Ah sim! Como se não bastasse o vexame colossal em Honduras, e agora a cumplicidade explícita com a tirania de Cuba, a diplomacia de Luiz Inácio encasquetou de exercer seu protagonismo e liderança universais também na questão das Malvinas. Na reunião que criou a tal Organização dos Países da América Latina e Caribe - anotem o nome, vocês vão precisar para se lembrar um dia que a coisa existe -, em Cancún, no México, o Guia Genial fez questão de declarar seu apoio total à reclamação da presidente argentina Cristina Kirchner sobre as ilhas no Atlântico Sul, aproveitando para dar um pito na Rainha por estar começando a explorar petróleo na área. "Não é possível que as Malvinas não pertençam à Argentina", vociferou o reformador do mapa-múndi, esperando que, com isso, o governo de Sua Majestade se rendesse a seus carisma e poder de persuasão aprendidos no sindicato.
Sem entrar, por ora, na questão da legitimidade ou não da reivindicação argentina sobre as Malvinas, que vem de longa data, a atual onda "Malvinas são da Argentina" exala o indisfarçável mau-cheiro das bravatas. O anticolonialismo, assim como o antiamericanismo, é um dos fetiches mais insistentes na América Latina, estando além da dicotomia esquerda-direita. Uma das lembranças mais remotas que tenho de minha infância é da histeria patrioteira que tomou conta de todos, inclusive de muitos brasileiros, quando da invasão argentina das Malvinas, e da surra que os hermanos tomaram das forças britânicas, em 1982. De tão humilhante, a derrota militar levou ao fim da ditadura argentina, a mais sangrenta da América do Sul, com seus 30.000 mortos e desaparecidos, um ano depois. Se nossos vizinhos vivem hoje numa democracia, apesar de Lady Kirchner e seus arroubos, devem isso a Madame Margaret Thatcher, que botou os brucutus argentinos para correr das Malvinas. Eis um bom motivo para defender a soberania britânica sobre as ilhas. Se eu fosse argentino, pensaria nisso.
Há outro motivo para desconfiar de mais essa patriotada. Em 1982, o general Galtieri (que, dizem, estava bêbado, e eu acredito) mandou invadir as Malvinas para desviar a atenção da crise econômica que assolava a Argentina e corroía o regime. Hoje, o governo de Dona Cristina claudica nos péssimos resultados da economia e se vê às voltas com acusações de corrupção e tentativas de censurar a imprensa. Os milicos argentinos tentaram, com a invasão, reavivar o patriotismo e fazer todos esquecerem do arbítrio. Coincidência?
Agora entremos na questão de fundo, a legitimidade ou não da reivindicação argentina sobre as Malvinas. Para Luiz Inácio, é um absurdo que seja a Inglaterra, e não a Argentina, a dona do território, pois, afinal, Londres está a 14 mil km de distância etc. Por esse mesmo critério geográfico, a ilha de Páscoa, por exemplo, deveria deixar de pertencer ao Chile, pois afinal está no meio do Pacífico. Ou a ilha de Guam deveria deixar de ser norte-americana para ser anexada, sei lá, pelas Filipinas. E há vários outros exemplos do tipo. Sem falar que há tantos argentinos nas Falklands quanto há chineses no Deserto do Saara. Já os britânicos estão lá há 177 anos, com suas fazendas e ovelhas. Já tinham-se fixado lá antes, portanto, de a Argentina se consolidar como Estado independente, o que só acontece após 1862. Se for para ser aplicado o princípio do uti possidetis, que deu legitimidade, por exemplo, à posse brasileira do Acre, as Malvinas são, inegavelmente, britânicas. Aliás, Malvinas, não: Falklands.
Tudo isso, claro, não passa de mais uma pantomima, de mais uma grande farsa montada pelos companheiros cucarachas. O Brasil, claro, vai atrás. A diplomacia lulista não faz mais do que tocar tuba para ditadores e demagogos. O anticolonialismo é mesmo o último refugio do velhaco. God save the Queen!
Um comentário:
Excelente post e blogue.
Os meus parabéns mas sobretudo que alívio encontrar um Brasileiro com juízo.
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