Lá vou eu responder de novo ao Zé, o leitor para o qual eu sou um torturador cruel e malvado porque aplaudi a ação norte-americana que livrou o mundo do Bin Laden. Ele despeja aqui toda sua indignação humanista:
Ok, eu desisto. Você acaba por vencer a conversar não pelo argumento, mas sim pela tua burrice excessiva!
Cada dia eu aprendo algo novo. Agora descobri, graças ao Zé, que se pode vencer um debate por burrice (ainda por cima “excessiva”). Vivendo e aprendendo.
Não Zé, por favor não desista! Não prive os leitores da delícia de criticar minha burrice excessiva por pedir que você mostre um método de interrogatório menos brutal e mais eficaz do que o waterboarding. Voce já estava quase me convencendo de que o waterboarding é uma prática tão cruel e desumana quanto esmagar dedos e aplicar choques elétricos nos genitais. Não nos deixe sem sua sabedoria.
(Por falar em burrice, “você” e “tua” gramaticalmente não combinam na mesma frase. Acredito que o Zé quis dizer “sua burrice excessiva”.)
Se os tais cadetes de West Point aceitam tal ritual imbecil, problema deles, afinal foi o direito deles de escolher entrar para o lugar. Mas acho que um prisioneiro não escolhe ser torturado. Não misture coisas com sua ironia vulgar. Incluir época medieval e etc. não faz o menor sentido para a discussão.
O que é isso, Zé? Que conversa é essa de dizer “é problema deles” que os cadetes de West Point sofram waterboarding de seus colegas por diversão? De jeito nenhum! Afinal, eles também são seres humanos, merecem ter seus direitos respeitados, ou não? Ou será que isso vale apenas para os terroristas da Al Qaeda? Cadê os direitos dos cadetes? Que absurdo!
Pois é, né? E eles ainda escolhem entrar nesse lugar, mesmo sabendo que é assim que os veteranos se divertem com os calouros. Para você ver que coisa terrível é esse tal waterboarding.
Mas então, estou esperando você me dizer o nome de alguma vítima de waterboarding que morreu ou ficou incapacitada por causa dessa cruel tortura medieval. Diga-me o nome de um, somente um, membro do Talibã ou da Al Qaeda que foi pro saco ou está hoje numa cadeira de rodas após ter sido submetido a essa prática bárbara.
Se disse que waterboarding funciona, é porque foi através deste método que os EUA conseguiram informações de seus prisioneiros (apesar de não duvidar que outros métodos poucos amistosos não tenham sido usados, apenas não foram divulgados). Mas o método é errado porque é tortura! E convenhamos, qualquer tortura funciona, basta ter o tempo necessário para isto. Não inverta as coisas.Tortura é crime, seja ela qual for.
Ok, o método é errado porque é tortura e tortura é errado etc, etc. Nesse caso, fico cada vez mais convencido de que o Zé conhece outro método de interrogatório mais adequado e que não fira a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Vamos ver.
Além do mais, realmente o waterboarding é um método muito controverso, pois afinal – vejam que coisa! – ele funciona! Ou seja: corre-se o risco de que ele leve à captura ou morte de terroristas. Que horror!
Você disse: “Assino embaixo. Tortura é um erro. Mais que isso: é um crime, independentemente do agente (e do agido, faltou dizer). Por isso é preciso que alguém diga que método de interrogatório menos desumano que o waterboarding existe para arrancar informações vitais de fanáticos da Al-Qaeda. Talvez o Zé saiba.”
Você não me parece considerar a tortura um erro, pois se assim considerasse não defenderia o waterboarding (que também é tortura). Se você quer um método menos desumano, por que não começa a procurar fora da tortura?
Opa! Quem disse que eu “defendo o waterboarding”? Aponte onde exatamente eu afirmei isso. Disse, e repito, que, nas condições atuais da guerra ao terrorismo islamita, ninguém apresentou método menos desumano, e que apelar para os Direitos Humanos no caso de Bin Laden, como muitos fizeram, é uma obscenidade.
Não, Zé, não sou eu que tenho que procurar um método menos desumano: é você, que critica os EUA por causa do waterboarding, que tem o dever moral de sugerir um método melhor, que gere resultados sem mutilar ou incapacitar o prisioneiro. Já sugeri o hipnotismo. Que tal obrigar os terroristas a escutar axé-music e sertanejo? (Não sei quanto a vocês, mas eu confessaria o que quisessem para escapar desse tormento.)
Aí você diz a pérola do dia: “Até porque os inimigos dos EUA estão se lixando para Direitos Humanos. Aí estão Cuba e Coréia do Norte para provar”.
Belíssimo argumento! Quer dizer que porque nossos inimigos torturam, nós vamos torturar também. Muito bem! Terroristas explodem duas torres nos EUA, devem os EUA atirar dois aviões no Irã e matar 3000 inocentes também? Cuba é comunista. Devemos nos converter ao comunismo também? Por favor, se os EUA são defensores dos Direitos Humanos, é errado agir ao contrário disto, mesmo com os inimigos. Responder na mesma moeda é agir fora da lei e do correto!
Belíssimo argumento! Quer dizer que porque nossos inimigos torturam, nós vamos torturar também. Muito bem! Terroristas explodem duas torres nos EUA, devem os EUA atirar dois aviões no Irã e matar 3000 inocentes também? Cuba é comunista. Devemos nos converter ao comunismo também? Por favor, se os EUA são defensores dos Direitos Humanos, é errado agir ao contrário disto, mesmo com os inimigos. Responder na mesma moeda é agir fora da lei e do correto!
Ai Jesus... Essa falta absoluta de senso de proporções dos antiamericanos patológicos travestidos de humanistas é algo que não deixa de me surpreender. Agora defendo que imitemos os inimigos da liberdade... Logo eu, que pratico tiro ao alvo na foto do Coma Andante Fidel Castro todos os dias. Vamos lá, preste atenção.
Muito bem, Zé, então vamos imitar os comunas. Eles acham mesmo esse papo de direitos humanos coisa de burgueses e de boiolas. A primeira coisa que teríamos que fazer seria substituir o waterboarding por um método, digamos, socialista, como o choque elétrico e o chicote. Vamos mais além, e acabemos de vez com a liberdade de imprensa e de organização partidária, instituindo a ditadura do partido único. Mais que isso: acabemos com qualquer resquício de democracia, mesmo quando é usada para atacar a própria democracia – usando o waterboarding, por exemplo, como pretexto para condenar a operação que matou o Bin Laden.
Não utilizo os Direitos Humanos para livrar Bin Laden de nada. Os Direitos Humanos devem ser respeitados em si mesmos e não apenas parcialmente. Se Cuba trucida seus inimigos, a Coréia invade o espaço aéreo do Japão, os EUA são os primeiros a se manifestarem contra. Mas se o seu exército tortura seus inimigos, então está tudo certo, pois estes inimigos são terrorista (e, pelo teu argumento, não humanos), e por isso devem ser torturados!
Se o Zé tivesse um mínimo de honestidade, para nao dizer senso de realidade, deixaria de lado essa conversa mole de "não utilizo os direitos humanos para livrar a cara do Bin Laden" e admitiria de vez que é exatamente isso que ele faz. Talvez ele não perceba, pois seu ódio disfarçado aos EUA é tão grande que já o deixou cego ao significado das próprias palavras, ou talvez seja só um grande cínico mesmo. O fato é que seria muito mais honesto de sua parte. Pelo menos ele não passaria pelo vexame de tentar igualar, no plano moral, os EUA e tiranias como a de Cuba e a da Coréia do Norte... O waterboarding para eliminar terroristas e a tortura contra dissidentes de um regime totalitário, tudo no mesmo saco! Tsc, tsc.
Você considera os Direitos Humanos com algumas exceções, ou seja, parcialmente. Os Direitos Humanos são universais, independente de quem seja.
Isso mesmo, os direitos humanos são universais. E são algo sagrado demais para ser usado como desculpa para atacar os EUA por ter eliminado um monstro terrorista. Ao ver alguem fazendo isso, dá vontade de vomitar.
Falando sério: nenhum país leva tão a sério o respeito aos direitos humanos de seus inimigos quanto os EUA. Em nenhum outro lugar do planeta há tantas garantias e restrições à ação governamental, mesmo em tempo de guerra. Nenhum outro lugar está sob tamanho escrutínio por causa do tratamento que dá a seus prisioneiros. E nenhum outro é tão atacado por causa disso. Fico imaginando que tipo de reação teria qualquer outro país se tivesse sofrido ataque semelhante ao de 11 de setembro de 2001, que tipo de tratamento daria a um inimigo capturado que pudesse levar ao autor do atentado. Certamente, seria algo muito diferente do waterboading... (E duvido que houvesse essa celeuma toda.)
Fiquemos assim: o Zé me apresenta um método de interrogatório mais humano e tão eficiente quanto o waterboading para combater terroristas islamitas e eu saio às ruas carregando um retrato de Bin Laden e queimo uma bandeira dos EUA. Se ele não fizer isso, que tenha a decência, pelo menos, de reconhecer seu antiamericanismo primário e juvenil.
Um comentário:
Chamar-me de antiamericano por defender os Direitos Humanos é ridículo. Desculpa para não encarar devidamente a questão da TORTURA.
Você fala em waterboading, mas aceitaria qualquer tipo de tortura que os EUA fizessem contra um terrorista, pelo motivo que você não os considera humanos.
Se existe uma clara lei internacional que declara que a tortura é crime em quaisquer circunstâncias, então, não sou eu quem devo dar um solução ao waterboading. O exército deveria pensar:
1) Existe uma lei internacional contra a tortura.
2) Se esta lei existe, logo, não devo me utilizar de nenhum tipo de tortura.
3) Portanto, qualquer outro método, que não seja tortura, deve ser utilizado.
Agora você pensa:
1) Uma tortura "leve" não é tortura.
2) O ser torturado não é humano.
3) Logo, vale utilizar de waterboading contra terroristas, pois waterboading não é tortura e terrorista não é humano.
4) Se alguém denunciar o método, este alguém é antiamericano!
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