terça-feira, fevereiro 26, 2008

FIDEL, O AMERICANÓFILO


Na foto, o carniceiro-mor e terrorista heróico Che Guevara apreciando um pouco o gosto do imperialismo ianque: antiamericanismo para brasileiro ver
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Em sua última "Reflexão" publicada em seu jornal oficial Granma, o Coma Andante e mentiroso profissional Fidel Castro, que mais uma vez conseguiu enganar a todos com sua renúncia de mentirinha (continua no controle do Partido Comunista, que detém o verdadeiro poder em Cuba), escreveu o seguinte:
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"Eles [os EUA] falam em mudança. Mudança, mudança, mudança. Concordo que é preciso haver mudança. Mas nos Estados Unidos."

A frase é importante. Leiam-na de novo. Mais uma vez. Memorizem-na. Seu significado pode ser traduzido da seguinte maneira: "Nós, cubanos, somos um povo soberano. Tão soberano que, se quisermos ter democracia um dia, dependemos dos EUA. Podem tirar o cavalo da chuva: enquanto a camarilha castrista estiver no poder em Cuba, quem manda nos destinos da ilha não são os cubanos; é o Departamento de Estado, é Rice, é Bush."

Perceberam o paradoxo? Fidel Castro, o líder do antiimperialismo na América Latina (como disse Oscar Niemeyer), o herói da luta contra a opressão e a arrogância imperial norte-americana, é um ardente seguidor do imperialismo ianque. Isso mesmo. Você leu certo. Fidel é um agente da Casa Branca, um americanófilo, um lacaio de Wall Street.

Onde isso mais se verifica é na forma como o tirano caribenho manipula a questão do "bloqueio" norte-americano à ilha (na verdade, um embargo). Há mais de 40 anos Fidel repete sem cessar que o tal "bloqueio" é a causa de todos os males de Cuba, da falta de sabão em pó até o caráter ditatorial do regime. Tal "bloqueio", como já disse antes, é uma farsa, uma ilusão, pois Cuba mantém relações comerciais normais com a maior parte dos países do mundo, e inclusive com os EUA, que enviam US$ 1 bilhão à ilha todo ano por meio dos exilados anticastristas. Mas isso não importa para os apoiadores do ditador. O "bloqueio" é um bode expiatório, o álibi perfeito. Se o ambargo não existisse, Fidel o faria existir.

Mas e os slogans do regime? E os quase cinqüenta anos de propaganda oficial cubana? E os discursos longuíssimos do "líder máximo" esbravejando contra o "bloqueio" dos EUA à ilha? Encenação, pura encenação. Farsa para inglês - ou brasileiro - ver. Fidel Castro é tão antiamericano quanto foi, um dia, anti-soviético ou anti-torcida do Fluminense. Trocando em miúdos: o antiamericanismo, em seu regime farsesco, não passa de um instrumento ideológico da ditadura, uma forma de garantir seu controle absoluto sobre a população.

A dependência castrista dos EUA revela-se em praticamente toda ação, toda iniciativa do regime cubano. A lógica do confronto, do enfrentamento, foi o caminho escolhido por ele, Fidel, e agora repetido por seu pupilo Hugo Chávez, para se estabelecer e se eternizar no poder. Afinal, a invenção do inimigo externo, para um ditador, é algo essencial. Com base nesse discurso, ele pode aparecer como "defensor da pátria" e, ao mesmo tempo, meter na cadeia todos aqueles que possam constituir um obstáculo à ditadura, juntando a paranóia à ânsia pelo poder. É provável que, se os EUA não tivessem patrocinado a tentativa de invasão da Baía dos Porcos, em 1961, e a CIA não tivesse tentado matá-lo 636 vezes nos anos 60, ele teria forjado a invasão e os atentados apenas para ter a quem culpar por seus desmandos.

Assim, sempre que é defrontado com o imperativo moral de acabar com a censura e permitir eleições livres e plurais, o tirano trata imediatamente de condicionar qualquer abertura na ilha-prisão à medida semelhante nos EUA. Alguém pediu liberdade na ilha para os presos políticos? Os EUA devem libertar os "cinco heróis" detidos há alguns anos nos EUA por espionagem. Falou-se em liberdade de imprensa em Cuba? A imprensa norte-americana é dominada por uma "ditadura do dinheiro". Defendem a realização de eleições livres e plurais? Os EUA são uma democracia "de fachada". Fim das violações aos direitos humanos e das perseguições aos dissidentes políticos? Fechem a base militar de Guantánamo, gritam os castristas (enquanto isso, há umas duzentas Guantánamos em Cuba, mas ninguém liga). E assim por diante.

Mas Cuba não é um país soberano? Aí é que está. Em todas as suas declarações, o ditador faz questão de reafirmar a soberania de sua ilha-cárcere. Diz que o país tem orgulho de sua Revolução, que não se renderá jamais etc., etc. Um verdadeiro cabra-macho, esse Fidel. Mas, na verdade, é tudo jogo de cena, é tudo falso. A principal característica da soberania é a possibilidade de um país decidir livremente sobre seu destino. Se Cuba fosse realmente um país soberano, não dependeria do que ocorre em Washington para decidir seu futuro. Se fosse realmente independente, não condicionaria qualquer mudança na ilha a nenhuma mudança nos EUA. Não faria esse tipo de chantagem, procurando politizar a questão. Mais importante que isso, se Cuba fosse realmente um país soberano, seu povo não estaria manietado por um tirano que se eterniza no poder há 49 anos. Ao mesmo tempo em que, em seu discurso, brada sua soberania diante do "império", Fidel a nega, subordinando qualquer passo que venha a dar na ilha à decisão da Casa Branca.

Muitos ainda acreditam que foram os EUA que, com sua política hostil e desastrada, empurraram Cuba para o lado do comunismo e da ex-URSS. Já falei aqui que isso é um mito, entre os muitos mitos e falsidades alimentados pela ditadura castrista. Agora, no ocaso de seu poder e de sua vida, o tirano se aproveita de mais essa mentira para tentar vender a idéia de que Cuba hoje só não é uma democracia porque os EUA não querem, porque os EUA não deixam. Não caiam nessa. Cuba só é uma ditadura, e continuará a ser uma ditadura, por única e exclusiva vontade de Fidel Castro - com uma mãozinha, claro, de seus inúmeros amigos, como Chávez e Lula.

Fidel deve tudo aos EUA. Inclusive o poder. Quando estava em Sierra Maestra, contou com o apoio mais ou menos velado da CIA e do Departamento de Estado, que desconfiavam do ditador Fulgencio Batista e viam o jovem líder guerrilheiro barbudo como uma alternativa democrática para a ilha. Um correspondente do The New York Times, Herbert L. Matthews, subiu a serra para encontrar-se com Fidel, então dado como morto após o desembarque do Granma, e voltou alardeando que o guerrilheiro era um líder democrata e não-comunista. Quando as forças rebeldes entraram em Havana, em janeiro de 1959, contavam com o apoio e a simpatia não só da população cubana, mas da opinião pública norte-americana, que, trabalhada pelas reportagens de Matthews, via Fidel como um herói romântico e dirigente democrático. Logo veriam quão democrático ele era, com os milhares de fuzilamentos e a anulação de todas as liberdades na ilha, que então se transformaria num Estado marxista sustentado pela URSS.

Os auto-proclamados antiamericanismo e antiimperialismo de Fidel são tão falsos e oportunistas quanto suas arengas por "mudança" nos EUA. Muita gente acredita que, após a "renúncia" fajuta do tirano, o caminho estaria aberto para que Hillary ou Obama, se eleitos, finalmente iniciem algum tipo de diálogo com Cuba, e que isso levaria à restauração da democracia na ilha. Tola ilusão. Se houvesse uma revolução nos EUA e o país se tornasse, hipoteticamente, uma república comunista, o Coma Andante daria um jeito de continuar a espinafrá-lo, apenas para desviar a atenção do que ocorre em sua ilha particular, transformada em verdadeira prisão para seus habitantes, há quase meio século. O curioso é que Fidel sempre foi um ardente admirador dos EUA. Seu primeiro contato com a política foi aos 13 anos de idade, quando enviou uma carta, em inglês cheio de erros, ao presidente Franklin Roosevelt, dos EUA, na qual pedia que este lhe enviasse uma nota de 10 dólares (já se antevia aí o futuro espertalhão). Na juventude, era um astro do beisebol, seu esporte favorito. Lia Hemingway. Adorava Coca-Cola e filmes de faroeste. Que tanta gente ainda se deixe levar por sua lábia é algo que desafia a compreensão humana.

Não é só Fidel que é dependente, política e psicologicamente, dos EUA. Os bocós esquerdóides que o idolatram, os Chicos Buarques e Luís Fernandos Veríssimos, também são. Assim como o ditador cubano, eles são fascinados pelo país do Mickey Mouse. E, assim como ele, falta-lhes um mínimo de honestidade intelectual para que o confessem.

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