A Ministra já vai tarde. Deveria ter pedido para sair alguns meses atrás, quando, numa entrevista inesquecível para a BBC em Londres, entrou para a lista de autores de frases mais inacreditáveis da História, quando disse o seguinte: "Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco (sic). Racismo é quando uma maioria econômica, política ou numérica coíbe ou veta direitos de outros. A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural (sic), embora eu não esteja incitando isso. Não acho que seja uma coisa boa. Mas é natural que aconteça (sic), porque quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou". Ao contrário do que poderia supor o bom senso mais elementar, ela não sofreu nenhuma reprimenda oficial por causa disso. Nem mesmo um puxãozinho de orelha. Na época, o governo pôs panos quentes e o assunto foi esquecido. Pena. Tivesse ela sido demitida por declarações absurdas como essa, e não por um escandalozinho de quinta categoria como o dos cartões corporativos, teria sido um sinal de que o País, afinal, tem solução. Teria sido a prova de que o Brasil não está tomado, afinal, pelo discurso demagógico e marketeiro do politicamente correto, como demonstra outro grande escândalo, o das cotas raciais nas universidades. Alguns anos atrás, outra Ministra do governo Lula, Benedita da Silva, igualmente negra, igualmente despreparada, igualmente deslumbrada e incompetente até na roubalheira, teve de se demitir após ter sido apanhada com a boca na botija, usando dinheiro do contribuinte para passear em Buenos Aires, aonde foi participar de um culto evangélico. Eu a demitiria não por isso, mas pelo lema que escolheu para sua campanha política quando se candidatou a governadora do Rio de Janeiro: "Mulher, negra e favelada". Uma peça de demagogia e de vitimização sem paralelo com quase tudo que eu já vi.
A queda de Matilde Ribeiro é um desses episódios que, em sua aparente banalidade, trazem importantes lições. Infelizmente, creio que logo serão esquecidas, assim como o próprio caso em si, como uma mera gota no oceano de bandalheira que é o governo Luiz Inácio. Mas vale a pena não deixar a peteca cair. A primeira lição, óbvio, diz respeito ao próprio deslumbramento da Ministra, que usou e abusou do cartão corporativo até nas férias de fim de ano. Isso mostra que não temos jeito, somos mesmo um bando de malandros e cafajestes. Basta dar um cargo a qualquer um e lhe entregar um cartão para gastar com despesas oficiais, que o sujeito ou sujeita vai se refestelar no primeiro restaurante ou shopping center. Coloque-o numa cadeira com um cargo "de responsa", dê-lhe uma sala com ar condicionado e alguns funcionários, e ele ou ela logo se sentirá o rei ou rainha da cocada preta, uma autêntica "otoridade", acima do bem e do mal. Não importa se o dinheiro que paga o aluguel do carro ou a tapioca vem do meu, do seu, do nosso bolso. É um traço de nosso caráter nacional, algo de que não podemos fugir. Está nos nossos genes, na nossa formação histórica e cultural defeituosa, o não distinguir entre o que é particular e o que é público, ou, como gostamos de dizer, o que "não é de ninguém".
Mas isso é, como dizia Nelson Rodrigues, o óbvio ululante. O mais importante, o que se deve ter em mente quando ninguém mais lembrar da Dra. Matilde Ribeiro, é o próprio cargo que ela exercia. Afinal, o que faz exatamente a Secretaria Especial para a Promoção de Pólíticas para a Igualdade Racial da Presidência da República? Trata-se de uma ficção, mais uma sinecura estatal feita sob medida para ser preenchida por companheiros militantes, para que estes ponham em prática seus delírios ideológicos. No caso, militantes de uma causa, a da "igualdade racial", que têm como uma de suas principais bandeiras a adoção do sistema de cotas racias nas universidades federais, algo já vigente na UnB. Em nome da luta contra o racismo - causa nobre contra a qual ninguém em sã consciência se insurgiria, assim como ninguém seria contra a "luta pela paz" ou a preservação das baleias azuis -, estão dispostos a tornar institucional o próprio racismo, como de fato faz o sistema de cotas, o qual apenas serve para dividir a sociedade em duas raças e desmoralizar os negros como incapazes intelectualmente, sepultando a meritocracia. E isso num país que se gaba - corretamente, aliás - de sua mestiçagem. A tal Secretaria presidida pela Ministra demissionária, enfim, é um erro desde o início. Um autêntico samba do crioulo doido - ou do afro-descendente fora do pleno domínio de suas faculdades mentais, como queiram. Diante disso, o escândalo dos cartões é apenas um detalhe, a pontinha do iceberg.
A saída de Matilde Ribeiro do Ministério Lula da Silva só não é mais melancólica do que o próprio cargo que ela ocupava. Durante o governo Lula, sob a sua coordenação, tem-se assistido a um enorme retrocesso também na área racial, com o aparecimento de tensões antes inexistentes em função da adoção das cotas nas universidades, criadas por uma visão vitimista que não raro é usada como um álibi para se cometer todo tipo de roubalheira. Não duvido que a ex-Ministra, assim como Benedita da Silva antes dela, seja elevada à condição de mártir e heroína por seus companheiros de causa racista, ops, racial, uma Joana d'Arc afro-descendente, pois teria sido vítima de algum complô ardiloso das "zelite" por ser negra, coitada... O País regrediu algumas décadas sob Lula. Ele desmoralizou não apenas a ética, mas os negros também. Ficamos todos mais corruptos, mais safados, mais sonsos, mais racistas. E mais burros.
Um comentário:
Olá, encontrei este blog por acaso, e após ler atentamente seus artigos não pude deixar de sentir me satisfeito em saber que ainda existem pessoas que pensam nesse país, os artigos são sensacionais, vou recomendar o blog a todos os meus amigos
Continue sendo do contra, é preciso coragem , eu sei, enfrentei problemas na justiça por ser considerado "nazista" (e eu sou negro...) antisemita, racista, homofóbico (essa foi recentemente...)
Parabéns pela iniciativa,saiba que tens um grande admirador aqui na terra de Ivete Sangalo
Abrços!
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