segunda-feira, junho 06, 2011

"É PÓ DE DEZ! É ERVA DE CINCO! QUEM VAI QUERER?"



Pequenos comerciantes ansiosos para terem seu negócio legalizado e pagarem impostos: tem gente que gostaria que assim fosse



Na boa? Essa conversa de “descriminar” a maconha (e a cocaína, e a heroína, e o crack...) já encheu o saco faz tempo. Tenho pouca paciência para os maconhistas e suas idéias chapadas. Mesmo assim, vou me dar ao trabalho de responder – mais uma vez... espero que seja a última – a um leitor anônimo que está tentando me converter à religião maconhista com base num argumento, digamos, “pragmático”.

Diz o leitor que todo o problema das drogas (e não só da maconha, vejam bem) estaria resolvido caso os governos simplesmente resolvessem legalizar o narcotráfico. Bastaria decretar que é legal produzir, comercializar e consumir maconha (e cocaína, e heroína, e crack...) e pronto! Todos os males que envolvem a questão, a começar pela violência, desapareceriam como num passe de mágica. O problema seria a proibição. Acabe-se com ela, e acaba-se com o problema. Simples assim.

No mundo da imaginação, onde habitam gnomos e fadas, talvez essa tese poderia conter algum grão de verdade. No mundo real, que é o habitado por este escriba, porém, as coisas são um tanto quanto diferentes.

Vejamos o que escreveu o leitor. Respondo em seguida:

Caro, estou tentando discutir o assunto dentro da legalidade. Em momento algum defendo o uso de drogas fora da lei ou que o tráfico deve permanecer como está. Minha sugestão foi trazer para legalidade substâncias que são consideradas ilícitas, da mesma maneira que foi feito nos EUA com a bebida. Pergunto-te (pois desconheço essa parte) como foi feito nos EUA para legalizar a venda de bebidas sem que isso legalizasse a máfia e o tráfico de bebidas?

Se foi possível fazer com as bebidas sem permitir que bandidos se tornassem empresários, por que você não acha possível fazer o mesmo com as outras drogas?

Minha proposta foi uma legalização regulamentada das drogas. Fui bem claro no meu post passado ao dizer que não seria permitida a compra de drogas do narcotráfico, isso inclui as FARC. Portanto, a legalização exige produção e supervisão interna dessa "nova indústria" pelo governo.

Vamos lá, com paciência (e é preciso uma dose extra de paciência para debater com um pró-maconhista).

Em primeiro lugar, “discutir dentro da legalidade”, a meu ver, só tem um significado: defender a Lei contra os que estão se lixando para ela, achando que queimar um baseado é mais importante. E a Lei proíbe o comércio e o consumo de drogas. Fumar unzinho e cheirar uma carreira de pó é compactuar com o crime. Ponto.

O leitor faz uma distinção, saída de sua própria cabeça, entre narcotráfico e o comércio legal de drogas – como se não fossem uma só e única coisa. Talvez por isso seja tão difícil para ele entender as consequências funestas da legalização. Mas vou tentar iluminar essa câmara escura.

Meu amigo, sabe quem mais sairia lucrando com a “legalização regulamentada” das drogas? Já disse no outro post, mas parece que ele não entendeu: as FARC. Quer saber por quê? Porque a legalização significaria tão-somente dar mais poder a quem controla a produção, refino, comercialização e distribuição das drogas. E quem controla a produção, refino, comercialização e distribuição de drogas como a cocaína? Resposta: as FARC. Ficou entendido?

(Aliás, já perceberam que, por trás da idéia maconhista, estão sempre amigos dessa organização narcobandoleira? Já escrevi sobre isso, como quem quiser poderá constatar aqui: http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2009/10/conexao-narcoesquerdista.html)

O leitor me pergunta, pois confessa desconhecer essa parte, como foi feito nos EUA para legalizar as bebidas alcoólicas depois da proibição. Fico impressionado como alguém se apresenta quase como especialista na matéria, a ponto de propor a legalização das drogas, até mesmo citando o exemplo da Lei Seca nos EUA, e admite ignorar a história da mesma. Mas tudo bem, aproveito para explicar.

Para começo de conversa, a proibição da produção e venda de bebidas alcoólicas – a chamada Lei Seca – foi um momento excepcional na história dos EUA, tendo vigorado por alguns anos (mais precisamente: de 1919 a 1933). Durante esse período, tal proibição caracterizou uma exceção, não a regra – a proibição valia para os EUA apenas (Al Capone e outros mafiosos que exploravam a bebida ilegal traziam seu produto do exterior, em especial do Canadá). Nada, portanto, que possa ser comparado à proibição das drogas, que existe na maioria dos países.

“Como foi possível acabar com a proibição sem permitir que os mafiosos se tornassem empresários?”, é a pergunta cândida do leitor. Isso foi possível por dois motivos.

Primeiro, os mafiosos, como Al Capone, já estavam atrás das grades (este por uma acusação lateral, de sonegação de impostos), e as redes criminosas que exploravam o ramo de bebidas estavam desmanteladas (alguns mafiosos, depois, passaram-se para outros ramos, como o de jogo e... drogas).

Segundo, e mais importante: os mafiosos estavam longe, muito longe, de dominarem todo o ciclo produtivo-distributivo do uisque e da cerveja - quando a proibição foi finalmente revogada, na década de 30, os grandes produtores-distribuidores do produto estavam fora dos EUA, principalmente na Europa, onde a proibição de vinho e conhaque jamais ocorreu. Eles, enfim, agiam legalmente, como faziam há séculos. Foi por esse motivo que os gângsteres de Chicago e Nova York não se tornaram grandes empresários do uísque ou da cerveja.

Entendeu? É por isso que o fim da proibição da bebida, nos EUA, foi uma boa idéia, enquanto que fazer o mesmo com as drogas, hoje, seria um gesto de suprema estupidez. Seria unicamente entronizar o crime organizado, dando-lhe ainda mais poder.

Não é preciso ser um gênio para perceber que não há absolutamente nada em comum entre o fim da Lei Seca nos EUA nos anos 30 e a legalização das drogas. Esse tipo de associação malandra só pode ser o resultado de ignorância ou de vigarice intelectual. Ignorância, aliás, que o leitor já confessou a respeito da questão.  

Além do mais, se o objetivo da legalização, como diz o leitor, é criar uma nova indústria, geradora de emprego, renda e impostos, então o que explica a animosidade dos maconhistas às indústrias do fumo e do álcool, a ponto de as leis coibindo o cigarro em lugares públicos avançarem de forma inversamente proporcional aos movimentos pela legalização do baseado? Não seria exatamente – é só uma suposição – porque o álcool e o tabaco, ao contrário da maconha (e da cocaína, da heroína, do crack...) são uma “indústria”?

Enfim, toda essa lenga-lenga pró-maconhista não passa de uma desculpa para favorecer quem já lucra milhões de dólares produzindo e vendendo essa porcaria. Os narcoterroristas das FARC e Fernandinho Beira-Mar devem estar adorando. Não vêem a hora de trocar o uniforme camuflado e a roupa de presidiário por um elegante terno Armani e se tornarem grandes empresários do novo negócio legal da maconha e da cocaína. Executivos respeitáveis, geradores de empregos e pagadores de impostos... Certamente, adorariam participar de uma “marcha da maconha”.

Já estou até vendo como seria. Passeando pela rua, deparo com uma loja em que um vendedor, em altos gritos, anuncia o produto:

- Vamos entrando, cliente, é só aqui: maconha da boa, direto do Paraguai: só cinco reais a trouxinha! Cocaína da pura, só dez reais o grama! Sensacional promoção: compre três e leve, inteiramente grátis, um lança-perfume!

Querem saber? Há coisas mais importantes que requerem minha atenção. Tenho mais o que fazer do que ficar explicando o bê-a-bá para maconhistas.

Um comentário:

Anônimo disse...

O senhor pelo visto não presta a atenção no que eu escrevo. Nos dois comentários que escrevi fui bem claro quando disse:

QUE NÃO SERIA PERMITIDA A COMPRA DE DROGAS DO NARCOTRÁFICO, ISSO INCLUI AS FARC.

Portanto, a legalização exige produção e supervisão interna (dentro do país) dessa "nova indústria" pelo governo.

PS: Só para garantir, pois você pode não ter lido antes:

COM A LEGALIZAÇÃO E A REGULAMENTAÇÃO, NÃO SERÁ PERMITIDA A COMPRA DE DROGAS DO NARCOTRÁFICO, ISSO INCLUI AS FARC E QUALQUER REDE LIGADA AO TRÁFICO DE DROGAS.

Entendeu ou quer que eu desenhe?