domingo, janeiro 03, 2010

OS SIMPÁTICOS


Li um dia desses que Lula está ensinando Dilma Rousseff a ser simpática. Em um evento qualquer, ele notou que sua pupila, com aquele seu jeito meigo e doce conhecido de seus assessores, estava ignorando o garçom que a servia. Lula aconselhou-a a agradecer ao rapaz. Educação? Polidez? Sincera consideração? Nada disso. "Ele poderá ser seu eleitor", explicou o Babalorixá.

Lula é, como escreveu o José Celso Martinez Corrêa, um grande ator, um especialista na arte de cortejar o público. Pessoalmente, dizem, ele é uma simpatia só, um sujeito boa-praça, como se dizia antigamente. Verdadeiro mestre do absurdo, uma mistura de Sílvio Santos e Ratinho, ele sabe como ninguém jogar para a platéia, entremeando seus improvisos com piadas, algumas de gosto duvidoso, palavrões e metáforas futebolísticas. Pode não combinar com a liturgia do cargo, mas e daí? A patuléia adora. Donde seu conselho a Dilma, que é, pelo menos nesse aspecto, seu oposto exato.

Lula sabe o que diz. Nas três primeiras tentativas de chegar à presidência da República - em 1989, 1994 e 1998 -, todas fracassadas, ele perdeu, em parte, por causa de sua imagem de político radical e carrancudo. Em 2002, após um banho de marketing, nasceu o "Lulinha paz e amor", que não assustava mais ninguém, imagem repetida em 2006. Saía de cena o sindicalista de língua presa e inimigo das elites e entrava o animador de auditório. Lula não faria feio, creio eu, como dono de creche ou apresentando um show de stand-up comedy.

Tendo reconstruído Lula, agora os marqueteiros do lulo-petismo têm a difícil missão de transformar Dilma em algo palatável para o público em 2010. Como se viu no último programa eleitoral do PT, ela ainda tem alguma dificuldade em sorrir para as câmeras. E saber sorrir, fazer boa figura, falar a "língua do povo" - ou seja: ser populista -, tudo isso é mais importante, no Brasil de hoje, do que ter idéias ou, sei lá, ética. É o que define uma eleição, mais do que qualquer outra coisa. Claro está que há nisso uma infantilização, uma cretinização da política: seja agradável com o eleitor, faça uma graça, apostando em sua pouca inteligência, e ele votará em você alegremente, abanando o rabinho e fazendo festa.

Muito se fala no "carisma" de Lula, como uma das causas de sua popularidade. Francamente, as duas coisas estão longe de ser algo necessariamente positivo. Carismáticos e populares, Hitler e Mussolini também eram. Mais importante é ser honesto ou, pelo menos, respeitar a democracia. Mas isso, no Brasil atual, é de somenos importância. Com o lulo-petismo, a política se reduziu a um concurso de simpatia para conquistar o voto de garçons.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu caro amigo de direita, somos diferentes na nossa maneira de pensar, mas somos iguais, eu vejo você muito parecido com os extremistas de esquerda, o mesmo pragmatismo, a mesma intolerancia está presenente em ambos.

Sim porque toda extrema é intolerante, seja ela de direita ou esquerda.

Foi no governo deste lula que você hoje chama de apedeuta ( termo que discordo), que o Brasil ganhou destaque no The economist, uma materia falando justamente do nosso crescimento em diversas áreas isso sem contar o Investiment Grade, passou a ser credor do FMI e tudo isso com o crescimento do poder aquisitivo do povo, com as população tendo ascesso a financiamentos dignos para compra de imoves , carros entre outras coisas.

Me diga o que o seu governo de direita fez pelo Brasil, me diga o que Fernando Collor, Fernando Henrique e Cia trouxeram ?

Sei das falhas do governo atual, como por exemplo a corrupção, que não se limita a esquerda vide democratas. Mas se você me perguntar em quem votaria, não descarto Dilma, por que o faria ?

Eu não sou socialista, não acredito no comunismo, mas apenas sou coerente com a realidade a que vivo.

Artur