segunda-feira, julho 06, 2009

Mais um quadrúpede

Aí, um energúmeno me escreve o que vai em seguida, supostamente como comentário a meu texto "Obama, o Lula americano" de 11/06/2008 (mais de ano atrás) - digo "supostamente" porque, por mais que eu tentasse, não consegui ver nenhuma relação entre o texto e o que o dito-cujo escreveu. É uma daquelas coisas que me deixam em dúvida se publico ou não - e que me fazem ter mais certeza sobre a infinita capacidade de alguns cérebros de não entenderem absolutamente nada de nada. Vai na língua original, como sempre.
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Perai cara, vc é do PSDB? seu blog é uma declaração de amor ao LULA do primeiro ao ultimo post. E tambem acho que vc é de ESQUERDA. Ah, eu também não sabia que em paises capitalista as pessoas são rescucitadas e só são assassinadas nos socialistas (vide toda as guerras mundiais, onde os americanos iam rescucitando os inimigos pelo caminho. kkkk). Os dois lados são assassinos seu xiita.
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Vou responder da única maneira como esses seres de quatro patas conseguem entender: não, cara, não sou do PSDB. E você, é do PCO?
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Ah, e a tentativa de ironia sobre Lula e ser de esquerda não funcionou, viu? A ironia é para ser usada por quem tem um mínimo de inteligência. Para quem não a tem, é apenas patetice bizarra. Algo assim como um orangotango tentando recitar Shakespeare.
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Quanto aos "dois lados" serem assassinos, etc. etc., bem... já tratei disso em outros posts. Não adiantaria nada eu repetir o que já escrevi aqui sobre o assunto. Como não adiantaria muito eu lembrar que o Gulag foi o Gulag, e que 100 milhões de mortos são 100 milhões de mortos. Para isso, há os livros de História. Mas para quem escreve "rescucitadas" e "rescucitando", em vez de ressuscitadas e ressuscitando, sei que essa dica não adianta nada. Talvez umas aulas de soletração nível "Massinha I" ajudem.
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Só uma coisa eu não entendi: afinal, eu sou do PSDB ou sou xiita?
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Esses esquerdiotas... Se eles não existissem, alguém precisaria inventá-los.

Um comentário:

pomasera disse...

A Janela dos Outros
Martha Medeiros
Gosto dos livros de ficção do psiquiatra Irvin Yalom (Quando Nietzsche
Chorou, A Cura de Schopenhauer) e por isso acabei comprando também seu Os
Desafios da Terapia, em que ele discute alguns relacionamentos padrões entre
terapeuta e paciente, dando exemplos reais. Eu devo ter sido psicanalista em
outra encarnação, tanto o assunto me fascina.
Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um
relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a
oportunidade de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom
momento para se aproximarem. Durante o trajeto, o pai, que estava na
direção, comentou sobre a sujeira e degradação de um córrego que acompanhava
a estrada. A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um
cenário de Walt Disney. E teve a certeza de que ela e o pai realmente não
tinham a mesma visão da vida. Seguiram a viagem sem trocar mais palavra.
Muitos anos depois, esta mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada,
desta vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se: do
lado esquerdo, o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia
descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista.
E uma tristeza profunda se abateu sobre ela por não ter levado em
consideração o então comentário de seu pai, que a esta altura já havia
falecido.
Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que
mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que
vale, não importa que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.
A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o
pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros
acredita que o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente
a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da
sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias. Uns
enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade.
Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua própria paisagem..
Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos
enclausurada nos meus próprios pontos de vista, mas, em contrapartida, me
tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão
pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só
possuindo uma visão de 360 graus para nos declararmos sábios..
E a sabedoria
recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos
enfáticos, pois todos estão certos e todos estão errados em algum aspecto da
análise. É o triunfo da dúvida.