quarta-feira, fevereiro 13, 2008

McCAIN PARA PRESIDENTE


Nem Hillary, nem Obama. Se eu fosse americano, meu voto iria para John McCain. McCain 2008. McCain na cabeça. McCain! McCain!

O responsável por essa minha adesão entusiasmada à candidatura do senador republicano à presidência dos EUA foi Fidel Castro. O ditador perpétuo de Cuba escreveu no jornal oficial da ilha-cárcere (ou seja: em seu jornal particular, como tudo o mais no país) que McCain mentiu ao dizer que foi torturado por militares cubanos quando era prisioneiro de guerra no Vietnã, quarenta anos atrás. Aproveitou para criticar o programa eleitoral de McCain, que ele chamou de "programinha", em questões como meio ambiente e etanol. Nesse último ponto, elogiou o programa brasileiro de biocombustíveis, afirmando que, se eleito, o candidato republicano tudo fará para sabotá-lo, a fim de substituí-lo pelo etanol de milho produzido nos EUA, muito mais caro e de menor rentabilidade (logo ele, Fidel, que já cerrou fileiras com seu colega e clone Hugo Chávez, de cujo petróleo depende, para condenar o etanol como um todo, dizendo que este vai, inclusive, aumentar a fome no mundo. Mas deixa pra lá...).

O ditador caribenho é o maior cabo eleitoral de John McCain. Por um motivo muito simples. Se Fidel Castro disse que alguém está mentindo, então é óbvio que quem ele acusou só pode estar dizendo a verdade. Se o "Coma Andante" afirma que dois mais dois são quatro e que é a Terra que gira em torno do Sol, e não o contrário, eu vou me dar o direito de duvidar da matemática e das leis da astronomia. Se o carcereiro de 11 milhões de pessoas afirma que algo é ruim, logo só pode ser bom. E vice-versa. Por conseguinte, se ele insinua que os democratas têm as melhores propostas, o lógico, o correto, é deduzir que McCain é o melhor candidato. Esse é o meu critério.

Não sei se os torturadores de John McCain eram mesmo cubanos. Aliás, nem sei se ele disse mesmo isso. Até agora, todas as minhas buscas na internet para identificar a fonte dessa informação se mostraram infrutíferas (cartas para a redação!). Mas é algo bastante possível, embora pareça improvável, rocambolesco até. Não me surpreenderia que, no mundo surreal da Guerra Fria, militares cubanos, agindo sob as ordens de Fidel, tenham dado uns tabefes num piloto de aviões norte-americano, quando este era hóspede de uma cela de prisão vietnamita, no fim dos anos 60. Hoje parece difícil acreditar, mas essas coisas aconteciam. A partir daquela década, "assessores" cubanos foram enviados a vários países do mundo, sobretudo na África e na América Latina, para ajudar a "exportar a revolução" e "combater o imperialismo". Com esse objetivo em mente, militares cubanos lutaram, com maior ou menor sucesso, em países como Congo, Bolívia, Venezuela, Guiné-Bissau, Angola, Etiópia e Síria. Cubanos estavam ao lado de Salvador Allende, quando do golpe de 1973 no Chile. Naquele mesmo ano, tanquistas cubanos chegaram a trocar tiros com tanques israelenses, ao lado das forças sírias, na Guerra do Yom Kippur. Esses são fatos históricos incontestáveis, comprovados por farta documentação. Mesmo assim, admito a possibilidade de McCain ter-se equivocado, ou mesmo mentido, sobre seu passado. Em matéria de mentira e manipulação histórica, porém, o ditador cubano está anos-luz à sua frente, assim como de qualquer mortal. Entre a palavra de um e de outro, fico com a de McCain sem piscar.

Ainda que apresente provas documentais irrefutáveis, Fidel Castro não tem o direito de chamar ninguém de mentiroso. Não há, provavelmente, em todo o planeta, quem tenha mentido mais, enganado mais, e com tanta desfaçatez e competência. Fidel é um mentiroso profissional, um farsante contumaz e compulsivo. Toda a sua carreira, toda a sua vida, foi feita em cima de falsidades e mentiras. Desde que apareceu na ribalta internacional, há mais de cinqüenta anos, ele não tem feito outra coisa senão mentir. Ele mentiu quando tomou o poder, em 1959, dizendo-se um democrata e anticomunista. Mentiu ao dizer que a queda da ditadura anterior foi obra única e exclusivamente das ações heróicas de sua guerrilha mambembe de Sierra Maestra, criando o mito dos doze revolucionários que derrubaram uma ditadura a partir do zero, do nada, e fazendo todos esquecerem a existência de um amplo movimento de resistência nas cidades, que ele logo tratou de suplantar após apossar-se do poder. Mentiu quando exagerou os números da "guerra" (que, na verdade, nem guerra foi) entre os rebeldes e o governo, transformando 1.200 mortos em 20 mil (!), para efeito de propaganda. Mentiu quando disse que restauraria as liberdades democráticas e a Constituição cubana de 1940, tendo instituído, em vez disso, sua ditadura pessoal totalitária. Mentiu ao culpar os EUA por sua decisão de impor um regime ditatorial e voltar-se para a URSS, quando se sabe, hoje, que a comunização de Cuba começou antes de qualquer plano da CIA ou do Pentágono para derrubá-lo ou assassiná-lo. Mentiu e continua mentindo ao responsabilizar o "bloqueio" norte-americano pela penúria do país, causada tão-somente pela falência do regime comunista. Mente ao mostrar sua ilha da fantasia como um modelo de igualdade e justiça social para o mundo, em aspectos como saúde e educação, quando se sabe que Cuba era, antes de sua subida ao poder, um dos países mais desenvolvidos do continente também nessas áreas - fato geralmente ignorado pela legião de idiotas úteis esquerdistas que o idolatram. Mente ao criticar a democracia nos EUA, quando em Cuba as eleições são uma farsa feita para chancelar seu poder absoluto - as últimas eleições parlamentares cubanas, por exemplo, tiveram 614 candidatos para 614 vagas, com partido único, e nenhuma possibilidade de dissensão. Mente, finalmente, ao tachar qualquer movimento de oposição e em defesa dos direitos humanos na ilha como "terroristas" e "mercenários a soldo do imperialismo", aproveitando qualquer pretexto para colocar seus opositores na cadeia - no que conta com o apoio aberto e declarado dos companheiros Hugo Chávez e Lula da Silva, seus parceiros no Foro de São Paulo (pronto, já falei; não vou falar mais), que vão periodicamente em peregrinação à ilha, em busca das bênçãos e dos ensinamentos políticos do Grande Mestre. Enfim, ninguém mente mais, e com tantos cúmplices. Mente, mente, mente. Sem parar.

Se John McCain não foi totalmente honesto em suas memórias de guerra, as mentiras de Fidel Castro o tornam digno de crédito. Dirá alguém que estou me deixando cegar pela parcialidade, que uma mentira não anula outra etc. Mas, nesse caso, é preciso olhar mais além. É verdade que o fato de terem sido veteranos de guerra costuma ser capitalizado eleitoralmente pelos políticos estadunidenses, que não raro exageram no relato de suas façanhas no campo de batalha - o exemplo clássico é o de John F. Kennedy, transformado em herói de guerra por um incidente com sua lancha no Pacífico, durante a Segunda Guerra Mundial -, mas nenhum deles prometeu uma revolução e fez outra, como fez Fidel Castro. Nenhum deles, seja republicano ou democrata, escravizou um povo inteiro prometendo-lhe liberdade. Nenhum deles hipnotizou tantos, e por tanto tempo, a ponto de perderem completamente a capacidade de discernir a realidade da fantasia. Além disso, se resolverem inflacionar seus feitos militares, os políticos ianques correrão o sério risco de se verem desmascarados como farsantes pela imprensa mais livre e mais bisbilhoteira do mundo. Ao contrário do que ocorre em Cuba, onde a palavra da imprensa é a palavra de Fidel, e ponto final. Creio que isso é mais do que suficiente para descartar o que quer que o tiranossauro do Caribe diga a respeito de seus adversários.

Outras razões, mais de política norte-americana, me fazem preferir McCain a seus concorrentes. Os republicanos, por tradição, sempre foram mais duros, menos flexíveis, com tiranias. Foi um republicano, o hoje incensado mas em sua época ridicularizado Ronald Reagan, que ajudou a enterrar o império do mal soviético nos anos 80, não recuando um milímetro em sua determinação de confrontar o comunismo (outro representante dessa estirpe política é Bush, atualmente execrado, mas a História lhe fará justiça). Por sua vez, os democratas representam as esquerdas (chamados de "liberais" nos EUA), algo que conhecemos muito bem. Entre suas fileiras, há gente que, embora fale em paz e democracia, não hesitaria em erguer uma estátua em homenagem aos governantes de países como o Irã e a Coréia da Norte, sem falar em Cuba e nas ex-ditaduras do Afeganistão e do Iraque. Gente, enfim, que trabalha, conscientemente ou não, para o terrorismo islâmico e Fidel Castro. Além disso, os republicanos são reconhecidamente menos protecionistas do que os democratas, o que interessa sobremodo ao Brasil, embora os esquerdistas hoje no poder em Brasília jamais o admitam.

Junto a essa minha análise uma certa dose de subjetivismo. Os pré-candidatos democratas não me agradam. Hillary Clinton traz o ônus do sobrenome e da (pelo menos para mim) antipatia pessoal. A meus olhos, ela representa o que há de pior na política norte-americana, com seu feminismo meia-oito e seu jeito de Margaret Thatcher dos politicamente corretos. Tenho, não nego, uma aversão quase orgânica a pessoas que tentam compensar o fracasso de suas vidas pessoais com a busca obsessiva por poder. Talvez seja um ranço machista de minha parte, um resquício de minha formação familiar tradicional, mas o fato é que não consigo evitar minha ojeriza a mulheres extremamente ambiciosas, com cara e jeito de executivas de multinacional, querendo desesperadamente mostrar uma força que não têm. É algo que soa, para mim, tão falso quanto uma nota de três dólares. E se essa mulher é a esposa de Bill Clinton, então nem dá para duvidar.

E Obama? Certamente, é melhor do que sua concorrente no partido democrata. A seu favor, está o fato de não ter usado, pelo menos até agora, o fato de ser negro (para os padrões dos EUA, diga-se) como um chamariz para angariar votos, explorando o velho discurso vitimista que os nossos militantes cotistas tanto adoram. Também contam a seu favor algumas declarações suas sobre a necessidade e a justeza de algumas guerras, embora tenha sido contra a guerra no Iraque (Hillary votou a favor, mas se arrependeu depois). Não parece ser, portanto, um demagogo insosso como Clinton ou Al Gore. Mas algo nele não inspira confiança: a vagueza, intencional ou não, de seus discursos, os apelos constantes por "mudança", sem explicar direito o que isso significa, até mesmo sua relativa juventude e simpatia entre os diretores e atores de Hollywood - quase todos ardentes democratas -, o que já lhe valeu o apelido de "Kennedy negro", soam falsos demais, artificiais demais, para ser levados a sério. Como não poderia deixar de ser, ele já começou a conquistar admiradores no Brasil. Arnaldo Jabor, que reclama de Lula mas adora falar mal de Bush para não ficar fora de moda, disse que Obama é "sexy". Até pouco tempo atrás, muita gente também achava muito sexy a barba e o português estropiado de Lula. Deu no que deu.

Por tudo isso, John McCain é meu candidato à sucessão de George W. Bush. Espero que ele ganhe. De preferência, contra Barack Obama. Mas é claro que essa não é uma decisão irrevogável. Basta Fidel Castro escrever outro artigo para o Granma, falando mal de Obama ou de Hillary e acusando-os de mentirosos. Nesse caso, sou capaz de repensar minha decisão.

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