Faleceu ontem, dia 3, Alexander Solzhenitsyn. Escritor laureado com o Nobel de Literatura em 1970, e mais conhecido dissidente da antiga União Soviética em seus anos finais, encarnava como poucos a luta de resistência contra o opressão de um Estado totalitário. Tinha 89 anos, barba farta e o rosto sofrido de quem conheceu - e viveu - o inferno e se insurgiu contra ele.
.Autor, entre outras obras, de Um Dia na Vida de Ivan Denisovich (1962) e de Arquipélago Gulag (1974) - a primeira denúncia pormenorizada e consistente dos campos de concentração stalinistas -, clássicos que foram proibidos durante anos na ex-URSS, foi, como sempre acontece com quem desafia o poder, um escritor maldito. A vida de Solzhenitsyn foi uma combinação perfeita de literatura e militância pela liberdade - o dever de todo verdadeiro intelectual.
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Frequentador assíduo das masmorras soviéticas, foi preso e deportado por dez anos para a Sibéria em 1945, em plena Segunda Guerra Mundial, quando era então oficial do Exército Vermelho, por causa de um comentário seu sobre Stálin. Como não poderia deixar de ser, ele foi, em vida, alvo freqüente das calúnias mais abjetas e das infâmias mais nojentas, atiradas contra ele pelos mascates da subliteratura de propaganda soviética - alguns deles, infelizmente, ganhadores do mesmo prêmio Nobel que o tornou famoso. Perseguido em seu país natal, onde sua obra só circulava em pequenas edições mimeografadas e contrabandeadas para o Ocidente - os samizdats -, depois do Nobel só lhe restou um caminho: o exílio. Só retornou à Rússia em 1994, três anos depois do fim da URSS.
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Solzhenitsyn se vai, mas o exemplo de dignidade intelectual de quem não se curvou às pressões do totalitarismo permanece. Que sua vida e sua luta sirvam de exemplo a todos que amam a liberdade - seja na Rússia de hoje, seja em Cuba ou no Brasil.
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Esta é minha pequena homenagem a quem foi, também, "do contra". A quem não teve medo de ser livre. De ser homem, e não gado.
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Alexander Isayevich Solzhenitsyn, descanse em paz.
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