quinta-feira, fevereiro 18, 2010

RESPOSTA A UM DEVOTO OBAMISTA


De volta aos poucos do carnaval, como sempre me deparo com a estultice. Um engraçadinho (anônimo, claro) solta o seguinte grunhido, sobre meu texto "Fale mal de Deus, mas não de Obama (ou: "é tudo culpa do Bush")" (http://gustavo-livrexpressao.blogspot.com/2010/01/fale-mal-de-deus-mas-nao-de-obama.html) - que é, por sua vez, uma resposta a outro comentário, provavelmente saído do mesmo cérebro:

Deixa ver se entendi.... quando elogiamos Lula pelos méritos de seu governo você diz " É merito do Fernando Henrique, Lula apenas deu sequencia ao que ele começou".. quando dizemos que Obama não vai resolver em um ano o que Bush levou oito para fazar você diz que é balela.... A direita consegue patetica e incoerente, é justamente por isso que naufragou na America Latina, vejamos o quanto a sua direita sobrevive na Europa.

Agora é minha vez: deixe-me ver se entendi... O obabacamaníaco não entendeu minha crítica sarcástica a Santo Obama, o demiurgo que iria resolver em um passe de mágica todos os problemas dos EUA e do universo e que iria tornar o mundo um lugar mais seguro com a força do sorriso e da boa-vontade? Não captou minhas observações sobre o erro de apaziguar ditadores e terroristas em troca de, sei lá, "paz"? Pois até Obama parece ter entendido, como está claro na linguagem mais dura dos EUA em relação ao Irã...

Mais uma vez, os pronomes denunciam. O leitor anônimo - nunca achei que o anonimato tivesse sido inventado para esconder a vergonha, mas estou cada vez mais convencido de que sim, essa é sua função - diz que quando "elogiamos" ("nós", quem? quem seria o sujeito da frase?) Lula pelos "méritos de seu governo", eu, o do contra, torço o nariz e, certamente só pra chatear, digo que é mérito do FHC, pois "Lula apenas deu sequência ao que ele começou". Não só deu sequência, como se APROPRIOU do que havia de bom no governo anterior, esqueceu-se de dizer. E, ao se apropriar do que antes condenava, apresentando-se como "fundador da nação", deu uma contribuição sem precedentes à lista de maiores mentiras já ditas em todos os tempos, justificando a frase, que deveria ser o slogan de seu governo: O QUE É BOM NÃO É NOVO, E O QUE É NOVO NÃO É BOM. Por isso desço o malho nos petralhas. Entendeu?

Agora Obama. Aqui, pelo visto, vou ter que apertar a tecla SAP. Não tem outro jeito: só assim esses energúmenos entendem... No post, eu mango dos devotos da fé obâmica, que acreditaram que Obama iria resolver em um ano o que o satanizado Bush não conseguiu em oito. Por alguma razão, o leitor sem nome e sem miolos percebeu nisso alguma relação com o governo Lula e FHC... Pois bem: durante oito anos, Bush mandou bala nos terroristas, com razoável sucesso - aponte um atentado terrorista bem-sucedido nos EUA depois de 11/09/2001. E, por causa disso, levou pau todos os dias dos mesmos que votaram em Obama. Ele, Obama, foi eleito com a promessa, entre outras coisas, de reverter as políticas de Bush, o que incluiria fechar Guantánamo e realizar as esperanças dos pacifistas etc. Seria de esperar, portanto, que ele diminuísse as tropas no Afeganistão, entre outras coisas. Muito bem. Mais de um ano se passou, e o que fez Obama? Não só manteve as tropas, como anunciou um aumento nas mesmas. Quanto a Guantánamo, a base continua lá. Em outras palavras: a mesma política de Bush, até ampliada.

Estou dizendo que ele, Obama, fez errado? Mais uma vez, ligando a tecla SAP: Não! Ele está certo! A maneira de combater o Taliban e a Al-Qaeda é mesmo com balas, e não com flores. É com tropas, não com afagos. Onde está, então, a minha crítica? No fato de que, até um ano atrás, ele e seus cabos eleitorais estavam atirando pedras em Bush exatamente por ele seguir essa mesma política que agora, talvez com dor no coração, eles, os obamistas, estão seguindo. Pode-se dizer que há aqui um paralelo com as críticas (falsas) de Lula et caterva à política econômica de FHC? Pode-se, sim. Em ambos os casos, os esquerdistas enganaram muita gente. E é por isso que os critico.
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Pra ficar mais claro: SE TIVESSE UM MÍNIMO DE DECÊNCIA, LULA PEDIRIA DESCULPAS A FERNANDO HENRIQUE CARDOSO PELOS ANOS DE OPOSIÇÃO IRRESPONSÁVEL À ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA, QUE AGORA CINICAMENTE REIVINDICA COMO UMA CRIAÇÃO DELE, LULA. Do mesmo modo, OBAMA DEVERIA RECONHECER QUE A POLÍTICA DE GEORGE W. BUSH PARA COMBATER O TERRORISMO ISLAMITA NÃO ESTAVA NO ESSENCIAL ERRADA, TANTO QUE AGORA NÃO FAZ MAIS DO QUE COPIAR E AMPLIAR ESSA POLÍTICA. DEVERIAM RECONHECER, ENFIM, QUE O DISCURSO ANTERIOR ERA FALSO, PURA DEMAGOGIA ELEITOREIRA. Mas, francamente, não acredito que eles farão isso.
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Ficou claro? Ou terei que desenhar?
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Outra coisa: de onde o ilustre leitor desconhecido retirou a genial conclusão de que a "direita" (além de tudo "patética" e "incoerente") naufragou na América Latina? De quem, ou do quê, está falando, exatamente? Será que é de Honduras, onde a "esquerda", representada por um latifundiário bigodudo que vê raios de alta freqüência dirigidos contra sua cabeça, foi enxotada por um movimento cívico constitucional, para desconsolo de Lula e de Celso Amorim? E, quanto à Europa, quem é mesmo que governa os países mais importantes da região, como a Alemanha, a Itália, a França (sim, apesar do marido de celebridade e camelô de caças que é Sarkozy) etc.? Mas deixa pra lá, isso já é assunto para outro post.

Uma última observação: fique tranqüilo, caro leitor. Apesar do que está aí em cima, saiba que lhe tenho uma grande estima. É que, justamente por eu ser um reaça e um direitista, tenho em alta conta a fé das pessoas, mesmo se for em Obama ou em Lula. Afinal, respeito todas as religiões.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Eis aqui um pequeno exemplo de poder: Imaginemos que sois o novo rei de um país e desejais ter a segurança de continuar sendo. Então, convocais separadamente duas pessoas das quais tendes a certeza de que elas farão o que lhes direis. Para uma dareis diretrizes “de esquerda” e a financiareis para que ela possa criar um partido. Com a outra agireis da mesma forma, fazendo-a criar um partido “de direita”.

Acabais de dar vida a dois partidos de oposição, financiais a propaganda, os votos, as ações e estais exatamente a par de seus mínimos planos. O que significa que controlais os dois. Para que um partido tenha vantagem sobre o outro, só tendes de lhe dar mais dinheiro. Os dois chefes de partido crêem ter-vos a seu lado, e sois assim “amigo” dos dois." - texto de Jan Van Helsig que achei pertinente comentar no momento.