quarta-feira, julho 29, 2009

PERGUNTAR NÃO OFENDE

Aí vão algumas perguntas que NÃO serão feitas neste dias:
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- Se o presidente do Paraguai, o pai de muitos paraguaios Fernando Lugo, fosse "de direita", e não um "hermano" e "companheiro" da trupe bolivariana, o governo Lula teria engolido com tanta facilidade suas exigências no novo acordo sobre Itaipu (o "acordo Lu-Lu")?
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- O mesmo com relação a Evo Morales, o índio de araque e cocalero boliviano: fosse ele um político conservador e liberal, teria sido a mesma a reação (ou falta de reação) do governo Lula da Silva ante a expropriação das refinarias da Petrobras na Bolívia em 2006?
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- Se Rafael Correa, o aprendiz de Chávez que manda no Equador, fosse, digamos, um direitista, o governo brasileiro teria agido da mesma forma diante do seqüestro, ordenado pelo governo daquele país, de dois funcionários brasileiros de uma empreiteira, alguns meses atrás?
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- Fosse Manuel Zelaya, o bigodudo de Honduras, outra coisa senão um convertido ao bolivarianismo chavista, e os que o derrubaram fossem, digamos, companheiros de esquerda, estaria o Brasil condenando com tanta veemência o movimento que o destituiu e defendendo seu retorno ao poder sem condições?
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- Se o presidente da Venezuela fosse outro que não o coronel Hugo Chávez Frías, teria o Brasil justificado como justificou o fechamento arbitrário de uma rede de rádio e TV que desagradava ao governante do país?
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E, finalmente:
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- Se a Colômbia fosse governada não por Álvaro Uribe, mas por companheiros bolivarianos do Foro de São Paulo, e estivesse sob cerco de paramilitares de direita que recebem apoio e armas, inclusive mísseis, de governos vizinhos, o Brasil manteria sua neutralidade no conflito, como afirma Marco Aurélio Top Top García? Mais: ignoraria solenemente essa clara ingerência externa no país?
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Ou, em Português mais claro:
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AFINAL, OS CONCEITOS DE NÃO-INTERVENÇÃO E DE AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS, BEM COMO DE SOBERANIA E DE INTERESSE NACIONAL, TÃO CAROS À DIPLOMACIA BRASILEIRA - E PILARES MESMO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS -, SÓ VALEM PARA PAÍSES QUE NÃO SEJAM GOVERANDOS POR "COMPANHEIROS"? PARA ESTES, TUDO É PERMITIDO? É ISSO MESMO?
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É óbvio que todos sabemos a(s) resposta(s). Por isso as perguntas não serão feitas. Não convém fazê-las. Isso, afinal de contas, é para blogueiros reacionários como eu.
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É... Pelo visto, a companheirada mandou mesmo a lógica e a coerência para a Cuba que os pariu.

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