segunda-feira, março 31, 2008

Respondendo aos leitores

Fiquei uma semana longe do blog - estou fazendo um curso, e por esse motivo posso passar uns dias sem postar nada aqui - e já me deparo com alguns comentários interessantes. Como o tempo livre é escasso e tenho outros afazeres mais urgentes, limito-me a dizer algumas palavras sobre dois deles, postados por alguém que se assina Diogo e por ele, o grande semiólogo e helenista platônico, Luiz Maurício. Seguem os posts deles, em vermelho, com meus comentários em preto. O Diogo vai primeiro:
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Apoiar os Estados Unidos não é ser do contra, mas sim a favor. Ir a favor do Império não é ser do contra. Ser do contra é se posicionar em sentido oposto ao status quo. Nunca que se posicionar a favor dos Estados Unidos será uma atitude do contra. Se quer ser do lado dos Estados Unidos assuma-se dizendo a favor e não use uma máscara do contra, como se fosse diferente, quando você na verdade é mais um igual.Não seja ingênuo (ou pelo menos não finja ingenuidade) dizendo que os Estados Unidos não tinham interesses em explorar o petróleo do Iraque quando o invadiu. Isso já está acontecendo e dizer o contrário é tentar falaciar o real.
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Domingo, 30 de Março de 2008 22h44min00s BRT

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Diogo escreveu o que está acima como comentário a meu texto "Viva Bush! Viva o império!" (mas poderia ter sido sobre meus outros textos "Inveja do Iraque" ou "Viva o imperialismo", que ele provavelmente não leu, daria no mesmo). O que me chama a atenção no post dele não é o fato de ele questionar minha posição que dá nome a este blog - "Do Contra" -, o que já respondi em posts anteriores, mas sim que, para ele, ser a favor dos EUA num determinado assunto não é, como ele diz, uma atitude "do contra", mas "a favor", e que eu estaria, portanto, usando uma "máscara", "como se fosse diferente", quando na verdade eu seria "mais um igual". Ao ler essas palavras, por um momento eu achei que estava no país errado, ou até em outro planeta. Isso porque, se eu não sou "do contra", mas sim "a favor" nessa questão - assim como em várias outras -, só posso concluir que estou, portanto, em maioria. Aquelas inúmeras vezes em que quiseram tapar minha boca, à força do número e dos decibéis, devem ter sido, portanto, alucinações de minha parte. Só pode estar errada a percepção de que a maioria absoluta dos intelectuais e pretensos intelectuais, ou simples palpiteiros políticos - sem falar dos blogs - do Brasil se coloca inteiramente, e de forma radical, contra Bush e a guerra no Iraque.
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Logo, das duas uma: 1) ou eu não sou minoria - portanto, não sou "do contra" -, e todas esses mentes iluminadas que nos bombardeiam diariamente com críticas ferrenhas contra Bush e o imperialismo estão só fingindo, ou 2) estão dizendo a verdade; logo, eu sou sim minoria, e minhas opiniões estão claramente em oposição a esse status quo mental. Nesse caso, o que o Diogo diz não tem - novidade! - nenhum sentido.
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Vou citar alguns nomes, que talvez ilustrem o que eu quero dizer: Noam Chomski, Ignácio Ramonet, Tariq Ali, Michael Moore, Al Franken, Eduardo Galeano, Emir Sader, Frei Betto, Leonardo Boff, Leandro Konder, Mauro Santayana, Mike Davis, Oscar Niemeyer, Gianni Miná, Joao Quartim de Moraes, Marilena Chauí, Fausto Wolff, Valter Pomar... e um grande etcétera. Sem falar nos grandes veículos de comunicação de massas, e em praticamente a totalidade dos professores universitários brasileiros, para quem os EUA são o "imperio do mal" e Bush a própria encarnação do diabo. Não preciso dizer de que lado esses senhores estão.
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Agora, do outro lado, quem está? Tirando o Olavo de Carvalho, o Reinaldo Azevedo e seu xará Diogo Mainardi, além deste que escreve estas linhas, quem ousa contrariar o cordão puxado pelos luminares acima? Diga-me o nome de um, Diogo - apenas um -, intelectual brasileiro de peso que foi à TV ou aos jornais apoiar sem ambigüidades a invasão do Iraque pelos EUA e aplaudir entusiasticamente a queda de Saddam, e eu prometo que mudo o nome do blog. Você escolhe o novo nome.
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Outra coisa: onde foi que você leu que eu disse que os EUA não têm interesses (inclusive petróleo) no Iraque? Onde foi que eu escrevi que Bush decidiu invadir o Iraque e despachar Saddam para o além por, sei lá, idealismo ou caridade? Leia de novo meus textos. Neles digo que o mais importante na questão do Iraque e do Afeganistão não são os supostos ou reais interesses subterrâneos do Pentágono ou das multinacionais do petróleo, mas o fato de que, pela primeira vez na História, esses países estão livres de governantes tirânicos e podem pelo menos sonhar com dias melhores. Houve uma época em que defender coisas assim era moda no Brasil. Hoje, para lembrar o óbvio - os EUA derrubaram duas ditaduras no Oriente Médio -, é preciso ser "do contra". Sinal dos tempos.
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Como todos sabemos, a política externa estadunidense - e a do Brasil, e a de Burkina Fasso, e a do Uzbequistão - guia-se por interesses, não por idealismo. A política egoísta dos EUA livrou o mundo de duas tiranias odiosas. Já os altos princípios e ideais se encaixam melhor na política dos comunistas, por exemplo, cujo idealismo levou somente a 100 milhões de mortos no século XX... Precisa dizer de que lado eu fico?
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Agora, senhoras e senhores, ele, o incrível, o inacreditável, o inefável Luiz Maurício (em comentário a meu texto "Resposta a um leitor 'viajante' - III":
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Gustavo Henrique Marques Bezerra,

Agora que você confessou a sua baixeza, não preciso mais escrever nada. Pessoas que se utilizam de golpes baixos são capazes de tudo para terem razão, mesmo sem a terem. Com esse tipo de gente é preciso ter cuidado. Acusam as outras pessoas de tudo que elas não disseram e se utilizam da retórica para exporem interpretações errôneas do pensamente do outro.Meu caro, esperava mais de você. Esperava que pudessemos conversar sem baixezas da tua parte. Contra isso eu não tenho porque continuar.

Abraço.

Domingo, 30 de Março de 2008 22h32min00s BRT

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Não sei o que gosto mais em Luiz Maurício. Se as acusações de "baixeza" e "golpe baixo" que ele lança contra minha pessoa ou sua tendência a negar o que escreveu. Não vou nem me dar ao trabalho de lembrar aqui, mais uma vez, o que ele próprio disse sobre a ditadura de Fidel Castro em Cuba, um regime que ele, em sua infinita sapiência, afirma ser perfeitamente legítimo, pois, afinal de contas, o Luiz Maurício leu Platão e Maquiavel. Ele tentou até negar que aprovava o massacre de 95 mil pessoas pela ditadura do Coma Andante e de seus companheiros - aprova a ditadura, mas não suas conseqüências, que interessante... -, mas, para sua infelicidade, eu estava aqui e o desmascarei. Como ele não é capaz de admitir isso - deve ter lido em algum lugar que, segundo Platão e Maquiavel, a sinceridade não é boa -, agora ele me acusa de "utilizar a retórica para expor interpretações errôneas sobre o pensamento do outro". Ai, ai.

Diante disso, só posso dizer uma coisa. Sim, Luiz Maurício, você tem razão. Usei de um golpe baixo contra você. Áfinal, só pode ser golpe baixo lembrar o que a própria pessoa escreveu, e que prefere que todos esqueçam. É muita covardia mesmo. Poís é, como você disse: é preciso ter cuidado com gente como eu, que não deixa passar nada em branco. Sou um cara muito, muito mal...

É uma pena que você resolveu nos deixar, Luiz Maurício. O blog vai ficar muito menos divertido sem você. Vou sentir falta de dar tanta gargalhada.

Abraços.

P.S.: A propósito, alguém notou como os últimos posts me criticando deixaram de focalizar meus argumentos e se concentram, em vez disso, no próprio nome do blog? Por que será?

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