Deu nos jornais de hoje. O Banco Central anunciou que, pela primeira vez na História, o Brasil dispõe, em caixa, de mais dinheiro do que o necessário para pagar sua dívida externa. Daria para pagar a danada e ainda sobrariam uns 4 bilhões de dólares. De devedor, o Brasil é agora credor dos gringos.A notícia é excelente. Finalmente nos livramos de um fantasma que assombrou gerações. A minha, por exemplo, que está na faixa dos trinta e poucos anos, cresceu ouvindo que a tal dívida era o maior entrave ao desenvolvimento do País. Acostumamo-nos a achar que ela era impagável. Lembro que, quando eu comecei a despertar para as coisas do mundo, lá pelos meados dos anos 80, havia poucas certezas na vida. Uma delas era que jamais veríamos o dia em que a dita dívida seria, enfim, coisa do passado. Era algo, se tanto, para os nossos netos ou bisnetos. Até que enfim nos livramos de um fardo. No entanto...
O fim do problema da dívida externa não é uma vitória do governo Lula, nem dos lulo-petistas. É uma vitória da ortodoxia econômica. Quem tem memória lembra bem: os lulo-petistas sempre foram contra as políticas ortodoxas ("neoliberais") que permitiram o equilíbrio das contas públicas. Clamaram contra elas, quando estas começaram a ser aplicadas, durante o governo de seu rival FHC, treze anos atrás. Alegavam, demagogicamente, que tais políticas seriam "uma submissão aos ditames do FMI e do capital internacional". Uma vez no poder, porém, mudaram de discurso, mantendo a mesma política econômica que condenavam com tanto fervor na véspera. Sem confissão, nem arrependimento. Não por convicção, mas por puro oportunismo. Por pura demagogia.
Nesse trabalho de enganar a todos, os lulo-petistas contaram também com uma boa dose de sorte. De fato, a sorte de Lula é impressionante. Durante seu governo, ele se beneficiou de uma maré extremamente favorável da economia mundial. Assim como Hugo Chávez, que se beneficia da alta dos preços do petróleo no mercado internacional para impor seu "socialismo do século XXI". Assim como seu colega venezuelano, Lula usa o capitalismo e a democracia para miná-los. E, assim como Chávez, ele não pode dizer que foi o criador dessa situação favorável.
Não há como negar também que as boas notícias na área econômica têm um lado negativo para os lulo-petistas. Até agora, por exemplo, não os vi comemorarem tanto assim a notícia de que o País é, enfim, dono de seu destino. Deve ser porque, com o problema da dívida enfim solucionado, não poderão mais botar a culpa pelos males do Brasil no FMI ou em outro agente externo. Não poderão mais defender a realização de um plebiscito em defesa do calote da dívida externa, como já fizeram antes. Terão que procurar outro bode expiatório. As elites ou a mídia golpista, quem sabe.
A História demonstra que encher os bolsos da burguesia é a melhor maneira de seus inimigos prepararem o golpe que a varrerá do mapa e lhes permitirá a conquista do poder. Foi assim na Rússia czarista, com a ajuda do Kaiser alemão a Lênin para derrubar o governo provisório de Kerensky. Foi assim na Alemanha, com parte da burguesia alemã apoiando os nazistas de Hitler. E é assim hoje, no Brasil, com o governo de Lula e dos petralhas. Enquanto esses burgueses estúpidos continuarem pensando com seus bolsos e suas barrigas, e não com suas cabeças, o triunfo definitivo dos inimigos da liberdade será só uma questão de tempo.
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