A QUEM ESTE BLOG SE DIRIGE

É incrível!

Exatos vinte anos depois da queda do Muro de Berlim, ainda há quem veja algo de bom no comunismo. Ainda há quem enxergue algo de positivo num regime que matou 100 milhões de pessoas - e que continua matando, como escrevi em meu último texto.

Escrevi um post sobre a blogueira cubana Yoani Sánchez e o boato que circula na internet, por parte de algumas mentes alucinadas, de que ela seria "uma agente castrista". É uma indignidade, uma calúnia das mais infames, que, como toda calúnia, carece de qualquer dado ou fato que a corrobore. Pura loucura conspiratória, do mesmo naipe das teorias conspiratórias alimentadas pelo castrismo, apenas com o sinal trocado.

Pois bem. Um dos comentários a meu post é de alguém que se diz leitor do blog de Yoani e de outos blogs de dissidentes cubanos, e que - para minha surpresa - repete algumas das mais surradas e rebatidas lendas sobre a ditadura cubana, por esta divulgadas. Repisa, enfim, a velha tese da "ditadura benigna", que prende, tortura, mata e censura, mas faz tudo isso para o bem do povo... O que mostra que o autor do comentário, se acompanha mesmo o blog de Yoani, não entendeu nada. Assim como não deve ter lido, muito menos entendido, nada do que eu escrevi aqui sobre a realidade da tirania totalitária de Cuba.

Para preservar de um vexame maior o autor do comentário, não vou citar seu nome aqui. Seu comentário já é estúpido e idiota o suficiente para que eu queira expô-lo assim tão cruelmente ao ridículo. É exatamente a esse tipo de leitor, repetidor de clichês e lugares-comuns, que este blog se dirige, como espero ter deixado claro com a frase de Graham Greene que lhe serve de epígrafe.

Vejam o que disse o leitor:

Ja acompanho o blog da Yoani a algum tempo além do " Voces cubanas" e do " Payolibre " que divulga os dados de presos políticos.Mas há um detalhe importante Cuba não é o " paraíso " pintado pelos esquerdistas que você mencionou mas também não é o inferno na terra como Haíti, Somalia etc, então há que se ter equilibrio ao falar de Cuba, eu mesmo reconheço que viver em um país onde não há liberdade é realmente muito dificil, mas ainda assim há pontos importantes que o proprio Brasil negligencia como por exemplo Educação, Segurança e Saúde.

Caro leitor sem nome:

Tem certeza que você acompanha os blogs que você cita? Não seriam sites falsos, para passar uma idéia exatamente oposta ao que a Yoani Sánchez e outros blogueiros cubanos querem transmitir? (Estou quase acreditando na teoria de que a ditadura castrista planta blogs falsos e paga blogueiros para se auto-esculhambar...) É preciso ser muito disléxico para chegar à conclusão, depois de ler qualquer post da Yoani, de que Cuba "não é um inferno como o Haiti, Somália etc.". Em primeiro lugar, não é com esses países que Cuba deve ser comparada - o Haiti e a Somália sempre foram uma porcaria. É com a própria Cuba. Melhor dizendo: é com o país ANTES da subida de Fidel e Raúl Castro ao poder. Em 1959, Cuba tinha um dos melhores níveis de vida na América Latina, igual ou superior até mesmo a alguns países desenvolvidos, como Espanha e Itália, ou Japão e Cingapura. O país já exibia altos níveis de desenvolvimento em saúde e educação, com elevados índices médico/habitantes e de alfabetização. Quem diz isso - e que é fácil de constatar por outros meios, sendo inúmeros os autores que citam esses dados hoje esquecidos - é alguém que você diz acompanhar: Yoani Sánchez (se tem alguma dúvida, leia os trechos da entrevista que ela deu à VEJA, que eu cito em meu post sobre ela; o título da entrevista, aliás, é bem sugestivo: "As Três Mentiras Sobre Cuba").

Educação?

É a própria Yoani Sánchez (atenção os que acham que ela é uma agente castrista!) quem diz, em seu blog, que aquilo que se chama de "educação" em Cuba - e ela cita o caso do próprio filho como exemplo - é uma farsa grotesca, não passa de lavagem cerebral, como era aliás em todos os países comunistas: as crianças não recebem educação de qualidade coisíssima nenhuma, mas são DOUTRINADAS IDEOLOGICAMENTE - ou seja: são ensinadas, desde pequenas, a repetir slogans e marchar em manifestações pró-regime, sendo proibidas de ler qualquer coisa que não seja propaganda do governo. Uma das coisas que precisam ser enfatizadas é que ditaduras totalitárias dão muita importância à educação - como forma, obviamente, de controle mental. Na Coréia do Norte, todo mundo sabe ler e escrever - como poderiam ler os discursos e gritar "Viva o Estimado Líder Kim Jong-Il" se não soubessem?

Segurança?

Alguém poderia dizer que viver em Cuba é melhor do que viver no Brasil, pois lá não haveria tráfico de drogas e criminalidade etc. É outra mentira! A única diferença entre um país capitalista e um socialista no quesito segurança é que os mafiosos, nos socialistas, estão no poder e nele se perpetuam. O que o CV e o PCC tentam fazer nas favelas e nas periferias das grandes cidades é o que criminosos como Fidel e Raúl Castro conseguiram em Cuba: instalar uma ditadura feroz, na qual qualquer oposição vai pra vala. É outro engodo das tiranias: prometer "segurança" à população em troca da liberdade (como se houvesse alguma segurança sem liberdade!). Foi isso que fizeram os talibãs no Afeganistão, e Hitler na Alemanha, sem falar em Stálin na URSS: em todos esses países, não havia criminalidade, ou esta era muito baixa, mas a qualquer momento o cidadão poderia ser preso, torturado e morto pela polícia secreta, como tentaram fazer os jagunços do castrismo com a Yoani Sánchez na semana passada. Como é possível haver segurança se não há direitos a serem assegurados? Além disso, quem disse que em Cuba não há tráfico de drogas? Já ouviu falar no "Caso Ochoa", meu caro leitor cujo nome eu não quero expor para lhe poupar dessa humilhação? Nem precisa ir tão longe: basta ver quem são os maiores narcotraficantes do mundo, as FARC. Adivinhe que país eles vêem como modelo e que tipo de regime eles querem implantar à força na Colômbia. Consegue adivinhar? Ou será que estou sendo muito sutil?

Saúde?

É outra balela, feita sob medida para capturar o apoio de idiotas úteis. Citei aqui trecho da entrevista de Yoani Sánchez a VEJA em que ela desmonta mais essa mentira sobre a ditadura castrista, divulgada por gente como Michael Moore e Oliver "Stoned". Está lá, é só ler: o país já tinha altos níveis de desenvolvimento na área antes da "revolução" que levou Castro ao poder, e hoje em dia a população é obrigada a levar tudo de casa para se tratar em algum hospital público cubano. Nada que faça inveja ao nosso SUS. Sem falar nas estatísticas falsificadas pelo governo, que se recusa a divulgar dados sobre o número de abortos ou suicídios, por exemplo (o segredo é uma característica de regimes totalitários). E só pra não esquecer: o mesmo diziam de ditaduras como a de Hitler e Mussolini. Estes acabaram com o desemprego e fizeram os trens chegarem na hora. Devemos louvá-los por isso?

É impressionante como, toda vez que se fala na gigantesca farsa que foi/é o comunismo, aparecem sempre as mesmas falácias, é sempre a mesma lenga-lenga: "o regime não é tão ruim assim, não é o paraíso mas também não é o inferno, há pontos importantes como Educação, Segurança, Saúde etc". Talvez a psicologia explique esse apego doentio a velhos chavões socializantes, essa atração irresistível de certos indivíduos pelo Estado-pai opressor. É sempre o mesmo disco arranhado, a mesma minimização da opressão, o mesmo elogio da servidão voluntária. E, por mais que se diga e se PROVE que é tudo uma mentira, que é tudo uma farsa, sempre haverá alguém tolo ou ingênuo o suficiente para se deixar cair nessa esparrela, defendendo o "equilíbrio" em relação a esse tipo de regime liberticida. Como assim, "equilíbrio", cara-pálida? Equilíbrio em relação a quem mata a liberdade e escraviza povos inteiros? E que ainda por cima transforma um país antes próspero numa ruína? Prefiro ser desequilibrado.

Cuba, assim como a URSS e a Coréia do Norte, não é paraíso nem inferno. A mim repugna essa dicotomia religiosa. É, isso sim, um misto de prisão e lixeira. Isso me basta para lamentar a triste sorte dos cubanos e para não querer esse tipo de porcaria para o Brasil, ou para qualquer outro povo e lugar.

Não, caro leitor: viver em um país sem liberdade não é "muito dificil". É impossível. Se tem alguma dúvida, pergunte a algum dos 2 milhões de cubanos que, desde 1959, fizeram a única coisa que resta a alguém que "vive" em um lugar assim: fugir. Pergunte a Yoani Sánchez.

Comunismo?

Não, obrigado. Liberdade.

(E pão. E saúde. E educação. E segurança...)