sexta-feira, agosto 01, 2008

ALGUMAS PERGUNTAS INCÔMODAS

Mal foi divulgado, em 31/07, pela revista colombiana Cambio, o conteúdo dos e-mails do terrorista das FARC Raúl Reyes, morto em março, envolvendo diretamente alguns figurões da alta cúpula lulista com os narcobandoleiros da Colômbia, e a operação-abafa começou a todo vapor. Ontem mesmo, alguns dos nomes envolvidos trataram de jurar de pés juntos que não têm, não tiveram nem nunca terão um dia nada a ver com as FARC, e começaram as insinuações de praxe contra o dono da revista, irmão do Ministro da Defesa da Colômbia, na milésima repetição da velha tática de atacar o mensageiro para que todos se esqueçam da mensagem.

A imprensa brasileira, até o momento, tratou o assunto como se fosse uma banalidade qualquer, preferindo falar das embaixadas de Ronaldinho e outras besteiras do tipo. Quando se deu ao trabalho de comentar o tema, como vi ontem no Jornal da Band, foi para tentar desqualificar as revelações, dizendo que "não há prova alguma" de que autoridades do governo lulista tenham qualquer envolvimento com as FARC...

Essa será a rotina dos próximos dias: os lulistas irão negar, até onde puderem, suas vinculações com as FARC, contrariando as evidências mais elementares; seus aliados na imprensa irão fazer-lhes coro, exigindo "provas", como fizeram no caso do dossiê - como se o crime, para ser crime, precisasse passar recibo -; e, depois de algum tempo, o assunto será esquecido e tudo voltará a ser como dantes no quartel de abrantes. Antes que consigam passar a borracha em mais esse escândalo - para mim, o maior de todos, até agora -, creio ser útil fazer algumas perguntinhas que não querem calar:

- Se é verdade que o governo Lula "não tem qualquer relação" com as FARC, o que faz o ex-padre Olivério Medina, "embaixador" das FARC no Brasil - apontado pelo jornal colombiano El Tiempo como responsável, no Brasil, pelo recrutamento de militantes e pela troca de cocaína por armas para as FARC -, onde se encontra há anos como "refugiado político"? Por que os "amigos daqui [do Brasil]", como escreveu Medina a Raúl Reyes, recusaram seu pedido de extradição feito pelo governo da Colômbia, onde correm vários processos contra ele, inclusive por terrorismo e homicídio?

- Por que, se o governo Lula e as FARC são água e óleo, a mulher de Olivério Medina, Angela Maria Slongo, é contratada do Ministério da Pesca, tendo sido transferida para Brasília, a pedido de Dilma Rousseff - fato que motivou um e-mail emocionado de Olivério Medina a Raúl Reyes, agradecendo ao governo brasileiro pela "mãozinha"?

- Por que o governo Lula não desmentiu de forma categórica, até agora, a denúncia da revista VEJA, feita em 2005, segundo a qual Olivério Medina foi o intermediário da doação de R$ 5 milhões das FARC à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002 (o máximo que se viu foram jornalistas a soldo da petralhada atacando a revista por fazer, vejam só, "mau jornalismo")?

- Se o governo Lula quer ver as FARC pelas costas, então por que se colocou incondicionalmente ao lado de Rafael Correa e de Hugo Chávez contra o presidente colombiano Álvaro Uribe, na crise entre os três países decorrente da morte, pelo exército da Colômbia, de Raúl Reyes, em março passado? Por que o governo brasileiro ignorou solenemente as revelações do laptop de Reyes, que provavam, por A mais B, que Correa e Chávez davam - e dão - apoio político e financeiro aos narcoterroristas das FARC?

- Se o governo Lula mantém distância das FARC como as beatas da tentação, como explicar que o partido do governo, o PT, seja PARCEIRO e ALIADO das FARC no Foro de São Paulo, organização criada por Lula e Fidel Castro em 1990, e que o PT inclusive já assinou um manifesto do dito Foro de APOIO ÀS FARC e condenando o governo da Colômbia por "terrorismo de Estado"?

- Se - apenas uma suposição - fosse descoberto um e-mail ligando, de alguma maneira, algum assessor do presidente Álvaro Uribe com os paramilitares colombianos de direita, será que a reação dos companheiros lulistas seria a mesma? Iriam, por acaso, exigir "provas irrefutáveis" para se darem por satisfeitos?
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- Se o governo Lula não quer ver as FARC nem pintadas de ouro, então por que não as reconhece como uma organização terrorista?
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- Finalmente, você já viu algum traficante ligado às FARC preso no Brasil?
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Se quiserem enviar as perguntas acima para o Palácio do Planalto, fiquem à vontade. Pensei em fazê-lo, mas já sei qual resposta eles darão.
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Lula e seus amigos tentaram usar o conflito na Colômbia para pressionar o governo Uribe e forçá-lo a reconhecer as FARC como uma força política legítima. Agora que estas estão na pior, tentam se distanciar delas. Quebraram a cara, e agora querem se safar. Típico.
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As perguntas estão feitas. Quem tiver neurônios para pensar, que tente respondê-las.
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Das duas uma: ou os lulistas acreditam nas próprias mentiras, ou as acham necessárias.

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