quarta-feira, outubro 13, 2010

RESPOSTA A MILITANTES DE UMA CAUSA MUITO NOBRE E JUSTA

Meu texto "A Longa Marcha dos Maconheiros" (http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2010/08/longa-marcha-dos-maconheiros.html) parece ter tocado num nervo extremamente sensível de certas pessoas. Escreveu a respeito quem se assina como "Henrique S.":

Quanto asneira! Vou deixar para escrever uma resposta maior depois, mas eu te respeito por não fumar maconha, você tem esse direito, mas quem é você para dizer que a nossa causa é besteirol? Quem é que está se achando superior aos demais aqui? Nós lutamos pela nossa causa e nao queremos incomodar ninguem, enquanto você, ao contrário, atrapalha, banaliza e demoniza a nossa luta.

O bom de tudo é que caminhamos a passos largos pela legalização da maconha no mundo todo, então só me resta dizer que seu texto cheio de preconceitos e asneiras, não terá utilidade nenhuma, a nao ser deixar algumas pessoas, como eu , irritadas. E com razão.

OK, obrigado por respeitar meu direito de não fumar maconha (já estou vislumbrando no horizonte o dia em que dar um tapinha será obrigatório). Quem sou eu? Não sou ninguém, sou só um blogueiro que respeita a Lei e que acha que, numa sociedade democrática, ela deve ser respeitada por todos. Sou alguém que não coloca um capricho pessoal acima da Lei e do estado de direito democrático. Enfim, sou apenas alguém que não se acha superior aos demais mortais.

Eu atrapalho a "causa" maconhista? Ainda bem: é essa justamente minha intenção. Quero atrapalhar mesmo, mas não do jeito que o leitor acha: quero que os maconhistas tenham toda a liberdade para se expressarem e me convencerem dos benefícios da queima de neurônios para a humanidade. Até o momento, nenhum argumento me convenceu. Eu banalizo tão nobre luta? Talvez porque encher os pulmões de fumaça proibida deve ser, e pelo visto é, uma banalidade sem tamanho. Demonizo algo ou alguém? Acho que não, só exponho argumentos. E não vejo nenhum do outro lado.

Que bom, então "o mundo" está caminhando para a liberação da maconha em escala planetária. Será o fim da razão mais forte para proibir a erva do capeta, o narcotráfico. Só tem um probleminha: já combinaram com os países islâmicos? Tirando a Jamaica e a Holanda, quem mais está às vésperas de virar território livre para a galera que curte um baseado?

Enquanto isso não se resolve, fico aqui com meus textos cheios de asneiras e preconceituosos, sem utilidade alguma. Deixei um maconhista irritado? Aí está uma boa utilidade para o texto.

Outro leitor e militante da "causa" maconhista, o Silas, me escreveu as seguintes palavras carinhosas:

Esse blog se diz "do contra", mas só reproduz as asneiras que todos estão acostumados a ver.

Sério? Tem mais gente como eu repetindo a asneira de que a Lei, numa democracia, vale para todos e deve ser respeitada?

Você chama a nossa causa, e a esquerda em geral de "idiota, desocupado, de quem não tem mais o que fazer". Aliás, você, o rebelde sem causa, só fez isso no texto inteiro, xingamentos, acusações, demonização... Isso sim é idiotismo, é desocupação... Não é enxergar o mundo e sim ver somente o pouco que está ao seu redor.

OK, então me ajude a deixar de ser um idiota desocupado e por favor me explique a nobreza da sua "causa", a causa dos que acham o supra-sumo da liberdade zombar da Lei e ficar boladão de erva. Expanda meus horizontes e faça-me ver o mundo, por favor.

Tem muito falso maconheiro sim, mas o discurso de filho de elite entediado é o seu. 99% dos usuários, se pudessem plantariam o seu próprio pé, se não fosse legalizado. Mesmo proibido, quase metade faz isso. Justamente para não alimentar o narcotráfico (não entendi onde se encaixa o PT e o presidente da Bolívia nessa).

O que seria um "falso maconheiro"? Seria alguém que, como Bill Clinton, só fuma, não traga? Deixa pra lá... Vamos nos concentrar na questão: então bastaria cada usuário de maconha ter sua plantaçãozinha no quintal para não corroborar o narcotráfico e ficar com a consciência limpa, é isso? E como fica a Lei? Mas deixa isso pra lá também.

Vamos fazer um pequeno exercício: suponhamos que eu, assim como os 99% dos maconheiros que o caro leitor mencionou, resolvesse fazer uma horta no quintal de minha casa com mudas de cannabis. Minha idéia seria curtir uma lombra sem ter que subir o morro e comprar do traficante. Assim, numa boa, no maior clima "paz e amor". A primeira coisa que eu precisaria ter, além de espaço e adubo, seria uma muda da erva. Pois bem: não sendo mudas de cannabis algo assim facilmente encontrável no supermercado, eu teria que recorrer ao, digamos, mercado paralelo. Isso significa que eu teria, mesmo contra minha vontade, de adquiri-las de pessoas que comandam um negócio que não é bem do tipo que recolhe impostos. Estou me fazendo entender ou fui muito sutil?

Não entendeu onde se encaixa o PT e o cocaleiro Morales no narcotráfico? Ok, vou ser o mais didático possível: a maioria dos que apóiam o discurso do "legalize já" é de esquerda. O PT e Morales são de esquerda. A Bolívia é a maior exportadora de cocaína para o Brasil. O governo do PT finge que isso não existe. Fui claro ou preciso desenhar?

Mas pelas suas próprias palavras tu demonstra que é um miquinho amestrado do sistema atual. "Se, em vez de maconha, fosse proibido o consumo de, sei lá, fubá (...) continuaria a achar que a obediência à Lei é o melhor caminho. Não daria bola para os que dissessem que comer fubá não faz mal, ou é uma questão de liberdade individual.".

Como eu sou um miquinho amestrado do "sistema", faço questão de escrever o parágrafo inteiro, e não somente a parte mutilada que o leitor transcreveu: "Se, em vez de maconha, fosse proibido o consumo de, sei lá, fubá, que se tornaria um negócio ilegal bastante lucrativo, eu poderia até achar uma bobagem, mas continuaria a achar que a obediência à Lei é o melhor caminho. Não daria bola para os que dissessem que comer fubá não faz mal, ou é uma questão de liberdade individual. Preferiria prestar atenção às gangues de traficantes de fubá que explorassem o comércio ilegal de fubá nas favelas, num ciclo de violência, e torceria para que a polícia botasse esses malandros na cadeia. Até que me convencessem que consumir fubá não é compactuar com o crime, eu seguiria essa opção." Prestaram atenção nos trechos em negrito?

Vale lembrar que em tempos de ditadura no Brasil (que por sinal não me surpreenderia se você fosse a favor), era proibido qualquer manifestação de oposição ao cruel regime. Se tivesse vivido aquele tempo, acharia um absurdo, ou 'não daria bola' para aqueles que batalharam para hoje, tu ter a liberdade de expressar sua opinião?

E vale lembrar que respeito à Lei não tem nada a ver com ditadura (aliás, muito pelo contrário). Vale lembrar que sou contra qualquer ditadura, de direita ou de esquerda. Será que os militantes maconhistas que não vêem nenhuma relação entre o consumo e o tráfico de drogas, ou entre o PT e as FARC, podem dizer o mesmo? Pelo visto não, mas eles não dão bola para isso.

E só para terminar: se o distinto leitor, ao se referir àqueles que "batalharam para hoje, tu ter (sic) a liberdade de expressar sua (sic) opinião", estava pensando em alguém da quadrilha lulo-petista hoje incrustada no poder, o caso é realmente sério: é mais uma prova dos males que a maconha faz ao cérebro. Nesse caso, recomendo fortemente que, da próxima vez, pense mais na hora de escrever. De preferência, sóbrio.

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