Aí você poderá perguntar: a candidata do governo, do PT, da esquerda, já está aí, com o bloco na rua. E a oposição, a direita, onde é que está?
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Este ano teremos mais uma farsa gigantesca. As eleições presidenciais, no Brasil, há muito não são mais do que campeonatos de esquerdismo, em que os candidatos se esforçam em se mostrar cada um mais à esquerda, mais estatista e mais antiliberal, do que o outro. Qualquer que seja o candidato eleito nas urnas em 3 de outubro, há, pelo menos, uma certeza: será um político de esquerda. Ou, se preferirem, não será alguém de direita. Isso porque - infelizmente - não existem partidos e políticos de direita no Brasil.
Isso, para os esquerdistas evidentemente, é algo bom. Mas, para a democracia, é algo extremamente negativo. Toda democracia que se preze possui partidos de direita sólidos e estruturados. É assim em qualquer país avançado. No Brasil, não. Aqui, uma eleição em que pontifiquem somente candidatos de esquerda, ou identificados com as teses de esquerda, é considerada um "avanço". O próprio Lula disse isso um dia desses, em mais uma de suas frases de porta de sindicato, ao se referir aos "trogloditas da direita". Uma eleição somente com candidatos esquerdistas é tão desinteressante e tão pouco democrática quanto uma que só tenha candidatos de direita, ou de centro. Mas, infelizmente, dizer que alguém é de direita, no Brasil, é xingamento - mesmo que os trogloditas de verdade, como Collor e Maluf, sejam hoje lulistas de carteirinha. Será que todos os eleitores brasileiros são de esquerda? Onde está o pluralismo?
Isso revela a pouca maturidade do sistema partidário brasileiro. Afinal, a alternância no poder, não só de pessoas e partidos, mas sobretudo de ideologias, é um dos pilares da democracia. Há pouco tempo o Chile, que viveu uma ditadura feroz até 1990, teve eleições presidenciais. Venceu o conservador e direitista Sebastián Piñeira, que sucederá a socialista - logo, inegavelmente de esquerda - Michele Bachelet. E isso apesar de Bachelet ter quase 80% de aprovação popular. No Brasil, 80% de popularidade é a senha não para o respeito à democracia e à alternância no poder, mas para planos continuístas. Isso demonstra como estamos atrasados em relação a alguns de nossos vizinhos.
Além do mais, a falta de alternância verdadeira - o que já chamei aqui, referindo-me à falsa dicotomia PT-PSDB, de duopólio esquerdista - gera um outro fenômeno colateral: a irrelevância dos partidos. É o caso do PT. Desde que surgiu, em 1980, o partido passou décadas se dizendo diferente dos demais partidos. Nesse processo, colocou-se contra TODOS os principais avanços e conquistas da sociedade brasileira nos últimos trinta anos. O PT foi contra a eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1984, recusou-se a assinar a Constituição de 88, opõs-se ao Plano Real, ao Proer e à Lei de Responsabilidade Fiscal. Agora, colhe os frutos de tudo isso, apresentando-se como fiador - até mesmo como o fundador - da democracia e da estabilidade econômica. Quer dizer: apropria-se do que os outros fizeram, como se fosse conquista sua, quando foi contra cada um desses avanços.
O que sobra, então, do PT? Sobra o projeto totalitário, a ânsia em tutelar e censurar a imprensa e em controlar a sociedade. Isso se revela tanto nos mensalões e na condescendência com os bandidos do MST quanto no alinhamento automático com ditaduras como a cubana e a iraniana. O PT, na verdade, não passa de um PSDB piorado. Assim como o governo Lula não passa de uma versão mais rombuda e mais à esquerda do governo FHC. Seus oponentes, por sua vez, estão no mesmo campo político-ideológico.
Onde está a direita?
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