domingo, junho 05, 2011

LEGALIZAR MACONHA É COISA DE QUEM FUMOU TODA A LÓGICA E QUER TROCAR O RESPEITO À LEI POR UM CAPRICHO ADOLESCENTE





Capitão Nascimento e Eliot Ness: respeito à Lei é bom e eu gosto


Um leitor anônimo julga ter encontrado a solução perfeita para o problema das drogas. Comentando meu último post sobre o tema, ele escreveu o seguinte. Transcrevo de uma vez só, na íntegra.

Novamente você atropela os argumentos para chegar logo a conclusão. No fim acaba por concluir indevidamente.Se os EUA um dia tiveram uma lei seca que não permitia a venda de bebidas e hoje em dia possuem todo o suporte legal para a venda de bebidas, significa que etapas foram cumpridas.Ao se permitir a venda de bebidas, se permite a compra e a venda de bebidas legalmente estabelecidas. Os EUA importam bebidas reconhecidamente dentro das normas da lei, assim como produzem da mesma maneira.Se as drogas fossem legalizadas não seria diferente. Ao se criar uma indústria de maconha, por exemplo para citarmos uma das drogas. A indústria funcionaria com o plantio da erva em lugares regulamentados, a extração e a fabricação seriam feitas por empresas regulamentadas que pagariam impostos e receberiam um selo de permissão para venda. A compra do narcotráfico não seria permitida. Isso é fácil de conceber.Concordo plenamente quando você diz que "numa democracia, a lei deve ser sagrada, vale para todos". E é por isso mesmo que falo em legalizar, tornar legal e passar a fazer parte da lei a permissão para a compra, venda e uso de drogas dentro de normas rigorosamente estabelecidas. Portanto, a legalização leva antes a uma rigorosa regulamentação determinando categoricamente como se deve fazer perante essa legalidade.Agora, por favor, dizer que "Tropa de Elite" quebrou tabus é o fim. O filme até que não é dos piores, mas não inovou em nada. "Cidade de Deus" já mostrava tudo isso: badidagem, classe média comprando drogas, briga pelo poder, corrupção policial. "Tropa de Elite" nada mais é do que uma propaganda discarada do BOPE. Transformar "Capitão Nascimento" em heroi é demais!Quanto aos "Intocáveis" isso sim foi uma escolha excelente!

Que beleza, não? Depois de ler o que está aí em cima, fica-se com vontade de perguntar: afinal, por que não se legaliza logo o comércio de maconha (e de cocaína, e de heroína, e de crack) de vez? Afinal, como afirma o leitor, é algo que só traria benefícios: uma indústria regulamentada e geradora de empregos, pagadora de impostos etc. Igualzinho às indústrias de bebidas e de cigarros. Já consigo até vislumbrar os anúncios: "Marlboro Cannabis, menos alcatrão, mais cânhamo". Ou: "Cheire Coca: é o maior barato". Um novo ramo da economia seria aberto. E o mais importante: seria o fim do narcotráfico.

Acho que, depois dessa, Platão, Tomás Campanella e Thomas More ficariam com vergonha das pobres utopias por eles idealizadas. Sugiro que o leitor apresente sua proposta revolucionária à ONU. É caso, no mínimo, para um Nobel da Paz.

Pois é, né? Quando a esmola é grande demais, o cego desconfia, como se diz lá na minha terra. O bem-intencionado leitor só se esquece de um pequeno detalhe, coisa sem importância: quem, caro leitor, controla o comércio (ainda) ilegal de drogas? Já dei uma pista no post anterior, mas vou lhe ajudar: são quatro letras. Adivinhou? OK, vou ser mais explícito: quem são os maiores produtores e distribuidores de cocaína do mundo? Se você pensou nas FARC, acertou em cheio.

Pois bem. O que aconteceria se o governo do Brasil, hoje o maior destino das exportações de cocaína vindas dos acampamentos das FARC, ou um conjunto de países, resolvesse, de uma hora para a outra, descriminalizar o que hoje é ilegal? Aqueles que hoje dominam o narcotráfico se tornariam mais ou menos poderosos? Preciso responder?

Para usar um exemplo da época da Lei Seca: imagine que os EUA, cansados de enxugar gelo na guerra contra as máfias que exploram o comércio ilegal de uísque e cerveja, resolvessem dar a luta por perdida e portanto legalizar o comércio e consumo de bebidas alcoólicas, com base no mesmo argumento hoje usado para a maconha. Provavelmente os chefões mafiosos da época, como Al Capone e Lucky Luciano, virariam os maiores empresários do mundo, e hoje controlariam a economia de metade do planeta. Agora substitua-os pelas FARC hoje em dia. Maravilha, não?

O grande erro dos que advogam a legalização do tráfico - e seria legalização do tráfico, tenham certeza - é que não conseguem, ou não querem, enxergar as conseqüências que tal decisão teria no mundo real, fora das considerações genéricas e abstratas, de tipo prático ou moral, sobre "liberdade individual" ou "saúde pública". Legalizar qualquer droga ilícita serviria apenas para legalizar e entronizar o crime organizado. Nada mais que isso.

Agora, indo para a crítica de cinema: é verdade que Cidade de Deus já antecipa muito do que se vê em Tropa de Elite, em especial no que diz respeito à violência da bandidagem. Mas, francamente, dizer que o filme de José Padilha não é inovador só pode ser brincadeira de quem não conhece o cinema brasileiro. O filme incomodou tanta gente justamente por mostrar a polícia no seu papel de polícia (em Cidade de Deus, ainda é a velha polícia corrupta) e bandido como bandido (coisa que o filme de Fernando Meirelles também fez, e por isso também foi criticado pela "burritsia" tupiniquim, que viu nele uma "estetização da violência"). Além do mais, nenhum outro filme brasileiro antes de Tropa de Elite, que eu saiba, mostra de forma tão explícita e sem concessões os "usuários", sobretudo os de classe média e alta, e inclusive ONGs, como o que de fato são - cúmplices da bandidagem. Foi isso, muito mais do que qualquer propaganda do Bope, o que realmente incomodou e indgnou os maconhistas.

Outra coisa: pelo visto o leitor não assistiu ao filme Os Intocáveis, de Brian De Palma. Se o tivesse feito, teria percebido o que o diálogo que transcrevi quer dizer. Certamente saberia que Eliot Ness (aliás, um personagem que realmente existiu) era o inimigo número um de Al Capone - ele passa todo o filme combatendo o comércio ilegal de bebidas, tentando prender Capone. Só no final do filme, com Capone já preso, é que ele diz sua opinião sobre a Lei Seca. Isso está no diálogo que eu transcrevi.

Portanto, caro leitor, se você acha um absurdo transformar o Capitão Nascimento em um herói - coisa que o POVO brasileiro, que lotou os cinemas, fez de imediato, identificando-se com o personagem -, não deveria considerar Eliot Ness um exemplo. O que vale para um filme vale também para o outro.

Assim como Eliot Ness no caso da Lei Seca, pode ser que um dia, quem sabe, seja normal e aceitável cheirar uma carreira de pó ou fumar um baseado. Mas, até que esse dia chegue, é a defesa da Lei o que importa. Pelo menos para os que prezam a democracia e a colocam acima de um capricho hedonista.

3 comentários:

Anônimo disse...

Caro, estou tentando discutir o assunto dentro da legalidade. Em momento algum defendo o uso de drogas fora da lei ou que o tráfico deve permanecer como está. Minha sugestão foi trazer para legalidade substâncias que são consideradas ilícitas, da mesma maneira que foi feito nos EUA com a bebida. Pergunto-te (pois desconheço essa parte) como foi feito nos EUA para legalizar a venda de bebidas sem que isso legalizasse a máfia e o tráfico de bebidas?

Se foi possível fazer com as bebidas sem permitir que bandidos se tornassem empresários, por que você não acha possível fazer o mesmo com as outras drogas?

Minha proposta foi uma legalização regulamentada das drogas. Fui bem claro no meu post passado ao dizer que não seria permitida a compra de drogas do narcotráfico, isso inclui as FARC. Portanto, a legalização exige produção e supervisão interna dessa "nova indústria" pelo governo.

Renan Martins disse...

A questão parece muito simples para mim.
Legalizar todas as drogas significa deixar à disposição da pessoa "escolher" se quer utilizar, por exemplo, o crack, que é uma droga extremamente devastadora e vicia de primeira, torando o seu usuário um verdadeiro zumbi. Ou seja, é uma verdadeira barca furada.
Legalizar somente a maconha não elimina a figura do tráfico de entorpecentes mais pesados e aumentaria os problemas com a dependência dessa droga.
Não importa o lado pelo qual se olhe, legalizar é absurdo.

Anônimo disse...

É por isso que não pode dar asa a cobra .
Antigamente quando tinha ditadura militar a luta por liberdade era outra . Era a luta de direitos justos com menos injustiças sociais , era uma luta onde o cidadão queria ter o direito de se expressar por coisas que faziam sentido .
A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA É UM ATENTADO A LIBERDADE COLETIVA , ASSIM COMO O ÁLCOOL É .Motoristas bebem , dirigem , matam , constrangem as pessoas no meio da rua , ligam o som no ultimo volume ás 4 horas da manhã, isso é um atentado contra as liberdades coletivas . Se já existe uma droga que causa alucinações , o álcool , uma droga que faz mal a saúde , que traz prejuízo as pessoas e ao governo , que infringe a liberdade das outras pessoas , pois a pessoa alcoolizada perde o senso de realidade e faz tudo o que dá na telha , por que deveríamos legalizar mais uma droga que causa alucinação e atrapalha as liberdades coletivas ?
Ohh que estado paternalista cruel , ele não pode mandar em mim, se eu quiser urinar no meio da rua qual o problema , a urina é minha , se eu quiser queimar meia duzia de pneus na minha casa em um daqueles dias abafados onde quase não tem vento , qual o problema ? Eu tenho esse direito !!! Os pneus , o álcool e os fósforos para queimar os pneus foi eu que paguei . O governo não pode restringir o meu direito de liberdade , se eu quiser colocar rap e funk no ultimo volume as 3 horas da manhã eu tenho esse direito estou dentro da minha casa e o som e o cd são meus . Não estou fazendo isso com o rádio nem o cd e tão pouco na casa de quem não gosta .É o meu direito , é a minha liberdade. "
Esse bando de maloquero parecem crianças birrentas . Querem legalizar maconha pra que ? Isso não acaba com o tráfico , é só uma desculpa , e um mito que eles inventaram. O que eles vão querer depois ? bolsa maconha , financiada pelo governo para suprir os vícios deles ??? Com tanta desigualdade social, desemprego , má qualidade na educação , violência . Esse bando de nóia quer legalizar maconha ? ha ha ha ha ha .
É por isso que não se pode dar asa a cobra . Vão procurar o que fazer , vão estudar , procurar crescer na vida.Se querem continuar fumando essa "erva" misturada com crak e fezes de cavalo e vaca que fumem . Vcs já sustentam tudo que é bandido , desde traficantes a assassinos e sequestradores , então parem de encher o saco do governo e da polícia que eles tem mais o que fazer .