terça-feira, junho 08, 2010

LULA, A PIADA INTERNACIONAL


Finalmente, o mundo se rende ao Brasil!
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Finalmente, somos um país importante!
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Graças a nosso presidente e à sua política externa, o Brasil é um sucesso!
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Viramos assunto dos programas de TV estrangeiros...
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...mas dos programas de humor!
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Está circulando na internet um video hilário. Ele mostra um sketch do programa humorístico israelense Latma, em que dois repórteres entrevistam um comediante que se faz passar por Lula da Silva. O assunto é o recente "acordo" celebrado com pompa e circunstância entre Brasil, Turquia e Irã. As respostas de Lula, enquanto bebe o que parece ser uma caipirinha, cercado por duas assessoras que não param de dizer como ele é importante, são o ponto alto da brincadeira.

O sarro que os israelenses tiram da cara do Nosso Líder é genial. Não vou dizer mais nada, para não estragar a surpresa. Quem quiser dar boas risadas e constatar como "O Cara" é visto em Israel pode conferir no Youtube. Digite "Lula paga mico em Israel" e divirta-se. Menos, claro, se você for petista.

A produção é meio mambembe e a caracterização de Lula, assim como a música que segue, são algo toscas (a música, por exemplo, está mais para mambo do que para samba, o que mostra como somos conhecidos por aqueles lados). Mas o video é muito bom, é uma das coisas mais engraçadas que vi nos últimos tempos. E inteligente também. Poucas vezes vi um personagem - e Lula, acima de tudo, é um personagem - ser desconstruído da maneira como os comediantes da Latma fazem com o Apedeuta. Lá está toda sua ignorância ("Israel não fica na Europa"?), sua boçalidade, sua vaidade sem limites, sua megalomania ("agora somos uma superpotência"). Outro video que está fazendo sucesso, e do mesmo programa, é uma paródia de We Are The World, em que os ativistas da tal "ONG" turca que armaram a provocação anti-israelense no navio Mavi Marmara aparecem cantando como conseguiram enganar o mundo posando de humanistas. "Ainda vamos fazer todos acreditarem que o Hamas é Madre Teresa", diz uma das estrofes. O riso é mesmo o maior inimigo da babaquice.

Os brasileiros gostam de se gabar de seu bom humor. É porque não conhecem os programas humorísticos de Israel. Comparados a estes, estamos há anos-luz de sermos realmente engraçados. Isso porque todo humor que se preza é sempre do contra, não admite contemporizações com quem quer que seja. Nesse sentido, nada mais idiota, nada menos inteligente, do que o tal humor brasileiro. Brasileiro não é bem-humorado. É bobalhão. Bombardeie-o com propaganda ufanista e megalomaníaca, mostre o atual governante como o homem mais importante da História desde os Faraós do Egito, e, em vez de cair na gargalhada, ele vai acreditar. Basta ouvirmos Lula repetir que agora, sim, somos um país respeitado no mundo, e cairemos feito otários, passaremos a repetir slogans oficiais como papagaios, agitando bandeirinhas, com o peito estufado de orgulho e felizes da vida. Viraremos todos propagandistas do governo, anestesiados, incapazes de enxergar o grotesco e o ridículo disso tudo. Em Israel, Lula já virou piada. Aqui, somos incapazes de entendê-la.

Com a Era Lula, a qualidade do humor brasileiro, que já não era das melhores, sofreu um declínio. Se, alguns anos atrás, ainda havia algumas boas sacadas e críticas criativas ao presidente orgulhosamente semi-analfabeto e que fingia não saber de nada que acontecia à sua volta, hoje, o peso do politicamente correto e da propaganda ufanista se impôs, sufocando quaisquer criatividade e ousadia. O resultado é que a reverência e a institucionalização tomaram o lugar da piada, da molecagem que caracteriza os verdadeiros humoristas. Humor hoje, no Brasil, é o Casseta & Planeta, é o Pânico na TV! Este último, aliás, começou com uma proposta ousada e anárquica, do tipo "nonsense sem limites", que remetia aos melhores tempos do TV Pirata nos anos 80. Depois, abobalhou-se, autocensurando-se para livrar políticos amigos de aparecerem em situações vexaminosas. Hoje, limita-se a um escracho do tipo pastelão, tirando onda com celebridades de quinta e posando de bons-moços e assistencialistas, como um Luciano Huck ou um Gugu Liberato. No quesito humor mesmo, está cada vez mais parecido com os humorísticos popularescos, como Zorra Total e A Praça é Nossa. Ou seja: um festival de asnices e de baboseiras, feitas por e para débeis mentais, dignas de quem tem um QI de ameba ou de quem não passou do jardim-de-infância. Se o humorismo verdadeiro tem uma função didática, ou melhor, se passa, necessariamente, pelo crivo da inteligência, então somos um dos povos menos bem-humorados do mundo. Babacas, seria a palavra mais adequada. Por estas bandas, os programas de humor já deixaram de fazer piada: viraram parte da piada.

Dizem que o brasileiro é um povo irreverente e galhofeiro, sempre pronto a rir de si mesmo e dos poderosos. Balela. Aí estão os programas humorísticos de Israel para mostrar quem é irreverente de verdade, e quem bate palma para políticos farofeiros e megalonanicos. A farsa, aqui, institucionalizou-se. Taí o lulismo que não me deixa mentir.

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