terça-feira, fevereiro 26, 2008

CUBA NÃO ERA CASSINO, LULA

Notícia desta terça-feira, 26 de fevereiro, retirada do portal Terra. Meus comentários estão em preto.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em Buenos Aires que a América do Sul precisa ajudar Cuba a se desenvolver nesta nova etapa pós-Fidel Castro, para que a ilha não volte aos tempos em que era "um cassino".
Vocês viram? De acordo com o Apedeuta, que é tão versado em história de Cuba quanto em língua portuguesa, a ilha era, antes de Fidel, "um cassino". Deve ter-se baseado em "O Poderoso Chefão 2" para dizer tamanha asneira. Primeiro, Cuba não era cassino coisíssima nenhuma. A capital, Havana, tinha sim muitos cassinos e cabarés, assim como o Rio de Janeiro nos anos 40, antes da proibição do jogo pelo Dutra. Mas isso não se estendia de maneira alguma à toda a ilha. Sem falar que o significado que se quis imprimir à palavra "cassino" - um lugar de jogatina e perdição, um paraíso da máfia e do turismo sexual, como se Cuba fosse "um bordel dos ianques" - esconde o fato de que a ilha, antes de Fidel ("nos tempos em que era um cassino", segundo Lula), tinha um dos melhores níveis de vida da América Latina. Ao contrário de hoje em dia: sob a gerontocracia cubana, a ilha transformou-se numa mistura de bordel para os turistas endinheirados e prisão para seu povo.

Em entrevista transmitida na segunda pela TV argentina, o presidente afirmou que na ocasião teve a impressão de que Fidel, que já estava afastado desde julho de 2006, continuava "lúcido politicamente".
Fidel, "lúcido politicamente"? Esse Lula é mesmo do balacobaco. A não ser que se considere um tirano assassino que se recusa a devolver o poder ao povo como "lúcido politicamente". A não ser que se considere lucidez política o apego desmesurado ao poder, a intolerância com dissidentes, a mitomania exagerada e o culto da personalidade. Nesses quesitos, o Apedeuta pode dizer que o Coma Andante é tão lúcido quanto a múmia esclerosada Oscar Niemeyer.

"Todos nós na América do Sul precisamos contribuir para que Cuba não volte a ser um cassino. Precisamos contribuir para que se aproveite todo o seu potencial intelectual, o potencial educativo do seu povo, e se transforme em um país mais próspero, mais desenvolvido", afirmou Lula ao canal de notícias TN.
Mais uma vez, Lula diz o seguinte: todos nós precisamos contribuir para evitar que Cuba volte a ter a 3. renda per capita da América Latina (hoje tem a 29a, inferior apenas a do Haiti), eleições livres, imprensa independente e sem censura. Precisamos contribuir para que a ilha não volte a ser o país que era antes de Fidel Castro ter-se apossado do poder, prometendo democracia e instaurando, em lugar desta, uma ditadura comunista que lançou um país antes próspero na mais completa indigência e desespero. Enfim, diz Lula, é preciso impedir que Cuba volte a ser uma democracia próspera, e continue a ser uma ditadura falida.
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"Estou convencido de que Cuba não voltará a ser o que era nos tempos de Fulgencio Batista. Cuba é um povo muito orgulhoso, extraordinariamente politizado, um povo com a formação adequada, e acho que vai se sair bem desta", acrescentou Lula.
E eu "estou convencido de que" Lula sabe tanto sobre o que era Cuba nos tempos pré-Fidel Castro quanto minha avó sabe sobre física quântica. Do contrário, ele saberia que o país era, antes de 1959, um dos mais prósperos e produtivos do continente americano, com níveis de desenvolvimento superiores, à época, aos da Espanha, sua antiga metrópole, e equivalentes à da Itália. Hoje, Cuba é uma sombra do que já foi um dia, uma ditadura totalitária que mantém um povo acorrentado à base de libreta de racionamento. Mesmo povo que Lula acredita ser "extraordinariamente politizado" e que teve "uma formação adequada", como se doutrinação ideológica obrigatória (ou seja: lavagem cerebral) e falta de liberdade de pensamento fossem sinônimos de politização e de formação adequada... Lula, Lula, você me mata.

"Acho que é assim que vamos ajudar Cuba: sem nenhuma ingerência política, e sim com muita vontade de ajudar os cubanos a fazer o que precisam que seja feito", concluiu. Esse Lula é demais. Primeiro, corrobora a versão oficial castrista da História de Cuba pré-Fidel, e manifesta todo seu apoio e admiração ao tirano do Caribe. Depois, diz ser contra qualquer ingerência política... É, ele realmente sabe "fazer o que precisa que seja feito". Impressionante.

Se antes eu tinha certeza de que o Apedeuta era um completo ignorante em Gramática e em História do Brasil, agora me convenço de que é também um parvo em História de Cuba. Deve ser porque seu conhecimento sobre o assunto é retirado de alguma cartilha de Frei Betto ou Emir Sader. Nunca na história deste país tivemos um presidente tão ignorante, tão farsante e tão amigo de um ditador.

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