quinta-feira, março 04, 2010

LULA E O IRÃ: UMA AULA DE SONSICE

Iraniana manifestando sua admiração por Ahmadinejad e pelo Estadista Global

“O Brasil mantém sua posição. O Brasil tem uma visão clara sobre o Oriente Médio e sobre o Irã. O Brasil entende que é possível construir outro rumo. Eu já disse para o Obama: ‘Não é prudente encostar o Irã na parede. O que é prudente é estabelecer negociações. Eu quero para o Irã o mesmo que quero para o Brasil: utilizar o desenvolvimento da energia nuclear para fins pacíficos. Se o Irã tiver concordância com isso, terá apoio do Brasil. Se quiser ir além disso, o Irã irá contra o que está previsto na Constituição brasileira e, portanto, não podemos concordar”.

A declaração acima, palavra a palavra, é dele mesmo, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele estava se referindo ao Irã. Nesta semana a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, esteve no Brasil, onde tratou do tema. Ficou claro, nas entrevistas, o descompasso entre a posição da Casa Branca e a do governo brasileiro na questão.

Não é porque eu não goste de Hillary Clinton que vou deixar de lhe dar razão nesse assunto. E, é triste constatar, o governo Lula está dando mais uma mostra de que, na questão iraniana, está indo na direção oposta à da humanidade.

Lula acha que "não se deve encostar o Irã contra a parede". Ele está se referindo às sanções internacionais contra o governo de Mahmoud Ahmadinejad por causa de seu programa nuclear secreto. Lula é contra - não o programa nuclear iraniano, mas as sanções ao Irã, que fique bem entendido. Dá para entender. Afinal, o Irã é uma democracia exemplar, que não ameaça varrer do mapa outros países, nem patrocina o terrorismo além de suas fronteiras. É um país que teve eleições limpas, como todos vimos, sem qualquer sinal de fraude. Os que chiaram contra o resultado e, para usar uma expressão cara a Lula, se deixaram morrer nas mãos da polícia e dos paramilitares, estavam fazendo apenas o que faz uma torcida de futebol quando seu time perde uma partida.

Muito diferente é o caso de outros países, como Honduras. Ali sim, cabe a aplicação de sanções duras. Afinal, Honduras é, como se sabe, uma ditadura crudelíssima, um regime oriundo de um sangrento golpe militar que derrubou um presidente amante das leis e da Constituição, sem falar que não realizou eleições livres e democráticas. Seus atuais dirigentes, como é sabido, negam o Holocausto e juraram varrer outro país do mapa, patrocinando ativamente o terrorismo em pelo menos três países e desenvolvendo na surdina um programa de enriquecimento de urânio ao arrepio do direito internacional. Além disso, seu regime persegue minorias religiosas e homossexuais. Honduras, sim, é uma tirania! É uma ameaça à paz mundial!

Lula diz que quer para o Irã o mesmo que quer para o Brasil, e que, enquanto o Irã agir de acordo com o que diz a Constituição brasileira, o Brasil continuará a apoiar o Irã etc. Tirando o fato de que, até onde sei, a Constituição brasileira não tem valor universal, a frase faz todo sentido. Afinal, a Constituição brasileira estabelece, em seu artigo 4, como os princípios que devem guiar as relações exteriores do Brasil: prevalência dos direitos humanos; defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo etc... Tudo isso, claro, está em plena conformidade com a atuação internacional do Irã de Mahmoud Ahmadinejad. E com a política externa do governo Lula.

Para Lula e seu Ministério de Relações Extravagantes e Estaparfúdias, prudente é afagar o Irã, e não pressioná-lo para que desista de seus planos hostis a Israel. É defender sanções pesadas e o isolamento de Honduras e apoiar incondicionalmente Cuba e Venezuela.

A única maneira de tentar compreender a política externa do governo Lula é recorrendo à inversão e ao surrealismo. Só assim para perceber o grau de absurdo a que chegou a realidade sob a diplomacia lulista.

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