sexta-feira, novembro 27, 2009

O EXEMPLO DE "SUPERAÇÃO" DE LULA







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Um leitor, que se identifica como "muitopelocontrario" (eu, heim?), escreveu o seguinte comentário sobre meu texto "Machado, o anti-Lula", publicado aqui em 30 de setembro de 2008:
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"Machado encarna tudo aquilo que Lula não é, nunca foi e jamais será um dia - um exemplo de superação individual."
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Caro, a sua estupidez te cega. Se há algo em comum entre os dois é a superação individual.
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A frase entre aspas, quem ler o texto vai perceber, é uma citação de meu post. Nele aproveito a passagem dos 100 anos da morte de Machado de Assis, há um ano, para traçar um paralelo entre a vida do grande escritor e a de Luiz Inácio, o "filho do Brasil". O leitor não gostou. Deve ter achado que eu sou um "preconsseituôzu" por falar tão mal do Mestre Iluminado. Tudo porque, para ele, Lula é, assim como Machado, um exemplo de "superação individual" - como demonstra o filme do Barretão bancado com dinheiro de empresas com negócios no governo...

O que dizer? Creio que tudo que poderia ser dito sobre a falta de afinidade de Noço Guia com as letras já foi dito. Portanto, vou me limitar a reproduzir, aqui, o que está no post, que não sei se o caro leitor fã do Apedeuta leu até o final. Acho que foram os trechos seguintes que causaram a maior indignação ao leitor (coloco alguns em negrito para facilitar-lhe a compreensão do texto):

Tendo praticamente todas as circunstâncias conspirando contra si, desde a origem humilíssima até a cor da pele - num país em que, é bom lembrar, ainda reinava a mancha da escravidão, e que via na brancura da cútis um atestado de superioridade física e mental -, Machado jamais se conformou ao determinismo social de sua época e ao vitimismo fácil que sempre caracterizou certa visão esquerdista. Também, ao contrário do que muitos gostariam hoje, nunca sujeitou sua literatura a um papel racial demagógico - nunca foi, em suma, um "escritor negro". Foi um escritor, pura e simplesmente. O maior da literatura brasileira e um dos maiores da literatura universal, ao lado de Dante, Camões e Cervantes.

E Lula? Bom, acho que não vou precisar lembrar aqui sua origem social. Ela é conhecida de todos, que já ouviram e reouviram, ad nauseam, a história de sua vinda para São Paulo num caminhão pau-de-arara, sua infância pobre e sua mãe "que nasceu analfabeta". Ele, aliás, faz questão de dizer isso sempre que pode, em discursos geralmente recheados de sentimentalismo e erros de português, que não raro levam às lágrimas muitos intelectuais de esquerda. Luiz Inácio, o menino de Garanhuns, interior de Pernambuco, que veio para São Paulo fazer a vida, virou metalúrgico, perdeu um dedo, tornou-se líder sindical, entrou para a política e foi eleito e reeleito Presidente da República... Comovente, não?

Seria, certamente, se não fosse por um detalhe, que geralmente passa despercebido pela legião de admiradores de D. Lula, Primeiro e Único. Ao contrário do autor de Dom Casmurro e de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Lula não prosseguiu nos estudos, parando na 4a série primária. Para todos os efeitos, é um semi-letrado, um semi-analfabeto. E, igualmente ao contrário de Machado, ele não o fez não porque não tivesse condições financeiras de correr atrás do tempo perdido e superar essa deficiência, mas por um motivo muito mais simples e inconfessável: porque não quis. Pelo menos desde que largou o macacão de operário e entrou para a política, no final dos anos 70, ele teve tempo e oportunidades de sobra para cursar até uma faculdade, se quisesse. Em vez disso, preferiu a política. E virou presidente da República.

Tamanha é a hegemonia da cantilena politicamente correta nessa e em outras questões que mesmo alguns críticos de Lula e do PT hesitam em tocar nesse assunto, para não passarem por "elitistas" e "preconceituosos". Para eles, como para a maioria, Lula pode até ser um bandido e um enrolador, mas sua ignorância seria um pecado menor. Não vêem nada de mais em que as principais atividades intelectuais de Lula sejam os churrascos com os amigos ou os jogos do Corinthians. Ou que Machado apreciasse Beethoven, enquanto Lula gosta de Zezé Di Camargo e Luciano.

As diferenças não páram por aí. A negligência do atual mandatário brasileiro com a própria educação decorre de algo bem mais íntimo e pessoal do que qualquer condição social pregressa: Lula detesta ler. Sua aversão à leitura é notória. Para ele, como confessou certa vez em um evento - em que ironicamente tentava estimular as crianças ao hábito da... leitura! -, ler um livro é algo tão penoso quanto andar de esteira. Seria apenas mais uma curiosidade inofensiva, ou mais uma gafe, se não fosse outro detalhe: não somente ele foge dos livros como o diabo da cruz, como propagandeia e orgulha-se de sua própria ignorância. Na verdade, esta é uma arma que ele utiliza sempre que é conveniente, para rebater qualquer um que critique suas poucas luzes. Basta alguém lembrar esse detalhe que ele, ou algum de seus milhares de assessores gritará, indignado: "é preconsseitú!". Com Lula, a infância pobre e humilde tornou-se um álibi para a ignorância. Esta, por sua vez, foi elevada à condição de verdadeiro objeto de culto.
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De acordo com essa visão dos petistas, Machado de Assis, certamente, seria um preconceituoso. Pior: ele era parte da "elite branca" (mesmo não sendo da elite, nem branco) que torce o nariz para o presidente-operário por seus erros de português e sua origem nordestina. Sim, porque Machado, diferentemente de Lula, gostava de ler. Mais que isso: ao contrário de nosso presidente, ele procurou contornar as dificuldades da vida, tornando-se um autodidata. E isso sem cotas, nem nada do gênero. Enfim, ele tinha tudo para ser um ignorante, ou, se vivesse hoje, um petista. Mas não cedeu ao apedeutismo. Mesmo não sendo político - ou talvez por isso mesmo -, não sucumbiu à preguiça intelectual, nem jamais usou o argumento do preconceito da "Zelite" para justificar a própria ignorância. Ao contrário: dominando também o francês e o inglês, tornou-se um fino e sofisticado ourives da língua portuguesa. Se vivo fosse, Machado seria tachado pelos companheiros petistas como um esnobe e um traidor da causa "afro-descendente".


Poderiam argumentar que nenhuma comparação entre Machado e Lula se sustenta, pois afinal Machado era um gênio, talvez o maior que tivemos, enquanto Lula é um político. Eu digo que essa comparação apenas torna maior o fosso entre os dois personagens, sem dela retirar seu conteúdo pedagógico. Gênio ou não, Machado veio do nada, tendo nascido e se criado em condições - e numa epoca - muito mais difíceis do que as que Lula diz ter enfrentado. Sua trajetória de superação não é uma simples história do menino-pobre-que-venceu-na-vida-contra-tudo-e-contra-todos. É uma história de caráter. A de Lula, por sua vez, não pode ser resumida em simples gosto, ou falta de gosto, pelas letras. Não que, para ser presidente, seja preciso ser um gênio literário, ou um acadêmico. Mas o sujeito que chega ao cargo mais alto da nação gabando-se de nunca ter lido um livro na vida, num país de analfabetos, não revela apenas despreparo e preguiça intelectual, além de dar um mau exemplo, mas também, e sobretudo, falta de caráter. Apontar esse fato não é preconceito. É vergonha na cara.

Voltei
Realmente, duas histórias de superação individual, a de Lula e a de Machado... Lula saiu de Caetés pobre e ignorante. Hoje, não está mais pobre. Mas continua ignorante. E transformou isso numa vantagem política, arrancando aplausos da platéia ao dizer que não haveria aquecimento global, por exemplo, se a Terra fosse quadrada... Lula, se tivesse estudado, ou se se tivesse aprimorado intelectualmente como fez Machado de Assis, seria um exemplo de superação individual. Como não fez nada disso, é um exemplo sim, mas de esperteza e sem-vergonhice. Mas lembrar esse detalhe, claro, é estupidez e cegueira.
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Dito de outro modo: Machado de Assis saiu da pobreza e do obscurantismo para se tornar um dos mestres da literatura brasileira e universal. E Lula, que livro escreveu? Ou melhor: que livro ele leu em toda sua vida?

Um comentário:

Anônimo disse...

Lula é genuinamente o Presidente do Brasil. Por acaso brasileiro Lê ?, e se por acaso excluíssimos o caderno de esportes e as palavras cruzadas como material de leitura, qual a percentagem de brasileiros que Lêem ?... aí vai um desabafo.

As vezes é " foda" acordar cedo, pegar onibus lotado, trabalhar o dia inteiro, ir para a universidade a noite ( que pago com o meu salario), ler ( porque gosto e cultivo o hábito) e simplesmente ver que meu país não valoriza algo assim, por aqui "BBB" , "ZINAS" e similares são cultuados como ídolos da nação.. é bonito falar errado, é cult ser ignorante e é costume abaixar a cabeça para gringo ( as vezes tão ignorantes quanto nosso povo).

"Livro é caro" sim é , inclusive para mim que ganho menos de R$ 2.000,00 por mes justaemente por isso compro apenas um por mês e dou graças a Deus quando tem uma promoção na qual eu possa me beneficiar com mais de um.

Agora eu te falo, temos o governante que se parece com seu povo " o zé da esquina que entende de todos os assuntos mas vive no boteco com a cara cheia de cachaça", esse é o governante que nosso país merece, quer e aplaude.

Solução ?? se você tiver uma, não escreva em um livro.