sábado, janeiro 08, 2011

UMA PERGUNTA - E UM DESAFIO

Estou dedicando muito tempo a responder comentários de leitores. Alguns deles, como vocês podem ver, nem mereceriam resposta (eles parecem agir sempre em bando, como as hienas e os chimpanzés). Mas acho necessário. Às vezes, alguém faz uma pergunta interessante, e sem querer acaba me dando mais razões para pensar como penso.
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É o caso de um certo Junior, que postou o seguinte sobre meu texto "PALHAÇADA" (em que respondo a um gaiato que quis transformar o blog em seu picadeiro):
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Caro,
Se você tem direito a fazer sua própria direita, como você mesmo falou, aquela que é antitotalitária, ao contrário da direita golpista e individualista. Pergunto-te por que não posso falar de uma esquerda que também não é revolucionária e cheia de matança?

Se você pega apenas uma parte da direita e esquece os golpes e demais atrocidades que o EUA e demais cometeram. Por que não posso ir contra Fidel Castro, ser antitotalitário, ser contra as Farc e me manter na esquerda por ser contra o status operante do mundo e achar que o capitalismo não é a saída ideal para o mundo?

Penso que você se engana ao tratar somente a esquerda a maneira de Fidel.

RESPONDO

Caro,

Primeiro, não sou eu que "faço" a "minha própria" direita. Não faço nada. Apenas chamo a atenção para um fato que julgo preocupante no Brasil: a inexistência, nestas paragens, de uma resposta liberal, conservadora - e sim, de direita - à hegemonia esquerdista. E aponto para algumas características básicas da direita liberal (ou liberal-conservadora): o antitotalitarismo é uma delas. Isso significa que qualquer um que se apresentar como "de direita" mas não tiver como fundamento de ação a defesa da liberdade não contará com meu apoio. Pelo contrário: denunciarei o sujeito como um farsante.

Segundo, vamos tratar os conceitos com o devido respeito: se você está se referindo a uma direita antitotalitária (ou seja: liberal, ou liberal-conservadora) como o oposto de uma direita golpista (aqui acertou) e INDIVIDUALISTA (!?), acertou em parte. De fato, sou antitotalitário (o que significa que sou anticomunista, e antifascista), mas de onde você tirou que "golpista" e "individidualista" são coisas aparentadas? Sou antitotalitário e individualista, o que não me torna "golpista" ou seja lá o que for. O individualismo é a base mesma do pensamento liberal. Preciso explicar por quê?

Terceiro, não disse que você não pode falar de uma esquerda que não seja revolucionária. Pelo contrário, mostro em vários textos que não é preciso ser um bolchevique sedento de sangue da burguesia para ser esquerdista. Afirmo apenas que, por mais diferentes que sejam os diversos matizes de esquerda, há mais a uni-los do que a separá-los. Quem mais sustenta regimes e ideologias totalitários não são os radicais; são os "moderados".

Quarto, faço-lhe um desafio:

Por favor, mostre-me um exemplo, apenas um exemplo, de militante de esquerda, de qualquer tipo e vertente, que seja, também, um ferrenho anticomunista e defensor do liberalismo político. Mostre-me um que seja esquerdista e inimigo de Fidel Castro, Hugo Chávez, Stálin, Mao Tsé-Tung, Che Guevara, Lênin e Marx. Somente um! É só isso que peço.

Ou, para ser mais preciso: dê-me um nome, um único e miserável nome, de algum esquerdista que seja anti-Fidel Castro, anti-FARC, antitotalitário e que, ao mesmo tempo, seja a favor do capitalismo, do Ocidente e dos EUA (lembrando: as únicas alternativas ao capitalismo são o comunismo e a anarquia; e nenhum deles é muito compatível com a civilização).

Se você encontrar alguém que se encaixe na definição acima, pode ter certeza: ele ou ela não é, ou não é mais, de esquerda.

Faça isso, caro leitor, e eu deixo de ser do contra. Faça isso, e prometo que me converto no mesmo instante ao que você quiser que eu me converta, e passo a acreditar no que você quiser que eu acredite. Aproveite e me diga que sistema econômico-social além do capitalismo é compatível com a democracia e o respeito às liberdades individuais e aos direitos humanos. E que outro país além dos EUA é capaz de enfrentar ameaças como o terrorismo islamita e salvaguardar as liberdades democráticas no mundo inteiro.

Enfim, como já disse antes, eu posso ser de direita e antitotalitário. E quem é de esquerda, pode dizer que é também anticomunista? Responda, se puder.

2 comentários:

Junior disse...

Respondo: Eu sou! Sou contra Fidel Castro, Hugo Chávez, Stálin, Mao Tsé-Tung, Che Guevara, Lênin, anti-FARC, antitotalitário e anti-Bush! Mas prezo pela esquerda e não pela direita. Não concordo com o método capitalista, e isso não significa que quero fazer uma revolução comunista. Ser de esquerda, segundo penso, é ser contra o status quo operante, ser contra a desigualdade social e econômica. Penso que as pessoas deveriam ter um sistema econômico mais igualitário, e isso não significa ser totalitário. Mas você pode dizer: "mas isso é utópico!". Que seja! Não vou ser a favor do sistema econômico presente só por ele ser o "menos pior".

Não nos esqueçamos que muito do terrorismo existente se deve ao próprio EUA. Foram eles os primeiros a entrarem em outros países pregando seu american way of life e a longa vida ao capitalismo. Não apoio o terrorismo. O que digo é que, talvez, se os EUA fossem menos invasivos (seja belicamente, seja culturalmente), talvez não houvesse terrorismo contra os EUA e nem anti-americanos. Pergunta: Por que não há anti-esquimós?
(Talvez estes nunca tenham se metido na cultura alheia)

Anônimo disse...

ESTE CARA É UM PALHAÇO
RISOS
MELHOR, UM EPIPO MAL RESOLVIDO