamas ou do Hezbollah - seus imimigos jurados que, com o apoio do Irã, querem riscar o país do mapa e sua população desta vida -, mas da ONU e de parte da imprensa mundial, para quem Israel, e não seus inimigos, representa o lado mau e perverso da humanidade. São duas formas de guerra: uma pelas armas, outra pelas palavras, mas com o mesmo efeito sobre os cérebros incautos - o ataque implacável contra Israel, a seu direito de existir e se defender.

Comecemos pela ONU, aquela organização que um dia existiu para defender a paz e a democracia no mundo e que hoje se dedica a ser uma mega-ONG e um clube de ditadores, na qual Israel e seu principal aliado, os EUA, estão sempre na berlinda, enquanto governos mimosos como o do Sudão obtêm apoio incondicional.

A nóticia de ontem, dia 23, diz que o relator especial da ONU para os direitos humanos (!), Richard Falk, apresentou um relatório no qual afirma que há razões suficientes para concluir que a recente ofensiva israelense na faixa de Gaza é "um crime de guerra de grande magnitude". Segundo Falk, a operação militar "não poderia ser realizada se não era possível distinguir os objetivos civis dos militares". A notícia informa que, segundo Falk, "é necessária uma investigação de especialistas para determinar se os israelenses podiam distinguir esses objetivos. Se não era possível, nesse caso a ofensiva foi, por natureza, ilegal e constitui um crime de guerra de grande magnitude segundo a legislação internacional".

Vocês entenderam? O que está aí em cima é o seguinte: como, segundo o relatório da ONU, não era possível distinguir entre civis e militares - PORQUE O HAMAS USA A POPULAÇÃO CIVIL PALESTINA COMO ESCUDOS HUMANOS, faltou dizer -, a ação militar israelense foi, portanto, ilegal, um crime de guerra etc. etc. Ou seja: não resta nada a fazer aos israelenses, a não ser permitir que o Hamas, USANDO OS PALESTINOS COMO ESCUDOS, continuem atacando Israel a seu bel-prazer. Desse modo, Israel continuará a mercê do terrorismo, mas pelo menos ficará de bem com a opinião pública internacional...

Em outras palavras: se os terroristas se infiltram entre a população civil, se usam velhos, mulheres e crianças como escudos humanos, isso é motivo não para que o país agredido reaja à altura e puna os responsáveis por atentados, mas não faça nada e desista de qualquer ação retaliatória. Guardadas as devidas proporções, é o mesmo que dizer que, como os traficantes cariocas se homiziam nas favelas, é ilegal e um crime a polícia ir atrás deles nesses lugares (aliás, durante muito tempo se pensou desse jeito - o resultado está aí para quem quiser ver). Incrível...

Fico pensando que "especialistas" seriam esses de que fala o relator da ONU. Seriam os mesmos que se "esqueceram" de admitir que o bombardeio de uma escola da ONU durante a ofensiva na Faixa de Gaza por tropas israelenses, que foi divulgado com estardalhaço em 6 de janeiro, causando uma onda mundial de indignação e furor anti-Israel ("Israel bombardeia escola da ONU em Gaza", diziam as manchetes de todos os jornais do mundo), simplesmente NÃO EXISTIU? Seriam os mesmos especialistas que se calaram diante do fato, revelado QUASE UM MÊS DEPOIS por funcionários da própria ONU, de que as bombas caíram fora do prédio, e não dentro, como foi amplamente noticiado? Alguém pensou em viés antiisraelense?
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Por falar em especialistas, gostaria de saber por que, até o momento, ninguém - ninguém mesmo! - falou em abrir uma investigação sobre o uso das instalações da ONU pelos terroristas do Hamas durante a ofensiva de dezembro/janeiro. Por que será?

Mas isso não foi ainda o que mais me chamou a atenção na notícia. Vejam o que segue: "Segundo Falk, o uso da força por Israel para acabar com os disparos de foguetes palestinos contra seu território --o motivo oficial das autoridades israelenses -- não é justificado do ponto de vista legal em função da existência de alternativas diplomáticas disponíveis."

É isso mesmo que vocês leram. Segundo o relator da ONU, há a possibilidade de negociações diplomáticas entre Israel e o Hamas... A ofensiva foi criminosa, segundo ele, porque, afinal, existem "alternativas diplomáticas disponíveis". Quais? Ele não fala. Assim como não diz uma palavra sobre com quem seriam realizadas as tais negociações - com o Hamas, que REJEITA QUALQUER NEGOCIAÇÃO E QUER DESTRUIR ISRAEL, vejam bem. É fora de questão que a diplomacia é preferível à guerra, em qualquer circunstância. Mas, para que seja praticada, uma condição básica é que os dois lados se reconheçam um ao outro e aceitem negociar. Israel aceita e defende a criação de um Estado palestino. E o Hamas, aceita a existência do Estado de Israel?

Agora, vejamos essa manchete de hoje, retirada, novamente, do site da Folha de S. Paulo: "General israelense admite que tática usada em Gaza provocou morte de civis".

Ao ler o que está acima, sem ler o que vem depois, um frio percorre a espinha. Fica-se pensando imediatamente que esses israelenses são mesmo uns assassinos frios e sujos, maus como pica-paus. A conclusão inevitável é que a ofensiva de alguns meses atrás não teve outro objetivo senão provocar um massacre, matar o maior número possível de velhos e crianças palestinos.

Quem ler apenas a manchete, e não o corpo de texto que a acompanha - a maioria das pessoas -, ficará com essa impressão, e sentirá vontade de aplaudir os homens-bomba palestinos. Mas basta ler a primeira frase do texto para perceber que as coisas não são tão bem-definidas assim: "Os esforços do Exército israelense para proteger seus soldados de fogo palestino na recente ofensiva militar israelense contra alvos do movimento islâmico radical Hamas, na faixa de Gaza, pode ter contribuído para mortes de civis inocentes." A frase é do General Tzika Fogel, segundo a FSP.
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Convenhamos, entre o pretérito perfeito ("provocou"), que expressa certeza de um fato ocorrido no passado, e o "pode ter contribuído para", que expressa possibilidade (pode ou não ter ocorrido), há uma grande diferença. A manchete está claramente fora de sintonia com a primeira frase do texto. Isso dá o tom da notícia, como se vê:

"Após enfrentar a condenação mundial devido ao número elevado de mortes no conflito de janeiro --ao menos 900 delas, civis-- Israel agora está sob pressão para justificar sua conduta, depois da série de reportagens do jornal israelense "Haaretz" com relatos de veteranos do conflito sobre assassinato de civis inocentes, vandalismo, além de um bilhete que ordena ataques a equipes médicas e a campanha dos rabinos do Exército para transformar a operação em uma "guerra santa"."

Já vou falar sobre os relatos de veteranos citados. Vou me concentrar, por ora, na "denúncia" de que haveria uma ordem superior para que os soldados israelenses atacassem equipes médicas. A própria notícia informa, e quem ler o Haaretz também irá perceber, que a "prova" existente desse crime de guerra é um bilhete encontrado numa casa palestina após o conflito. Isso mesmo: um bilhete, escrito em hebraico, segundo o qual os soldados de Israel deveriam mirar intencionalmente em médicos e enfermeiras... Acredito que nem mesmo os nazistas - para usar uma comparação tão ao gosto dos inimigos de Israel, para horror de quem ainda leva a História a sério - foram assim tão estúpidos, a ponto de deixarem registradas, por escrito, sua intenções homicidas. "Ordem do Dia: mandar bala nas ambulâncias" - somos levados a pensar que teria sido uma das determinações do alto comando israelense a seus soldados. E tudo por quê? Porque alguém encontrou um "bilhete" que insinua isso, ora!

Provavelmente - anotem o que eu estou dizendo -, daqui a alguns meses, será revelado que o bilhete foi forjado e que foi tudo uma farsa. Mas não vai adiantar nada: a essa altura, todos já estarão convencidos de que Israel é um Estado terrorista que manda seus soldados metralharem médicos e enfermeiros, assim como bombardear sem dó escolas da ONU apinhadas de gente. É a máquina de propaganda antiisraelense em ação.

Nada mais compreensível: afinal, é Israel, e não o Hamas, que está, segundo essa máquina de propaganda, em "guerra santa" contra seus inimigos. São eles, os israelenses - é a conclusão lógica decorrente -, os verdadeiros fundamentalistas (e também os verdadeiros terroristas). Quanto ao outro lado - o Hamas, o Hezbollah, o Irã -, todos sabemos, está aberto ao diálogo e à "negociação diplomática". É...

Tem mais. A mesma notícia da FSP repete a informação de que, segundo depoimentos de palestinos ao jornal britânico "The Guardian", existiriam "provas concretas" de que Israel cometeu crimes de guerra, "como o uso de crianças palestinas como escudo humano."

Deixemos de lado a fonte da informação ("segundo palestinos", hummmm...) e admitamos, por um momento, que ela é correta, e que os israelenses realmente tenham copiado a tática do Hamas, usando crianças como escudos humanos. Seria necessário admitir, nesse caso, que o Hamas estaria, portanto, preocupado com a vida das crianças palestinas. Sim, porque, se os cruéis e malvados israelenses usaram criancinhas como escudos, amarrando-as, por exemplo, aos tanques ou enfileiradas na frente de patrulhas, era porque sabiam que os militantes do Hamas, diante de tao covarde chantagem, iriam hesitar antes de abrir fogo. Em outras palavras: o Hamas, ao contrário daquela frase de Shimon Peres, se importa com suas crianças... A pergunta que fica é: se isso é verdade, porque o Hamas usou e abusou da tática de usar os civis palestinos, inclusive crianças, como escudos humanos, de modo a que fossem mortas no fogo cruzado, levando a opinião pública do mundo inteiro a se revoltar contra Israel (no que foram, aliás, muito bem-sucedidos)? Se os terroristas não têm escrúpulos em fazer isso, por que pensariam duas vezes antes de atirar contra um pelotão israelense com crianças à frente? A tática não faria sentido.

Poucas vezes vi cinismo maior do que esse: inverter os fatos de modo a mostrar os israelenses como terroristas e assassinos de crianças, e o Hamas como vítima dessa tática covarde. Aliás, se o Hamas se preocupa tanto com a vida das crianças, por que continua a lançar indiscriminadamente foguetes contra Israel, matando inclusive crianças do outro lado? Eu não sabia que eles eram tão humanistas, a ponto de perderam a chance de matar alguns soldados israelenses para não ferir crianças...

Volto ao tal general israelense, que segundo a FSP teria admitido excessos por parte dos seus comandados. De acordo com o jornal, ele descreveu como de praxe "considerar como potencial guerrilheiro do Hamas qualquer um que desobedecesse às ordens dos militares para deixar a zona de combate." A meu ver, um procedimento militar padrão em qualquer exército do mundo, numa zona urbana conflagrada: se o exército avisa que está entrando numa determinada área para caçar terroristas, e dá ordens à população civil para que deixem o local, avisando que quem não o fizer dentro de um determinado prazo será considerado um potencial inimigo, isso significa qualquer coisa, menos uma ação militar indiscriminada contra civis. Pode-se dizer muita coisa sobre a ofensiva israelense em Gaza, menos que foi um "genocídio", como cansei de ler na imprensa. O general afirmou ainda o seguinte: "os soldados israelenses ainda deveriam refletir antes de atirar e ter uma visão "razoável" de que a pessoa diante deles seria uma ameaça". Um verdadeiro massacre, não é mesmo?

O general acrescentou: "Se você quer saber se eu acho que ao fazê-lo matamos inocentes, a resposta é inequivocamente sim". Isso porque "Seria muito desonesto da minha parte se eu lhe dissesse que isso era impossível", disse ele à agência de notícias Reuters. A essa altura, o militante anti-Israel deve estar exultando: "Viram só? O próprio general reconheceu que morreram inocentes. Isso prova que a ofensiva israelense foi ilegal e um crime de guerra" etc.

Tem certeza? Prossegue o general:
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"Mas, se houve tais incidentes, eles foram excepcionais. Não era o clima geral nem a política [oficial]."
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E ainda:

"A lista de prioridades dos soldados israelenses [...] é primeiro levar os soldados seguros de volta para casa. Segundo, estamos determinados a ganhar. Terceiro, não somos assassinos. Nós não podemos criar uma situação na qual lutaremos sem princípios".
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A lista de prioridades do exército israelense é idêntica a de qualquer outro exército, de qualquer país. Já a lista de prioridades do Hamas, sabemos bem qual é. E ela não inclui nem a primeira ("levar os soldados seguros de volta para casa"), nem a terceira ("não somos assassinos"). Seu único princípio? Destruir Israel.
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Falando sobre qual será a reação do Exército de Israel daqui para a frente, disse o general Fogel: "Se tivermos um testemunho que mostra muito claramente que alguém se comportou de maneira inadequada e não fez a coisa certa, eu não tenho dúvidas de que haverá procedimentos legais".
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Ainda a notícia:

"O chefe das Forças Armadas de Israel, tenente-general Gabi Ashkenazi, também prometeu nesta segunda-feira (23) responsabilizar os soldados por qualquer ação anti-ética."

Trocando em miúdos: as autoridades militares israelenses vêm a público reconhecer a possibilidade de que seus subordinados tenham cometido abusos e se comprometem a investigá-los e a punir os responsáveis. Pergunto: quando veremos os líderes do Hamas fazerem o mesmo? Nunca!
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Não sei se, durante a ofensiva militar contra o Hamas em Gaza, os soldados israelenses cometeram excessos e mataram civis inocentes. Também não sei se, aqui e ali, algum deles perdeu o controle e, no calor da batalha, cruzou a linha que separa homens de feras. Acredito que sim, pois essa é uma possibilidade que aflige qualquer exército, em qualquer guerra. Só quem já esteve numa situação de combate, ou é suficientemente honesto para admitir que se trata de uma situação-limite, sabe que a probabilidade de atingir civis, por maiores que sejam os cuidados para que isso não ocorra, é uma constante, sobretudo se a zona de guerra é uma região densamente povoada e o inimigo não tem escrúpulos em usar a população como escudos humanos. Nessas circunstâncias, a expressão "crime de guerra" é algo até difícil de definir. É triste e doloroso, mas é uma realidade. Sei apenas que a morte deliberada de civis, se de fato ocorreu, está longe de ser uma política oficial israelense - ao contrário do Hamas, cuja política para Israel consiste em simplesmente tentar exterminar toda sua população. Sei também que, caso tenha havido abusos da parte de Israel, estes serão - na verdade, já estão sendo - investigados, e serão punidos. Diferentemente dos crimes de seus inimigos do Hamas, que são não investigados ou condenados, mas louvados por seus perpetradores. Para estes, as expressões "efeito colateral" ou "crime de guerra" não existem.

Há sessenta anos, Israel luta contra inimigos que não têm qualquer escrúpulo em usar o terrorismo para destruí-lo e exterminar sua população. E tem conseguido sobreviver graças a sua tenacidade, de forma quase isolada, contra a opinião de praticamente a unanimidade da opinião pública mundial. Nesse caminho, tem enfrentado não poucas calúnias e tentativas de manipulação por parte de grande parte da mídia, tanto árabe quanto ocidental, que fecha os olhos ou justifica descaradamente o terrorismo de grupos como o Hamas e o Hezbollah. E tem conseguido isso, buscando poupar a população civil palestina de maiores danos no fogo cruzado contra seus inimigos, muitas vezes ao custo da própria segurança, e embora nem sempre isso seja possível. E isso tudo sendo - na verdade, porque é - a única democracia do Oriente Médio.
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A capacidade da máquina de propaganda anti-Israel de distorcer os fatos e inverter a realidade, apresentando agressores como vítimas e vice-versa, é realmente infinita. Assim como infinita é a propensão de muitas pessoas a tomar como verdade qualquer coisa de ruim sobre Israel, colocando-se automaticamente do lado dos que querem varrê-lo do mapa, ou então, declarando-se candidamente neutros na questão, como se fosse possível ser imparcial diante de quem se defende e de quem quer reeditar o Holocausto. Ao contrário dessas pessoas, eu acredito que é legítimo se proteger de quem quer lhe despachar para o túmulo, e que não há neutralidade possível entre o pescoço e a forca. É por isso que defendo Israel.

quinta-feira, março 05, 2009

CRUZANDO A LINHA: MAIS UM LEITOR JUSTIFICA A BARBÁRIE TERRORISTA


Fiquei alguns dias longe da internet. Foi o suficiente para que alguns leitores me brindassem com uma saraivada de comentários, especialmente sobre meu último post. Agradeço a todos. Embora seja impossível responder a todos os comentários, e embora este blog não seja um fórum de debates, faço questão de não deixar alguns leitores sem resposta. É o caso de um certo "Leo", que escreveu um comentário a meu último post que é, para dizer o mínimo, curioso.

O tema do post é o conflito entre Israel e o Hamas, que eu prefiro chamar de luta de Israel contra o terrorismo - pois o chamado "conflito israelo-palestino", como já afirmei aqui em outras ocasiões, deixou de existir há tempos, pelo menos desde os Acordos de Oslo em 1993. O tal leitor, que é anarquista - conheço todas as manhas dessa turma, acreditem -, começa seu arrazoado com uma frase que eu subscrevo sem titubear, afirmando que estamos "impregnados de uma esquerda burra, que não atenta em momento algum para a realidade que a cerca" e que defende "o terrorismo como uma simples revolta". Mas logo em seguida ele comete a seguinte frase: "Mas devemos também confessar a burrice da direita que defende a violência do estado como uma forma de sobrevivência de seu povo" (sic). E critica o dono deste blog, "estritamente maniqueísta, do tipo 'ou você está comigo ou contra mim'" etc.

O que vem em seguida é uma longa, longuíssima, arenga ideológica sobre o mundo ser pleno movimento, e que em política o movimento se dá pela revolução, que o Estado é um grande mito que deve ser posto em questão, e que não existe revolução sem derramamento de sangue etc. etc. etc... Enfim, uma lengalega anarcóide-juvenil supostamente libertária que não merece ser transcrita integralmente. Basta dizer que todo o trololó sobre o Estado ser isso ou aquilo e sobre a Revolução Francesa e etcétera e tal desemboca na seguinte ideia brilhante: "Israel deve ser derrubado por uma revolução também! Islâmica talvez, através do Hamas, e quando este pensar em constituir um estado, deve ser derrubado por uma nova revolução. Devemos pensar na mudança sempre e não em manter um mesmo pensamento contra o movimento." E isso porque, em nome dessa mesma "revolução" e desse mesmo "movimento", afirma o leitor: "Nenhum Estado deve se manter. Devemos derrubar, construir e novamente derrubar. Sempre! Que se matem judeus e islamitas! Que derrubem o Brasil! O sangue deve jorrar!"
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Pois é, minha gente... O que foi mesmo que eu disse no último post, sobre cruzar a linha e achar que, a partir daí, tudo é permitido? Como se vê pelo comentário acima, tem gente que acredita realmente nisso. Tanto que creem piamente que encontraram a solução para um dos problemas mais complexos da atualidade. Que solução seria essa? Simples: a briga não é entre o Estado de Israel e os fanáticos islamitas que querem varrê-lo do mapa (ou seja: querem passar a fio de espada a sua população)? E o Estado não é, como dizia Bakunin, um mal a ser extirpado? Então... que se matem todos, ora! Que o Hamas e o Hezbollah atinjam seus objetivos, e cortem a garganta de cada cidadão israelense - judeu ou não, homem, mulher, velho, criança -, fazendo correr rios de sangue. Mais que isso: que o Irã também cumpra sua promessa de riscar Israel do mapa, e lance logo uma bomba atômica sobre Telaviv. Mais ainda: que se extermine todo judeu da face da terra, que sejam todos confinados em guetos e em campos de concentração, onde virarão sabão e alimentarão fornos crematórios, como tentou fazer um dia um sujeito de voz esganizaçada e bigodinho engraçado... Por que não? Afinal, é tudo em nome da "revolução", do "movimento". Ou, como se dizia antigamente, da liberdade individual, da Anarquia, enfim... Como é mesmo aquele ditado, "os fins justificam os meios"? Pois é...

Confesso que, de todos os delírios esquerdóides já engendrados por mentes certamente doentias, o anarquismo é o que mais me fascina. Devo dizer que tenho até, lá no meu íntimo, uma certa simpatia platônica pela ideia anarquista - extinção do Estado, liberdade individual irrestrita etc. Afinal, algo que eu nunca consegui entender é por que alguns indivíduos merecem um tratamento diferenciado, especial, por causa da quantidade de dinheiro que possuem na conta bancária ou do cargo que ocupam. Durante um certo tempo, em minha adolescência, flertei com a ideia de mandar tudo isso às favas. Só que, como acontece também com o comunismo, logo percebi que, entre a ideia e a realidade, ou entre o ideal e o real, existe uma grande diferença.

Sempre achei estranho que, em nome de um ideal elevado - a igualdade comunista ou a liberdade individual, por exemplo -, algumas pessoas estejam dispostas a sacrificar tudo, inclusive esses mesmos ideais. Os comunistas, falando em igualdade, erigiram os regimes mais desiguais e iníquos da História. No caso dos anarquistas, muitos deles não hesitariam em usar todos os meios para conseguir a abolição do Estado - inclusive meios autoritários. No final do século XIX e começo do século XX, era comum militantes anarquistas colocarem em prática suas idéias libertárias e antiestatistas esfaqueando padres e atirando bombas em restaurantes cheios. Um desses anarquistas, chamado Ravachol, ficou famoso na França por sua prática de defender a liberdade individual assassinando velhinhos e roubando prostitutas... Pelo visto, os anarquistas do século XXI são mais sofisticados: em vez das bombas de fabricação caseira e dos atos de terrorismo individual do passado, agora se colocam do lado de fanáticos religiosos e defendem o genocídio de um povo inteiro em nome de seus ideais elevados... Grandes humanistas!

Isso tudo apenas prova o seguinte: o caráter da sociedade que se quer alcançar está indissoluvelmente ligado aos meios escolhidos para se chegar a esse fim. Se você começa, em nome de uma sociedade mais justa e mais livre, assassinando pessoas inocentes ou mesmo justificando a barbárie genocida e terrorista, você poderá alcançar qualquer coisa, menos uma sociedade mais justa e mais livre. No máximo, conseguirá um banho de sangue.

O leitor defende o fim de Israel, até mesmo por uma revolução islâmica, como a pregada pelo Hamas, aliás apoiado e sustentado pelo Irã. Lembrei imediatamente de um fato mais próximo historicamente de nós, a queda do xá do Irã em 1979. Quem tiver mais de 40 anos vai lembrar que a totalidade da esquerda mundial, e inclusive os anarquistas, saudou a revolução islâmica do aiatolá Khomeini como uma aurora de liberdade. Deve ter sido mesmo, porque, mal os aiatolás se instalaram no poder, as primeiras vítimas dos pelotões de fuzilamento dos pasdaran xiitas foram os - adivinhem! - comunistas e esquerdistas em geral... Pelo visto, esse pessoal não aprende mesmo. Daí porque eu concordo plenamente com o que leitor diz sobre a esquerda burra, que não enxerga a realidade em sua volta.

Eu, da minha parte, não preciso dizer o que acho disso tudo. Afinal, este é um blog maniqueísta, do tipo "ou está comigo ou contra mim", não é mesmo?

***
Eu não poderia terminar este post sem mencionar também outro leitor, o Felipe, uma boa pessoa. Ele não é anarquista como o leitor a quem eu respondi acima, mas pacifista. Ele é contra, por princípio, qualquer violência, venha de onde vier. O que significa ser contra não apenas os atentados e homens-bomba do Hamas, mas a reação militar de Israel, pois os mísseis israelenses, como ele diz de forma veemente, "destroem habitações inocentes (...), matam (querendo ou não) crianças e demais inocentes!" etc. etc. Em suma: para ele, os dois lados, Israel e o Hamas, se equivalem moralmente, estão igualmente errados.

Comovido e sensibilizado por esse alto grau de justiça, que eu, infelizmente, por ser "maniqueísta", sou incapaz de alcançar, resolvi escrever uma cartinha ao novo primeiro-ministro de Israel, com cópia para os principais líderes do Hamas. Creio que, se eles seguirem direitinho o que está na carta, teremos finalmente a paz na região, e todos viverão felizes para sempre. Eis a carta:

Excelentíssimo premiê Benjamin Netanyahu,

Venho, por meio desta, humildemente apresentar a Vossa Excelência e ao povo de Israel um plano de paz perfeito para a região do Oriente Médio, que, garanto, irá pôr fim a seis décadas de derramamento de sangue, na maioria inocente, entre Israel e seus inimigos.

Meu plano, que foi elaborado após horas e horas de profunda reflexão lendo e relendo os comentários que me foram feitos pelo Felipe em meu blog, consiste em um único ponto. Ei-lo:

Renúncia total do uso da força por parte de Israel - Em outras palavras, a cada homem-bomba palestino, a cada atentado homicida-suicida do Hamas ou do Hezbollah, Israel não mais responderá com tanques e tropas. Em vez disso, agirá de forma muito mais inteligente, muito mais racional: simplesmente não reagirá a nenhuma violência que lhe for dirigida; não fará nada.

Com isso, asseguro a Vossa Excelência, o Hamas e o Hezbollah, bem como os governos que os apóiam e financiam, como o Irã, desistirão de uma vez por todas dos atentados e do objetivo jurado de destruir Israel e transformar sua população num monte de cadáveres. Eu garanto.

Além disso, ao não mais reagir e caçar os responsáveis pelos ataques, Israel finalmente poderá contar com a simpatia e o apoio dos meios de comunicação mundiais, não incorrendo mais na indignação da opinião pública por ocasionalmente, na perseguição aos culpados, atingir civis inocentes usados por estes como escudos humanos. Eu também garanto.
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Pode ser que, no começo, essa tática apresente alguns inconvenientes, como, por exemplo, o aumento de mortes do lado israelense. Mas asseguro em nome de Gandhi e de Martin Luther King que a não-violência trará resultados positivos, se não nesta, pelo menos na próxima vida. Os possíveis mortos se tornarão mártires de uma boa causa e, principalmente, as condolências não serão substituídas por protestos, como acontece hoje em dia.

A tática acima mencionada é 100% garantida, é infalível. Basta Israel abandonar completamente sua política de defesa, derrubando o muro que o separa da Faixa de Gaza e da Cisjordânia e dialogando com o Hamas e o Hezbollah, que esses grupos entregarão suas armas e abandonarão a luta armada. Garanto que o resultado será a paz e a segurança para os israelenses, que poderão então viver tranquilos e sem medo de ser explodidos por um foguete ou um homem-bomba.

Para tornar concreta essa iniciativa, que - repito - é a mais racional e inteligente que se pode conceber, estou pedindo ao meu leitor Felipe que vá à Faixa de Gaza conversar com os líderes do Hamas e convencê-los desse plano. Afinal, sabemos que eles são todos boas almas também, e só esperam uma oportunidade dessas para desistir de seus objetivos genocidas e abraçar o pacifismo.

Respeitosamente,

Gustavo (Blog "Do Contra")

P.S.: A mensagem acima está sendo enviada também ao Hamas, ao Hezbollah e ao presidente Ahmadinejad, do Irã. Também está sendo psicografada, por meios espirituais, a Adolf Hitler - embora desconfio que, nesse último caso, infelizmente não haverá nenhum resultado concreto, pois não inventaram ainda um pacifismo com efeitos retroativos...

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

ACONTECEU. UM LEITOR ESCREVE JUSTIFICANDO O TERRORISMO ISLAMITA. AGORA TUDO É PERMITIDO


Aconteceu. Finalmente um leitor escreveu para este blog para justificar o injustificável e cantar loas à morte. Finalmente alguém escreveu defendendo, com todas as letras, a violência cega e genocida contra um Estado democrático. Uma linha foi cruzada. Agora, como diria Dostoievski, tudo passa a ser permitido.
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Por injustificável quero dizer o terrorismo islamita, os atentados homicidas-suicidas de grupos de fanáticos religiosos genocidas como o Hamas, o Hezbollah e a Al-Qaeda. Por cantar loas à morte quero dizer enxergar nos ataques desses facínoras uma forma legítima de "resistência" contra o que seria uma forma de opressão - no caso, representada pelo Ocidente e particularmente por Israel, elevada à condição de Grande Satã do momento depois da aposentadoria do Bush. Por defender a violência cega contra um Estado democrático digo bater palmas para quem deseja, nada mais, nada menos, do que um novo Holocausto, ainda pior do que o primeiro.

Leiam por si mesmos, e digam se eu estou exagerando. O leitor em questão é um tal de Humberto, que, escrevendo para comentar meu post anterior, no qual rebato o pacifismo de outro leitor, que insistia em igualar Israel ao Hamas, cometeu o seguinte texto, que aqui transcrevo em vermelho, seguido de meus comentários, em preto:
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Concordo contigo, a guerra é legítima, defender seu território é legitíssimo. Por isso os palestinos se insurgem com bombas e pedras. Para que Israel fique em seu quintal e não invada quintal alheio.
Leiam atentamente o parágrafo acima. O autor justifica o terrorismo de grupos como o Hamas - que ele não cita em momento algum, preferindo esconder-se atrás da fórmula simpática dos "palestinos que se insurgem com bombas e pedras" -, associando-o a uma suposta reação contra uma suposta invasão do quintal alheio por parte de Israel. Como se os foguetes e homens-bombas do Hamas e do Hezbollah fossem uma justa resposta contra a ocupação israelense. Já disse antes, mas vou repetir, dessa vez da forma mais didática possível: ISSO É FALSO!
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O terrorismo palestino contra Israel não decorre de nenhuma ação ou "invasão" israelense nos territórios palestinos, como diz o leitor anti-Israel. Essa teoria pode ter sido verdadeira um dia, durante os anos de luta - terrorista também, é bom que se diga - da antiga OLP contra Israel, até, digamos, meados dos anos 80, antes que a OLP abandonasse oficialmente o terrorismo e aceitasse a existência de Israel, e antes da assinatura dos Acordos de Oslo, em 1993, pelos quais os dois lados - palestinos e israelenses - se reconheceram mutuamente. Hoje em dia, porém, afirmar que o terrorismo islamita tem alguma coisa a ver com a luta para "libertar" os territórios palestinos ocupados de uma suposta "invasão" israelense é algo que só pode ser fruto de cinismo ou ignorância. Nos últimos nove anos, Israel fez diversos movimentos em direção à paz definitiva, inclusive concessões territoriais, e nada disso se converteu em movimentos semelhantes do outro lado. Chegou mesmo a retirar à força os colonos israelenses da Faixa de Gaza, UNILATERALMENTE E SEM PEDIR NADA POR ISSO, e nem assim os ataques do Hamas cessaram ou diminuíram. Pelo contrário: desde então, os atentados se multiplicaram! Como dizer, portanto, que o terrorismo é uma forma de insurgência contra uma "invasão" israelense??? Simplesmente mentiroso!
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Enquanto Israel invadir e implementar assentamentos judeus na palestina, vai levar bomba. E merece!
Mais uma vez: o leitor apela para a mentira para justificar o terror. O terrorismo islamita não tem nada a ver com os assentamentos judeus, como está claro no exemplo de Gaza. Querem mais um exemplo? Em 2000, as tropas israelenses se retiraram do sul do Líbano, que se transformou então em território do Hezbollah. O que aconteceu desde então? Os ataques do Hezbollah contra os colonos judeus da Galiléia, assim como os do Hamas a partir da Faixa de Gaza, diminuíram? Nada disso: foram intensificados! Isso PROVA que o terrorismo contra Israel não tem nenhuma relação, absolutamente nenhuma, com qualquer "luta pela terra" na região.
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Agora, prestem bastante atenção a uma coisa que eu vou dizer, e que talvez choque algum leitor menos informado: O CHAMADO CONFLITO ISRAELO-PALESTINO NÃO EXISTE MAIS, ACABOU FAZ TEMPO. Desde, pelo menos, os Acordos de Oslo de 1993, assinados por Yitzhak Rabin e Yasser Arafat, a questão palestina já está resolvida: os dois lados concordaram em reconhecer o direito de cada um existir e com a solução de dois Estados - um israelense, outro palestino (este último, compreendendo os territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia). Sobraram algumas arestas a ser resolvidas, como o status de Jerusalém, mas a questão, do ponto de vista territorial, já está resolvida. O que existe, então? O que existe é o terrorismo de grupos de fanáticos como o Hamas e o Hezbollah, apoiados pelo Irã e pela Síria e que não aceitam o direito de Israel à existência, nem reconhecem a solução dos dois Estados. Esses grupos não querem a paz, não lutam por um Estado palestino convivendo ao lado de Israel: querem, isso sim, a destruição completa de Israel, o genocídio de toda a sua população. E para isso estão dispostos a literalmente tudo, inclusive a usar a população civil palestina como escudos humanos e a massacrar seus oponentes do Fatah - contando, para isso, com a conivência de grande parte da imprensa mundial, que insiste em ver em Israel, e não no Hamas e no Hezbollah, o lado agressor.
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Agora que o “Mr. Assentamento”(Bibi) vai tomar posse, tem tudo pra ser uma festa de bomba.
Outra mentira, que se baseia na tentativa de culpar o governo de Israel, seja quem lá estiver, pelo terrorismo. Se novas ondas de homens-bombas ocorrerem, isso não será devido a nada que o novo governo israelense fizer ou deixar de fazer, mas será única e somente culpa dos próprios terroristas, que juraram varrer Israel do mapa.
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Assim como, em 2000, a intransigência de Yasser Arafat ajudou involuntariamente a eleger o "linha-dura" Ariel Sharon, em 2009 o terrorismo do Hamas ajudou a eleger Netanyahu. Mas isso, no final, tem pouca importância. Pois, AINDA QUE O NOVO GOVERNO ISRAELENSE INTENSIFIQUE OS ASSENTAMENTOS, AINDA QUE RESOLVA REOCUPAR TODOS OS TERRITÓRIOS DEVOLVIDOS POR ISRAEL AOS PALESTINOS NOS ÚLTIMOS ANOS, NÃO SERÁ ESSA A CAUSA DE NENHUM ATENTADO DO HAMAS OU DO HEZBOLLAH. SEJA QUAL FOR O OCUPANTE DO GOVERNO ISRAELENSE, OS INIMIGOS DE ISRAEL NÃO VÃO DESISTIR DE SEU INTENTO DE DESTRUIR ISRAEL E TRANSFORMAR O PAÍS NUM OCEANO DE SANGUE E CADÁVERES. Sabem por quê? Por um motivo muito simples, simplícissimo, que o leitor-admirador do terrorismo não menciona em seu comentário: ao contrário do Fatah, o Hamas e o Hezbollah não aceitam a existência do Estado de Israel, não aceitam a solução de dois Estados - inclusive o Estado palestino - e querem nada mais, nada menos, do que DESTRUIR Israel. Repito aqui a pergunta que formulei em outro post, e que até agora permanece sem resposta: ALGUÉM ACREDITA QUE, SE ISRAEL DEVOLVER TODO O TERRITÓRIO OCUPADO AO LONGO DOS ANOS, OU MESMO QUE AS FRONTEIRAS NA REGIÃO VOLTEM A SER COMO ERAM ANTES DE 1947, O TERRORISMO ISLAMITA VAI DEIXAR DE EXISTIR?
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Custa o judeu respeitar o território que não é seu? Precisa agir de modo provocativo, incentivando o ódio contra sí?
Vou deixar de lado a lengalenga sobre "respeitar o território" - creio que basta ler o que está aí em cima para perceber quem respeita o território alheio, e quem não reconhece sequer o direito do outro existir. Vou me concentrar aqui somente no que o leitor diz sobre "o judeu" (como se Israel não fosse, na verdade, um Estado democrático e plurirreligioso) agir "de modo provocativo, incentivando o ódio contra si". Esse tipo de afirmação, ao inverter a realidade, busca omitir o seguinte fato: para o Hamas, para o Hezbollah, a maior provocação que um judeu pode fazer é simplesmente existir. Aliás, um certo ditador alemão pensava do mesmo jeito, algumas décadas atrás...
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O dia em que existir uma entidade internacional com autoridade, pra impor que se cumpra a divisão da palestina não com um mas com DOIS Estados, e que se imponha o respeito às fronteiras, sem ocupações, sem assentamentos ilegais, aí sim, poderá se crimimalizar a insurgência(de ambos os lados), de outro modo, fica difícil.
Afirmação desonesta, por dois motivos: 1) presumo que a dita entidade internacional a que o autor se refere seja a ONU, que se coloca inteiramente ao lado dos palestinos contra Israel (basta lembrar o caso da tal escola da ONU que teria sido bombardeada por forças israelenses no começo do ano, e que se revelou uma farsa); e 2) a divisão da região em DOIS ESTADOS já foi acordada, como disse antes, desde 1993. A paz não chegou à região não porque a dita entidade internacional não tenha força para impor essa solução, mas porque é conivente com quem não aceita essa solução. No final, a paz depende não de Israel, mas do reconhecimento de Israel por quem o enxerga como agressor. Logo, querer a partir daí condenar a resposta israelense ao terrorismo islamita só pode ser cretinice.
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É preciso reconhecer que a insurgência primeira, vem dos invasores judeus, com seus muros e soldados, sua imposição. A violência gerada,é consequência.
Mentira. A violência parte de quem não aceita a existência de Israel e os Acordos de Oslo. Israel se defende. Ponto.
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Os donos do mundo são fiadores desse estado de coisas, o troco pode ser tanto uma palestina insurgente, como um “onze-de-setembro”.
Prestem atenção nessas expressões: "donos do mundo", "fiadores desse estado de coisas"... Quem seriam os tais donos do mundo? Os trinta ou quarenta banqueiros judeus que mandam nos negócios mundiais? Ou a grande conspiração sionista internacional financiada, ao mesmo tempo, pelos grandes tubarões capitalistas e pelos... bolcheviques? Se você lembrou dos Protocolos dos Sábios de Sião e da propaganda nazista do Dr. Goebbels, acertou em cheio.
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E - vejam só - seriam esses mesmos "donos do mundo", esses judeus-malvados-assassinos-de-Cristo, os responsáveis por uma, como diz o leitor, "Palestina insurgente" (leia-se Hamas e Hezbollah, de que já falei) e também por um... "11 de setembro". É isso mesmo que você leu, caro leitor: segundo o sábio leitor que mandou o comentário acima, os atentados terroristas de Osama Bin Laden e da Al-Qaeda seriam também uma forma de resistência do "oprimido" contra o Ocidente opressor... Claro, não importa muito que o tal representante dos oprimidos do mundo seja um multimilionário saudita com algumas idéias exóticas sobre como as mulheres devem se vestir e ser recebido por 72 virgens no paraíso em caso de morte na luta por Alá... Mais que isso: segundo o distinto leitor simpatizante do Hamas, tais ataques seriam o resultado do que se planeja nos porões da Casa Branca, talvez com a presença de um dos tais Sábios de Sião denunciados nos famosos Protocolos... Alguém aí pensou em teorias conspiratórias?
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Finalmente um defensor do terror islamita deixou cair a máscara, colocando-se abertamente do lado dos islamofascistas, que promovem a morte e a dor como método para exterminar um povo inteiro e impor pela força uma visão religiosa obscurantista do mundo. Falta pouco, muito pouco, para que o distinto leitor comece a negar o Holocausto, achando exagerados os relatos de 6 milhões de mortos em câmaras de gás... Alguém aí pensou em antissemitismo?
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Posso mencionar pelo menos dez bons motivos para defender Israel e condenar, sem ambigüidade, o terrorismo islamita. Aí está mais um: não consigo aceitar a mentira, ainda mais quando visa a justificar a barbárie.