A VEJA desta semana trouxe matéria de capa em que mostra as mazelas da educação brasileira. Eu recomendo que dêem uma olhada. O texto se baseia em pesquisa recentemente divulgada da CNT/Sensus, que revela onde está o verdadeiro nó da questão. O problema não está, como a maioria esmagadora dos professores gosta de se lamuriar, na suposta falta de verbas do governo, ou nos baixos salários dos professores, mas no conteúdo das aulas. Segundo a pesquisa, para a maioria dos professores de escolas públicas e privadas, o importante não é ensinar as matérias ou preparar profissionalmente o aluno, mas "formar cidadãos", "conscientizar política e socialmente" etc.
Cada vez entendo mais por que a esquerda brasileira elegeu a VEJA como sua maior inimiga, e porque tantos esquerdóides, esquerdopatas e esquerdiotas estufam o peito e dizem orgulhar-se de não a lerem - preferem, certamente, jóias da honestidade intelectual e da imparcialidade jornalística como a Caros Amigos e a Carta Capital. A repulsa deles pela revista dos Civita só não é maior do que sua recusa em refutar, com argumentos e não grunhidos, o conteúdo de suas matérias. Na extensa reportagem, VEJA demonstra como as escolas brasileiras viraram verdadeiras madraçais do pensamento único esquerdista, nas quais professores desqualificados para a vida dedicam-se não a ensinar História ou Geografia, mas à doutrinação ideológica e ao proselitismo mais primário, baseados no marxismo mais pedestre e vagabundo. Os valentes inculcam em crianças de 14 anos, entre outras preciosidades, o ódio ao capitalismo e às máquinas - coisa que nem mesmo Marx defendia -, apresentando, em contrapartida, os regimes comunistas de Cuba e da ex-URSS como paradigmas de "igualdade" e "justiça". Quando muito, os mestres se limitam a tentar ser "isentos" em relação ao capitalismo e ao socialismo, mostrando os lados "positivos" e "negativos" de cada sistema. Como se defender ou não a democracia - algo incompatível com o comunismo, sob qualquer de suas formas - dissesse respeito não a uma conquista da humanidade e da civilização, mas fosse um simples ponto de vista, uma questão de gosto pessoal. E chamam a isso de "formar cidadãos" e de instilar nos alunos uma "consciência crítica" da realidade...
Não admira que, na pesquisa em que se baseia a revista, a maioria dos estudantes tenha se declarado simpática a figuras como Lula e Hugo Chávez, e nenhum - zero por cento! - tenha colocado qualquer objeção a Che Guevara. Para a quase totalidade dos estudantes de ensino médio no Brasil - e nem falo aqui dos universitários -, o guerrilheiro argentino-cubano, que adorava fuzilar prisioneiros indefesos, foi um homem admirável, assim como o Apedeuta e o bufão venezuelano. A revista apresenta uma relação com absurdos retirados de livros didáticos, a maioria de História, e sua análise crítica por especialistas. A conclusão é unânime: em todos os textos analisados, ensina-se não História, mas ideologia - anticapitalista, antiglobalização, anti-propriedade privada, antidemocracia. Algo digno da Universidade Mao Tsé-tung do MST. O pior de tudo é que a maioria dos pais de alunos acha isso tudo perfeitamente normal, não vê nenhuma gravidade em seus filhos serem doutrinados e molestados dessa maneira. Também, pudera: eles já estiveram onde seus filhos estão hoje, tendo sido, também, vítimas dessa lavagem cerebral em seus tempos de estudante. Não conhecem outra forma de "educação".
Nada disso me surpreendeu. Como já escrevi aqui, já fui professor, e nunca vi nada nas aulas de História ou Geografia que não fosse pura propaganda, às vezes explícita, às vezes disfarçada, das teses marxistas. De fato, o que tem havido nas escolas brasileiras, há décadas, nada mais é do que uma gigantesca lavagem cerebral, um entorpecimento em massa de cérebros em nome da ideologia. O mais grave: de mentes ainda incapazes de pensar por si próprias sobre o mínimo que seja. Uma vez, ensinando em uma escola - era parte do currículo universitário passar uma temporada lecionando na rede pública de ensino -, fiz uma pequena preleção aos alunos sobre a importância da leitura. Terminei minha aula com um velho bordão, que julgava neutro: "conhecimento é poder". Foi então que uma das alunas presentes, que passara o tempo todo penteando os cabelos, arregalou os olhos e saiu-se com a seguinte pérola: "professor, o senhor é petista!"... Quando, já na universidade, eu tentei romper com essa camisa-de-força ideológica, induzindo os alunos a pensarem por si próprios e não a engolir slogans como se fossem verdades reveladas, minha decepção não foi maior. Por pouco, não fui agredido fisicamente. Como não tenho vocação para mártir, mesmo que de uma causa justa, pus minha viola no saco e procurei outra profissão.
Outro dia fiquei sabendo que o MEC quer reintroduzir, no currículo escolar, as matérias de filosofia e sociologia. O atual titular do MEC é Fernando Haddad, um especialista em marxismo. É claro que isso será mais um passo no caminho da ideologização, e não da melhoria da qualidade, do ensino. O que se chama, vulgarmente, de "filosofia" e "sociologia", nas universidades brasileiras, nada mais é do que uma vulgata de conceitos marxistas, mastigados e reduzidos a slogans e idéias feitas facilmente assimiláveis. Imaginem o estrago que isso vai causar em cabecinhas que mal saíram das fraudas. Entre uma partida e outra no playstation, aprenderão os conceitos elementares da luta de classes e as virtudes redentoras do socialismo. Vai ser um prato cheio para os molestadores juvenis travestidos de professores que pululam por aí, como o famoso Carlão, aquele que, num vídeo que virou hit na internet, fez até coreografia "em homenagem" às vítimas do 11 de setembro... Os alunos sairão do ensino médio craques em Marx e em Che Guevara, mas sem a menor noção, ou mesmo o mais mínimo conhecimento, do pensamento de Aristóteles ou S. Tomás de Aquino, ou das teorias de Weber e Durkheim. Muitos deles, certamente inspirados no exemplo edificante de nosso querido presidente, para quem ler é algo tão chato quanto andar de esteira, vão sair dos bancos escolares sem saber sequer as regras mais elementares da Gramática. Perfeitos militantes para o PT ou o PCdoB, preparadíssimos para o século XIX.
Já nos acostumamos, até por força do hábito, a nos queixarmos da falta de recursos financeiros e a exigir maiores salários para os professores, como se essa fosse a solução para os problemas da educação no Brasil. Mas ninguém se importa com o que está sendo ensinado nas salas de aula. Não admira que, com essa, digamos, proposta pedagógica, o Brasil esteja sempre entre os últimos lugares do mundo no quesito qualidade da educação. Depois reclamam que só levamos bomba.
Um comentário:
Meu caro, não pude resistir desta vez. Faz tempo que gostaria de dizer que, apesar de possuirmos ideologias extremamente diferentes (pelo menos no que se refere a religião - sou evangélico e você cético, se não estou enganado),... sim, apesar disso,... FICO IMPRESSIONADO COMO CONCORDO COM VOCÊ EM QUASE 100% DE TUDO que é apresentado aqui. Você escreve exatamente aquilo que eu gostaria de dizer, de ouvir ou de ler por aí. É incrivel como a maioria vive cega diante dos fatos apresentados no mundo - e apenas uma minúscula partícula da população consegue enxergar a realidade. Parabéns pela coragem, pela escolha dos textos abordados, e pela escolha ideológica política.
Moacir Junior - www.777.blig.com.br
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