segunda-feira, outubro 18, 2010

É INÚTIL TENTAR EXPLICAR

Ok, a imagem não é muito original. Mas, convenham, é bem apropriada


Um lulo-petista - ou seja, alguém cujo cérebro já parou de funcionar faz tempo e que age como se fosse guiado por feromônios, como uma formiga-operária programada biologicamente para defender a rainha-mãe - escreveu um comentário sobre meu último texto, "Tirem a máscara". Segue o comentário anônimo, que quero crer seria uma refutação do que está lá escrito. Volto depois.
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José Serra já deu declarações brilhantes como "sou favorável à união gay", mas deixou à Igreja católica a batata quente da celebração do casamento gay. Que será que ele realmente pensa a respeito?

A Mônica Serra confidenciou à quatro alunas que já cometeu aborto e, que, no entanto ela diz que Dilma é a verdadeira "assassina de criancinhas". Ela sequer respondeu às alunas. O PSDB desfez a questão. Que será que ela pensa a respeito do aborto?

Chega de direita. Chega de preconceito social. Chega de Farol de Alexandria. Dilma 13!

José Serra se disse favorável à união civil de homossexuais. O que isso irá influir na decisão da Igreja Católica de "celebrar o casamento gay"? Resposta: nada. Absolutamente nada.

Por quê? Simples: a Igreja não reconhece o "casamento gay" há dois mil anos. E não vai ser por causa de Serra, ou de Dilma, ou de quem quer que seja, que vai reconhecer um dia. Muito menos celebrá-lo.

Digamos que um dia seja oficializada a união gay no Brasil. Uma vez que religião e Estado são coisas distintas no País desde a Constituição de 1891, e que desde então existem duas opções de casamento (o civil e o religioso), isso não mudaria um milímetro a orientação da Igreja sobre o assunto (certa ou não, isso é outra questão; e só para lembrar: ninguém é obrigado a ser católico). Então, cadê a "batata quente" de que fala o leitor?
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"Que será que ele [José Serra] pensa realmente a respeito?" Ele já disse o que pensa a respeito: é a favor. E Dilma, quando dirá o que realmente pensa a respeito de qualquer assunto, em vez de omitir o que pensa para tentar ganhar votos?
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Quanto à mulher de Serra ter feito aborto ou não, há dois pontos importantes, creio eu:
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1) Caso ela tenha mesmo abortado - O problema seria só dela, que deve responder por seus atos perante sua própria consciência. Ademais, não me consta que seja ela o candidato à Presidência da República. Ou é?
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Sem falar que, nesse caso, parece que estamos diante da repetição da máxima lulo-petista consagrada no mensalão: "viram? eles também fazem igual; então não há culpados" etc. É atacar para não ter que se defender.

Tendo ou não Mônica Serra feito aborto, a questão persiste: em que isso muda o fato de Dilma Rousseff não assumir o que disse?

2) Caso ela não tenha abortado - Nesse caso, isso não passa de calúnia e difamação mais abjeta, uma perfeita repetição do caso Miriam Cordeiro em 1989 (bolado pelo hoje lulista e dilmista roxo Fernando Collor, é bom lembrar).

Agora, sabem como essa estória começou? Eu digo como.

Tudo isso apareceu na imprensa porque uma ex-aluna - ou quatro, como diz o leitor - escreveu que Mônica Serra lhe teria confidenciado, assim como quem conta um segredinho de alcova, que, certa vez, quando estava no exílio, fez um aborto. E sabem de onde essa informação tão explosiva foi retirada? De um post... no Facebook!

Mas, esperem! Tem mais. O melhor vem agora.

Uma, digamos, "jornalista" - ou, melhor dizendo, uma militante petista travestida de jornalista - achou a informação "quente" ou boa demais para não ser noticiada. Deve ter esfregado as mãos e pensado: "Uau! Olha só a hipocrisia da turma do Serra! Isso é dinamite pura" etc. Resolveu então dar foros de legitimidade ao caso, partindo de fonte assim tão, digamos, confiável... Única fonte, aliás, da, digamos, "notícia". Além, claro, da única pessoa que pode realmente dizer se tal estória procede ou é boato: Mônica Serra. Mas a opinião dessa, para os fins a que se destina tão fidedigna "notícia", não conta, não é mesmo? De nada vale o que diz a dona do útero de onde teria sido retirado o suposto feto. O que vale mesmo é o que uma ex-aluna sua postou em sua página pessoal do Facebook sobre o que sua ex-professora lhe teria dito sobre o que teria feito há uns quarenta anos... Jornalismo de alta credibilidade, como se vê.

Outra coisa: no comentário, o leitor ou leitora usa o verbo "cometer" para falar de aborto ("ela cometeu aborto"...). Devo deduzir, portanto, que o caro leitor ou leitora é contra o aborto, e deve achá-lo uma coisa abominável, no que estaria em sintonia com a opinião da Igreja Católica. Sim, porque ninguém "comete" uma coisa boa, não é verdade? Nesse caso, só posso concluir, pela lógica, que o leitor ou leitora não deveria votar em alguém que se declarou, com todas as letras, a favor da legalização de prática tão horrenda e anticristã, certo? E que ser a favor da legalização de tal prática e depois se desdizer é algo da maior gravidade, não é mesmo? Preciso dizer mais ou fui suficientemente claro?

Resumindo: no caso de Dilma Rousseff, há um vídeo - aliás, mais de um - em que ela defende claramente a legalização do aborto, o que agora ela nega ter dito um dia (nessa hipótese, o que está no vídeo só poderia ser uma trucagem ou algum tipo de alucinação coletiva). No de Mônica Serra, há um post de uma ex-aluna sua no Facebook. Agora, adivinhem: para os lulo-petistas, qual dos dois casos é fato, e qual é boato?

Eu poderia tentar explicar aqui para os lulo-petistas a diferença entre casamento civil e casamento religioso, ou a separação entre Igreja e Estado, ou entre ter uma opinião clara sobre um tema e esconder o que pensa para fazer demagogia eleitoreira, ou entre jornalismo de verdade e boato postado no Facebook. Mas é inútil tentar explicar. Como inútil é querer explicar para essa gente o que significa coerência, vergonha na cara, enfim, essas coisas.

Abstenho-me de comentar a última linha do comentário do leitor. Creio que ela é auto-explicativa. Quem considera o PSDB "de direita" e fala, nesse contexto, em "preconceito social" (confesso que não entendi a referência ao Farol de Alexandria), precisa não de resposta, mas de remédio tarja-preta (talvez genérico).

E só para não perder a chance: não, não sou "serrista", tucano ou o que seja - e aí estão vários textos meus para provar o que digo, é só pesquisar -, mas, francamente, não me importo que os lulo-petistas me chamem assim. Não dou a mínima. Se querem me chamar de tucano ou serrista por ser a favor da coerência, e contra o trololó, então, vão em frente! Que assim seja. Já deixei de me importar com o que dizem de mim esses fazedores de rótulos. Para mim, importa é que um pato é um pato, não um cavalo ou um cachorro. Não vou perder meu tempo tentando mostrar a diferença entre uma coisa e outra para quem não quer saber e já renunciou à capacidade de pensar. É inútil tentar explicar isso também.

É verdade que as pessoas ficam mais burras em época de eleição. Mas também não precisam exagerar.

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