sábado, janeiro 23, 2010

AS PATRULHAS ESQUERDISTAS EM AÇÃO (OU: POR QUE NÃO SOU "IMPARCIAL")


"- Por que você não fala também da corrupção no DF?"
"- Por que centrar fogo em Lula e no PT?"
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Já respondi essas perguntas, mas faço questão de responder de novo. Quem se dispõe a denunciar as falácias do lulo-petismo e dos esquerdistas no Brasil tem, infelizmente, que se deparar com esse tipo de indagação.
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Coloquei aqui, alguns posts atrás, algumas fotos em que o Apedeuta aparece ao lado de figuras demonizadas da política nacional, como José Roberto Arruda, Collor, Sarney etc. Houve quem chiasse. O que eu quis dizer com isso? Que, ao contrário do que estão espalhando por aí os petistas do DF, o chefe deles se dá muito bem com a fina flor da politicalha. Que, a despeito do que pensam muitos petistas e não-petistas, alguns até de boa-fé, existe uma irmandade de corruptos, da qual o Filho do Barril é a figura de proa. Aliás, ele próprio deixou isso claro, ao minimizar as imagens do Arruda recebendo dinheiro de propina.
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Mesmo assim, há quem diga: "Pô, mas você não vai criticar a corrupção do DEM no DF? Cadê sua imparcialidade?" etc. Também já respondi a isso. Deixei claro - acredito que está claro o que penso a respeito - que não sou "neutro" ou "imparcial" coisa nenhuma. Para mim, a corrupção de A não torna menos condenável a corrupção de B, principalmente quando a corrupção de B é pior do que a de A. "Mas não são todos ladrões?" Sim, são todos ladrões. Mas uma coisa é roubar por roubar. Outra coisa é roubar em nome da "causa" (seja lá o que isso for), fingindo-se de santo. O primeiro é ladrão; o segundo é ladrão e hipócrita. Entenderam?
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Muita gente não se dá conta, mas a idéia de que, para falar mal de Lula e do PT, é preciso antes ou concomitantemente falar mal do mensalão do DEM - como se, somadas, duas ilegalidades resultassem numa legalidade - é um discurso político habilmente engendrado pelos petistas para enganar os trouxas e fugir à responsabilidade. Com isso, eles, os petistas, esperam "zerar o jogo", fazendo todos esquecerem o mensalão de 2005 e outras falcatruas. O PSDB já cedeu à chantagem, e tudo indica que irá deixar de se referir ao mensalão petista na campanha presidencial deste ano. É essa a principal contribuição dos lulo-petistas ao rebaixamento moral da política brasileira: a corrupção alheia virou um álibi e uma aliada para quem sempre se apresentou como puro e imaculado. O raciocínio é de uma esperteza política suprema: se todos são iguais, se são todos farinha do mesmo saco, então por que atacar Lula e o PT?
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Pois aí é que está: a corrupção alheia não torna sem efeito a corrupção do PT. Pelo contrário: é justamente porque há corruptos de ambos os lados que é preciso repor as coisas no lugar e denunciar o discurso petista. O jogo não está zerado.
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A idéia de que "todos são iguais" ignora o fato de que Lula não é um político como outro qualquer, assim como o PT não é um partido como os demais. Pensar assim é exatamente o que os petistas querem que todos façam. E, pelo visto, com a ajuda, voluntária ou não, dos "isentistas" ou "nenhumladistas", estão conseguindo.
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Lula não é igual a Arruda, Collor ou Sarney, assim como o PT não é feito do mesmo barro que o PSDB ou o DEM. Lula e o PT são piores. Muito piores.
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A corrupção de esquerda é pior. Não se trata de uma questão de preferência ideológica, mas de simples lógica, de senso de proporções. Não somente em termos quantitativos o mensalão petista foi um escândalo bem maior do que o mensalão do DEM, circunscrito ao DF, embora este também seja moralmente indefensável. Também em termos qualitativos e psicológicos a corrupção de esquerda é muito mais pérfida, muito mais imoral. Os lulo-petistas não apenas ressuscitaram o "rouba, mas faz"; eles também inventaram o "roubo humanista".
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Se vocês têm alguma dúvida de que os lulo-petistas são piores, ou se acham que estou dizendo isso porque sou um reacionário obcecado em derrubar Lula, então tentem responder as seguintes perguntas:
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- Quem se arvorou por décadas em bastião da moral e da ética na política, e sempre se apresentou como o defensor de um novo humanismo? O DEM ou o PT?
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- Em 2005, os petistas silenciaram ou se esconderam quando estourou o mensalão do PT. Com que moral querem agora o impeachment de Arruda?
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- O DEM pressionou Arruda, que se desfiliou do partido. E o PT, quando irá expulsar seus mensaleiros e aloprados?
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(A propósito: alguém viu algum prócer do DEM afirmar que os crimes do PT "zeram o jogo" em relação ao que aconteceu no DF?)
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Se não estão satisfeitos e ainda crêem que os petistas não se diferenciam em nada dos demais políticos, então tentem responder estas:
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- Quem tenta há anos impor a censura à imprensa no País?
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- Quem aplaude tiranos e dá abrigo a terroristas?
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- Quem passou anos condenando o "assistencialismo das elites" para adotar o assistencialismo como base de sua política social, criando legiões de estadodependentes?
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- Quem se apropriou das mesmas políticas contra as quais antes vociferava, apresentando-se como fundadores da nação?
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É claro que as perguntas acima não dizem tudo sobre quem são Lula e o PT. Mas dão uma boa idéia.
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Está claro, para quem ainda tem algum senso da realidade e de proporção - ou seja, para a minoria, nesses tempos sombrios -, que persiste um duplo padrão moral quando se comparam os desmandos dos petistas aos de outros - sempre a favor dos petistas, evidentemente. É o mesmo relativismo moral que existe quando o governo tenta criar um soviete acima da lei para beneficiar os invasores do MST, ou quando exige a punição de torturadores, mas não de terroristas. Um duplo padrão nascido de décadas de adulação, que deram origem a um sentimento de impunidade e onipotência.
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Em suma: criticar a corrupção da "direita" pode, é uma obrigação moral. Fazer o mesmo com Lula e o PT, isso não: é "golpismo" ou "parcialidade". Para falar da roubalheira petista, exige-se que se fale da corrupção do DEM no DF. Assim, em nome da "imparcialidade", banaliza-se a corrupção, pois, se "todos fazem igual", o jogo fica zerado. E a isso chamam "justiça".
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Há quem pense que ser justo é não ter lado. Que, em nome da "imparcialidade", é preciso tratar igualmente os desiguais. Que os delitos de um anulam ou minimizam os de outro, e que no fim das contas todos se assemelham. Recusam-se a tomar partido, escudando-se numa suposta neutralidade para não terem de fazer uma escolha moral. Não penso dessa maneira.

Lula e o PT ressuscitaram o ademarismo na política brasileira, institucionalizando o "rouba, mas faz" (e até o "rouba e não faz"). São responsáveis por um retrocesso mental e moral de uns 50 anos, no mínimo, a serviço de um projeto de poder autoritário. E ainda se dão ao desplante de querer patrulhar e pautar o pensamento alheio. Não me venham dizer que eles são iguais aos outros.


Houve um tempo, não me canso de lembrar, em que as patrulhas esquerdistas condenavam às chamas do inferno quem ousasse levantar dúvidas sobre sua honestidade e santidade, comparando-os a seus adversários. Hoje, condenam à danação eterna quem ousar dizer que eles não são iguais aos demais corruptos. A roubalheira alheia tornou-se a maior aliada dos lulo-petistas. O exemplo do DF está aí para comprovar isso.


Que se dane Arruda! Que perca o mandato, ou que vá parar na cadeia. Estou me lixando para ele. O que não é aceitável é que a roubalheira de um sirva de escudo ou de álibi para desviar a atenção e acobertar as trambicagens de Lula e dos petistas. Não tentem me pautar, sou imune às patrulhas. Eu posso falar mal de Lula e seus bajuladores, sem me preocupar em ser politicamente correto ou em se isso vai favorecer seus adversários do momento. E os que pregam a "imparcialidade" em relação às maracutaias dos lulo-petistas, será que podem?

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