quinta-feira, março 06, 2008

O BRASIL E AS F.A.R.C.: A FALSA NEUTRALIDADE PETISTA

Eu lhes lembro que o Brasil tem uma posição neutra sobre as Farc: nós não as qualificamos nem de grupo terrorista nem de força beligerante”.
(Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais do Presidente Lula)
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Não sei mais o que dizer sobre a crise entre Colômbia e seus vizinhos Equador e Venezuela, com o Brasil servindo de fiador desses últimos. Sei apenas que o caso todo é uma enxurrada de mentiras, que parece não ter fim. Quando parece que todos os absurdos já foram ditos pelos governos dos companheiros e na OEA, condenando-se a "violação da soberania" do Equador pela Colômbia, que caçava terroristas das FARC abrigados no país vizinho (cujo governo, pelo visto, não se importa muito com o fato de os bandoleiros usarem seu território para violarem a soberania da Colômbia), vem alguém e consegue superar os demais em quantidade de mentiras e cinismo.

O troféu peroba vai para Marco Aurélio "Top, Top, Top" Garcia, o ghost-chancellor do Brasil. Sim, vocês sabem de quem eu estou falando. Trata-se do mesmo senhor que coordenou, até alguns anos atrás, o Foro de São Paulo, aquela organização de movimentos de esquerda e de extrema-esquerda (inclusive as FARC) que durante anos muitos insistiram em dizer que era uma fantasia de meia dúzia de direitistas paranóicos. Pois agora o Marco Aurélio dá uma entrevista ao jornal francês Le Figaro, em que reafirma que o Brasil é neutro em relação às FARC, não as considerando "nem grupo terrorista, nem força beligerante".
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Em que consistiria essa tão alardeada "neutralidade" do Brasil, em relação às FARC? No seguinte: as FARC mantêm mais de 700 pessoas como reféns, algumas há anos, em campos de concentração na floresta? Não é terrorismo. Torturam e assassinam quem se recusa a pagar o "imposto revolucionário" que elas extorquem de comerciantes e agricultores? Não é terrorismo. Praticam atentados à bomba em que matam e mutilam civis inocentes? Não é terrorismo. Usam o território dos países vizinhos, como Equador e Venezuela (e inclusive do Brasil) como base e refúgio para lançar esses ataques contra o governo constitucional da Colômbia? Não é terrorismo. Sem falar que é difícil crer que um governo possa ser neutro em relação às FARC, quando participa ao lado delas do mesmo Foro (ou Desaforo). Não é preciso muito esforço mental para perceber que a "neutralidade", aqui, é apenas outro nome para cumplicidade.
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Já falei neste blog de como a visão esquerdista distorce a realidade, a ponto de classificar de forma diferente o mesmo fenômeno, de acordo com suas conveniências políticas. Trata-se de uma perversão da linguagem, já denunciada por George Orwell em seus livros e ensaios. Se um governo ou um grupo usa da violência, a questão, para as esquerdas, não é a violência em si, não é a tortura, o assassinato, nada disso. É a que fim ela se destina. Se a violência tem uma finalidade, digamos, de direita, como os paramilitares colombianos das AUC, então é algo extremamente grave, que deve ser condenado com veemência. Se o objetivo da luta armada é, sei lá, a "igualdade", o "socialismo", a luta contra o "imperialismo" (ou seja: os EUA), então a violência, por pior que seja, é algo necessário e louvável.

Para as esquerdas, um grupo só é terrorista se é de direita. É isso que o governo Lula, por meio de seu ghost-chancellor, está dizendo. Como as FARC proclamam-se marxistas, e lutam contra um Estado "burguês" e o "imperialismo", todas as suas ações - seqüestros, assassinatos, torturas, tráfico de drogas - são justificadas. Não sendo capaz de fazer como Hugo Chávez, que perfilou-se abertamente do lado dos narcoterroristas colombianos, o governo dos petralhas tenta dourar a pílula, afirmando-se "neutro" em relação às FARC. É o mesmo que se dizer "neutro" diante do estupro e do assassinato. Marco Aurélio Garcia diz que não adianta nada chamar as FARC de terroristas (ou seja, chamá-las pelo nome), pois isso "não ajudaria em nada nas negociações para a libertação dos reféns". Poucas vezes vi lorota maior do que essa. Significa curvar-se ante a chantagem terrorista, como se a vida dos reféns estivesse ameaçada não pelos seqüestradores, mas pelo governo. Além disso, tal postura corresponde a reconhecer as FARC, na prática, como um ator político respeitável, e não como o bando de criminosos que é. Sem falar que, do ponto de vista da realpolitik, a afirmação também não faz nenhum sentido, pois tudo que as FARC querem, nas negociações, não é depor as armas e libertar os reféns, mas conquistar mais espaço de manobra para continuar seqüestrando, matando, torturando e traficando. Para usar uma analogia histórica: alguém se recusaria a chamar os nazistas de assassinos esperando que eles, sei lá, libertassem os presos dos campos de concentração? A posição "neutra" do Brasil, como já disse antes, significa apenas uma forma disfarçada de compactuar com o crime e a mentira.

O mesmo no caso de ditaduras. Se é de esquerda, como a de Fidel Castro, então devemos apoiá-la. Ou, então, ser "neutros". Se a ditadura é de direita, como era a de Pinochet, então sua condenação é uma obrigação moral. Se é a do Coma Andante e serial killer do Caribe, então é "extremismo de direita". Vai entender...

A atual crise político-diplomática na América do Sul é uma excelente ocasião para perceber o duplo padrão moral adotado pelas esquerdas. É uma aula de cinismo e manipulação por parte dos companheiros esquerdistas. E ainda querem nos convencer de que o Brasil pode exercer um "papel moderador" na questão. Uma ova!

Um comentário:

Unknown disse...

Sinceramente, não acredito em esquerdismo. Acompanhei como mero espectador às eleições brasileiras de 2006. Eu, apenas um estudante com idéias um pouco doidas, resolvi tomar partido. Entre o Presidente atual (que concorria a reeleição) e o candidato tucano (que havia feito uma boa gestão aqui em São Paulo), optei pelo segundo. Estava inconformado com os escândalos que haviam surgido no noticiário nos meses anteriores: alguém ainda se lembra do dólar na cueca, no mensalão, no mensalinho, no escândalo do caseiro, do Land Rover, do Waldomiro Diniz e tantos outros escândalos no "primeiro reinado" petista? E, no fim, deu no que deu. Percebi que todos são farinha do mesmo saco, salvo alguns políticos que ainda acredito serem éticos (sim, eu acredito em duendes!). O que vemos no congresso dá a mostra da oposição que existe aqui: um bando de gente querendo saber o quanto vão faturar sendo situação ou oposição.