sábado, março 06, 2010

LÁ VOU EU, ENSINAR "MASSINHA I" DE NOVO...


Zek escreve:

Ano passado teve um dos maiores concertos da historia em Cuba, com artistas renomados se apresentando por lá na "ilha prisão", inclusive o conhecido " orishas" um grupo cubano que entra e sai da ilha a todo momento, por que ilha presidio??

Como já disse antes, confesso que tenho pouca paciência para explicar o bê-a-bá a quem ainda está no nível "Massinha I" do curso "O que é totalitarismo". Estou cada vez menos paciente com comentários como o que está acima, que mostram - na melhor das hipóteses - uma ingenuidade infinita. Mas vamos lá. De novo.

Meu caro Zek, se você quer mesmo saber por que Cuba é uma ilha-presídio - aliás, o maior presídio do mundo, com 11 milhões de detentos -, preste bastante atenção no que vou falar. Vou dizer só uma vez, OK? Por favor, não me faça ser repetitivo.

A pergunta que você me fez não deveria ter sido dirigida a mim. Deveria ter sido feita às seguintes pessoas:

- Os cerca de 2 milhões de cubanos e seus descendentes que FUGIRAM da ilha-cárcere desde que começou a tirania dos Castro, em 1959, muitos dos quais com parentes em Cuba que não vêem a hora de se juntar a eles no exterior;

- Os parentes dos 83 mil cubanos que morreram AFOGADOS ou DEVORADOS por tubarões ao tentar FUGIR da ilha-prisão;

- Os parentes dos 17 mil FUZILADOS pela castradura desde 1959, muitos deles pelo crime de discordarem do regime comunista;

- Os parentes dos cerca de 200 PRESOS POLÍTICOS existentes em Cuba hoje, como ORLANDO ZAPATA TAMAYO, ASSASSINADO pelos esbirros dos Castro após uma greve de fome de 85 dias;

- A ANISTIA INTERNACIONAL, que vem há décadas acusando a ditadura castrista dos piores abusos contra os direitos humanos, e que está proibida de entrar no país;

- A REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS, que classificou recentemente Cuba em 166. lugar numa lista de 167 países no quesito "liberdade de expressão" (o último colocado foi a Coréia do Norte).

Se não estiver satisfeito, então procure entrar em contato com qualquer cidadão cubano que "entra e sai da ilha a qualquer momento", como os músicos do Orishas. Pessoas como médicos, músicos e esportistas, que não perdem a chance de escapulir à primeira oportunidade. Inclusive no Brasil, há vários.

Mesmo assim, se ainda não estiver convencido, dê uma olhada no que dizem blogs como a da cubana Yoani Sánchez. Lá ela descreve em detalhes as "facilidades" dos cubanos para saírem do país. Não boto aqui o link para o site porque aí já estaria fazendo todo o trabalho por você. Mostro o caminho, mas não pego na mão.

Agora, duas últimas reflexões.

O Haiti está do lado de Cuba. Todos os anos, milhares de haitianos se lançam ao mar, fugindo da miséria (e dos terremotos). A questão é: por que, se estão em busca de uma vida melhor, não desembarcam em Cuba, que está ao lado, arriscando-se a uma travesssia muito mais longa e perigosa rumo aos EUA? Por que o desvio? Não querem desfrutar as "conquistas sociais" do maravilhoso sistema cubano?

Finalmente: na época da URSS - acredito que você sabe do que estou falando, não? -, esportistas, músicos e bailarinos iam e vinham da Pátria-Mãe socialista o tempo todo. O mesmo acontecia com muitos cidadãos alemães na época do nazismo. Também havia, nesses países, concertos de música. Pergunto a você: em quê isso diminui, no mínimo que seja, o caráter TOTALITÁRIO desses regimes?

Aí está, Zek. Espero ter respondido sua pergunta. Mais do que isso, só desenhando.

2 comentários:

Anônimo disse...

O primeiro "massinha 1" foi para mim. Não sou o Zek. Não justifiquei nada, e deixei isso claro: "Lembrando que os exemplos não justificam a tirania na ilha."

Não venho a este blog confrontar seu ponto de vista, do qual compartilho, pelo menos em parte, pois não sou fanático.

Acredito que sua reação exagerada seja fruto dos ataques constantes que recebe desses tais "guerrilheiros".

Não sou "guerrilheiro".

Pedro Monteiro. disse...

Também me encaixo no nível "Massinha 1" =/. Tenho interesse em estudar sobre. Por onde devo começar? Obrigado. Um abraço.