quarta-feira, janeiro 14, 2009

ENFIM, UM DEBATE

Noite de terça-feira. Enquanto a falta de opção na TV aberta me deixava exasperado e o tédio já tomava conta de mim, fujo da estreia de mais uma edição de um programa idiota de candidatos-a-celebridades-que-fazem-tudo-para-aparecer e começo a zapear, buscando algo a que valesse a pena assistir. Detenho-me num programa que não tenho o costume de ver, atraído não pelo programa em si, uma das piores coisas na já em geral deplorável televisão brasileira, mas no GC (gerador de caracteres) que anunciava, em tom fortemente sensacionalista como é do feitio do programa: "professor transsexual quer ensinar crianças".
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Deixei de lado, por um momento, o caráter fútil do programa, os comentários asininos da apresentadora e o nível abissal dos convidados, a maioria celebridades vazias de cabeça oca, para prestar atenção ao debate em si. De um lado, um transsexual masculino, Genivaldo (ou Geane), rosto, corpo e gestos femininos, reivindicando o seu "direito" de lecionar para crianças de 4 a 6 anos de idade. De outro, dois psicólogos, especialistas na área de sexualidade. No meio, dois ou três convidados para fazer cena, sem muito de aproveitável que dizer.
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Já estava imaginando, pelos antecendentes do programa, o que viria a seguir: uma desbragada apologia da homossexualidade e um ataque vitimista e afetado, pela enésima vez na televisão, à mentalidade "homofóbica" que impede um sujeito de batom, maquiagem e salto alto de ensinar nas escolas para quem acabou de sair das fraldas e não sabe ainda a diferença entre um camelo e um cavalo. De fato, não me enganei de todo a esse respeito. Um dos primeiros a tomar a palavra, gay assumido, começou a cantar as virtudes da opção do(a) professor(a), enfatizando seu "direito como cidadão" de expor abertamente sua condição sexual em sala de aula, e criticando duramente "essa gente careta e preconceituosa, que não deixa a gente ser o que é". Ainda assim, resolvi assistir ao debate, devido à presença dos dois cientistas, cujas opiniões eu estava curioso para ouvir.
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Foi aí que eu tive uma surpresa - e uma grata surpresa! Após a plateia - composta, em sua maioria, de adolescentes - ter-se derramado em aplausos entusiasmados à arenga do convidado gay ("obrigado gente, eu adoro aplausos!"), um dos psicólogos pediu a palavra. Foi direto ao ponto: o motivo que levara o transsexual ao programa - seu proclamado desejo de dar aula a criancinhas - é um absurdo. Não por sua orientação sexual, não por moralismo ou "preconceito" contra quem ou o que quer que seja, mas por um motivo puramente médico ou, se preferirem, científico: na primeira infância, até os seis ou sete anos de idade, a criança é incapaz de discernir claramente a diferença entre masculino e feminino. Sendo os professores, como os pais, uma referência nessa fase da vida, a presença de um transsexual em sala de aula pode acarretar danos irreparáveis à formação da criança, inclusive o que está catalogado como DIG - Distúrbio de Indefinição de Gênero -, uma doença segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Crianças, ao contrário do que se imagina, têm, sim, sexualidade. É por esse motivo, acrescentou o especialista, que aos oito meses de idade não é recomendável que elas continuem dormindo no mesmo quarto dos pais, para evitar traumas psicológicos. Nada impede a pessoa de dar aulas para jovens ou adultos, já de personalidade formada, mas a ideia de um transsexual como professor(a) (na minha época se dizia "tio" ou "tia") de uma turma formada por quase-bebês de 4 ou 5 anos de idade é, com o perdão da palavra, abominável. E isso não é uma opinião: é um dado científico.
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A informação pegou claramente os presentes de surpresa, revelando todo seu despreparo para analisar casos como aquele. Isso não impediu, claro, que os gays presentes se mostrassem indignados, vociferando contra os "homofóbicos" que não os deixam ser felizes como são e insistindo na defesa do "sonho" de um travesti ensinar para que idade for, sem se importar com o fato de que isso iria ou não confundir a cabecinha das crianças ("eu ensino e confundo", chegou a dizer o candidato a professor de pré-primário). Aliás, em todas as suas intervenções, não lembraram em momento algum o direito das crianças à educação de qualidade. Sem argumentos, partiram para o sentimentalismo. No final, foi apresentado um vídeo em que o citado transsexual derramava-se em lágrimas, falando de sua mãe que é tudo para ele e que está enfrentando um tratamento contra o câncer. Só não sei o que isso tem a ver com o tema debatido.
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Esse episódio, mesmo vindo de uma fonte improvável, é bastante educativo. Bastou dois especialistas, aparentemente medianos, citarem alguns dados científicos básicos para revelar mais uma tentativa de manipulação por parte da militância gay, hoje uma força política considerável, com presença garantida na mídia (o programa era o mesmo em que os dois sargentos gays do Exército fizeram toda aquela pantomima no ano passado, antes de serem corretamente expulsos da corporação). Na verdade, o que ficou claro é que os gays (e aqui estou falando dos militantes gays) não estão interessados em "democracia" ou "cidadania" - palavras que foram bastante repetidas no debate - coisa nenhuma, mas, única e exclusivamente, em transformar seus próprios desejos e caprichos em normas obrigatórias, sem levar em consideração o restante da sociedade. Não estão interessados em coisas como ética pedagógica - algo que o sujeito do debate, sendo professor, deveria conhecer -, mas tão-somente em impor sua agenda política, "ocupando espaços", promovendo uma "mudança comportamental". Nesse caso, o transsexual Geane/Genivaldo quer porque quer lecionar para crianças em fase pré-escolar, algo que - é a OMS que diz - só pode gerar confusão em mentes ainda em início de formação, e que não despertaram ainda para as nuances da sexualidade humana. Ele não sabe disso? Sabe, sim. Mas, e daí? A "causa" é mais importante.
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Já escrevi aqui sobre esse tal movimento gay e como ele está conseguindo, com o apoio ou o olhar complacente de muitos, idiotizados ou paralisados pelo "politicamente correto", subverter - no sentido real do termo - as regras da democracia para impor uma mentalidade claramente autoritária à sociedade, sepultando, em nome do respeito à diversidade, a própria diversidade. Um projeto de lei atualmente em tramitação no Congresso ameaça tornar crime até mesmo uma opinião ou piada de bar considerada "homófóbica". Agora, querem investir sobre as criancinhas, a parcela mais influenciável da sociedade. Não duvidem: em breve, veremos gente defendendo abertamente na televisão as virtudes da pedofilia. E quem se opuser a isso, citando inclusive dados científicos, será acusado de ser um brutamontes preconceituoso e homofóbico.

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