segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Resposta ao leitor

Escreve um leitor, que assina como João, a respeito de meu último texto, "Fidel, o discurso isentista e a filosofia dos eunucos morais":

"Polêmico, com toda a certeza. Mas não me parece um "Inimigo da afetação de qualquer espécie, da arrogância, do esnobismo e de outras frescuras do tipo". A questão não é ser isento perante a questão do Fidel, mas a Veja nada mais é do que uma revista "afetada"; nada mais faz do que expor uma opinião com defesas fracas e sem base argumentativa. Liberdade de imprensa não é sinônimo de mediocridade de matéria."
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Comento:
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Caro João, você não leu errado. Sou, sim, um inimigo da afetação de qualquer espécie, da arrogância, do esnobismo e de outras frescuras do tipo. Continuarei a sê-lo. Esta é uma atitude minha em relação à vida, assim como o compromisso, que cedo me impus, com a verdade dos fatos. Quanto a isso, reafirmo o que está no meu perfil.

Pelo que eu entendi, você insinua que eu estaria em contradição com esse meu compromisso, quando diz que a Veja, que eu elogio em meu texto, é uma revista "afetada" (as aspas são suas), que nada mais faz senão "expor uma opinião com defesas fracas e sem base argumentativa". Concordo somente com a primeira parte de sua frase. Sim, a Veja é uma revista que tem opinião, e, ao contrário de nossa mídia "isentista" e "nenhumladista", não tem medo de expô-las. Discordo quando você diz que essas opiniões são "fracas" e "sem base argumentativa". Ao contrário do que você diz, no caso da "renúncia" do tiranossauro do Caribe a revista expôs suas opiniões de forma muito clara e com forte base de argumentação. Aliás, até agora não vi ninguém refutar nenhuma das afirmações da Veja sobre o ditador cubano e a tirania que ele impôs à sua ilha da fantasia. Não quer tentar fazer isso?
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Você diz que "liberdade de imprensa não é sinônimo de mediocridade de matéria". Novamente, sou obrigado a concordar apenas em parte, o que significa discordar em parte. Primeiro, porque, se você está se referindo à Veja, então tenho que discordar de sua opinião: de todas as revistas semanais de informação, a que mais se aproximou da verdade no caso de Cuba foi, sim, a revista dos Civita, como espero ter feito entender em meu texto. E segundo, porque, liberdade de imprensa, infelizmente, pode sim conviver com a mediocridade mais tacanha e o panfletarismo mais obtuso. Basta dar uma olhada no que faz a Carta Capital, por exemplo.

O que me irrita, João, é a desonestidade intelectual. Esta é, a meu ver, a pior forma de arrogância, o pior tipo de esnobismo. A Veja pode ser acusada de muita coisa, menos de esconder suas próprias opiniões por trás de um véu de "isentismo" e ambigüidade.
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Enfim, João, a questão É SE É POSSÍVEL SER "ISENTO" QUANTO À TIRANIA CASTRISTA. Afirmo que não. Afirmo que qualquer tentativa de relativizar o que acontece em Cuba, alegando neutralidade ou imparcialidade, é uma forma de compactuar com a ditadura. No caso da cobertura sobre a tirania castrista em Cuba, a Veja não fez isso. Optou pela honestidade intelectual, chamando pato de pato e cachorro de cachorro. Por isso merece meu aplauso.

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