domingo, fevereiro 03, 2008

UMA FANTASIA BASTANTE REAL (OU: COMO TRANSFORMAR A REALIDADE EM FICÇÃO, E VICE-VERSA)


Peço licença a quem lê estas linhas para um pequeno afago em meu ego. A Veja desta semana publicou carta minha em que elogio o artigo do Reinaldo Azevedo sobre o Foro de São Paulo, publicado na semana passada. Na íntegra, sem nenhum corte ou censura (chegaram até a me corrigir, pois escrevi errado o nome do R.A. na última frase, tendo colocado um inexistente "de" entre os dois nomes). Eis a carta, tal como foi publicada (edição 2046, seção carta do leitor, página 27, canto superior esquerdo):

Até que enfim! Há tempos eu esperava que alguém tivesse a ousadia de falar abertamente do Foro de São Paulo, quebrando a cortina de silêncio estabelecida há anos sobre o assunto. Trata-se da maior ameaça à democracia na América Latina nos últimos quarenta anos, uma organização revolucionária criada por Lula e pelo tirano Fidel Castro, com a participação das FARC, para "restaurar no continente o que se perdeu no Leste Europeu" (ou seja: o comunismo). Depois disso, será que alguém na esquerda ainda vai ter a cara-de-pau de negar que o tal Foro existe, e que o governo Lula e os narcoterroristas das FARC são parceiros? Parabéns ao Reinaldo Azevedo pela coragem!

Fico feliz, claro. Afinal, quem não sentiria uma pontinha de orgulho e uma certa vaidade por ter visto um texto seu, ainda que seja na seção de cartas, na revista mais lida e mais odiada do País (principalmente pelos que são provavelmente seus maiores leitores, os petralhas e esquerdinhas, que adoram fazer gênero dizendo que não lêem "aquela revista reacionária")? Dá até para pensar em vôos mais altos.

Mas, voltando um pouco cá na terra, percebo que há muita coisa a ser feita ainda. Coisa demais, na verdade. O artigo de R.A. sobre o Foro de São Paulo, como eu já escrevi aqui antes, ficará como um marco na história do jornalismo brasileiro, pela coragem ao tratar do tema, até onde eu sei inédito na grande imprensa. Daí o entusiasmo com que eu o saudei. No entanto, desconfio que, assim como ocorreu em outras ocasiões envolvendo esse governo Lula da Silva, como o escândalo do mensalão e outros que já caíram no esquecimento (quem ainda fala hoje, por exemplo, do caso Celso Daniel e dos sanguessugas, só para citar alguns?), logo logo irá desaparecer da grande mídia qualquer menção ao famigerado Foro de São Paulo. Mesmo se tratando, como eu escrevi acima, de algo da maior gravidade, simplesmente a maior ameaça à democracia na América Latina nas últimas quatro décadas. É quase com dor no coração, mas me arrisco a apostar que em breve quase ninguém se lembrará do assunto, que permanecerá como um tabu, uma verdadeira ficção, tal como tem sido tratado desde 1990, quando o Foro foi criado.

Por que digo isso? Em parte, porque a experiência me fez aprender a ser pessimista. Com esse governo que aí está, com a petralhada no poder, deve-se esperar sempre o pior. O controle dos corações e mentes pela turma dos barbudinhos leitores de Gramsci está simplesmente arraigado demais, incrustado demais, nos cérebros de todos nós - e, quando digo todos, digo todos mesmo, incluída aí a Veja -, para que percebamos o tamanho da armação. Não adianta mostrar provas, apontar para o fato de que o referido Foro é uma realidade, estando abundantemente documentado na internet. Os brasileiros estão todos anestesiados, entorpecidos, idiotizados por décadas de propaganda esquerdista repetida sistematicamente para se sentirem indignados com mais essa denúncia contra os companheiros. O quê? Uma organização criada por Lula e pelo "Coma Andante" para servir de articulação estratégica dos partidos e movimentos revolucionários de esquerda para implantar o comunismo na América Latina, recuperando por estas bandas o que se perdeu na antiga URSS? Simplesmente irreal demais, louco demais, para ser verdade. Só pode ser delírio e paranóia desses direitões e reaças, claro. Assim continuarão a repetir nossas cabeças mais brilhantes e "progressistas". Durante 18 anos se pensou assim. Por que agora seria diferente?

O artigo de Reinaldo Azevedo foi, como eu também já disse, um sopro de ar numa sala embolarada. Certamente, uma das melhores coisas que já apareceram na imprensa brasileira, comparável, guardadas as devidas proporções, à denúncia do mensalão pelo Roberto Jefferson, ou do esquema PC Farias pelo irmão do Collor, que deslanchou todo o processo de impeachment. É dinamite pura, material de altíssima voltagem. Mas, não nos esqueçamos, este é o Brasil, um país em que a mídia mais lúcida e responsável ainda vê Lula como um governante sério e moderado, uma espécie de antídoto contra o marxismo de galinheiro e o populismo chavista. Se vivêssemos num país onde a sensatez e a inteligência fossem artigos valorizados, e onde as pessoas tivessem o hábito elementar de ligar os pontos, a revelação de que o Apedeuta e seu partido são parceiros de ditadores e narcoterroristas numa organização que planeja nada menos do que a revolução continental renderia pelo menos uma CPI ou um processo criminal. Bastaria isso e garanto que Lula e seus comparsas não durariam mais uma semana. Mas, como este é o país do carnaval, não posso me dar o luxo de ser otimista.

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