quinta-feira, janeiro 15, 2009

MENTIRAS SOBRE ISRAEL

Cartaz do filme antissemita alemão da década de 30 "Der Ewige Jude" (O Judeu Eterno): estariam os atuais inimigos de Israel muito longe das opiniões nazistas?


Desde que as Forças de Defesa de Israel iniciaram sua ofensiva contra os fanáticos terroristas do Hamas, há algumas semanas, temos visto se intensificar a campanha de desinformação e propaganda antissionista e antissemita (esta, em geral, não se atreve a mostrar a cara, escondendo-se sob vários subterfúgios). Eis um resumo das mentiras, engodos e falsidades que foram repetidos ad nauseam nos últimos dias, e uma refutação a cada um deles:

- "A reação militar de Israel na Faixa de Gaza é desproporcional e o iguala aos terroristas".
Já escrevi bastante sobre essa balela, a mais repetida de todas. Vou tentar resumir aqui o que penso a respeito: Israel é um Estado democrático (o único, aliás, do Oriente Médio) cercado por inimigos que querem riscá-lo do mapa e exterminar sua população. Um desses inimigos é o Hamas, organização terrorista que, em sua carta de fundação, jurou matar todos os israelenses e estabelecer um Estado islâmico. Israel está respondendo militarmente aos atentados do Hamas, que já lançou milhares de foguetes sobre alvos israelenses, tendo descumprido a trégua acordada meses atrás entre os dois lados. Se a reação de Israel fosse mesmo desproporcional, como se está apregoando, os caças e tanques israelenses deveriam estar promovendo o massacre de TODA a população palestina, e não visando a alvos do Hamas.
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Ainda assim, alguém poderia argumentar que a desproporção, aqui, é de meios, e não de fins. Isso seria evidenciado pela diferença das baixas de ambos os lados - cerca de mil, até agora, do lado palestino (a maioria, membros do Hamas), e 15, do lado israelense. O.k., mas isso não muda o essencial da questão. Exigir proporcionalidade entre um Estado democrático que luta para se defender e quem deseja eliminá-lo é uma cretinice, que só pode resultar de ingenuidade ou má fé. Imaginem o que o Hamas ou o Hezbollah fariam se, em vez de foguetes caseiros, tivessem tanques e helicópteros: certamente, o número de baixas, principalmente israelenses, seria bem maior, e a tragédia teria proporções - aí sim! - verdadeiramente genocidas. É justo e ético exigir proporcionalidade de meios entre a polícia e os criminosos?
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- "A reação desproporcional de Israel alimenta o terrorismo islâmico".
Esta é uma das mais cínicas - ou mais mal-informadas - mentiras repetidas diariamente na mídia sobre a questão israelo-palestina. Consiste em simplesmente inverter a realidade, culpando as vítimas pela violência e justificando a ação dos agressores como resposta legítima a uma agressão anterior - no caso, de Israel. É como se alguém dissesse: "pô, é só não fazer nada contra os terroristas, é só deixar esses coitadinhos quietinhos no canto deles, e eles páram de lançar mísseis e explodir bombas; eles deixam, enfim, de ser terroristas"... Não é difícil ver quão estúpida é essa teoria. Ora, não é qualquer ação israelense, assim como não é qualquer ação norte-americana, o que alimenta os terroristas. Basta lembrar que, em várias ocasiões, Israel já acenou com propostas de paz generosas, e o que se seguiu foi a intensificação, não a diminuição de atentados, inclusive com homens-bomba palestinos. Vamos lembrar alguns fatos:
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- Em 2000, por ocasião das conversações de paz em Camp David, o então primeiro-ministro israelense (e atual ministro da Defesa), Ehud Barak, ofereceu mais de 90% de todo o território palestino ocupado por Israel desde 1967 ao então líder da Autoridade Palestina, Yasser Arafat. Isso significaria que praticamente toda a Cisjordânia e a Faixa de Gaza passariam às mãos palestinas. Arafat desdenhou a proposta, e ao invés de aceitá-la, desencadeou uma onda de radicalismo que culminou na segunda intifada, a revolta palestina, contra Israel.
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- No mesmo ano de 2000, as tropas israelenses se retiraram do sul do Líbano, que ocupavam desde 1978. Desde então, a região se transformou numa base avançada do Hezbollah, que de lá lança seus atentados e dispara seus foguetes contra Israel, o que levou a uma rápida guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006.
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- Em 2005, o então primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, tido como um brutamontes reacionário e belicista, ordenou a retirada, de forma unilateral e sem pedir nada em troca, de todos os assentamentos judeus na Faixa de Gaza, território que desde então foi tomado pelo Hamas, primeiro numa eleição e, depois, num golpe de estado em que seus rivais do Fatah foram fuzilados à queima-roupa. De lá para cá, o número de ataques do Hamas contra civis israelenses a partir de Gaza só fez aumentar.

Notem bem: a cada movimento de Israel em direção à paz, seguiu-se não um aceno correspondente e semelhante do lado palestino, mas uma nova onda de terror antiisraelense. Seguiram-se não abraços e flores, mas tiros e explosões. O que prova que o terrorismo já deixou há muito de ter qualquer relação com qualquer coisa que Israel faça ou deixe de fazer. Ninguém é terrorista por vontade ou decisão alheias. Os únicos culpados pelo terrorismo são os... terroristas!
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- "A ação israelense vai contra a criação do Estado palestino".
Balela pura. A solução de dois Estados - um palestino, um israelense - já foi aceita e é defendida por Israel há anos. Ninguém discute mais isso. Quem não a aceita e luta contra a solução de dois Estados - a única solução possível para o conflito israelo-palestino - são os terroristas islamitas, como os fanáticos do Hamas e do Hezbollah. Estes não querem um Estado palestino, mas destruir Israel e implantar, em seu lugar, uma teocracia islâmica.
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Suponha que as fronteiras da região retornem a como eram antes da criação de Israel, em 1948. Mais: imagine que Israel deixasse de existir, e toda a região se tornasse o Estado palestino. O Hamas e o Hezbollah cessariam sua luta? Cessariam os atentados? Claro que não! O que eles querem é a islamização do mundo, a jihad global.
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- "Os judeus, que sofreram sob o nazismo, agora repetem seus métodos"
Certamente a mais desonesta e repugnante das mentiras, moralmente equivalente ao próprio nazismo. Consiste na seguinte ideia: como os judeus comeram o pão que o diabo amassou e foram quase exterminados pelos nazistas, não têm o direito de "fazer o mesmo" com os palestinos... Há duas falsidades evidentes aí: 1) não há como equiparar o extermínio de 6 milhões de judeus com as ações israelenses em Gaza, pelos motivos já expostos - a menos que se considere o Holocausto uma justa reação de Hitler e seus sequazes contra um inexistente terrorismo judaico contra a Alemanha; e 2) a ação de Israel não visa à população palestina como um todo, mas ao Hamas. Os civis palestinos morrem principalmente porque são usados pelo Hamas como escudos humanos.
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Por trás dessa tentativa infame e indecente de igualar a ação de um Estado que luta para garantir seu direito à existência com um dos crimes mais monstruosos da História está a seguinte ideia, não menos infame e indecente: os habitantes de Israel não têm o direito de se defender. Nem de existirem. Como pensava, aliás, Adolf Hitler.
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- "O sionismo é um movimento totalitário, semelhante ao nazismo".
Essa eu li um dia desses, num artigo da Folha. Esgotados todos os demais argumentos, apela-se para o argumento derradeiro, "histórico". Trata-se aqui de questionar retroativamente a própria criação em 1948 do Estado de Israel, mostrada como um processo de expulsão e de "limpeza étnica" da população supostamente original, árabe ou palestina. Não falta aqui uma pitada de antiimperialismo antiocidental, com ataques aos interesses neocoloniais de potências como os EUA e a Grã-Bretanha, que patrocinaram a fundação do Estado sionista. Tenta-se, aqui, transferir para Israel o ódio dos "antiimperialistas" pelos EUA, a besta-fera maior.
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O argumento, que seduz a muitos, é falso por várias razões. Primeiro, porque a criação de Israel não implicou em "limpeza étnica" coisa nenhuma, mas no estabelecimento de dois Estados, um árabe (não se falava, ainda, em palestinos) e outro judeu, tal como foi estabelecido pela ONU. Foram os árabes que não aceitaram a partilha, e atacaram em massa Israel no dia seguinte à sua fundação. Segundo, porque a criação de Israel foi vista com simpatia pela esquerda mundial, inclusive pela URSS (que votou a favor da criação do Estado judaico), sendo o atual antissionismo um produto dos anos 60, quando a URSS passou a apoiar os países árabes contra Israel, visto como um baluarte dos EUA no Oriente Médio durante a Guerra Fria. Finalmente, comparar o sionismo e o Estado de Israel, um país democrático, que tem inclusive cerca de 1,5 milhão de árabes muçulmanos, com ideologias e ditaduras totalitárias como a nazista só pode ser fruto de muita ignorância ou de desonestidade intelectual pura e simples.
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Aí está. Leiam e tirem suas próprias conclusões. Diante de tudo isso que está aí em cima, quem pode negar que estamos vivendo uma nova onda de antissemitismo?

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